terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Guyana... Goiania x Reston... Heston e a pronúncia dos estrangeiros


              O noticiário de hoje traz uma história engraçada com final feliz. O jovem professor ganense, Emannuel Akomany pediu uma passagem aérea para Guyana e chegou a Goiânia. Só se deu conta do colossal equívoco ao dizer o endereço da universidade da Guyana ao motorista de taxi, ainda no aeroporto de Goiânia. Sem dinheiro bastante para nova passagem aérea, contou com a ajuda de uma caridosa senhora que lhe deu abrigo em casa. Diante da repercussão do caso a agencia de turismo que lhe vendeu a passagem, reconheceu o erro da atendente que confundiu a pronuncia do passageiro de língua inglesa e concedeu-lhe outra passagem para o destino desejado.

Algumas pessoas levantaram suspeitas, afirmando que há diferença enorme de preço da passagem e até mesmo nos procedimentos de embarque. Por isso, acham muito pouco provável que o passageiro não tenha percebido antes de chegar a Goiânia. Controvérsias à parte, afirmo que isso é muito possível e provável, pois a pronúncia em outro idioma é um fator de peso. Fez-me lembrar de situação parecida ocorrida comigo nos Estados Unidos. Em novembro de 1988 o Departamento de Estado Norte-Americano convidou-nos para uma reunião internacional de avaliação dos programas educacionais de nível superior da USAID em todo o mundo e lá compareci, representando o Governo brasileiro, de 02 a 08 de outubro de 1988, no Hyatt Regency Hotel, em Reston-VA. Embarquei no taxi, no aeroporto National da capital americana e ordenei ao motorista.  “Reston, please...” Este, virou-se para trás e simplesmente disse-me que não sabia... Estranhei, mas completei que ficava a 20 milhas, no estado da Virgínia, bem ali ao lado da capital e que o taxímetro marcaria ao final US$30. Novamente ele respondeu “Sorry, Sir, but I don´t know where is it”.  Ok, deixe-me checar o voucher do hotel. Olhei, confirmado, era mesmo Reston. Passei-lhe a fatura com o nome e endereço do hotel. E aí veio a surpresa..., ele disse, quase gargalhando... “Oohh... it´s Reston, not Heston” e tornou a pronunciar aquele nome com a língua tremulando entre os dentes tal qual um guizo de cascavel... reeeeeeeeee..ston..., mostrando que a pronuncia era como o erre de caro e não de carro. Foi então que lembrei-me  que em inglês a pronúncia de duplo erre (rr) equivale ao agá (h) inicial, como em Charlton Heston... Mas quem, em nosso idioma, iria ler reeeeeeee...ston e não “rreston”?

E o motorista, muito simpático tinha razão... Reston é Reston e Heston é Heston. O professor brasileiro que acabara de desembarcar na terra do Tio Sam estava equivocado, assim como o outro professor ganês que deve ter pronunciado “Goiana” e não Guiana, a ponto da atendente lhe mandar para onde não queria. Final feliz para ele e também para mim, pois o simpático taxi-driver se encantou com as histórias do Brasil e depois nos prestou mais serviços em passeios pela capital americana.

São histórias de viajantes em terras de idiomas estranhos e que às vezes levam a cometer equívocos. Há outro caso bem interessante que presenciei, quando um amigo de um reitor em viagem pela Alemanha, teve que usar uma artimanha para tomar banho. Não tinha moedas de marco alemão para destravar e abrir a porta do banheiro. Mas esta fica para a próxima.

Brasília, 24 de fevereiro de 2015

Paulo das Lavras
 
 
Emannuel Akomany, o professor ganês que queria ir para a Universidade na Guiana e não Goiânia
 
                                                          Decolando do aeroporto National de Washington. Capitólio ao centro da foto e
                                                                   rio Potomac com marinas, bem na cabeceira do aeroporto. 
 
 
                                             No Departamento de Estado, após reunião em Reston, que não se pronuncia com dois erres
 
 
                                                        Aproveitando o equívoco e convocando novamente o motorista para um passeio

 

 

 
 

 

 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Cavalgando em Brasília



Meu irmão, Anízio, parece ter gostado de Brasília. E eu mais ainda pela sua presença. Além de colocar os causos em dia ajudava na lida quando das férias do caseiro e principalmente cuidar e repassar o cavalo marchador. A distância de 900 km parece não ser problema, pois é facilmente vencida de avião, carro ou até mesmo em confortáveis ônibus noturnos. Em abril de 2013 aqui esteve para uma temporada que incluiu adestramento do cavalo, construção de cercas dos piquetes de pastos e até serviços em trator. Nesse natal passado veio, com a esposa Neusa, para uma temporada de duas semanas e os resultados para sua saúde e forma física foram notados pelos amigos, em sua cidade, Lavras. Exercitou-se bastante e recolocou o corpo em forma. Agora, três semanas depois da estada, eis que chega ele trazendo uma encomenda. 

Embora tenha ficado apenas três dias, já chegou agitando. Ao desembarcar e de posse de quatro cabos de enxada, amarrados convenientemente, abordou um rapaz da fila que encarava a mercadoria, sem entender para que serviriam aqueles quatro paus que mais pareciam bordunas trazidas de tão longe. Seria um índio do interior do Mato Grosso que viera a Brasília protestar por demarcações de terras? Mirou a cara do portador e deve ter concluído que não se tratava de índio, pois estes não têm olhos azuis. Antes que o rapaz de uns vinte anos, com brinco em uma das orelhas e headfone ligado em alto volume, dissesse algo ele foi logo avisando: São cabos de enxada e você não quer se candidatar ao serviço? Gargalhada geral e um senhor mais idoso não se conteve e, às gargalhadas, foi logo dizendo que não existia mais quem trabalhasse na enxada. 

O ilustre visitante não quis desta vez se aventurar a cavalgar o Ciclone, mangalarga marchador. Descobriu, na cidade, na área de esportes da superquadra residencial, um centro de lazer com vários equipamentos de ginástica comuns em academias. Escolheu, de cara, o simulador de cavalgada. A seu lado estava exercitando um senhor, de 85 anos, carioca de nascença, ex-auditor fiscal, e logo já eram “amigos de 500 anos”, entrosando causos e causos enquanto cavalgavam às gargalhadas. Assim, é bom que se diga que se os amigos novamente notarem diferença na sua performance física, desta vez não foi trabalho forçado na chácara e sim malhação em aparelhos de ginástica. 

Mesmo com o curto período de visita as conversas se alongavam até depois de meia noite, regadas a bife ancho e uma única latinha de cerveja. E bota causo na conversa. Desta vez discutimos o livro de um autor que tem raízes nas Lavras do Funil, Délcio Amarante Mendonça, primo da amiga comum, Elvina Amarante. Que bom foi reviver as histórias do livro que mais parecem uma biografia das famílias Amarante e Reis, vividas intensamente em Lavras, Nepomuceno, Três Corações e Rio de Janeiro, mas sempre com foco na Fazenda do Cervo. Relembrar aquelas histórias ambientadas em locais e com pessoas que conhecemos na infância.... ah, é como reviver, viver em dobro. Recomendo a leitura do livro: Mineirices. Além de elevada dose de realidade o autor acrescenta estórias engraçadíssimas de tropeiragem. Descreve causos de apertos e as dificuldades que os visitantes sempre passavam, à noite, naquelas fazendas que ainda não dispunham de instalações sanitárias..... São daqueles livros que você começa a ler e não consegue parar antes de terminar. Vale a pena! 

Mas, encerrando a viagem, o desinquieto e espevitado, Anízio, ganhou de Sarah, minha netinha de sete anos, o apelido de “tio, vítima do Pedro Henrique”, o outro neto, mais novo. Fez dele um escravo das brincadeiras infantis desde a primeira visita e sua chegada foi comemorada. Almoçou com as crianças que vieram recepciona-lo, levando em seguida a Sarah ao colégio. Passou, ainda, pela outra escola, de Pedro, que fez questão de mostra-la ao tio-vítima... Na noite de ontem embarcou de volta, deixando saudades nas crianças que já estão perguntando quando irão à Lavras....

Brasília, 04 de fevereiro de 2015

Paulo das Lavras


                                                                 Conhecendo o manga-larga, Ciclone





                                                                Fazendo a cerca dos piquetes da pastagem





                                                       Gosto de cavalgar o Ciclone, marcha picada, suave.






murchou a orelha...teria estranhado algo? O barrigão?




                                              Roçando a área... comandos mecânicos, mais fáceis que domar cavalos 





                                            O visitante desta vez preferiu cavalgar no simulador... Mais fácil e seguro...
 




                                             Para o café da manhã o nosso visitante “preparou a colheita” de maçãs,
                                             mangas, peras  e...acreditem, tomates. Tudo num  único pé de frutas.
                                             Foi surpresa demais para um engenheiro agrônomo como eu..rsrs




                                                           Os visitantes da chácara, por ocasião desse Ano Novo





No Palácio Alvorada, nos primeiros dias deste ano



                                                       Recebendo um aceno da Presidente que saía do Alvorada





                                              Recebendo as honras da Guarda Presidencial rampa do Palácio do Planalto





                                 Solenidade de Troca da Bandeira e Expo da PM-DF, no primeiro domingo de janeiro 





                                             Êta cavalinho manso... e conte causos para o companheiro carioca que
                                      acabara de conhecer, ontem mesmo. Vai gostar de cavalgar, assim... ou prosear?
                




                                               Levando Sarah ao colégio, na companhia de Pedro Henrique e a vó.




                                                         Livro de leitura imperdível, do autor de raízes lavrenses.