sábado, 25 de março de 2023

Segurança de Alimentos

          O IFS-International Featured Standards promoveu em Brasília, no dia 23/03/2022, um Roadshow sobre Gestão de Segurança de Alimentos. O evento teve como objetivo a apresentação de palestras sobre a implantação do Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos atrelado às exigências das normas sanitárias para as indústrias que fornecem para o varejo e mercados consumidores. O Agro  é uma das áreas mais importantes nessa questão de segurança dos alimentos, pois a qualidade dos produtos agrícolas começa na escolha da semente para a semeadura, o preparo do solo, o plantio, uso de fertilizantes e defensivos contra pragas e doenças, qualidade da água no processo produtivo e de beneficiamento, colheita, armazenamento e transporte para o mercado consumidor. São atividades consideradas “dentro da porteira” e de inteira responsabilidade do produtor rural, embora algumas empresas atacadistas se responsabilizem  por parte cadeia de armazenagem e comercialização. A participação do Engenheiro Agrônomo é fundamental em todo o processo, de modo a garantir a aplicação das melhores técnicas e seguir as normas estabelecidas pelos padrões de qualidade exigidos por leis e regulamentos federais, estaduais e municipais. 

 
Paulo Roberto e Marjorie Stemler, no Roadshow sobre Segurança Alimentar 
Foto: M. Stemler

A Associação dos Engenheiros Agrônomos - AEADF se fez representar nesse evento pelo seu Diretor Secretário, Eng. Agr. Prof. Paulo Roberto da Silva. Também presente a Presidente do CREA-DF, Eng. Fátima Có e a Eng. Agrª Marjorie Stemler, diretora da Globba Soluções Corporativas e membro do Conselho Fiscal da AEADF.  A programação do Roadshow- IFS foi a seguinte:

-Abertura - Fátima Có - Presidente do CREA-DF

-Novidades IFS e Previsão para IFS Food 8 - Caroline Nowak - IFS (International Featured 

            Standards)

-Case IFS: Dificuldades e gargalos de um processo de certificação - Keila Bisinoto - Linea  

           Alimentos

-Abordagem comparativa: Legislações Sanitárias e a Certificação das Indústrias de  

           Alimentos Madalena Maria S. Coelho - DIPOVA/SEAGRI

- A importância das embalagens para a segurança dos alimentos - Irene Popper - IFS

- Fiscalização da propaganda de alimentos/Panorama sobre as regras de propaganda sob a

              perspectiva sanitária - Renata de Araujo Ferreira - ANVISA

-Programa de Gestão de Fornecedores - Milena Fernandes - QIMA/WQS

 -A importância da Análise de Pesticidas em Alimentos - Fernanda Juliano - Eurofins

- Requisitos da Política de Recursos Hídricos para a Gestão da Água na Indústria Alimentícia           Gustavo Antônio Carneiro - ADASA

-Mesa Redonda - As legislações sanitárias frente a aplicação das normas IFS -      

              IFS/ANVISA/ADASA/SEAGRI

 

No contexto da Segurança Alimentar, propusemos em nome da AEA-DF, a formação de um grupo de trabalho para levantamento das normas existentes, atualizá-las e incluir propostas com novas diretrizes regulatórias da Qualidade da Produção Agrícola, lembrando que os produtos que chegam ao mercado, especialmente os de origem de pequenos produtores, nem sempre atendem aos requisitos necessários. Citamos, por exemplo, um caso simples que comumente ocorre no mercado de frutas e legumes: a colheita precoce. Isto afeta a qualidade dos produtos, pois são colhidos muito antes de se atingir o ponto ideal de “grana”. Os frutos colhidos prematuramente perdem qualidade e têm pouca massa, menor concentração de açucares, tornando-os insípidos e sem as demais características organolépticas desejáveis de cor, brilho, transparência, textura, odor e sabor. São comuns os casos de bananas, manga, uva, pêssego, figo, abacaxi (bem azedo e polpa com pouco suco) e outras frutas que, adquiridas nos supermercados e frutarias, levadas para a casa nunca conseguem chegar ao ponto “maduro”. Tendo saído da câmara fria dos Ceasas ou supermercados, os frutos entram em decomposição acentuada e em apenas três ou quatro dias enrugam a casca e fermentam, tornando-se impróprios para o consumo. Alguém volta ao supermercado para reclamar da fruta perdida? Não! Prejuízo certo,  com descarte imediato e sensação de ter sido enganado e ainda ter deixado de consumir a fruta preferida.

 A venda de frutos extremante verdes é comum  porque os comerciantes atacadistas querem ganhar tempo antes da fruta amadurecer e assim evitar perdas imediatas. Passam dias e dias na estrada sob lona e sol.  A banana, manga e abacaxi são os casos mais comuns em Brasília. Veja a foto a seguir, banana comprada em supermercado e exibida no roadshow. 

 

A imagem fala mais que tudo - magra, mirrada, sem massa e vai apodrecer em três ou quatro dias fora da câmara fria do supermercado e bem ali na sua fruteira da cozinha.  Faltou um engenheiro agrônomo nessa cadeia de comercialização. Por que  as CEASAs aceitam tais produtos, mesmo tendo profissionais engenheiros agrônomos em seus quadros? Só mesmo um estudo propositivo poderá trazer indicações para sanar tais falhas.  O Engenheiro Agrônomo é o único profissional que estuda a fundo a Fisiologia Vegetal, para melhor produzir  e sobretudo a Fisiologia de Pós-colheita, de modo a garantir a plena qualidade dos frutos. Ele sabe gerenciar desde a escolha da semente para a semeadura, o solo, uso de fertilizantes, água de qualidade para a irrigação, produtos fitossanitários menos ofensivos e na dosagem certa (isto é matéria regulamentada e somente profissionais habilitados podem prescrever em receituários agronômicos, com os devidos cuidados). O gerenciamento da produção, pelo profissional habilitado, passa ainda pelos demais  tratos culturais e a colheita na época certa, além dos cuidados no armazenamento e embalagem. Todos esses fatores têm influência no sabor, consistência e qualidade da polpa, sem se esquecer que o uso indevido de agrotóxicos causam males irreversíveis à saúde. Tecnologia agrícola, quando bem aplicada, é sinônimo de Qualidade do Fruto in natura.  Tecnologia à serviço dos consumidores, desde a seleção de sementes e do  solo à colheita, embalagem e entrega ao consumidor. Aliás, gerentes de frutarias e supermercados já me conhecem por aqui, pois, sempre que me deparo com aquelas bananas cheias de quinas, pergunto-lhes: se levar as bananas, ganho lixas? Lixas, como assim? Para lixar as quinas das bananas de modo que suas quinas não cortem minhas mãos...

            Nossa proposta, de criação de um grupo de trabalho para estudar a questão, foi bem aceita no sentido de que devemos buscar parcerias com os órgãos envolvidos, Ministério da Agricultura, Secretaria de Agricultura, Anvisa (há plantas medicinais), ADASA (qualidade da água para irrigação e outorgas), OAB e outros como empresas certificadoras e universidades para o desenvolvimento de pesquisas de campo. O escopo seria criar um rol de normas regulatórias que garantam não somente as qualidades  químicas e biológicas para os alimentos, pois já existem muitas normas regulatórias para os semi-processados e processados e com elevados padrões de exigência. Assim, por outro lado, temos que criar e estabelecer normas para o respeito às qualidades organolépticas, o ciclo fisiológico da planta que é extremamente variável entre as diversas espécies e condições climáticas, incluindo-se o período de maturação e o ponto ideal de colheita. Nesse sentido, representantes da OAB, do Ministério da Agricultura e ADASA já nos contactaram durante o evento e estão dispostos a integrar  nesse projeto que ora se descortina.

Concluímos, portanto, que essa importante área de atuação da Agronomia deva ser, de fato, implementada pela AEA-DF, promovendo a união e compartilhamento de ações entre todos os órgãos envolvidos, públicos e privados.

 

Brasília, 23 de março de 2023

Eng. Agr.  Paulo Roberto da Silva

                                                Secretário - AEADF

 




 





 

domingo, 12 de março de 2023

Miragem entre as árvores?... Não! É um Mirage

 Mirage III  F103 FAB 4924 – Um pouso para repouso definitivo em lugar de honra. 
Foto do autor- março 2023 - Cassab- Brasília-DF   (editada/sem pedestal, por Rogerio Salgado)


Que susto..., ao sair de um Centro de Convenções e virar uma esquina num setor exclusivo de clubes recreativos e centros de eventos, deparei-me inesperadamente com um caça supersônico F-103 Mirage III da FAB em pouso num gramado próximo à orla do Lago Paranoá, em Brasília, a poucos metros da rua onde transitava com meu carro. Sua silhueta em formato delta é inconfundível e como poderia ele efetuar aquele pouso, se mesmo em pistas de 4.000 metros necessita de apoio de paraquedas (a 160 nós) para auxiliar os freios e parar totalmente, tal qual presenciei numa demonstração em Anápolis? Incrível... Mas, aquele pouso mostrado na foto acima foi o último. O pouso para repouso. Merecido  é verdade, depois de 33 anos operando, de 1972 a 31/12/2005. Este guerreiro, interceptador de matrícula FAB 4924, atinge velocidade máxima de 2.400 km/h (mach 2). Fez 4.986 pousos e voou 3.940 horas. Integrou o 1º Grupo de Defesa Aérea – GDA, sediado na Base Aérea de Anápolis/GO, . Agora, o guerreiro ali repousa, tranquilo, ainda que sem suas entranhas violentas de possante turbina SNECMA de 13.230 lb de empuxo e os pesados armamentos, dois canhões DEFA de 30mm, bombas, foguetes e mísseis, chegando a cerca de 13.500kg de peso máximo de decolagem. Agora ali repousa respeitosamente, com a imponência digna de um guerreiro que por tanto tempo patrulhou, defendeu seu território, justamente a cidade de Brasília. Quantas vezes também os vimos em belíssimas exibições de abastecimento pelo KC-130 nos céus de Brasília, em dias de comemoração do 7 de Setembro. Quantas lembranças!

 Pois ali está, o icônico Mirage III - FAB 4924, para deleite  dos pilotos, mecânicos e pessoal de apoio da Aeronáutica. Bem ali, às margens do Lago Paranoá, no Clube de Associados da Aeronáutica de Brasília – CASSAB e bem à vista dos passantes. 

 Instalado em pedestal apoiado sobre um poço com fontes de luzes multicoloridas,
o grande e belo guerreiro impressiona pela sua imponência.
Foto do autor (luz natural às 18:00h, sem edição).  Clube dos Assoc. da Aeronáutica - Brasília, março 2023


O susto inicial se transformou em grata surpresa, pois apaixonado por aviação (pax com mais de 3.500 horas de voo em quatro continentes) não se contenta em apenas ver, tem que conhecer, admirar e conhecer a história dos aviões com os quais se deparou ao longo de 50 anos de profissão executiva em meio mundo. E ponha história da aviação na vida do menino das Lavras. Desde os T6 da Esquadrilha da Fumaça, ainda nos anos de 1950/60, em apresentações na cidade natal, aos voos em aeronaves do GTE/ FAB (missões à serviço do Governo), ou ainda em grandes e modernos jatos comerciais em voos internacionais e até mesmo em pequenas aeronaves nos aeroclubes. Muitas são as memórias em aviões militares. Um desses ficou gravado, com certo medo. Era uma aeronave Bandeirante da FAB, na rota Brasília/Carajás, com direito a pouso cego, no aeroporto de escala em Carolina/MA. Apenas um treinamento para um cadete, co-piloto, devidamente monitorado pelo comandante. Sentado  próximo à entrada da cabine dos pilotos, pudemos acompanhar toda a manobra do pouso cego... (fecha-se com cortinas blackout toda a cabine, vidros laterais e frontal... tudo mesmo). Coisa aterrorizante para civis não acostumados aos manches e os poucos instrumentos do turbo-hélice Bandeirante. Felizmente o pouso foi tranquilo, mesmo com as ordens finais do oficial piloto, em tons bem elevados e rápidos ..., cabra..., cabra ... (cabrar - levantar o nariz do avião), assim que o trem de pouso tocou a pista.

Das reminiscências marcantes do jovem executivo a bordo de aeronaves da FAB, há ainda outro destaque pitoresco. Foi o  “voo perdido no espaço aéreo, sem rumo” na rota Brasília/Santo Antônio do Amparo (num HS-125,  FAB - VU 93-2117),  quando o plano de voo previa, erroneamente, o pouso em São João Del Rei ( SNJR) e não Santo Antônio do Amparo (SNAM), onde deveria pousar, pois Lavras, nosso destino final (Universidade Federal, que aguardava a visita do Ministro da Educação), ainda não contava com pista asfaltada (a pista do SSOL foi inaugurado em 08 de julho de 2001). Do aeroporto de S.A. do Amparo seguiríamos de carro, num curto percurso pela rodovia BR 381. Mas..., com o característico solavanco da aeronave, baixando o trem de pouso, olhei pela janela e identifiquei a silhueta inconfundível da Serra de São José, paralela à pista de pouso, situada entre as cidades de São João Del Rei e Tiradentes.  Alertado por um sonoro grito do menino, e repetido pelo ex-ministro Alysson Paolinelli, também presente no voo, o comandante recolheu os flaps e arremeteu antes de tocar a pista, acelerando ao máximo as duas barulhentas turbinas Rolls Royce do jatinho de fabricação inglesa.  A surpresa foi que não havia um plano B e o comandante nem sabia para onde rumar a aeronave, pois sequer tinha ouvido o nome da cidade de Lavras antes de decolar. Sem plano prévio de voo. E agora?... , gritou de dentro da cabine, enquanto o jatinho já ganhando altura no sentido leste, rumando para o litoral, oposto ao rumo de Lavras que ficara 100km para trás . Corri para a portinhola da cabine e de pé, orientei: 180º à direita (para se livrar do paredão rochoso da serra de São José), proa na BR 265/represa de Itutinga/leito serpenteado do Rio Grande/ Bom Sucesso e... Santo Antônio do Amparo, aeroporto de destino, onde as autoridades estavam a nos esperar... Ufa..., o menino nunca imaginou que um dia tivesse a chance de ser o navegador visual de um jatinho HS 125- VU-93, da FAB, a 2.000 pés de altura e baixa velocidade de 200 nós, serpenteando entre montanhas e o vale do Rio Grande, por 10 a 15 minutos, até encontrar o SNAM (Sto Antônio do Amparo), aeroporto de destino.

Mas, a melhor de todas as experiências com aeronaves militares foi a visita à Base Aérea de Anápolis, onde até simulamos pilotagem do Mirage III-EBR (não consegui pousá-lo no Galeão). Naquela visita estava a nos receber o piloto militar Eduardo Pastorello que, num Mirage (o 4929 ou o 4931 ? Alguém saberia?), interceptou um grande Yliushin, de matrícula do governo cubano, invadindo espaço aéreo brasileiro, sem autorização, quando se dirigia à Argentina. Ali, em Anápolis, pude admirar, tocar e até voar no simulador, além de receber completa aula sobre defesa aérea e conhecer o plano operacional da Base Aérea em casos de emergência, como de fato já havia acontecido (alerta de 03 minutos, com o piloto aguardando já no cockpit). O intruso foi prontamente interceptado, de madrugada, sob chuva, na região do estado de Mato Grosso e escoltado para a Base Aérea de  Brasília, em abril de 1982.

 
Voando (1º à direita) num Bandeirante até as minas de ferro e manganês de Carajás. Foi nesse voo que o piloto militar treinou seu "pouso cego"..., santo Deus, nunca mais passarei por medo assim...rsrs. 
Foto do autor- 1981 


 Base Aérea de Anápolis, Mirage, em hangar camuflado, com o piloto de caça Eduardo Pastorelo (o mais alto, com o autor à direita da foto), o qual interceptou o Yliushin cubano invadindo nosso espaço aéreo. 
Foto do autor- Base Aérea de Anápolis -1982




 Ainda na Base Aérea de Anápolis. O autor, em primeiro plano, examinando 
o cockpit e a operação de armamento de um Mirage III. 
Foto do autor 


O Mirage sempre esteve presente em minha trajetória. O amigo TC Eduardo Almeida, Cmte do Esquadrão Jaguar – Mirage, de Anápolis, sempre relatava casos da Força Aérea. Um fato interessante foi a escolta, comandada por ele, da chegada do DC-10-30 que trazia de volta a Seleção Brasileira de Futebol após a conquista de mais um título mundial.


 Acima, a primeira foto, o Mirage III, pilotado pelo e TC Aviador Eduardo Almeida, então Cmte do Esquadrão Jaguar- Mirage/Anápolis, em escolta do avião, na chegada a Brasília, com os Campeões da Seleção Brasileira de Futebol, em 2002. 
Na segunda foto, o autor, à esquerda com  o amigo Cmte Eduardo Almeida. 
Fotos: 1- Arquivos do Cmte Eduardo Almeida. 2-  Foto do autor, dez 2018


Assim, aquele susto inicial ao topar com o FAB 4924 em meio ao gramado e sob frondosas árvores, logo se transformou em alegria e doces recordações em conversas com servidores da Aeronáutica, ali em seu clube. As memórias de Anápolis afloraram, assim como as belíssimas exibições dos Mirages em Brasília. Parabéns a todos que contribuíram para a preservação desse patrimônio cultural, ali instalado. Parabéns ao Clube dos Associados da Aeronáutica de Brasília por oferecer a seus associados e a todos nós, civis, que também amamos a aviação e a nossa  Força Aérea, o prazer de ali contemplar um dos grandes ícones da aviação de caça brasileira. Quem disse que cidadãos civis não amam a aviação militar? Depende, se sua cidade natal tem história, como a daquele piloto da Aviação do Exército que pousou emergencialmente numa pastagem, em Lavras-MG, em outubro de 1930 (nem existia ainda o Ministério da Aeronáutica), com um Morane Saulnier, pilonou por sobre um tronco de árvore, danificou a aeronave, os mecânicos da Rede Mineira de Viação recuperaram-na totalmente. Depois, com a ajuda de muitos, usaram picaretas e carroças tracionadas por burros e construíram e uma pista para decolagem. Ficou ali por mais de mês, como se fosse uma base aérea,  para voos de aterrorização das populações urbana e rural, durante a Revolução de  1930... Por causa desses razantes   meus pais e seus camaradas deixavam as ferramentas na roça e corriam para dentro de casa... Instalou-se verdadeiro terror, pânico na população como meio de cooptação para apoio às forças legalistas que lutavam contra os paulistas. A população se alarmava com o barulhão que vinha do céus, produzido pelo voo rasante daquele “caminhão em cruz” (assim diziam, pois eram o unico veículo barulhento que conheciam), coisa esquisita que nunca tinham visto antes. Pior que, em 1944, a história se repetiu em Lavras. Criou-se o Aeroclube e ali foram treinados mais de 20 pilotos como reservas para treinamento e combates aéreos na Itália, na 2ª Guerra Mundial. Estes eram mais terríveis que o piloto de 1930, pois além de voarem o dia inteiro, em verdaderas esquadrilhas, faziam rasantes morro abaixo a poucos metros acima da cabeças dos cidadãos que andavam pelas ruas dos bairros sem postes de energia ou nas fazendas próximas. Meus pais e avô contavam-nos essas história dez anos depois do término da guerra. Às vezes constrangedoras pois, frequentemente havia alguém que, de fato sofrera aqueles sustos repentinos e correra para debaixo da cama, pois ainda eram crianças e mais amedrontadas. São histórias verdadeiras, com testemunhas e fotos que já contei em crônicas e agora estou compilando num livro: História da Aviação Militar em Lavras, com inúmeros casos, desde bombardeios simulados da enorme ponte sobre o Rio Grande, por caças da Base Aérea de Santa Cruz (Lockheed T 33), faziam o tracking em rasantes sobre a fazenda de meu pai até mesmo o pouso forçado do bicudo F5-E em rodovia , próximo a fazenda de um ex vice-presidente, no sul de Minas.

Por essas e outras tenho especial admiração pela aviação de caça. Agora tenho mais um, bem à vista e ao lado de casa. Num curto espaço de uma semana, já  visitei duas vezes o F103 - FAB 4924, que está estacionados em doce repouso em uma bonita área verde, com merecido repouso! Ainda falta visitar o MUSAL no Campo dos Afonsos, a joia máxima da Memória da Força Aérea Brasileira.

 

Rasília12 de março de 2023

 

Paulo das Lavras



 F103- FAB 4924 – Cassab/Brasília. 
Foto do autor – março 20123


 KC-130 abastecendo Mirages. 
 Foto – internet   




Dois Mirages defendendo Brasília (Asa Sul).
Foto – internet


 
O irmão gêmeo do 4924,  F 103 – FAB 4929 que interceptou o Yliushin cubano.
Foto – internet


 Repouso definitivo do Mirage III- FAB 4324, sob frondosa árvore nos jardins de Brasília. Mais que merecido,
 pois defendeu a capital do país por longos 33 anos. Silhueta inconfundível em formato delta,
 reconhecido até mesmo debaixo de uma árvore. 
Joia do Patrimônio Cultural /Aeronáutico de nossa Nação! 
Foto: Google

 








 





 



 




 

 



 


 

sexta-feira, 3 de março de 2023

Preto no branco.... 50 anos no aniversário e as Vespas Piaggio


50 anos se passaram entre uma e outra foto: 1966 - Lavras/MG e  2016 - Brasília . Há coerência nas fotos: Vespa branca - cabelos brancos   e Vespa preta- cabelos pretos....    



                                                                                                                           

            50 anos de uma foto para outra...,  surpresa para o menino das Lavras neste aniversário, de 5 de abril. Ao sair para uma caminhada até uma agência bancária, aqui em Brasília, deparei-me com um motoqueiro, quarentão, natural de Marseille, na França, residente de Bruxelas e recém-chegado à capital como oficial da Embaixada da Suécia, onde também trabalha a diplomata, sua esposa. Bon parlant em francês, foi logo contando que aquela moto-Vespa foi o seu veículo na França. Também lhe contei  sobre minhas estadas de trabalho em Paris, Nancy, Djon e Montpellier, mas sem Vespa.

Sim, 50 anos de diferença entre uma foto e outra. Na vespa preta, Na pracinha do Colégio de Lourdes, à caminho da Esal/Ufla. O cabelo era preto no menino de 21 anos. Agora, 50 anos depois, o cabelo branco combina com a cor da vespa do franco-belga-sueco. Bela e saudosa coincidência de 50 anos depois.

 Outras lembranças:

1990- Roma/Itália   e...                                     2013- Brasília, Expo Vespas e Lambretas

                 


               Nas ruas de Brasília em 2022              1966 – Praça Augusto Silva- Lavras

               


Não adianta..., quem teve uma Vespa nunca a esquece. Não nos conformamos em avistar uma qualquer na rua..., paramos o proprietário e “choramos” as lembranças. Dá resultado... rsrs, oferecem para a darmos uma voltinha e ainda mais se for um idoso, “choroso”, saudoso dos tempos da Vespa. E isto aconteceu até mesmo na Itália, berço da fábrica Piaggio, subsidiária da Fiat. Adorei. Muita emoção, pois nunca pensara antes  que, un dia, daria uma voltinha de Vespa na sua terra de origem.. Pena que o dono da Vespa não caprichou na foto e cortou um pedaço... rsrs

 

Brasília, 13 de novembro de 2022

 Paulo das Lavras


Vespa prs  vers 1 - 1967