Cap. IX-1 de: Um Seminário na década de 1950
(Veja Nota Explicativa ao final, com a estrutura completa do livro e links dos capítulos já publicados neste blog)
O Seminário Maior Nossa Senhora de Fátima, de Brasília, é
mantido pela Congregação dos padres Sulpicianos (São Sulpício- França) e
situa-se na principal via do Lago Sul. Foi inaugurado em 1962, como Seminário
Menor, passando a Seminário Maior em 1976. São 90 seminaristas que se alojam em
confortáveis instalações com esmerado paisagismo característico da cidade.
Oferece cursos superiores de Filosofia e Teologia. O pórtico de entrada ostenta
o seu nome e uma imagem da padroeira. Era visto pelo menino todos os finais de
semana ao longo de 35 anos à caminho de sua chácara que também se situa na
região sul de Brasília. A passagem por ali, bem em frente ao pórtico, sempre
despertou reminiscências dos tempos de seminarista. Por coincidência também num
seminário de mesmo nome: N.S. de Fátima, na cidade mineira de Itaúna. Às vezes
pensava em visita-lo nalguma ocasião, mas isto nunca se concretizou. Não, até o
dia em que fora à Catedral de Brasília para ganhar um livro sobre a história do
mais belo monumento arquitetônico da cidade, em forma de mãos elevadas ao alto com
seus belíssimos vitrais multicoloridos.
Quarenta e cinco anos completava a Catedral naquele
domingo, 30 de maio. No momento da visita estava acontecendo justamente a Missa
Solene de comemoração do evento. A missa, celebrada pelo Bispo, Dom Valdir e
acolitado por diversos padres e seminaristas, representou para o menino um
passeio emocionado pelo distante ano de 1958. Um belo coral completou o ofício, relembrando
que há 57 anos o menino também fazia o mesmo, às vezes como acólito e outras
com membro do coral de 70 vozes. E mais..., coincidência, num seminário de
mesmo nome. Não faltou nada, nem mesmo o turíbulo espalhando o agradável aroma
do incenso. Parece que nosso cérebro tem maior capacidade de armazenar cheiros
e sabores do que outros acontecimentos passados. Aliás, o cheiro do incenso,
percebido logo à entrada da Catedral, causou uma sensação diferente,
inebriante, convidando à reflexão e elevando o coração ao alto. Mais, ainda, ao
ouvir os acordes do harmônio seguidos da entonação de uma antífona em canto
gregoriano, o menino flutuou tal qual aquele enorme anjo de bronze suspenso por
um cabo bem ao meio da catedral. Estava completo o cenário do filme de reminiscências
das missas solenes que o menino acolitava no seminário. Um filme que se repetia
no imaginário daquele que estava afastado dos atos litúrgicos por mais de 50
anos. E agora estava tudo bem ali, ao vivo, padres paramentados em cor bege,
seminaristas com batina e alvas sobrepelizes, incenso fumegando no turíbulo,
cálices e ambula de ouro e prata, galheteiro duplo com as galhetas (jarrinhas)
de cristal reluzente e alças de prata, sendo uma para a água e outra para o
vinho licoroso, especial, fabricado pelos beneditinos (uma tentação para os meninos que
gostavam de provar esses licorosos), a patena que recebe a
grande hóstia da consagração, o missal, o coral acompanhado pelos acordes do
harmônio... ah..., sem dúvida, foi muita emoção depois de tanto tempo afastado desses
ofícios religiosos.
Finalizados os atos litúrgicos
fui à sacristia e o bispo achou engraçada a história do "foragido"
seminarista. Posamos para fotos a seu lado e de seminaristas, aos quais dei uma
carona de volta ao Seminário, pois os ônibus estavam em greve e por isso tinham
vindo a pé, numa distancia de 9 km. Aproveitou para percorrer as instalações do
Seminário de Brasília e assim conhecer aquele cujo pórtico de entrada já era
visto há quase 40 anos. O menino relatou
aos caroneiros seu passado no seminário mineiro de mesmo nome e, agora, a
emoção de assistir aos atos solenes na Catedral de Brasília. Acharam engraçada
a história tão antiga do seminarista “foragido”, há exatos 57 anos.
Desejei-lhes boa sorte e que possam chegar a bom termo nessa carreira de fé e
evangelização e muita dedicação que se exige do sacerdócio.
Brasília,
30 de maio de 2015
Paulo
das Lavras
O que é mais bonito nesta
majestosa Catedral? Por fora ou por dentro?
O anjo de bronze flutuando
Para celebrar seus 45 anos de
fundação, a Catedral estava
belissimamente enfeitada
O cheiro do incenso fumegante, espargido pelo turíbulo de prata
O menino seminarista, em 1958, ajoelhado à direita,
em missa solene no Seminário de Itaúna
Hoje, 57 anos depois, o “foragido” reapareceu
entre o Bispo
Dom Valdir e seminaristas de Brasília. Ficaram surpresos
com a história do "foragido".
A capela do Seminário N.S. de
Fátima/Brasília
A Igrejinha de Fátima na SQS
308/Brasília
Os seminaristas de Brasília -
2015
O imponente Seminário, de Itaúna- 1958
Os seminaristas de 1958. O menino
ao centro, assinalado, ao lado de dois
colegas conterrâneos
Nenhum comentário:
Postar um comentário