domingo, 28 de janeiro de 2024

Lavoisier, Salgado e o menino de corte de cabelo da moda

 

Foi por volta do ano de 1774 que o cientista químico, francês, Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794), com apenas 30 anos de idade, descobriu uma das mais famosas e naturais leis da Química: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E todos nós que estudamos química, desde o primeiro ano do curso de 2º grau, nunca mais nos esquecemos disso. A decomposição de uma matéria tem a mesma quantidade de massa do produto original, ou seja, ainda que a matéria se decomponha em dois ou mais produtos, a soma de suas massas será sempre igual ao peso da massa  inicial. É a chamada Lei da Conservação da Natureza. Vai daí que se criou o ditado popular que diz; “Na vida nada se cria, tudo se copia...”, em clara alusão à preguiça mental de se criar algo novo, seja um invento, ou mesmo uma atualização ou modernização de qualquer coisa. É a nossa lei da inércia, do menor esforço possível (e é natural isto), pois estamos sempre a preferir a repetição das coisas do passado. Foi assim nesta semana. Descobri, casualmente, algo interessante no mundo da moda.

O amigo Rogério Salgado, artista no campo da fotografia, dedicou-se a recuperar uma foto do menino com sua turma de internato no Seminário. Garoto de apenas 12 anos, ali estava fazendo pose com alguns coleguinhas, diante de aparelhos de ginástica ao lado do campinho de futebol. Provavelmente numa manhã de domingo, pois ainda trajava jaqueta de cor caqui acinzentada, uniforme usado para a missa de domingo na catedral de Sant´Ana, da cidade de Itaúna-MG, onde os pequenos seminaristas cantavam hinos sacros em coro de 70 vozes. O coral atraía grande número de frequentadores e após a missa era comum as  mães amorosas nos abordarem à saída e nos abraçar carinhosamente, elogiando nossa performance no lindo coral ensaiado durante a semana inteira. Muitos de nós, meninos que nunca havíamos saído de casa, ansiávamos por aquele abraço, único carinho ali muito distante da família. Pois bem, ao recuperar e colorizar a foto, o amigo fotógrafo mostrou as feições do garoto que parecia forçar um sorriso, mas que a tristeza, a melancolia da solidão, da saudade da família, não permitia, não destravava o semblante. Mas, ainda assim, além dessas evidências,  a foto mostrou nitidamente o estilo de corte de cabelo predominante naqueles idos de 1958, ou seja, exatos 66 (sessenta e seis) anos atrás. Surpresa maior aconteceu ao receber, dia seguinte à chegada da foto restaurada, a visita de familiares e entre eles o neto de 15 anos com um corte de cabelo semelhante a aquele de tanto tempo atrás. Todos comentaram a semelhança da moda “atual” entre os jovens, com aquele menino de 12 anos, com o corte de cabelo de 66 anos antes e ambos, neto e avô, ficamos muito felizes com as semelhanças e ainda orgulhoso retruquei a todos que  ninguém mais poderá me achar velho, demodê...

É por isso que digo, a Lei de Lavoisier, de 250 anos atrás, sempre funciona para tudo, até mesmo para a moda. Modelos vão e voltam. Só não sei onde surgiu esse “atual”  hair-style que meu neto tanto gosta e disse-me que  99% de seus amigos o adotaram. A foto restaurada pelo amigo Rogério Salgado fez sucesso. Obrigado! Me senti novamente um jovem de 12 anos, que estava em dia com a moda... O mesmo ..., só os seus cabelos mudaram, diriam na propaganda do shampoo... rsrs

 

Brasília, 28 de janeiro de 2024

Paulo das Lavras 

 

 Um corte de cabelo do ano de 1958 ...                                                     

 



        
... que se repete nos jovens em 2024


 Foto original de 1958 e o trabalho de recuperação/colorização