terça-feira, 29 de janeiro de 2013


 

O clima e a cultura dos brasileiros

 Na década de 1970 convivi e trabalhei com quase duas centenas de especialistas, pesquisadores e professores norte americanos. Muitos deles aqui vieram para trabalhar em períodos curtos e longos. Outros lá mesmo em sua própria terra. Um deles, especialmente, ao observar a cultura e os costumes do povo brasileiro, em pleno carnaval no Rio de Janeiro,  disse-me certa vez, num jantar em hotel de luxo e sob o barulho da agitação dos desfiles carnavalescos: “O problema do Brasil é que aqui não tem inverno”. Soou-me estranhíssima aquela observação do visitante e morador da região dos Grandes Lagos, da terra do Tio Sam, onde o inverno é mais que rigoroso. Se quiser sair de casa tem que trabalhar com a pá e remover montanhas de mais de metro de pura neve na sua porta. Melhor ficar em casa mesmo com o conforto da calefação.

 Recentemente, com a morte do escritor Ivan Lessa, que passou boa parte de sua vida em Londres, publicaram uma frase sua que dizia: ”O frio civiliza”. Poucos entenderam o recado desse escritor que ficara famoso por suas tiradas contra a ditadura militar no famoso jornal O Pasquim. Ao contrário, eu a entendi perfeitamente, pois, quando ouvi algo semelhante do executivo e professor americano eu o inquiri por que razão ele dizia aquilo. Simples, retrucou ele, os brasileiros não tinham tempo para se recolherem em casa, ler e estudar muito, viver literalmente confinado junto a outras pessoas e com isso refinar o intelecto e as boas maneiras.  Caramba! Foi um tiro de misericórdia na situação de grosseria que acabávamos de enfrentar, no restaurante de um hotel de luxo no Rio de Janeiro, justamente a cidade mais turística do país naqueles idos de 1977.

Hoje, 35 anos depois, foi reproduzida pelos jornais aquela frase atribuída ao escritor Ivan Lessa. Pensando bem e com a alma mais destravada, longe do constrangimento e a estupefação diante dos acontecimentos em que me vi envolvido na ocasião, estou convencido que ambos, o professor americano e o escritor Lessa, estão mais que corretos. Eles nada mais ressaltaram nossa falha cultural em face das condições de clima e temperatura. As baixíssimas temperaturas do hemisfério norte não são nada convidativas para se colocar a cara fora de casa... por isso leem e estudam mais. Por aqui, no país tropical, qual brasileiro sacrificaria sua ida à praia ou outro passeio qualquer nos finais de semana ensolarados, o ano inteiro? E as baladas nas noites quentes de verão? Ah... seria esperar demais que eles passassem três meses confinados em casa, lendo e estudando com afinco, sobretudo naquelas priscas eras anteriores à internet.

Brasília, 17 de junho de 2012

Paulo das Lavras 

 
 O prof Hunter, em plena primavera em Michigan/EUA, fez-me lembrar do rigoroso inverno
dos meses de dezembro a fevereiro, quando a neve se acumula à porta de sua casa
Foto do autor- MSU , junho de 1977





segunda-feira, 28 de janeiro de 2013



 
Infância e escola

 

Sob o título acima uma empresa de consultoria educacional divulgou, hoje, um artigo da Profª Adriana Varani, da UFSCar/Sorocaba (drivarani@gmail.com), originalmente publicado pelo jornal Cruzeiro do Sul Online, de Sorocaba-SP.  No artigo, transcrito abaixo, ela inicia afirmando que:

 “Em grande parte das experiências, nossas escolas ainda cortam os sonhos, tiram as nuvens, interrompendo um ciclo de possibilidades construídas logicamente, na lógica da infância, que ainda não está repleta da racionalidade adulta”. E prossegue, ilustrando a questão:
 
É cada vez mais premente a preocupação com a qualidade do ensino nas escolas, especialmente nas públicas dos anos iniciais do ensino fundamental. Nos últimos anos os índices de evasão e de repetência diminuíram consideravelmente em função de algumas políticas públicas no âmbito da educação. Entretanto, esta diminuição não interferiu num dado que nos assusta, o desinteresse das crianças pelo estudo, ou melhor, pela escola. Em uma pesquisa recente sobre a relação escola e comunidade, dentro do Projeto Observatório da Educação, financiado pela Capes, realizado por pesquisadores da Faculdade de Educação da Unicamp, aproximadamente 70% das crianças que se encontravam no 4º e 5º ano de escolas públicas da cidade de Campinas, afirmavam que as atividades fora da escola são mais legais do que as atividades feitas dentro da escola. Com este dado, gostaria de abordar uma reflexão sobre o que produz este desinteresse por parte das crianças. Para problematizá-la gostaria de trazer uma pequena história, dentre tantas já ouvidas/vividas no campo da educação.

              Certa mãe/professora e seu filho de cinco anos estavam num voo para o Rio de Janeiro, quando este olha pela pequena janela e avista muitas nuvens ao seu lado. Subitamente ele afirma com ênfase, mostrando que é sabedor das coisas: "Mãe, você sabe que é possível andar em cima das nuvens. Eu consigo". Eis que ela imediatamente, com seu tom professoral e maternal, responde "Filho, se você pisar nas nuvens, você cai". Ao lado havia uma senhora bem idosa, aparentava ter aproximadamente 90 anos. Ela observa e ri. Passados alguns minutos ele pergunta para sua mãe: "Nosso hotel é no céu?". A senhora idosa sabedora da vida e da herança carregada por aquela criança, se adianta à mãe, quase prevendo que novamente ela poderia interromper o raciocínio da criança, e diz "quando você for astronauta, você vai ter um hotel no céu".
          Quantas nuvens são tiradas bruscamente do chão das crianças ao se tornarem alunos na escola? Chama-me a atenção a forma como a escola se organiza curricularmente e, consequentemente, como o conhecimento, ao ser veiculado em seu interior, é tratado pelos sujeitos protagonistas da função escolar. A escola tem como função, numa leitura mais aligeirada, lidar com a seguinte relação: aluno, conhecimento e professor. Ao aluno cabe o papel mais importante, o de ser aprendente, aprendente do conhecimento que se caracteriza como a herança cultural (também pertencente da criança) acumulada pela humanidade e perpetuada ou a ser transformada pelos diferentes sujeitos. E ao professor, cabe o papel de articulador desta herança, de alguém que, não de forma totalitária, conhece e reconhece esta herança e promove a sua perpetuação ou seu questionamento junto aos seus alunos. Sua função pode estar associada a um papel de puro transmissor do que é supostamente certo como conhecimento definido, como pode ser aquele que, junto com seus alunos questiona o mundo e reaprende-o a partir desta herança.

         Arrisco afirmar que neste trato com o conhecimento e com os sujeitos, as crianças que estão na escola são tratadas mais como tabulas rasas do que como sujeitos que, de alguma forma, demonstram certa herança cultural ao adentrarem no universo escolar. E neste sentido, a crianças, no contexto escolar, se tornam alunos, seres a se tornarem detentores de um conhecimento e de uma herança que não, aparentemente, não lhes pertencem. Arrisco a afirmação que, enquanto alunos, em muitos casos, somos despojados da nossa própria história.

         Ao ser questionada pelo Jornal Cruzeiro do Sul em entrevista concedida há alguns dias sobre a questão da repetência escolar e como os pais deveriam tratar esta questão, ponderei que antes de ser tratada pelos pais, temos que pensar qual a concepção de educação com as quais trabalham as escolas que nossas crianças frequentam e como a homogeneidade é requerida em suas respostas a ponto de definir que a criança que não chega ao mesmo lugar que as outras, deve repetir o ano. A escola trabalha com objetivos únicos para pequenos que são diferentes e que tem diferentes sonhos, muito distintos dos nossos. Em grande parte das experiências, nossas escolas ainda cortam os sonhos, tiram as nuvens, interrompendo um ciclo de possibilidades construídas logicamente, na lógica da infância, que ainda não está repleta da racionalidade adulta.
         Não defendo com isto que o espaço da escola seja caracterizado pelo laissez faire. É sim, papel da escola, promover a transformação dos sujeitos e, consequentemente, colaborar no seu desenvolvimento. Entretanto isto deve ser feito de forma a compreender a infância, de forma a olhar para esta criança singularmente, em suas potencialidades e não apenas na sua negatividade, apenas no que ela não é ainda, mas no que ela também representa no momento em que se encontra no interior da instituição. A escola, em vezes, opta por interromper as construções lógicas da criança, para introduzir a lógica adulta e a resposta correta, no lugar de criar a possibilidade de ser um astronauta e ter hotel no céu.

xxx

            Analisando o texto vemos que a professora aborda uma questão crucial e que nos leva a uma reflexão mais aprofundada. É fundamental que se dê asas ao pensamento da criança, deixa-la sonhar. Somente assim ela se tornará criativa. Deve ser tratada como “sujeito” no processo educativo e não como objeto. Para tanto precisa ser compreendida pela “lógica da criança” e não pela “certeza do adulto”. No caso acima, a vovó salvou os sonhos da criança, pois a mãe certamente os teria cortado, matando o estímulo de “um possível astronauta, com hotel no céu”, caso tivesse dado a resposta pela lógica do adulto.
           Ouso traçar um paralelo com o caso que postei em meu perfil da rede FB, no dia 26/12/2012, sob o título: “Criança tem cada uma” e que vai reproduzido a seguir:

Cenário: Dia de Natal, de 2012. Início da noite. Noticiários na TV. O locutor anuncia a morte de Dona Canô, na Bahia. Longa reportagem sobre sua vida, filhos e a morte propriamente dita. Na sala, atento, Pedro Henrique, quatro anos de idade, pergunta:
  “Mamãe, as pessoas quando morrem vão peladas para o céu”?

         A mãe, admirada com a pergunta, respondeu: “não sei filho. Só sei que quando você veio do céu, você veio pelado”. Nada mais se disse e todos contiveram o riso.

            Neste caso a resposta da mãe parece se enquadrar na tese discutida acima, ou seja, ela, em vez de dar a solene resposta lógica de adulto, preferiu estimular a imaginação da criança de apenas quatro anos de idade. Assim devemos ser o que, aliás, me faz lembrar aquela sabedoria apontada pelo pensador Ruben Alves:
           Todas as escolas só nos ensinam a ser ferramentas. Será preciso que você procure mestres que ainda não foram enfeitiçados por elas. Você deve procurar as crianças. Somente elas têm o poder para quebrar o feitiço que o está matando ainda em vida.

          As almas dos velhos e das crianças brincam no mesmo tempo. As crianças ainda sabem aquilo que os velhos esqueceram e têm de aprender de novo: que a vida é brinquedo que para nada serve, a não ser para a alegria!
         A velhinha de 92 anos, do caso a bordo de um avião e a mãe de Pedro Henrique, embora não seja uma idosa, deram exemplos de como bem educar uma criança.

Brasília, 28 de janeiro de 2013

Paulo das Lavras

 

 

 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


O Menino das Lavras rememora e cumprimenta a cidade de São Paulo que, hoje, completa 459 anos e dedica essa crônica às filhas gêmeas, paulistas, nascidas em São Carlos.

PORQUE GOSTO DE SÃO PAULO

 

                                                                                          Crônica de um menino mineiro (*)

 

Minas Gerais e sua gente estão ligadas a São Paulo não apenas pela extensa linha de fronteira ou pela rodovia BR-381, que une as duas capitais, mas sobretudo pela herança cultural e econômica. Foram os bandeirantes Fernão Dias Paes Leme, Diogo de Fonseca, Borba Gato e outros tantos pioneiros que iniciaram a verdadeira colonização dos sertões das Gerais. Embrenhando por rios e florestas, vencendo as íngremes montanhas, em busca do metal reluzente e outras pedras preciosas, plantaram a cada 20 ou 30 km um novo povoado. Essa era a distância máxima que se conseguia vencer em um dia, a pé e com a tropa de carga de víveres, armas, sementes e ferramentas. Foi assim que surgiu a progressista cidade de Lavras, hoje verdadeiro polo educacional. O vilarejo nasceu como “Santana das Lavras do Funil”, no início do século XVIII (1712/20), rico em veios e lavras de ouro, quase às margens do Rio Grande, a 380 km do Planalto de Piratininga, berço dos bandeirantes.
 
Passado o ciclo do ouro, iniciou-se no século XIX o ciclo do café. Mais uma vez a presença dos paulistas foi marcante na cultura e na economia das Gerais. Os coronéis e os barões do café do Vale do Paraíba migraram para Minas e lá plantaram raízes culturais e de café, naturalmente, cuja produção era exportada pelo porto de Santos com destino a Europa.

 Nas Lavras, fundada e colonizada pelos paulistas, nasceu o menino criado à sombra dos cafezais, cavalgando manga-larga marchadores pelos retiros de leite das fazendas de café e leite, tradição herdada dos desbravadores e indutores do desenvolvimento daquelas plagas. Cresceu ouvindo “causos” e estórias sobre a cidade grande de São Paulo, para onde se dirigiam os parentes fazendeiros para vender café, queijo, manteiga e comprar “novidades”, principalmente automóveis (Buick, Mercury) e caminhonetes (GMC, Chevrolet, Ford).

            Terminado o ciclo do café, os paulistas invadiram o sul de Minas com suas possantes rádios emissoras que, nas décadas de 1950 e 60 faziam muito sucesso com os programas de música caipira (hoje, sofisticadamente chamadas de “Country Music”) das rádios Bandeirantes, Tupi e Record (esta se situava na Rua das Palmeiras, no centro da cidade, conforme anuncio para atrair o público para seu auditório). E tome lavagem cerebral. Os paulistas vendiam de tudo pelo rádio, como as pílulas De Lussen, Passa-já, Emulsão de Scott, cursos do Instituto Universal Brasileiro e, naturalmente, os encantos da cidade grande, a Eldorado de toda a gente interiorana.

             Em seguida surgiu a TV, e quem chegou primeiro? Em Lavras, foi a TV Tupi-canal 4, de São Paulo em 1959. Havia uma única tevê, instalada na loja do Sr. Haical Haddad, em frente à majestosa igreja Matriz. Depois veio a TV Record com a Jovem Guarda de Erasmo e Roberto Carlos, Vanderleia, Roni Cord, que onda! Que festa de arromba para as cabecinhas feitas nas ondas do iê iê iê que vinham em preto e branco nas tardes de domingo diretamente dos auditórios paulistanos.

             Não havia como fugir da influência e fascínio de São Paulo. Se na infância os adultos povoavam as cabecinhas com os “causos” e estórias da metrópole, logo em seguida chegaram as rádios com seus programas interioranos e, por último, na adolescência do menino das Lavras, os “tremendões” da TV Record. No way... não tem jeito.... São Paulo dominava completamente. Sua pujança econômica, com a Av. Paulista (a nossa Wall Street) sediando as grandes corporações empresariais, bancárias e industriais, o comércio, o MASP e o domínio cultural com suas de espetáculos. No way... Não tinha jeito!

             Minha primeira visita a São Paulo foi na década de 1960 , em trânsito para Londrina-PR. Aproveitei o pouco tempo da “escala técnica” aventurando um passeio, a pé, até o Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá,  Av. São João e só, mais não ousei. Gostei e prometi voltar. Depois, em 1963, por indicação de um respeitado líder religioso de Lavras, Pe. Miguel Moretti, passei uma semana num cursilho da C. J. C. - Comunidade de Jovens Cristãos, no Convento dos Freis Dominicanos, da Rua Cayubi, bairro das Perdizes. Nesse endereço, poucos anos depois, mais precisamente em novembro de 1969, os órgãos de repressão metralharam o guerrilheiro Carlos Marighela, um dos principais organizadores da resistência contra o regime militar. A hospedagem do menino, em sua segunda viagem, foi no CRUSP- Centro Residencial da USP, recém-inaugurado no Campus do Butantã. Embora tenha apreciado e aprendido bastante nesse estágio de uma semana, a visita mais marcante foi quando o menino foi premiado por ter sido o melhor aluno das disciplinas de Solos e Adubação, do curso de Agronomia. A premiação foi muito proveitosa, uma bolsa-estágio na Companhia Paulista de Adubos-COPAS, a maior e mais importante produtora de insumos agrícolas. Foram 30 dias de visitas à unidade industrial de fertilizantes e propriedades rurais de produção hortifrutigranjeira no cinturão verde da capital em Mogi das Cruzes, Suzano, Osasco, Taboão da Serra, e outros. Chamou a atenção do então jovem acadêmico, a diversidade de cultivos em reduzidas áreas de terras e o alto grau de tecnologia utilizado pelos paulistas, geralmente descendentes de japoneses. Para um mineiro acostumado às monoculturas de café, milho ou gado de leite em grandes fazendas, era um “espanto” se conseguir tanto, em tão pequenas áreas, o suficiente bastante para permitir a aquisição de carrões e mais, viagens de toda a família para visitar os parentes na longínqua terra do sol nascente a 20.000 km.

            Ainda nesse estágio visitamos também grandes fazendas de café, milho, cana e citros na região de Ribeirão Preto, Bebedouro e Colina, sempre acompanhados por técnicos experientes.  Assim o menino enriqueceu seus conhecimentos e habilidades técnicas, pois nunca vira antes tal escala de produção, quer na indústria ou na agricultura propriamente dita. Bem, mas nem só de pão.... o menino levou de volta para a casa a paixão gostosa de uma meiga e jovem adolescente que, ainda hoje, a tem em boa reminiscência, pois morava no bairro de Santo Amaro, próximo ao autódromo de Interlagos onde se hospedara.

            No período de faculdade, nas Lavras do Funil, houve excursões técnicas pelo estado de São Paulo, no Instituto Butantã, onde se produziam vacinas, passando pelo Instituto Agronômico de Campinas-IAC, ESALQ-USP-Piracicaba, Ibec Research Institute - IRI/Matão com pesquisas de gado de corte e Fazenda Canchim/São Carlos. Tomar contato com os expoentes da pesquisa científica e os avanços da tecnologia agrícola naquelas instituições foi, sem dúvida alguma, um acréscimo considerável à sua bagagem técnico-científica. Embora o curso superior de Agronomia se localizasse em Minas, num centro de excelência, recebia muita influência paulista, quer no treinamento pós-graduado dos professores ou mesmo através da bibliografia técnica, quase toda produzida pela ESALQ-USP e IAC-Campinas. Mas, ainda na faculdade, o garoto voltou a São Paulo para, em nome da turma de formandos, contratar uma orquestra para abrilhantar o baile de formatura. O chique naquela época, em Minas, era buscar orquestras famosas em São Paulo. Lá foi o menino, “o jovem empresário de eventos”, a serviço dos colegas de faculdade.

            E assim se fechou o ciclo. Anos e anos de aculturação paulista através dos ancestrais, da família, rádio, TV e finalmente da academia. Daí, a nota de rodapé referente ao título da crônica. Mas, ainda não é tudo.

            Recém formado, onde trabalhar? Tendo sido selecionado por uma grande corporação multinacional do ramo de fertilizantes, com sede no cruzamento das Avenidas Ipiranga e São João, para trabalhar em marketing/vendas/extensão rural e também convidado para trabalhar no ramo de planejamento agroflorestal e paisagismo, na capital mineira, optou, por questão de perfil profissional, para as atividades de planejamento. Mas, mesmo nesse emprego nas Gerais, não tardou muito e, logo em seguida, aterrizava em Congonhas a bordo do Super Viscount da VASP, de prefixo PP-SRD, para executar sua primeira tarefa profissional na capital paulista. Inenarrável foi a emoção daquele menino dos rincões das alterosas contemplando, do alto, toda a grandiosidade e majestade da metrópole paulista. Ao retornar, no dia seguinte, e contemplando novamente da janela do avião aquele cenário grandioso do Tietê serpenteando o vale e o aglomerado de arranha-céus, sentiu uma ponta de orgulho profissional e pessoal, por ter obtido sucesso na missão que ali acabara de desempenhar. Tudo que fez, viveu e aprendeu tinha muito a ver com isso e agora, deixara ali o primeiro resultado, o primeiro produto de anos e anos de sonhos e dedicação aos estudos. Sentiu-me realizado. Mas, a vida profissional do menino que se tornara engenheiro estava apenas começando.

             Na década de 1970, já como professor da Universidade Federal de Lavras, o menino-engenheiro empreendeu muitas viagens a São Paulo para equipar laboratórios, bibliotecas ou mesmo para visitas de intercâmbio na USP. Mais tarde frequentou o curso de pós-graduação de Engenharia Hidraúlica e Saneamento, na Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, com várias incursões nas estações de tratamento de águas e efluentes da cidade de São Paulo, no bairro de Pinheiros. De São Carlos trouxe, de volta à Minas, além do diploma de pós-graduação, duas filhas que nasceram no mesmo dia, de um frio inverno que teve a noite mais longa do ano, segundo a manchete da Folha de São Paulo, recortada e guardada como lembrança do maior presente que São Paulo lhe dera.

             Os laços com São Paulo não são apenas atávicos, culturais e científicos. Há sempre um enorme prazer em ali chegar, seja num voo panorâmico de helicóptero ou nos mais de 300 pousos e decolagens nos aeroportos de Guarulhos e de Congonhas para missões oficiais nas áreas da educação superior, pelo MEC e também na supervisão do exercício da profissão da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, como Conselheiro Federal do CONFEA A passeio o prazer é igual e para quem pense o contrário, são Paulo é dos melhores lugares para uma semana de férias., pois ali estão os maiores museus culturais, casas de espetáculos, shoppings e exposições nacionais e internacionais. Em qualquer época do ano sempre haverá atrações para todos os gostos. No trabalho, pelas atávicas raízes culturais, o menino sente um gosto diferente, nunca uma obrigação, sempre um prazer renovado estar no meio da gente laboriosa, progressista e pioneira de 443 anos de história.
 

São Paulo/Brasília, 06 de dezembro de 1996

 
________________

(*) Menino, mineiro das Lavras do Funil, dependente atávico da cultura, ciência e tecnologia da pauliceia. Crônica escrita a bordo do Boeing 737-300 PP-VOX, decolando de Guarulhos rumo a Brasília em 06/12/96. Hoje, em 2013, São Paulo comemora 459 anos. Parabéns para os paulistas e em especial para duas paulistinhas, gêmeas, Luciana e Renata, minhas filhas, que hoje moram no planalto central.

 
Luciana 


Luciana                                        


 

 

 

 

 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013


O Prazer da Leitura - Aprendizado contínuo




 
Crianças precisam ser incentivadas ao gosto pela leitura, em qualquer lugar
                           

Quando criança participava de uma brincadeira muito instrutiva que consistia em sentar-se em roda, juntamente com minhas irmãs, abrir o livro didático de Português (colegial) e ler as poesias clássicas. Aberto o livro, aleatoriamente, passava-se a leitura da poesia e os demais acompanhavam atentamente, cada qual com seu livro. Ao primeiro gaguejar, ou erro de leitura, era a mesma interrompida pelo alerta geral (vitória da oposição...). Nesse caso o candidato leitor perdia pontos. Vencia quem conseguisse mais pontos depois de várias rodadas. Assim, adquiri o gosto pela leitura e ainda hoje tenho memorizados os principais versos de poesias de Guilherme de Almeida, Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Olavo Bilac e outros muito difundidos naqueles anos 50/60 do século passado.

             Infelizmente, a oferta de livros naquela época era limitadíssima e os recursos para adquiri-los, praticamente, não existiam. Até mesmo os livros didáticos eram muito limitados. Na área de matemática existiam apenas dois autores que publicavam livros colegiais. Em física, apenas o professor L.P.Mesquita Maia, da PUC-RJ. Era o único disponível no colégio e assim em quase todas as áreas. Predominava o sistema de reutilização do livro por toda a família, tal era a dificuldade para aquisições.          

Encantado com a química de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos e da física da mecânica, dinâmica, ótica e eletricidade, tive que recorrer à pequena biblioteca do colégio e lá encontrei somente exemplares em inglês. Estudar física, em inglês, mesmo para os admiradores dessa ciência, convenhamos era um sacrifício para um jovem de 15 anos. Na faculdade o problema era o mesmo. Falta de livros editados em nosso país. Certa vez realizei, à pedido do professor e às duras penas, a tradução completa de um capítulo de livro de fitopatologia (doenças de plantas), de autoria de um pesquisador norte-americano. Hoje, nossas livrarias estão repletas de publicações, técnicas ou literárias, produzidas por autores nacionais além das traduções de obras estrangeiras. Que bom!

Quando entro numa boa livraria fico maravilhado com a quantidade e diversidade de obras disponíveis. Vou pegando um aqui, outro ali, lendo e degustando um pouco do conteúdo para avaliar se vale a pena comprar/ler ou não. Quase sempre seleciono mais do que posso levar, pois o tempo para leitura é bem aquém do desejável. Mas, Freud explica essa compulsão de adulto que nada mais é do que uma manifestação neurótica de regressão aos desejos da infância, quase sempre tolhidos pelos adultos. Minha esposa sempre pergunta: por que comprar tantos livros se você já tem mais de 40 (literalmente) não lidos ou cujas leituras não foram concluídas? E é verdade, em cada aeroporto que passo compro um novo livro, o companheiro de viagem ou de esperas intermináveis pelos vôos atrasados.

O prazer da leitura não é casual. É cultural, tem toda uma bagagem anterior que remonta à nossa infância, a curiosidade de aprender, aprender e aprender mais, sempre! Por isso, é preciso selecionar o livro. A leitura tem que ser prazerosa, tem que nos cativar. Se o livro nos cativa ele passa a ser nosso companheiro, aliado da nossa filosofia. Nesse caso podem e devem ser marcados, remarcados com marca-texto ou canetas vermelhas para destacar nossas anotações de concordância ou discordância do enunciado. Isto, de certa forma, contraria os ensinamentos que recebemos na escola que não se deve escrever ou marcar um livro. Acrescento a esta norma: “Só se for com referência ao livro do alheio, pois, o meu é o companheiro, aliado, com marcas e destaques para as suas principais idéias”. Quando da sua releitura, passado algum tempo, o prazer é redobrado ao ver ali grifadas aquelas frases que um dia admiramos e que nos marcaram, às vezes com profundo significado para a alma.

Bem, mas esse é o prazer referente a uma nova descoberta por meio da leitura. É a novidade que aparece à nossa frente e nos apressamos em registrá-la em nossa mente para tirar proveito em situações futuras. É a lição que recebemos de nossos pais e da escola: leiam e aprendam muito para vencer na vida. É a cultura do saber que se impregnou em nós. Porém, há ainda outro prazer na leitura. É aquele que acontece com o passar dos anos e cresce cada vez mais quando nela encontramos a explicação para um fato ou causas de eventos acontecidos ou conhecidos no passado. Explico como é bom, agora, ler sobre as imigrações de japoneses, italianos, poloneses, alemães, sírio-libaneses, judeus e norte-americanos dentre tantos estrangeiros que povoaram esse imenso país. Sírio-libaneses dominavam o comércio em minha cidade natal e em muitas outras. Os norte-americanos que se instalaram inicialmente na região de Campinas (Americana) em 1869 e depois, em 1894, mudaram para a cidade de Lavras onde fundaram o Colégio Instituto Gammon, seguindo-se a Escola Superior de Agricultura de Lavras – ESAL, em 1908, que depois se transformou em Universidade Federal (UFLA). Da mesma forma sobre os imigrantes japoneses, vivenciei e observei a “garra” e o extremo amor pela terra que esses colonos do cinturão verde de São Paulo dedicam às suas plantações especializadas de hortifrutigranjeiros em pequenas propriedades. Em meu estágio acadêmico numa grande empresa de fertilizantes, pude conviver com aqueles abnegados imigrantes e recentemente ao se comemorar o centenário da imigração japonesa, a imprensa ressaltou a obstinação daquela laboriosa gente que tanto tem contribuído para o progresso da agricultura e o desenvolvimento de nosso país.

Assim, a leitura de qualquer matéria, seja um livro ou artigo na mídia sobre esses assuntos torna-se duplamente prazerosa, pois além de aprender mais, podemos confrontar situações vividas no passado e estabelecer o elo causal, compreendendo em maior profundidade os sonhos e as realizações daqueles imigrantes que há mais de 100 anos aqui estão e perfeitamente integrados à nossa sociedade.

Quer prazer maior do que se deparar com uma resenha de um livro em uma revista especializada e cujo autor foi seu colega de trabalho? Foi assim com “História das Agriculturas no Mundo – do Neolítico à Crise Contemporânea”, de Marcel Mazoyer, professor e pesquisador do Institut Agronomique Paris-Grignon e que foi colaborador no acordo de cooperação do MEC com o Ministério da Agricultura da França e que dirigimos por mais de 10 anos. Especialista em sistemas de cultivos agrícolas, o Prof. Mazoyer veio ao Brasil várias vezes e assessorou por muito tempo uma universidade do sul do Brasil na implantação de um curso de agronomia com ênfase na gestão do agronegócio. Na França, orientou muitos professores brasileiros em cursos de pós-graduação. Visitei seu laboratório de pesquisas em Grignon e prestou importante colaboração na reestruturação da formação agronômica em nosso país. Por isso, corri à editora e encomendei o livro recém lançado. Alguém duvida que essa leitura seja duplamente prazerosa?

Outro exemplo de prazer em dobro na leitura foi conhecer a história de um imigrante judeu que chegou à Argentina em 1912 e cuja empresa gerida pela família se tornou a maior produtora de soja daquele país. Os filhos formados em agronomia iniciaram, em 1980, um empreendimento moderno de produção da soja introduzindo conceitos de gestão empresarial informatizada quando até mesmo a própria informática iniciava seus primeiros passos. Em seguida expandiu seus negócios para o Brasil, arrendando mais de 50 mil hectares de terras cultivadas com essa oleaginosa. A leitura da história do imigrante argentino foi muito mais interessante quando pude confrontar seu sucesso com o de grandes produtores nacionais desse grão na região centro-oeste do Brasil e comparar o seu desempenho em escala mundial. Os EUA ocupam o primeiro lugar com 90 milhões de toneladas, em segundo o Brasil com 65, terceiro a Argentina com 30, seguindo-se a China com 14,6 e a Índia com 10 milhões de toneladas/ano. Mais interessante ainda foi saber que aquela família argentina tem elevado espírito empreendedor, pois adotam práticas preconizadas em normas internacionais de controle de qualidade na sua produção agrícola (ISO 14.000, 16.000 e 18.000), inserindo-se no programa de certificação da RTRS (Round Table Responsible Soy Association), a Associação Internacional de Soja Responsável. A certificação internacional é de suma importância para quem quer ser reconhecido com um selo de qualidade. Há mais de 10 anos tenho trabalhado com as normas ISO 9.000 para os serviços de educação superior. Para o caso da soja as normas recomendam “boas práticas agrícolas” e “respeito às leis ambientais”, como a responsabilidade com a comunidade, oferecendo-lhe oportunidade justa de empregos; cumprimento das leis locais, estaduais e nacionais; responsabilidade ambiental, com conservação do solo, matas, mananciais, cuidados com as embalagens de produtos químicos; responsabilidade trabalhista com assistência ao trabalhador, proibição de trabalho infantil e de jovens em idade escolar, conscientização de direitos e deveres e educação para o trabalho.

É lógico que conhecendo e tendo vivenciado experiências relacionadas ao assunto que se lê o prazer da leitura e as reflexões que dela decorrem são infinitamente maiores. É por isso que afirmamos que além de cultivar o bom hábito adquirido em família e nos meios acadêmicos, com o passar dos anos aumenta-se o prazer e cresce o aprendizado. Isto porque a leitura nos permite compreender a mensagem, entende-la por meio da análise crítica e armazená-la em nossa mente, criando uma verdadeira biblioteca em nosso cérebro. Sempre que necessário fazemos a recuperação da informação, associando-a as necessidades e problemas do momento. Num estágio final desse processo leitura/assimilação/recuperação podemos então comunicar, transmitir aquilo que aprendemos e até produzir nossos próprios escritos.

O prazer da leitura é ilimitado.

  
Brasília, 2005/2010

                                                                                          
           Paulo das Lavras     


 





segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


O Ano Novo, os Líderes do Futuro e o Sucesso

 

Ano Novo! Época propicia para se rever e refazer planos de negócios incluindo o mais importante deles, o nosso estilo de viver, repensando nossa vida na busca ou na manutenção da felicidade. Este é objetivo/meta mais sublime de todo ser humano e merece um tratado especial. Hoje, no entanto, vamos falar sobre liderança em tempos globalizados e os caminhos para o sucesso.
 
         Frances Hesselbein é o presidente e CEO (Chief Executive Officer, ou Diretor -Executivo) do Leader to Leader Institute (criado antes com o nome de Peter Drucker) e seus co-autores Marshal Goldsmith e Richard Beckhard, recomendam em seu livro “O Líder do Futuro - 2: Visões, Estratégias e Práticas para a Nova Era”,  alguns requisitos imprescindíveis para os lideres dessa nova era globalizada. São os seguinte, os atributos exigidos:

 - Autoconfiança
- Paixão pelo trabalho
- O amor pelas pessoas

             As empresas devem se organizar considerando três vertentes fundamentais para a sua estrutura. A primeira é “hierarquia” e nela o principal foco de ação é delegar atribuições. A segunda seria a incorporação do princípio de “comunidade” com ênfase na visão e nos valores, pois as empresas do futuro serão formadas  a partir de empresas menores interativas. A terceira dimensão seria a “economia” com os princípios da livre iniciativa, educação e liderança efetiva. É importante notar que a hierarquia por si própria não responde mais às complexidades do mundo corporativo atual e futuro. Há que compartilhar, delegar e gerenciar a comunidade de empresas menores interativas.
 
Porém de nada adianta a empresa ter tal perfil se não houver um líder que a comande, impulsione, incentive para enfrentar a concorrência globalizada. As incertezas políticas e econômicas, as novas regulamentações/desregulamentações em setores do mercado, a chegada de novas empresas e países emergentes, a taxa acentuada de aceleração do progresso tecnológico (atualmente o ciclo de atualização de eletrônicos caiu de cinco para menos de dois anos de obsolescência) modificam, juntos ou até isoladamente, as condições do mercado.
 
Assim, o líder tem papel fundamental para movimentar a empresa, cuidando de sua gestão, da tomada de decisão, cultivo dos valores, missão, objetivo, metas e visão de futuro da organização. Além disso, o líder deve manter as pessoas em permanente contato de modo a intercambiarem experiências, desempenhos, habilidades, atitudes comportamentais – incentivando as práticas desejáveis e  inibindo as indesejáveis e estabelecendo regras e limites negociados para o comportamento na empresa. Desse modo, tudo ou quase tudo poderá ser superado e a confiança e o desempenho dos colaboradores poderão ser sentidos. Caso contrário, o desânimo e a ineficiência predominarão e o empreendimento fracassará. Além disso, é evidente que o líder, tendo preenchido aqueles pré-requisitos de autoconfiança, paixão pelo trabalho e amor às pessoas, servirá de modelo comportamental para todos na empresa.
 
Entendidas as premissas para a boa gestão e exercida a liderança com equidade e ética junto a todos, o sucesso estará a caminho. Agora vale perguntar:
 
           Qual é a principal recomendação para o Sucesso?
 
Não existe apenas uma ou mais importante regra para o sucesso, mas sim uma série de recomendações que nos conduzem ao sucesso. A primeira é a escolha certa do parceiro. E isso vale tanto para o trabalho e o negócio quanto para a vida em geral. Neste caso a escolha do amigo, do cônjuge ou quem quer que seja o eleito para dividir consigo o seu viver. E isto é tão verdadeiro que até se cunhou aquele adágio: Diga-me com quem andas e direi quem és. A habilidade de identificar e associar-se a alguém, motivá-lo e utilizar adequadamente o seu potencial para a missão e objetivos do trabalho ou para a  sua vida/convivência é fundamental e é a base para o sucesso.
 
A segunda regra para o sucesso é o oposto à primeira: Evitar parceiros errados. Pessoas de mal com a vida, que vivem a reclamar de tudo, a julgar e condenar comportamentos alheios devem ser peremptoriamente evitadas, seja na empresa e principalmente na vida pessoal. Elas carregam uma enorme carga negativa capaz de detonar qualquer empreendimento ou suposta amizade. Pessoas otimistas são, indubitavelmente, melhores no trabalho e nas relações pessoais.

          A terceira regra para se atingir o Sucesso, mas não nessa ordem e quiçá a primeira de todas, é o Amor. Grafei a palavra Amor com inicial em caixa alta para justamente destaca-la. Todos sabem que em tudo o amor comanda. Se trabalharmos com amor ao ofício os resultados serão melhores e nem perceberemos o tempo passar. Se trabalhares com o que gosta, não terá trabalhado um único dia sequer, pois o trabalho, nesse caso, torna-se prazer. No trabalho e na empresa, agora, fica fácil somar a primeira regra a esta última, potencializando ainda mais as chances de se atingir o sucesso profissional e empresarial. No campo pessoal o amor comanda tudo, desde o trato com urbanidade e respeito ao próximo até as relações interpessoais de nossa escolha, os amigos e a família. Não é difícil atingir o sucesso. Porém, ele não vem por acaso. Ele é planejado e cuidadosamente executado e perseverado. No campo profissional o sucesso passa pela ação dos lideres, responsáveis pela execução dos planos da empresa e tomadas de decisões acertadas na hora certa. E no plano pessoal o que é o sucesso? O sucesso é a felicidade. Seja líder de si mesmo. Siga as regrinhas recomendadas e seja feliz. Este é o seu Sucesso. O maior e mais importante do mundo.

Feliz Ano Novo!
 
Brasília, janeiro de 2013
 
Paulo das Lavras

 

domingo, 13 de janeiro de 2013

Sobre as crônicas, contos e causos do Menino das Lavras


            As crônicas e contos do Menino das Lavras do Funil, que um dia ali se tornou engenheiro e professor universitário, têm características próprias da sua profissão. Engenheiros são essencialmente cartesianos. O Engenheiro tudo registra, anota, confere e comprova por bibliografia, fotos e o que mais se fizer necessário, além de, ao final do trabalho, reduzi-lo a uma expressão algébrica com uma bela equação matemática. Só depois desenha e dá forma ao projeto. Assim o projeto de engenharia não pode nunca falhar nos detalhes da construção. Não pode haver margem para erro. Coisas de engenheiro, detalhista. Ao viés da profissão de engenheiro somam-se ainda as características de professor que adora uma pesquisa bibliográfica e citações de outros autores para corroborar suas afirmativas. Assim, por vício de ofício as crônicas, contos e causos do Menino das Lavras se diferenciam, pois são ilustradas para melhor compreensão do leitor inserindo-o facilmente no contexto.
          E crônicas, contos e causos têm fotos? Têm nomes reais de pessoas ainda vivas? Se não têm, passam a ter a partir de agora por puro vício profissional do menino que lavra textos citando personagens reais, ilustrados com fotos, croquis, desenhos e outros tantos adereços, além, é claro, de aumentar um pouquinho só (acreditem...) com algumas ficções para apimentar os causos mais engraçados.

       "Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as ideias”, disse Pablo Neruda. E eu completo:
       Escrever para amigos é mais fácil ainda, pois escrevemos com o coração e nem nos preocupamos com revisão de texto. Sabemos que, em contrapartida, eles leem com os olhos do coração. Por isso me atrevo sempre e mais...., por detrás de um pseudônimo atávico.
       
E a cidade da qual empresta esse pseudônimo para sua identidade literária? O que dizer dela? Ah..., é a culta cidade dos Ipês e das Escolas - Lavras, situada no sul de Minas com seus quase 100 mil habitantes, sendo a metade estudantes. Ali está sediada a melhor universidade federal do país,  segundo critérios de avaliação do MEC em 2010 e 2012, a UFLA. A cidade além de enfeitada pelos ipês, que florescem em agosto, é emoldurada pela belíssima Serra da Bocaina. E agora ainda dizem que saudade não é tristeza, como escreveram alguns poetas, então...., que inventem outra palavra para expressar a saudade que essa terra me faz. Vejam que bela é a cidade do menino.

  Brasília, janeiro de 2013

  Paulo das Lavras.

                                       Há muito tempo afago uma esperança:
                                       dar vida aos sonhos de voltar à terra,
                                       de me perder nos alcantis da serra
                                       e reviver meus tempos de criança;
                                      voltar onde se exala um ar que amaina
                                      a flama de tristeza do exilados,
                                      do preterido eterno namorado
                                      dos alcantis da Serra da Bocaina.
                                                                                                     Poesia de Hugo de Oliveira-1968

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


Final de Ano diferente: uma crônica ilustrada

          Um ano é o tempo que a Terra leva dar uma volta completa em torno do sol e dura 365 dias e cinco horas e alguns minutos. A cada quatro anos há diferença de um dia a mais e por isso criaram o ano bissexto para compensar as faltas. O ano civil é adotado no mundo inteiro para facilitar as referências de datas entre as nações. Portanto nada mais é do que uma convenção entre os homens, estabelecida em outubro de 1582, pelo Papa Gregório XIII.
       São tantas as convenções... por exemplo, o nome do mês de Abril, foi tirado do Latim, Aprilis, que significa abrir, em referencia ao mês de germinação das sementes. Ora, no Brasil a germinação das sementes se dá no mês de novembro. É o padrão europeu (romano, sede da igreja do papa Gregório). Da mesma forma o Meridiano de Greenwich foi estabelecido pela Inglaterra com marco divisório entre  oriente e ocidente. Por que devemos seguir essa tradição europeia? No caso do ano civil foram eliminados 10 dias do calendário juliano e o papa decretou que o primeiro dia do novo calendário seria 15 de outubro de 1582. Será que a medição astronômica daquele ano está inteiramente correta?

Bem, deixemos as questões técnicas de lado, pois queiramos ou não estamos sujeitos ao decreto daquele papa que comandava o mundo à época. Assim, hoje, 31 de dezembro é dia de fazermos um balanço e planejar o novo ano. Mas, para que tanta celebração no mundo inteiro? Aliás, o Ano Novo começa a que horas? Zero hora de Greenwhich? Este horário corresponde às 20 horas do dia anterior aqui no Brasil. No Japão já seriam 08 horas da manhã e lá, então, o novo ano já teria sol quente. Vê-se que a chegada do ano novo pode variar até 12 horas entre os países. Assim sendo, pensei nos japoneses que já estão “de ano novo” e fui comemorar o meu com um passeio de balão, pela Esplanada dos Ministérios, logo pela manhã deste dia 31 de dezembro de 2012. Além dos balões outras surpresas surgiram e foram documentadas.
          Espírito de criança alegre, nascido nas Lavras do Funil e residindo no Planalto Central, o menino logo que chegou ao local ali encontrou dois OVNI superpostos, um na terra ao lado de um espelho d´água e outro cruzando os céus, porém bem conhecidos. O primeiro, de concreto branco refletindo no espelho d´água que o circunda, o Museu Nacional, obra monumental de Oscar Niemeyer. O segundo, um grande Boeing ou um Airbus, na rota MAO/GIG e defletindo 15º à direita, deixando um rastro branco de condensação do ar gelado a 33.000 pés de altitude. Mais adiante, nas imediações da Catedral Metropolitana – o mais lindo monumento da cidade e que simboliza as mãos em concha elevadas ao céu, o menino se deparou com um pelotão da Polícia Montada e para surpresa, pela primeira vez comandado por uma mulher, uma linda e sorridente Tenente da Polícia Militar, montada garbosamente em um bonito cavalo alazão de pelo reluzente.

O menino e a policial, gentil, de bonito sorriso, posaram para fotos. Cochichou para ela sobre os OVNI, ali ao lado, na esperança de que o pelotão ali permanecesse. Ela sorriu e pelo HT chamou reforço da Patrulha Aérea, o Bavop da mesma corporação, a PMDF. O Comandante da aeronave, um Ecureil- Esquilo, de Itajubá, pousou suavemente ao lado do primeiro OVNI, com o cuidado de posicionar a cauda com seu perigoso rotor estabilizador por sobre o espelho d´água para evitar a aproximação indevida e acidente com qualquer terrestre, principalmente seus filhotes curiosos. Imediatamente o Tenente Leroy saltou, inspecionou o terreno ao lado de dois comandados empunhando, um de cada lado da aeronave, um magnífico fuzil de assalto Bookmaster-AR-15 com pente de 30 cápsulas. Território livre de perigo abriram-se as portas da aeronave e foi liberado o acesso às crianças. Alegre o menino correu, posou para fotos ao lado do comandante, comandados e também no interior do Papa-Mike-Delta. Ali reviveu seu sonho de Ícaro, gestado diante da imponente Serra da Bocaina que emoldura as Lavras do Funil. Atentamente recebeu informações sobre os complexos comandos do helicóptero, relembrando sua perícia no manejo dos controles remotos de seus próprios aeromodelos e tranquilamente, de alma enlevada, voltou aos voos dos balões na monumental Esplanada dos Ministérios.
Quer maneira mais alegre e feliz de se comemorar o Fim de Ano? Corpo leve, feliz, alma destravada, feliz com o dia de hoje e o por vir. Que essa felicidade amanheça assim e sempre em 2013. Para todos nós, familiares e amigos.

Brasília, 31 de dezembro de 2012
Paulo das Lavras do Funil




O balão escolhido para voar na Esplanda dos Ministérios



Os balões em espera


Preparando-se para a decolagem



Acelerando... tome gás propano


                        
Minutos finais, antes da decolagem



                                                                       
                                                                                                                     Decolagens...




Mais alto...


Aterrisando com ventos




Recolhendo as lonas do balão



O lindo cenário de Brasília



Dois OVNI, um no solo e outro riscando o céu


Chegada da Policia Montada


Chegada do reforço- Patrulha Aérea


O comandantte inspeciona a área


Conferindo o Bookmaster do lado esquerdo



Outro Bookmaster, sinal de vitória
 
Cenário liberado para as crianças/menino das Lavras


 

Reinício dos voos