sábado, 29 de dezembro de 2018

O tempo passa.... Feliz Ano Novo!


Spending my time é o nome de uma bela canção interpretada pela cantora Roxette. Nela está expressa toda a angústia de alguém que perdeu algo na vida, um amor, uma paixão e vê os dias passarem, manhã após manhã, tarde após tarde e... nada, a vida continua igual. E ela passa o tempo todo a contemplar a parede de seu quarto ou até mesmo a TV ligada, mas é incapaz de ver ou assistir algo na tela, pois só enxerga a imagem da pessoa, do amor perdido e fica a imaginar... “será que ela também pensa em mim?”. Agradece a Deus por ele, a paixão de sua vida, não estar ali e vê-la naquela condição, na fossa, perdendo tempo, sentindo-se tão pequena, sem forças. Mas, os amigos dizem, a vida continua, acorda o tempo vai fazer com que você supere isso! Mas, não tem jeito, prossegue a cantora,"vejo as tardes passarem, a noite chegar, perdendo meu tempo e caio no sono ouvindo a música do Iron Maiden, Tears of a Clown” e então compreendi que, como na letra dessa música, algo havia morrido por dentro, pois estava sempre me sentindo para baixo, como se tivesse afogado no meu tormento, cabeça cansada reclinada para descansar. Essa era a verdade, verdadeira, embora tudo parecesse bem do lado de fora, tal qual a falsa lágrima de um palhaço de circo, tal qual mencionado nas canções de Roxette e Iron Maiden.


Há um ditado que diz: “quem canta, seus males espanta”. Em ambas as canções citadas, os autores expressam a dor da alma de alguém que perdeu algo, um amor uma paixão e luta contra si mesma. Em tudo que vê ou faz nada enxerga, nem na TV ligada à sua frente, a não ser aquela pessoa que ama e partiu. E mais, espera, ansiosamente, que a pessoa amada e perdida, esteja também pensando nela. Obsessão, inconformismo? Vai se saber, pois a alma humana é cheia de mistérios. É impressionante observar que, quando alguém assim está, perdido, encontra ressonância em situações que se aproximem, semelhantes. No caso citado, a suposta pessoa, na depressão amorosa, se agarra à outra história semelhante, retratada na musica que ouve e sob a qual adormece, como se reconfortada fosse pelas palavras de outrem na mesma situação. Assim é a vida, não há novidade alguma sobre a face da terra dos humanos. Somos todos iguais, dizia um amigo americano que, durante um jantar em restaurante no Rio de Janeiro, observava o comportamento de uma família, na mesa ao lado e disse: "pessoas são iguais, aqui ou nos EUA, mudam-se apenas os endereços".


Pura verdade e ao ver na TV uma recorrente propaganda, com fundo musical da canção magnificamente interpretada por Roxette, ouvi atentamente a letra e compreendi porque, todos os anos, abate-me certa nostalgia, sentimento de solidão, naquele período entre o natal e o ano novo, não importando a alegria familiar nos dias que antecedem e perduram por todo o natal. A festa dos preparativos, a compra dos presentes, a chegada do papai Noel para as crianças, a noite da ceia com os mais finos cuidados na decoração, das guloseimas e os pratos caprichosamente preparados, a distribuição dos presentes e a excitação dos pequenos... Ah..., sim, tudo isso é maravilhoso e damos graças a Deus, começando pela oração em que elevamos nossos corações ao Alto, irmanados num só objetivo: a vida. Nos dias seguintes seguem-se as reflexões, um balanço do ano que se passou e os planos para o ano novo. Desfilam-se, primeiramente, as vitórias, mas depois, como na canção citada, parece que há algo estranho, pois a vida passa, temos tudo que precisamos e ainda assim.... O que será? O que foi que perdi na vida? A infância, a juventude, os colegas de escola, os velhos amigos que ficaram para trás na distante cidade natal? Ou, quem sabe, talvez, a falta da intensa atividade do trabalho profissional? Afinal, deixar o terno e gravata depois de 50 anos de atividade ininterrupta, no frenético mundo dos negócios da educação superior no país e exterior, pode ser realmente um choque de difícil assimilação, mesmo que o tempo tenha chegado a meio século no batente, intenso...


Mas, tudo isso junto e misturado pode mesmo nos levar a pensar como aquela garota que canta, olha para a parede, olha a TV ligada, mas não a assiste e só pensa na paixão que perdeu.  O tempo passa, sabemos, mas às vezes nem sempre as lágrimas que caem por essa razão são como aquelas da canção. São verdadeiras, pois o homem está sempre em busca do tempo perdido, como bem descreveu o escritor Marcel Proust que, em vez de seguir uma forma literária contínua e linear da ação e dos personagens, reproduz a realidade como conteúdo da consciência. Ele busca o passado a partir de sensações casuais. É por isso, na mesma trilha de Proust, que busquei o passado na companhia da cantora Roxette, com sua bela canção que, aliás, recomendo. E nada mais justo que reconhecer em Proust o verdadeiro sentido da vida: "A verdadeira vida, a vida enfim descoberta e tornada clara, a única vida, por conseguinte, realmente vivida, é a literatura." E entendamos aqui, como “literatura” toda a experiência de vida, vivida por alguém, seja ela expressa em letra, música, arte ou simples exposição oral. Assim, nada melhor do que se reviver com essas experiências e delas tirar proveito para uma vida feliz.

Aproveite a vida. O tempo passa....

Feliz Ano Novo!

Brasília, 30 de dezembro de 2018

Paulo das Lavras. 



O tempo passa..., manhãs e tardes se vão..., cai a noite,
 dilema cantado por Roxette!

Veja o bonito clip da cantora Roxette: https://www.youtube.com/watch?v=eG0IYV6G0I0


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