domingo, 21 de novembro de 2021

Meus professores prediletos em Lavras, a Terra dos Ipês e das Escolas

 

O que é ser um verdadeiro professor? Bastaria ensinar aos alunos para ser um bom professor? Não apenas isto e as primeiras questões que surgem são: qual a metodologia que o professor utiliza? Ele gosta de ensinar e está qualificado para essa nobre função de educador? Começa aí a discussão e as preferencias de cada um.  Sempre achei que o bom professor é aquele que, primeiramente, gosta da profissão, tem prazer em ensinar e está sempre aberto às perguntas e tem empatia com seus alunos. Depois vem a sua qualificação, o que é facilmente identificável pelos próprios alunos, tanto pelas respostas e incentivos no dia a dia, como também por uma visita à sua biblioteca particular, pois os bons professores sempre prezam suas coleções de livros, revistas especializadas, suas próprias pesquisas científicas ou simples enquetes, grupos de discussões virtuais, tão comuns hoje em dia, enfim todo o arsenal que contribua para deixa-lo na vanguarda da guerra do conhecimento. Esses eram meus critérios, quando estudante, para eleger o bom e o melhor professor que tive. Dentre eles destaco aqueles que já se foram, mas deixaram imensurável legado que beneficiou a milhares de profissionais que um dia foram seus alunos: Roussaulière Mattos, Nelson Werlang, Paulo de Souza e Alfredo Scheid Lopes.

Mas, além da citação dos saudosos mestres que tanto nos incentivaram e com extremado amor ao Ensino/Aprendizagem, a ponto de nos influenciar a também nos tornarmos em professor universitário e trabalhar com a Educação durante 50 (cinquenta) anos, trinta e cinco dos quais no Ministério da Educação, em Brasília, vamos falar de algumas características genéricas e especificas da boa docência. Em primeiro lugar está a abordagem educacional, que deve proporcionar oportunidade de aprendizagem concreta. Para tanto, o professor terá que encorajar a curiosidade do aluno, a experimentação, o prazer da descoberta, o compartilhamento e o multiculturalismo com inter-relações pessoais, incluindo-se os intercâmbios internacionais. Somente assim o aluno, sem medo de perguntar ou errar e sabendo que terá de interagir com seus pares (como manda o figurino no mundo do trabalho), se sentirá incentivado a dar asas à sua imaginação, desenvolvendo raciocínio crítico e criativo, tendo, ainda, a compreensão de que um eventual erro faz parte do processo da aprendizagem. O aluno aprenderá, portanto, a assumir riscos intelectuais, adquirindo verdadeira paixão pelo aprendizado, com maiores chances de torna-lo bem sucedido, fazendo assim grande diferença na sua vida e na profissão. Não à toa, como professor de engenharia, nunca apliquei uma prova de questões fechadas com respostas “certo/errado”. Provas e exames sempre foram aplicados com estudos de caso, preferencialmente em grupos de cinco alunos, com consulta aberta a livros, anotações ou à internet. Trabalhoso para o professor? Sim, assentar-se junto aos grupos, avaliar a participação de cada um, sentir as dificuldades na resolução do problema e dar nota diferenciada a cada um dos cinco alunos que trabalharam juntos na prova e sempre monitorados pelo professor e depois ler e corrigir o texto (inclusive erros de redação, com descontos na nota final, pois erros gramaticais são imperdoáveis num relatório técnico no mercado de trabalho), anotar as dificuldades, leva-las para o feedback em sala. Com certeza, é extremamente trabalhoso, mas é o melhor caminho para se alcançar o aprendizado de fato, ver e sentir a satisfação estampada em cada aluno.

Pois bem, hoje não é dia do Professor e talvez esta crônica devesse ser publicada naquele dia reservado às homenagens de praxe, mas, é final de ano, época de renovação de matrículas em colégios e até mesmo troca de faculdade ou curso e, portanto, boa hora para a reflexão nessas questões pedagógicas. O jornalista Jorge Duarte que criou o lema “Terra dos Ipês e das Escolas” (in: Nemeth-Torres- https://historiadelavras.blogspot.com/2011/08/por-que-lavras-e-terra-dos-ipes-e-das.html) disse que em agosto florescem os ipês e embelezam a cidade, mas em novembro florescem as Escolas, promovendo a formatura de seus jovens alunos e matriculando outra leva. Portanto, agora, mais do que nunca, é hora de refletirmos sobre a qualidade da Educação de nossos filhos. Educação é o nosso grande legado para os filhos. Bons colégios e faculdades farão a diferença, mas desde que tenham excelentes professores, qualificados e acima de tudo, que amem a Educação. Tenho orgulho de meus mestres e da Terra das Escolas que sempre esteve na vanguarda da Educação e até mesmo o Ministério da Educação, aqui em Brasília sabe disso.

Brasília, 21 de novembro de 2021.

Paulo das Lavras


Até mesmo na Escola Firmino Costa tem maravilhosos ipês amarelos e roxos. Ali estudei 
Os dois primeiros anos do ensino fundamental. 
Fotos: 1- acervo de Renato Libeck (anos 2010/2020)    2- Robson Rodarte,  2015  



 
Prof Roussaulière Mattos, paraninfo, entregando-me o diploma do curso científico. 
À direita, Prof Nelson Werlang. Ambos, professores dos tempos de colégio, ingressaram, 
tempos depois no corpo docente da UFLA, onde fomos colegas. Feliz parceria no ensino 
e na pesquisa, com dedicação e amor à profissão. 
Fotos: 1- do autor    2- acervo de Renato Libeck




 Os notáveis e queridos mestres Paulo de Souza (1º da direita, à frente) e Alfredo Scheid Lopes 
(1º à esquerda na fila de trás). Dedicados e apaixonados mestres do saber e da empatia com seus alunos. 
Paulo de Souza foi nosso paraninfo na UFLA, em 1967 
Foto: ano 1963 – arquivos UFLA


 
A célula mater da Universidade Federal de Lavras, o Ginasio de Lavras, com mais de 150 anos 
de existência, fundado pelo missionário Samuel Rhea Gammon, cujo prédio foi projetado 
 por ele, em estilo clássico e lembrando as colunas virginianas, de seu estado natal 
nos Estados Unidos. À direita o campus da Ufla. 
Fotos: 1- arquivos do IPG- Lavras,   2- DuAlto Fotos



 Lavras-MG. Terra dos Ipês e das Escolas, onde se respira um ar de cultura... 
 Assim disse, certa vez, Assis Chateaubriand. 
Foto: Alejandro/Coleção Renato Libeck