quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Um menino especial, o tio e a família amorosa

 

Crianças na faixa etária de 2 a 5 anos são as mais sapecas, pois estão descobrindo o mundo, adquirindo independência do colo materno e tudo querem pegar, experimentar e ter suas próprias experiências. São curiosas por natureza e aprendem explorando e manipulando tudo que encontram pela frente. Um perigo! É nessa fase que aprendem a linguagem e, o principal: desenvolvem a memória expandindo os neurônios e formando sinapses (ligações/canais). É a fase mais importante da formação de seu intelecto. Se tratada com carinho e sabedoria tem tudo para ser um adulto “inteligente” e feliz. Assim dizem os especialistas e ainda nos desafiam: Quer saber as raízes da violência? Pura e simplesmente crianças sem um lar, abandonadas, sem carinho, atenção e escola.  Este menino, memorialista de sua época não pode se queixar. Relembra hoje, com carinho, ainda que passados mais de 75 anos,  um evento marcante, um duro golpe na saúde aos dois anos de idade, quando, além da cura, houve efeito colateral benéfico, de grande importância para sua vida.

        A pleurite aguda, na criança de apenas dois anos de idade, levou o médico a dizer aos pais, ali desesperados na ante-sala , ou melhor na varanda do Hospital de Assistência à Creança (sic) e à Maternidade, hoje Hospital Vaz Monteiro, então recém-inaugurado: “... o estado de saúde do menino é gravíssimo. Se operar é possível que não resista e venha a óbito. Porém, se não o operarmos morrerá em poucas horas”. Desesperados, angustiados e aos prantos, a mãe e o pai autorizaram a grande cirurgia torácica, contava ela a todos. Ano 1947, poucos recursos na medicina, ressalva apenas para a chegada da Penicilina, santo remédio descoberto durante a 2ª Grande Guerra, Salvava tudo e foi a minha salvação. Um buraco de seis centímetros de diâmetro nas costas de onde foram removidos pedaços de três costelas. Por ali, carreguei uma enorme sonda de borracha, mais parecendo uma mangueirinha de abastecimento daqueles antigos filtros de água de beber, instalados na cozinha, próximo à pia. Foram nove meses de convalescência com aquela estrovenga presa nas costas e pela qual, além do dreno, saía o som das contrações respiratórias em grande sibilado. Não havia quem não se compadecesse e temesse pela sobrevivência do debilitados garoto. Grande problema, aquela sonda. Como conter uma criança daquela idade sem que ela própria arrancasse aquilo? Colo! Dizia a mãe e demais familiares. Contavam a todos com muita ternura que foram nove meses na barriga e mais tarde  outros nove meses no colo, literalmente. E foi assim que a criança foi tratada com todo carinho, cuidados e atenção em tudo. No colo o dia todo, dormia no colo e ao acordar já era recebido pela dedicada mãe. Era um tal de contar histórias, inventar brinquedos, cantar e responder a tudo que o menino indagava com sua aguçada curiosidade infantil. Incrível que ainda me lembro da figura de meu pai, comigo debruçado ao seu colo e rosto apoiado em seu ombro, a andar para lá e para cá entre a grande sala da fazenda e seu quarto e sempre a cantar a mesma canção de ninar. Sim, quase sempre a mesma, a sua preferida, embora o repertório brasileiro de cantigas de ninar seja bem vasto, com influências indígenas e africana, pois em todas as fazendas do sul de Minas havia, ainda na década de 1940/50, descendentes de escravos, as nossas amas-de-leite, babás e mais tarde , depois dos três ou quatro anos de idade, o menino-de companhia. Havia histórias e histórias e cantigas bem populares como o “dorme-nenê” que, as vezes vinham acompanhadas de certa ameaça, como naquela estrofe que dizia “se o nenê não dormir o tutu vem pegar... A história do tutu vem do folclore africano, como também a do homem que roubava crianças e as levavam no saco às costas. Esta, eu consegui descobrir sua origem, e era real, passada na África e a relatei em crônica que, na verdade será um capítulo do livro sobre a genealogia de minha família : A escravidão nos tempos da colônia: Os Salles, o trabalho escravo e ascensão social dos negros em Lavras. 

Estar no colo, acarinhado por todos, ouvir inúmeras cantigas de ninar e ter a curiosidade natural de criança estimulada com todas as respostas às perguntas, sentir-se querido e em constante contato físico do aconchegante abraço,  fez enorme diferença na formação intelectual e do caráter do menino. Criança feliz, adulto feliz dizem os especialistas. Se por um lado as história infantis remetiam as criança a um ciclo angustiante, com história aterrorizantes do lobo-mau, Joãozinho e Maria perdidos na floresta, atirei o pau no gato e tantas outras, qualquer uma dessas e outras que eram contadas ao menino, não ficavam sem perguntas. Tinha o tempo todo de atenção dos adultos que o pajeavam e assim eram obrigados a contar detalhes que o menino indagava. Isto, certamente criou-lhe o hábito de tudo perguntar e para tudo exigir resposta. Por que Joãozinho e Maria não levaram pedrinhas em vez de migalhas de pão para marcar o caminho de volta? Como alguém conseguiu tanto chocolate para construir uma casa inteira com esse produto? Como o lobo mau conseguia derrubar a casa de madeira com a ventania de seu sopro e não conseguiu correr atrás dos porquinhos e pegá-los? Minha mãe- sempre avisava aos adultos que não era fácil contar histórias para o menino falante que a tudo indagava. E as histórias comuns nas fazendas giravam quase sempre em torno de bichos espertos como o coelho, o bicho enfolharado, a onça ladina que bebia água na fonte e espreitava os demais animais, o cabrito que construía a casa num dia e folgava no outro e justo nesse dia de folga outro bicho aproveitava a “ajuda” desconhecida”...  Muitas histórias eram de origem europeia a temida Floresta Negra, era o palco da maioria delas. Certa vez, já adulto passeei numa BMW esportiva no circuito de fórmula 1, de Hockenheim, na Floresta Negra Schwarzwald, nas proximidades da histórica cidade de Heidelberg, na Alemanha e surpreso passei pelo interior daquela temida Floresta Negra , a Schwarzwald . Ah, perdi o interesse pela pista, onde Airton Sena era o rei da velocidade. Ao ver o nome do lugar e contemplar aquelas enormes árvores centenárias, disparou o gatilho do subconsciente e as imagens dos contos da infância vieram à tona. Haveria bichos de verdade por ali, as feras descritas nas historinhas infantis dos irmãos Grimm ? Foi uma sensação inenarrável, desmanchando-me em doces lembranças, com saudades da pátria, da fazenda com suas matinhas que também nos amedrontavam, riachos e o majestoso Rio Grande. Lágrimas desceram e o amigo, dono do carrão, ficou sem entender a reação do menino de 40 anos que acabara de voltar no tempo e se tornara menino novamente.

Pois bem, voltando à infância, o menino se recuperou da cirurgia em longa convalescência, ficando apenas com a lesão de pequena importância nas costelas e ligeira necrose na base pulmonar, provocada pela longa demora  no uso da sonda pulmonar. O mais importante desse período de convalescência foi a atenção e o carinho de toda a família e agregados que se revezavam com o menino no colo. Pôde desenvolver a fala, o raciocínio lógico e demais habilidades próprias da faixa etária, em proporção infinitamente maior do que em qualquer outra criança. Menino espevitado acabou se metendo em outra enrascada. Aos cinco anos, brincando com uma tesoura feriu seu próprio olho direito. De Lavras para Varginha, direto para o consultório do especialista em oftalmologia, Dr  Oswaldo Valladão. Não teve jeito, perdeu a visão do olho direito. Aos 30 anos, já em Brasília, para onde havia se transferido, procurou uma das melhores clínicas oftalmológicas e disse ao médico: quero um implante ou transplante de retina, não importa o que seja, para voltar a enxergar de novo com esse olho cego. O médico gargalhou com ironia (era meu amigo e vizinho) e disse: meu caro professor, nem um olho biônico o fará  enxergar! Seu cérebro não criou trilhas de luz para formar imagens. Você não tem os circuitos neurológicos pois nunca entrou luz pela sua retina, cuja cicatriz do acidente fechou a  lente natural. Agora, cego é o seu cérebro, desprovido das sinapses neurais, pois a retina nunca desenvolveu as células fotorreceptoras que transformam as ondas luminosas em impulsos eletroquímicos. Esses impulsos seriam levados ao cérebro que os decodificam em imagens. Triste, lamentei os poucos recursos da ciência naquele ano de 1950. Hoje já está tudo mudado e os avanços são notáveis e esse pequeno acidente doméstico poderia ser tratado e salvo a visão.

Os cuidados da família com o menino foram intensos, com muita dedicação. Uma delicada cirurgia aos 2 anos e agora, aos cinco, cego de um olho. Havia um tio, Pedro Resende Botelho, casado com a minha tia verdadeira, que muito se preocupava e tinha especial zelo para com o franzino menino, que passou muito tempo no colo, literalmente e ainda perdeu a visão de um dos olhos. O menino nem sabia desse cuidado e foi tomado de profunda emoção quando, cinco anos atrás, ou seja, 70 anos depois, soube  pelo primo homônimo de seu pai, Pedro Resende Filho, que contou pelas redes sociais, que seu pai lhes passava expressa recomendação de “não brigarem” com o menino que era mais fraquinho e não enxergava de um olho. Surpreso, setenta anos depois, entendi que havia um código de toda a família de ambos os lados de meus pais, que ninguém poderia “agredir” o menino. Verdadeiro código de amor, que era praticado desde então por meus pais que se dedicaram ao máximo para salvar o menino renascido da cirurgia e vítima de acidente ocular. Só então, depois daquela revelação do primo, que tinha vários irmãos, companheiros de brincadeiras na infância, compreendi gestos do tio que até então me passavam despercebidos. Tio Pedro dedicava especial atenção ao menino, gostava de ver seus boletins escolares e elogiava o desempenho no colégio. Admirava-se ao vê-lo frequentando cursinho pré-vestibular, quando ainda cursava o 2º ano do colegial, aos 16 anos. Não bastasse essa atenção, depositava, ainda, extrema confiança: emprestava sua linda Vemaguete DKVVemag, para o menino recém habilitado motorista. Carrão da época, novinho, que sequer emprestava aos filhos. O Paulinho pode, dizia ele, pois era menino estudioso, comportado... rsrs. Puro amor que somente agora percebi, ou melhor fui informado pelo filho. Pena que não pude dizer a ele, o tio, diretamente, o quanto sou grato por essa amor gratuito, afeto espontâneo, próprio de quem tem um grande coração. Em 1968, quando o menino já trabalhava na profissão da Agronomia - Parques e Jardins, em Belo Horizonte, ele foi me visitar, orgulhoso por ver o sobrinho bem encaminhado. Poucos anos depois faleceu prematuramente, com insidioso mal pulmonar que lhe exigia o constante uso de uma bomba de oxigênio. Há pessoas que passam pela nossa vida distribuindo amor, benção que Deus nos manda e que nos tornam mais leves e felizes. Se fui uma criança feliz, apesar dos percalços de saúde, carreguei comigo o amor que a família plantou em mim, desenvolvendo a memória e caráter privilegiados. Sim, fui um menino especial, amado, cuidado e educado com muito carinho. Por isso, confirmo a regra da Psicologia, descrita em todos os compêndios:

 Criança Feliz, Adulto Feliz.  Amém!

 

Brasília, 29 de fevereiro de 2024

                                                      Paulo das Lavras



 O menino aos 03 anos de idade, já recuperado da grande cirurgia torácica


 
 Os pais do menino, em 1948 com o filho caçula, Anízio, de um ano de idade. 
 Amorosos com menino mais velho, passaram quase um ano carregando-o 
no colo até que se recuperasse totalmente da intervenção cirúrgica


 A família do menino, cinco irmãs que muito ajudaram a “pajear”,

cuidar do menino convalescente.

Foto: acervo da família - 1956



 Tio Pedro em viagem de mudança, de Lavras para Londrina. 
Parada para pernoite e descanso de toda a família no Grande Hotel, em Caxambu – 1955.

Alguém da própria família observou que as três meninas se vestem com o mesmo figurino e isto 

era muito comum nos anos 50. Mães compravam peças de tecidos e contratavam costureiras

 em casa. Sapatos, meias e penteados, tudo igual... naquele tempo não havia moda consumista.

Foto: acervo da família Rezende 


 Gil Rezende, primo querido, na Vemaguete de seu pai, a qual 
me era emprestada para dirigir quando das férias em Lavras.

Foto: Gil Resende, final dos anos 60



 
Tio Pedro Botelho de Rezende, foi pioneiro na cidade de Londrina. Ali fundou a Cooperativa 
 de Beneficiamento de Leite. Levou todo seu rebanho leiteiro, de primeira linha, que
mantinha em Lavras, onde também tinha uma indústria de Laticínios.

Foto: acervo da família Rezende 



 A cidade de Londrina-PR o homenageou, colocando seu nome numa rua, 
cuja placa fotografei em 2013



 


 

 





 








domingo, 25 de fevereiro de 2024

Nossos primos

 

Morar distante da terra natal, e já por quase 50 anos, às vezes nos traz um sentimento de solidão. Parece que nos falta algo. Nossa mente está sempre voltando ao passado em busca de algo perdido e escondido nos escaninhos da alma. Repousando na rede da varanda da chácara, ouvindo e vendo os passarinhos cantarem, o canarinho da terra com sua cabeça cor de fogo, amarelo-ouro (assim os chamávamos na fazenda), o sabiá-laranjeira, e o bem-te-vi, joão-de barro, tiziu, rolinhas, maritacas, periquitos e tantos outros, incluindo tucanos e araras que povoam as matinhas ao redor, parece que a alma flutua e voa para bem longe. Em fração de segundos aterriza nos lugares onde passamos a infância rodeado pela natureza e os amiguinhos. Às vezes, nesses devaneios, daqui do Planalto Central, me pego ali no alto da chegada da fazenda onde nasci, no sul das Minas Gerais montanhosas e dali, numa contemplação de 360º, com vista livre para os quatro cantos do horizonte, “vejo a cidade de Lavras a apenas 16 km, a Serra da Bocaina, a rodovia Fernão Dias que nos leva a São Paulo e tantas outras cidades sul-mineiras. Ah..., então exclamo para mim mesmo: “Não me falta nada, nem ninguém!” Está tudo aqui, ainda que apenas nos sonhos, devaneios da alma que se compraz com a alegria, o amor , a felicidade de tanto tempo atrás. “Vejo e sinto os lugares, os sons e os perfumes” (especialistas dizem que as memórias mais marcantes e inesquecíveis são os cheiros, os odores e os sons afetivos que ficaram gravados em nossa alma). E assim, nesse devaneio “vejo” a fazenda, os pássaros, as belezas das flores cultivadas nos jardins que rodeavam a casa. Tudo ali está, até mesmo o desejo do menino de escalar a montanha que se descortinava à janela da cozinha, logo à primeira hora do café da manhã. Ainda hoje recordo as perguntas, a curiosidade do menino de cinco anos: “Se eu subir naquele alto, o que verei do outro lado? Um rio, mata fechada, bichos ferozes ou uma cidade?”. A preocupação com os bichos ferozes (nem existiam) era porque os pais viviam a colocar medo nas crianças arteiras, que se distanciavam das casas em perigosas aventuras.  Era o chamado bicho-papão ou o homem-doido que roubava crianças e as colocavam num saco de aniagem, às costas. Coincidentemente todos os andarilhos carregavam um saco desses às costas, sempre cheio de bugigangas... Tinha que ser verdade o que as mães diziam e com isto nem nos aventurámos a ir mais longe.

Não falta nada, nem ninguém? Ah... um leve torpor da alma, seguido do despertar do doce sonho e vêm à mente a saudade dos irmãos, da família e dos primos que frequentavam a fazenda nas férias ou mesmo em casa na cidade. Eram nossos companheiros de caçadas, natação nos riachos de grandes volumes de água ou na lagoa da Jacuba  à margem do Rio Grande, na outra fazenda onde ficavam o gado de recria e as vacas em período de prenhez. Então a figura dos primos vem à tona com maior força, pois eles formavam aquela rede de proteção da infância e sem cobranças. Me lembro de um ditado dos sírio-libaneses residentes em Lavras, minha cidade natal, que dizia: Eu e meu irmão contra o primo, mas em caso de briga com estranhos, somos eu, meu irmão e o primo contra o inimigo”. Bem assim mesmo e hoje, separados, distantes pelas circunstâncias da vida profissional em diferentes lugares, resta-nos aquele profundo sentimento de afeto formado ao longo de toda a infância e juventude e que jamais esquecemos. Com eles crescemos, brincamos, estudamos, passeamos e mais tarde até passávamos temporadas de férias em suas casas, em locais bem distantes, como Rio, Londrina, Volta Redonda, BH, Nepomuceno, Ribeirão Vermelho e outras. Vibramos com eles quando ingressaram na faculdade, no primeiro emprego ou quando se casaram. Havia um primo, de saudosa memória que estudava medicina na Universidade de Coimbra. Como era bom receber cartas e cartões postais de Portugal e da Europa. Me lembro da primeira formatura em curso superior, de uma prima, na Universidade Estadual de Londrina. Também ficou marcada em minha memória a visita de um primo ao meu local de trabalho (recém-formado) em Belo Horizonte. A este, preguei-lhe uma boa peça. Fui proferir palestra para o CREA-PR em Londrina e do hotel liguei anonimamente para o primo, dizendo-lhe que deveria comparecer ao hotel para receber uma encomenda de um parente dele que residia em BH. Baita surpresa! Outra prima, residente no Mato Grosso cujo casamento aconteceu em 1962, em São Paulo e foi esta a última vez que a vi,  avisei-a sem me identificar (50 anos depois do último encontro) que passaria em sua casa para deixar encomenda que pediram para lhe entregar. Sem reconhecer-me, de terno e gravata e em carro da Universidade, convidou-me para entrar e tomar água e cafezinho. Ainda sem me reconhecer, no decorrer as conversa mencionei que o nome da rua me era familiar, pois eu havia conhecido um rapaz com aquele nome e que se casara com uma linda moça mineira (ela própria, a prima anfitriã, viúva do homenageado com nome de rua).  Foi uma emocionante surpresa, regada a lágrimas, descobrir que estava falando com seu primo que fora ao seu casamento, 50 anos atrás.

Primos são assim. Acertou quem afirmou que eles são a rede de proteção na infância e que suas memórias ficam gravadas para sempre na nossa mente. Jamais serão esquecidos, pois fazem parte do que mais caro temos: a memória afetiva.

Um abraço aos primos de longe, desse Brasilzão todo e aos amigos que moram em nossa memória afetiva.

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Brasília, 25 de fevereiro de 2024

 

            Paulo das Lavras


 
 Um encontro de primos em

Londrina - PR – jan. 2013