quinta-feira, 30 de junho de 2022

Memórias da Infância - sinapses da vida e os esquecimentos

Você sabe por que você tem facilidade ou dificuldade em relembrar fatos acontecidos na sua infância? 

Você sabe por que você chega ao supermercado e só se lembra de  um item dos três que deveria  comprar?                                                               


 
O melhor da vida é mesmo a leitura. Crianças são fascinadas pelas Historinhas. 
Mesmo aqui, como mostra a foto, entre um e outro voo rasante da Esquadrilha 
da Fumaça, num Dia do Aviador e da Força Aérea, à beira do lago de Brasília. 
Leia, mas leia muito para as crianças. Elas adoram! 
Foto do autor  

          Às vezes me pego a pensar e a perguntar a mim mesmo: por que tenho tão vivas as lembranças da infância, desde os dois ou três anos de idade? E por que vou ao supermercado para comprar três itens e na hora da compra só me lembro do primeiro? Muitos amigos dizem que admiram o grau de detalhes de minhas narrativas nas crônicas, sempre comprovadas por parentes mais velhos e testemunhas dos fatos descritos. Lembro-me com extrema nitidez de cenas do período de convalescência de cirurgia torácica, aos dois anos de idade. Também presentes, ainda hoje, as cenas de “ressuscitação” após afogamento num grande reservatório d´água aos três anos de idade e o desespero de minha mãe ao tentar salvar-me. Lembro-me de seu semblante de desespero e no colo dela recebendo massagens no abdome e forçando-me a respirar. Da mesma forma, me lembro do acidente em que perdi totalmente a visão de um olho, aos cinco anos de idade, como também dos três acidentes aéreos dos quais saí ileso. Bem, mas alguém poderia dizer... ah, foram fatos traumatizantes e qualquer um se lembraria. Talvez seja verdade, mas também seriam capazes de se lembrarem da letra da canção de ninar, ouvida aos dois anos, no colo do pai que às vezes fazia o menino dormir, apesar de incômoda sonda cirúrgica nas costas? Ah..., todas essas reminiscências me trazem doces lembranças do amor dos pais e familiares que ficaram gravadas para sempre na memória do menino!

 

Descobri que pesquisadores da Universidade da Pensilvânia demonstraram que crianças, em ambientes com laços afetivos fortes, desenvolvem mais rapidamente habilidades nos campos da linguagem e da memória. As crianças sujeitas a estímulos cognitivos, como jogos e atividades educativas, se saíam melhor em exercícios de linguagem, enquanto as que recebiam mais atenção se destacavam em testes relacionados à memória. As crianças foram observadas dos 4 aos 8 anos e o teste foi repetido com elas já adolescentes. Concluiram os autores, diante de testes cognitivos e exames de ressonância magnética no cérebro, que aquelas que receberam maior atenção e estímulos aos 4 anos, tinham a região do hipocampo maior e respondiam com maior acerto as questões. O hipocampo é a região do cérebro responsável por guardar lembranças e experiencias. E por que alguns guardam mais lembranças que outros? Simples, segundo Rubens Wajnsztein, neurologista da infância e da adolescência, tudo dependerá de como a criança foi tratada, criada na primeira infância. Os primeiros mil dias de vida são um dos principais momentos para a criança adquirir um ganho maior de aprendizagem. Por isso, atenção e afeto são fatores importantíssimos nesse período e hoje, compreendo melhor que as mães que trabalham fora deveriam matricular seus bebês em creches, em vez de os deixarem com babás, a maioria desqualificadas para a educação infantil. Nessa fase de crescimento são formadas trilhões de conexões neurais, as trilhas chamadas de sinapses. 


 
Memórias são armazenadas no hipocampo e é na primeira infância que esse 
processo de criação se desenvolve com maior eficiência. 
foto: internet

A criança precisa receber estímulos. Sem estímulos não se formará a trilha neural responsável pelo encontro dos impulsos elétricos das células. Assim, sem estimulação, setores específicos do cérebro deixarão de funcionar, pois “não foram treinados” e deixaram de abrir, criar, a “trilha” por falta de trânsito intenso. Assim, não aconteceu o engrossamento, o espessamento do calibre neurológico. Quanto mais “grosso”, espesso esse caminho, maior terá sido o “tráfego do treinamento”, como na decoreba em que repetimos muitas vezes o enunciado que queremos decorar, memorizar. Por outro lado, quanto maior o calibre do circuito neurológico, mais rápido e intensamente circularão os impulsos neurais (elétricos) em busca das informações ali armazenadas. Quanto mais “stress” (as repetições da decoreba, por exemplo), mais se engrossa o calibre da trilha e assim, por essa “larga e ampla avenida” chega-se mais rápido ao armazém da memória. Simples assim, o processo repetitivo da “decoreba” engrossa os feixes de neurônios a tal ponto que depois, devido a velocidade facilitada naquela grossa via, instantaneamente nos lembramos da resposta à questão perguntada nas provas do colégio.

 

Em relação à essa teoria comprovada pelos cientistas, de estímulo e desenvolvimento da capacidade cognitiva, tenho duas experiências opostas e muito marcantes ocorridas na infância. A primeira, bastante positiva foi que, em decorrência de delicada cirurgia torácica, passei, literalmente, nove meses no colo de mãe, pai e demais familiares. Com 100% de atenção e afeto o menino pôde desenvolver, com melhores condições, as habilidades cognitivas como a memória, linguagem, raciocínio lógico, percepção e aprendizado. A segunda experiência, porém, de cunho negativo, foi um acidente que feriu o olho direito, cegando-o, por impedir a entrada de luz. Decepcionado, anos mais tarde, quando quis fazer um transplante de retina, mas, ouviu do médico oftalmologista: “impossível você enxergar, ainda que uma nova retina lhe seja implantada, pois seu cérebro não “criou” as trilhas que levam a luz captada e reproduzida pela retina e a transforme em imagens”. A parte de seu cérebro, responsável por receber a luz, não saberá identificar os estímulos luminosos, completou o oftalmologista. Assim, perdi para sempre a visão do olho direito pois à época do acidente, aos 5 anos de idade, não havia recursos técnicos para implante de retina. Não entrou luz nenhuma depois e, então, as trilhas se retraíram, “morreram” e hoje aquela parte do cérebro não tem capacidade para produzir imagens. Assim, de nada adiantaria um transplante com nova retina. Dois exemplos, portanto, um com estímulo e outro sem estímulo algum. No primeiro desenvolveu-se a inteligência, enquanto no outro “matou-se” completamente a visão de um olho por falta de estímulo proveniente da retina. Contento-me com a visão monocular, mas por outro lado regozijo-me pela facilidade de raciocínio cognitivo e principalmente pela memória privilegiada em relembrar, com clareza, os acontecimentos desde os dois anos de idade, como também a facilidade nas ciências exatas, letras e aprendizado de idiomas. Felizmente não prosperou em mim a sofomania, mas sim a curiosidade pelo saber e facilidade no aprendizado.

 

 De outra parte, em situação oposta, temos os exemplos de crianças rejeitadas na infância e que na vida adulta se tornam revoltados, de mal com a vida e não raras vezes escambam para a marginalidade. O Dr Antônio Lisboa, conceituado pediatra em Brasília, mapeou a vida de inúmeras crianças e afirma com segurança:

“do ponto de vista da personalidade, do caráter e do comportamento, somos o que éramos aos 6 anos de idade, ...., portanto, as medidas para prevenir os distúrbios da personalidade e do caráter terão que ser tomadas antes dos 6 anos, preferencialmente antes dos 3”.

Felizmente, sempre haverá maioria de crianças que têm assistência completa dos pais durante a primeira infância, com melhores chances de se tornarem adultos dotados de mentes sadias e brilhantes. Uma amiga, contemporânea, órfã de pai, teve sua infância cercada de atenção e afeto por parte de familiares e amigos, desde os primeiros dias da orfandade, quando sequer conhecera o pai, pois ainda era um pequeno bebê de colo. Sua vida foi distinguida pelo brilho da inteligência e grande capacidade de amar o próximo. No colégio era a preferida pelos professores, tanto pela sua alegria como pela destacada inteligência. Não resta a menor dúvida que o amor dedicado às crianças se reverte em benefícios imensuráveis por toda a vida.

 

Mas e a questão do “esquecimento” da lista de apenas três itens de compras no supermercado? Esta é outra questão e nada tem a ver com a formação das trilhas neurais, sinapses, durante a infância. Aqui trata-se de outra questão, o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, conhecido por TDAH. É o mesmo que não se lembrar onde deixou a chave do carro ou o celular. Essa é uma angústia mais comum que se possa imaginar, não saber onde colocou o controle remoro da TV, aquele documento especial bem guardado..., enfim são lapsos que podem ocorrer com qualquer pessoa, independentemente da idade. Mas, geralmente acontecem com mais frequência com aqueles que tem mentes agitadas, inquietas, fervilhantes e que sempre as têm ocupadas na busca de solução de problemas outros ou novas ideias que neles surgem a todo instante. Perdemos as coisas por desatenção, pois não nos concentramos naquela ação de guardar um livro ou memorizar a pequena lista de supermercado. Pensamos outras coisas e não naquela pequena tarefa. Por essa razão, a desatenção, não codificamos na memória a informação de onde guardamos as chaves, o livro ou o que devemos comprar, embora a lista de itens seja mínima. Nossa mente estava ocupada com outros pensamentos mais importantes do que aquelas pequenas tarefas e daí vem o esquecimento que, neste caso, é conhecido por “transiência”, ou redução da acessibilidade da memória com o decorrer do tempo (transitório, que não dura). É o oposto do stress da decoreba, da repetição do assunto para que fique gravado na memória para sempre, ou na melhor das hipóteses até o dia da prova da matéria do curso. Ou seja, no caso da “transiência” não houve formação de sinapses, as trilhas neurológicas.

                  
              Homens quando vão ao supermercado são assim... A esposa tem que lhe ditar ao telefone. 
                                  São incapazes de se lembrar de apenas três itens de compras.
                  À direita, resgatando documentos esquecidos num congresso de profissionais. 
                                                                  Fotos: 1-internet    2- do autor 

Muitos se preocupam com tais esquecimentos e até pensam que a mente está falhando e talvez seja sinal da doença de Alzheimer, mas nem se lembram que o fato se repete desde jovem e nada tem a ver com declínio cognitivo, a chamada demência e sim com o déficit de atenção, próprio das mentes fervilhantes, inquietas. Para quem já sofreu muito com esses “esquecimentos” de pura desatenção, recomendo alguns truques que tenho usado há tempos e que nos salvam do desespero, da agonia de não nos lembrarmos de algo importante, ainda que momentaneamente. Neste particular, aprendi muito com os norte-americanos, com os quais trabalhei por quatro anos aqui e nos EUA. São extremamente organizados e obedecem às hierarquias dos cargos e funções. Registram tudo que lhes foi dito, em forma de Memorandum, seja em reuniões presenciais ou via telefone, conforme cópia abaixo, onde foram transcritas todas as decisões tomadas num simples telefonema, daqui do Brasil com o administrador de nosso escritório nos EUA.

 Um clássico Memorandum vindo do nosso escritório em Michigan, nos EUA. Registram-se todas as decisões tomadas na conversação telefônica entre o diretor/Brasília e o coordenador de campus.  

Foto do autor- arquivos do MEC


Contumaz deficitário de atenção no clássico modelo psicanalítico, adotei de imediato o sistema americano de tudo registrar, até mesmo como lembrete para mentes agitadas que, quando sintonizadas em problemas maiores e mais importantes, não prestam atenção e por isso não codificam na memória as informações menos importantes que são recebidas naquele momento. Os registros manuscritos, digitados ou de imagens, são as maneiras mais práticas de se combater a desatenção, a dificuldade de se lembrar algo que, dada a circunstância, não foi “registrado” na mente, no típico padrão de TDAH. Nem sempre podemos contar com eficientes secretárias e assistentes técnicos que tudo anotam, preparam expedientes e até nos lembram dos cuidados com a saúde no clima seco de Brasília que exige constante hidratação do organismo. 

         

  Nos EUA, em viagens de inspeção de projetos de pesquisas/teses e programas de doutorado dos   
250 professores brasileiros que lá estudavam, contávamos com equipes de assistentes (Lacy, 
a primeira e June Mills a segunda) que nos assessoravam. À direita da primeira foto, Mrs. Elizabeth Cheng,                            bolsista, na Universidade da Florida/Gainesville.

Na segunda foto, equipe de assitentes técnicos e secretária, em Brasília, tendo ao centro o zeloso garçon com cafezinho e água de hora em hora, providência sempre esquecida pelos que têm déficit de atenção. Ali, estávamos bem assessorados e não havia “esquecimento” da água no seco clima do planalto central.

                                                                                                      Fotos do autor  

Mesmo com todas as facilidades proporcionadas pelas assessorias e serviços, buscamos criar regras e pequenas atitudes que pudessem minimizar os efeitos dos constantes “esquecimentos” do portador de TDAH. Experimente, veja as dicas que colecionei em 50 anos de atividade profissional, principalmente de outras culturas, como a sociedade norte-americana que é bastante pragmática:

 

– escreva bilhetinhos com lembretes. Liste as atividades para o dia que se                               inicia. Carregue-os consigo e confira algumas vezes as tarefas. Hoje os celulares têm dispositivos de agenda e anotações, com busca extremamente facilitada.

- deixe cada coisa no lugar certo, não troque de lugar objeto nenhum, nem                                              mesmo a escova de dentes ou as roupas em gavetas já definidas.

- não desarranje o layout de seu escritório. Em dias de faxina, supervisione a empregada e comande a operação. Não confie nos arranjos e decoração de autoria dela. É preferível sua bagunça onde você sabe e vê o lugar de cada livro, documentos ou objetos de uso no ambiente.

- quando estacionar o carro observe bem o local, anote ou fotografe a placa indicativa do setor, principalmente em grandes shopping centers. Certa vez num deslocamento do MEC para um hotel onde deveria apresentar palestra em evento, fui no próprio carro, pois o carro oficial demoraria. Terminada a palestra o carro oficial já estava me aguardando e tranquilamente voltei nele para o Ministério. À noite, no final do expediente, bateu o pânico... “roubaram meu carro aqui no estacionamento do MEC”, bradei para o segurança da portaria. Mas, professor..., eu vi o senhor chegar, depois do almoço, no carro oficial e não no seu próprio... Só então atinei para o fato de que havia esquecido o carro no hotel e lá fui buscá-lo, gargalhando do meu déficit de atenção, da cara de espanto do porteiro do Ministério e o riso contido do mesmo motorista.

 

   - Cuidados em viagens:

               - quando dormir em hotéis ou ambientes estranhos, memorize o layout do quarto: os armários, geladeira, telefone, tv, portas de saída e principalmente do banheiro, etc. Apague a luz, tente localizá-los mentalmente e depois acenda a luz e confira. Faço isto sempre, desde quando, ao levantar-me no escuro, bati com a cabeça na TV afixada na parede.

            - fazendo as malas... Antes disso, ainda em casa, faça uma checklist de documentos de trabalho, roupas e objetos de uso pessoal que deverão ser levados na viagem. Ao deixar o hotel, confira cada ambiente de seu quarto, abra armários, gavetas e toque o seu interior com as mãos, como a tatear em busca de algo, pois assim haverá tempo para se concentrar e o cérebro racionar em cima de possíveis objetos ali guardados e esquecidos. Não deixe de olhar debaixo da cama e no cofre, locais campeões para se esquecer algo, até mesmo passaporte e dinheiro. Barbeadores elétricos havia coleção no escritório, pois os hotéis nos EUA costumam fazer a cortesia de devolvê-los pelo correio.

            - cole uma fita bem colorida circundando sua mala de viagem. Isto ajuda a identificá-la na esteira do desembarque nos aeroportos e evita enganos de se pegar malas alheias ou levarem a sua. Certa vez emprestei uma mala para a filha. Ao desembarcar em Florianópolis lá estava um colega de trabalho a esperá-la. Ao ver a fita espalhafatosa com as cores do arco-íris quis saber a razão. É de meu pai, disse ela. De pronto o amigo perguntou: ele é gay?...rsrs. Quando me contou, tratei de retirar a faixa “colorida de arco- íris” e coloquei uma vermelha bem destacada.

- na recepção do hotel, quando do checkout, confira os bolsos para não levar as chaves do quarto. Nos EUA as chaves tinham etiqueta de plástico com o nome e endereço do hotel. Caso você a levasse por esquecimento, bastaria colocá-la na primeira caixa de correio que encontrasse, em qualquer parte do país. Hoje quase não é necessário pois a maioria das chaves é digital.

 

            Em outras situações:

     - use trechos de música ou frases mnemônicas para se lembrar de seus itens. Quando estudante de agronomia, o professor da disciplina de Geologia, Alfredo Sheid Lopes, fazia-nos memorizar a escala de dureza dos minerais com a seguinte frase mnemônica:  Tia Gertrudes, CAso Fores Passear, QUeira Trazer COisas Doces... Assim era fácil se lembrar escala de dureza mineral: 1-talco, 2-gipsita, 3-calcita, 4-fluorita, 5-phósforo (assim mesmo, com “ph”), 6-quatzo, 7-topázio, 8-corindon e 9-diamante, o mais duro dos minerais e até usado para cortar vidros. Numa de minhas viagens à Lavras, 55 anos depois daquele ano de 1965, quando aprendi a escala de dureza dos minerais, encontrei-o no banco da praça central. De longe gritei aquela frase mnemônica que ele nos ensinara..., gargalhou muito e exclamou... “o Paulo bagaço sempre foi bom aluno...”. Meses depois, em 23 de maio de 2020, ele, o querido e saudoso Prof. Alfredão, faleceu. Inesquecíveis, ele e seu método de ensino. Uma parte de nós que se foi, mas ficou eternamente no coração a figura do grande mestre.

               - diga em voz alta o lugar dos objetos que você guardou

               - procure não entrar em pânico com os esquecimentos, naquele famoso “deu branco”, pois se estiver calmo o cérebro poderá até se lembrar dali a instantes. É como se você tivesse feito um boot no computador (desliga/religa) quando ele não está respondendo. Ao religar, a memória será reiniciada sem o tilt.

               - nos livros e anotações destaque as palavras-chaves com marca textos

               - no computador ou celular use a tecnologia digital, com alarmes, para marcar datas, eventos e anotações.

              - use o GPS do carro ou do celular, sempre.


 O saudoso Prof. Alfredão, assentado, durante a reinauguração do campus histórico da Esal. Nos ensinou, além de tantas coisas da Agronomia, o uso de frases mnemônicas para gravar na mente a escala de dureza dos minerais. Ainda a tenho na memória, como também a indelével lembrança do mestre e pesquisador nato.

Foto do autor – Esal/Ufla 2012 



Como se vê, para tudo pode-se dar um jeito. Não deixe que o TDAH torne sua vida um inferno. Nem ligo mais para os meus esquecimentos ou lerdeza, como se dizia antes. Já no campo das memórias e sinapses positivas, relembro aqui um velho e verdadeiro adágio que reforça as teses dos pais, avós, psiquiatras infantis, psicólogos e pediatras que julgam que o amor, afeto e atenção à infância estão na base do desenvolvimento da personalidade, do caráter da saúde mental e sobretudo da inteligência da criança, adulto de amanhã:

 

“Aquilo que o coração amou a memória não esquece. Criança amada, adulto feliz!”

 

... e ainda acrescento que esse adulto se torna mais aguçado e curioso, fazendo perguntas inteligentes, desenvolvendo o senso crítico de busca do saber, distinguindo-o do adulto comum que se limita a repetir conhecimentos que lhe foram repassados. Faça diferença, “eduque” uma Criança. A sociedade agradece e para finalizar, cabe ainda lembrar que um dos maiores efeitos da atenção e carinho dedicados à criança, é sem dúvida a felicidade do adulto. O idoso que assim viveu a infância sente-se mais jovem do que a idade real, têm mais satisfação na vida e menos emoções negativas como culpa e raiva, proporcionando-lhe, assim, um aumento geral da sensação de bem-estar. Ao contrário, indicam as pesquisas científicas, aqueles que não têm boas recordações da infância e guardam mágoas no coração, envelhecem mais rápido e aparentam ter mais idade que a real. Eles sabem disso, sentem-se mais velhos e a expressão facial deles tem estampada a tristeza e as rugas implacáveis do tempo cruel. Viu um adulto feliz, gargalhando por qualquer coisa? Pode ter certeza e aplicar o adágio acima: Criança amada, adulto feliz!

 

 Brasília, 30 de junho de 2022

  Paulo das Lavras

 

 Criança feliz, certamente será um adulto feliz. Contar história é o maior atrativo para uma criança. 
Faça um grande bem para toda a humanidade... Eduque uma criança! 
Foto do autor