quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ciganas e predições em BH


 

            Um amigo jornalista e escritor, Caio Marcio Olímpio, escreveu uma crônica muito interessante intitulada “Exu e o Fumante Desconfiado”. Conta o autor, de forma muito descontraida, que ao entrar numa loja de incensos, no centro de Belo Horizonte, a atendendente ruiva, de olhos verdes misteriosos, logo lhe alertou que estava fumando muito e poderia tirar-lhe o vício por meio de um “trabalho” de limpeza e poria cartas de baralho.

            Esse caso verídico, ocorrido recentemente, me fez lembrar outro acontecido há mais de 45 anos, ali mesmo em BH, na Av. Afonso Pena, bem próximo ao local relatado pelo amigo. Mas, vejamos essa nova história que, aliás, comentei com o autor pelas redes sociais. Adoro causos assim. Mas, por outro lado nem fiquei sabendo se o amigo decidiu mesmo deixar o fumo. Pessoalmente deixei-o há 32 anos e não foi fácil, com várias recaídas. Mas, com uma diferença, não precisei de nenhuma cigana ou bruxa para me alertar ou amedrontar. O próprio cirurgião que iria abrir o tórax se encarregou disso ao descrever, a meu pedido, como seria a tal lobectomia com retirada de uma sequela decorrente de outra cirurgia ocorrida aos dois anos de idade. Apavorado e com expressão de incredulidade e espanto a cada etapa descrita, o médico parecia se deleitar com o pânico do paciente. A cirurgia, dizia ele, se iniciava com um imenso corte entre as costelas desde a cartilagem do externo até a coluna vertebral contornando o tórax, o separador mecânco afastava as costelas deixando uma cavidade igual à boca de um tubarão e depois a conectava-se a respiração mecânica extracorpórea... O quê?... O que é isso Doutor..., é assim? Diante do pavor do paciente já de olhos arregalados e cabelo arrepiado, o doutor ofereceu a segunda opção, deixar de fumar o maço e meio de cigarros por dia. Empurrado pelo medo da pavorosa cirurgia o menino engenheiro abandonou o maldito vicio que envenenava os pulmões. Deu certo. Nunca mais teve pneumonias e dores no nervo intercostal pinçado ainda bebê aos dois anos. Desta vez as bruxas videntes de BH nem precisaram predizer o futuro do jovem engenheiro. A medicina foi certeira ao condenar o agente causal, dispensando-se a  intervenção cirurgica corretiva.

Mas, aproveitando a deixa das ciganas de BH..., bem ali na Av.Afonso Pena, na Prefeitura, em frente ao Parque, uma cigana abordou uma linda morena que trabalhava na própria Prefeitura Municipal, e lhe disse: “Você namora e está quase noiva de um médico, mas você vai se casar com um engenheiro”. Ela nem deu importância, pois gostava do médico e pensava que iria se casar com ele. Engenheiro? Ah nem conhecia nenhum jovem nessa profissão. Impossível. Três anos depois ela realmente se casou com um engenheiro. E eu estava lá no casamento, na bela e suntuosa Catedral de Lourdes, um pouco mais acima da Prefeitura, na Rua da Bahia, pois o engenheiro era eu próprio que a esperava no altar... kkkkkk. A troca de visitas a hospitais e clinicas de BH, ao lado do antigo noivo, por vistorias técnicas em obras de engenharia e paisagismos na capital acompanhando o novo namorado embora pareça uma guinada abissal e com chances de insucesso não intimidou a bela morena. Gostava de ver os lindos jardins bem adubados e conservados, o gramado do estádio Mineirão impecavelmente verde, viçoso, irrigado e adubado, pronto para os embates do Penta Campeão, Cruzeiro Esporte Clube, daquele longinquo ano de 1968. Que vivam as ciganas de BH. Essa pelo menos acertou em cheio e olhe que deu tão certo o casamento engenheiro/desenhista de projetos de engenharia e paisagismo que já dura 43 anos.

Ah, esqueci-me de dizer que só tomei conhecimento do episódio da cigana algum tempo depois de casado. Deve ter sido por isso que a moça tratou logo de acompanhar o marido engenheiro para as cidades de Lavras, São Carlos e Brasília. Tive chances reais e até desejava voltar a trabalhar em BH, mas ela não quis... vai que encontrasse a tal cigana e esta lhe cobrasse a predição ou rogasse uma praga... kkkk

 
Brasília, 24 de outubro de 2013

Paulo das Lavras
 
   Prefeitura de BH, ponto da cigana que 
                                                                     predisse o futuro da linda morena                                                 
 
 
Santa Casa de BH, palco das visitas da morena e  seu namorado, médico.
 
 Praças, bosques e jardins de BH, novos passeios da  morena
             com o  engenheiro responsável técnico por suas  manutenções.            
 
                                        Catedral de Lourdes, em BH, onde a morena casou-se
                                                          com o engenheiro. A cigana acertou a predição

                                      
      A cigana só não sabia que ambos adoravam flores e paisagismo. Casaram-se, viajaram para locais com
          os mais  belos jardins e... durante toda a vida plantaram muitas flores e ainda hoje vivem rodeados de
                                                                jardins multicoloridos.