sexta-feira, 9 de maio de 2014

Dia das Mães e as lutas da Mulher brasileira


ARTIGO (*)       PAULO ROBERTO DA SILVA                                 
(*) artigo publicado  na Revista Ellite - Lavras-MG, ed. maio 2014



“O amor à mulher é completo, ou assim deveria ser para os homens. Mulher é para ser amada, admirada pelos seus dotes morais e grandeza interior, não importa a condição. Pobre daquele que não tem (ou teve) o amor da mulher mãe, irmã, esposa, filhas, netas e amigas”.
Paulo Roberto da Silva 


O dia 8 de março foi escolhido para se celebrar o Dia Internacional da Mulher e o segundo domingo de maio o Dia das Mães. Mas a Mulher, e mais ainda a Mãe, não deveria ser lembrada e celebrada todos os dias? Sim, mas diante de tantos esquecimentos e injustiças para com o gênero é mesmo conveniente haver essas duas datas especiais para comemorações. O que seria de nós, os homens, sem ela, a Mulher? Para início de conversa basta dizer que nem gerado teríamos sido. Além disso, ela é a fortaleza do lar, ao contrário do que normalmente se pensa. Ela é agregadora, mantem a família unida, cuida de todos, administra a casa, cuida de todos, incluindo-se o homem. Este se vangloria de ser o provedor (e apenas isso), mas, hoje nem isso ele está conseguindo, pois as mulheres estão marcando presença no mercado de trabalho igualando-se a eles. Nas universidades já são 45% dos professores e 55% dos alunos. No mercado de trabalho já representam 49,2%, em Brasília. Só no Ministério da Educação representam mais de 70% dos funcionários. No trabalho, além de fazer igual ou melhor que os homens, seja em empresas ou em órgãos públicos, ela ainda administra a casa, o lar, fazendo o papel de mãe, conselheira e conciliadora de conflitos. Além disso, desempenha quase que exclusivamente a árdua tarefa de educar os filhos e deles cuidar nos momentos difíceis. Aprendi isso no meu local de trabalho onde predominam as mulheres e são sempre elas que vão ao telefone para monitorar as atividades da casa, dos filhos e tudo mais que se relacione à família. Os homens "nem se ligam" nessa tarefa de procurar saber a “quantas” andam as coisas do dia a dia da casa. Tomara que isso mude e além de me penitenciar pela inexperiência passada, sempre estimulo os colegas – pais - a ligarem mais para os filhos, ainda que seja um simples telefonema no meio da tarde. Isto faz diferença, mas, infelizmente, ainda, somente as mulheres têm sensibilidade para perceber isso.

Os homens precisam mesmo aprender muito sobre as qualidades da mulher. Eu mesmo levei algum tempo para perceber isso e valorizá-la por tudo que ela representa como mãe, irmã, esposa, companheira, colega de trabalho ou simples amiga. Aprendi a amar todas, cada uma a seu modo próprio e pelo que representam para nós mesmos e para a sociedade como um todo. Nós somos aquilo que elas, as mulheres, nos fizeram, do nascimento à paternidade. Simples assim! Bem fez o poeta que canta as belezas e a sensibilidade da mulher e cunhou a frase:
“Cuida-te quando fazes chorar uma mulher, pois Deus conta as suas lágrimas”.

            E a Mãe, o que falar dessa criatura de Deus? Nós, todos nós, somos aquilo que elas, as mães, produziram. Da geração, passando pelo nascimento, até a vida adulta. Nossos valores éticos e morais, que constituem a base do caráter, são aprendidos e assimilados na família, ou simplesmente “no berço”, como se costuma dizer. Temos orgulho disso. As lembranças mais doces que temos de nossas mães são, sem dúvida, o amor, afeto, dedicação, o exemplo de dignidade, honestidade e trabalho em prol da família. Estes são motivos bastantes para nos orgulharmos dessa insubstituível figura, mesmo para aqueles que não mais desfrutam de sua presença. Nossos pais e em especial as mães, foram os instrumentos que Deus concedeu para nos guiar por esses caminhos. Cabe a nós, os filhos, sermos eternamente gratos às mães e continuarmos na bela e amorosa missão de cultivar a família, agora rodeados pelos filhos e netos que são as maiores bênçãos recebidas. As mães são as guardiãs da família e esta é para sempre! Ela é a célula mater da nossa formação, do amor, da alegria, da harmonia e da paz em nossa alma. É por meio dela que Deus nos dá força e nos alenta para vencer os desafios da vida. E com seu espírito amoroso são elas, as mães, as responsáveis pela agregação de seus membros. São elas que, historicamente, mantém a família unida, cuidando de todos. E nós, os homens, sabemos, reconhecemos e admiramos essa qualidade inata das mães.

O poeta e cronista Rubem Alves ensina que: “Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantada ou canteiro construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma.... Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles.” Deve ser por isso que oferecemos flores a elas em qualquer ocasião e especialmente nesse dia. Ninguém melhor que elas para entender esse nosso singelo gesto, pois são as mestras desse cultivo e se igualam a elas, as flores, e com muito amor.


Mas, falemos ainda sobre os valores da Mulher. Para isso nada melhor do que uma visita a uma exposição documental sobre o papel da mulher ao longo de nossa história. Foi assim, há uns dois anos, que o menino das Lavras se extasiou ao visitar a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, num bonito prédio em estilo neoclássico inaugurado em 1910. O prédio integra, ao lado do Museu Nacional de Belas Artes e do Teatro Municipal, um maravilhoso conjunto arquitetônico no centro da velha capital. Por sua beleza plástica o conjunto de prédios já se constitui em atrativo para a visitação. Desta vez uma mostra sobre o papel da mulher na sociedade, intitulada “Exposição Brasil Feminino - A Mulher na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro” despertou sobremaneira o interesse do menino em meio a tantas apologias em contrário.
           
            Foi muito emocionante ver, naquela exposição, a trajetória da mulher brasileira ao longo de nossa história, desde os tempos coloniais até o presente. Foram expostos 150 documentos raros, fotos, jornais, revistas e pinturas diversas incluindo as famosas telas de Debret onde as mulheres só aparecem como escravas, mercadorias à venda ou aluguel. Sim, alugavam-se escravas no Brasil colonial. Afinal, ali estavam representados mais de 200 anos de lutas da mulher brasileira para ocupar seu merecido espaço na sociedade. Lutas retratadas desde a condição de mulher escrava até à da mais alta patente, de governante máxima da nação brasileira. Essa luta se confunde com a própria história nacional contra os preconceitos e a opressão machista reinante há pouco tempo.

Foi interessante observar, por meio dos documentos expostos, a sequência cronológica do duro caminho de libertação da mulher brasileira, saindo da condição de escrava ou, se não, do único espaço que lhe era permitido, ou seja, a cozinha, o doméstico, até chegar ao espaço público, ocupado tradicionalmente pelos homens. A mostra foi dividida em cinco diferentes temas: a condição subalterna da mulher; a consciência política e luta dos direitos civis; a ação social e educação; o comportamento e, ainda, a atuação científica e cultural. Nesses cenários desfilavam figuras marcantes como Carlota Joaquina, Maria Leopoldina, Chiquinha Gonzaga, Carmen Miranda, Zuzu Angel, Zilda Arns, Maria da Penha (cuja lei de mesmo nome é o terror dos homens violentos contra a mulher), Benedita da Silva, Lygia Fagundes Telles, Fernanda Montenegro, Maria Esther Bueno, Marta jogadora de futebol feminino, as jogadoras da Seleção Feminina de Vôlei, as atrizes Bibi Ferreira, Tônia Carrero, Norma Bengel, a bela Marta Rocha, a roqueira Rita Lee, as ousadas Mães de Acari, terminando com a presidente da República, Dilma Rousseff. Uma bela sequência de duras lutas, vitórias e destaques das mulheres brasileiras, guerreiras, vencedoras. Já na seção de comportamento da mulher quase não havia referencias às conquistas no campo da liberação sexual. A ênfase foi a da mulher escrava de aluguel e do recato em relação a essa questão no seio da sociedade. Nesse campo, o século XIX foi duríssimo com a mulher brasileira e sequer havia referencias a exemplo do ocorrido na França e retratado por Gustavo Flaubert em seu romance realista “Mmme Bovary” que fala da libertação da mulher pelo adultério, naquele século e de forma mais atenuada em “Helena”, de Machado de Assis.


 Além das figuras marcantes a Exposição exibiu o livro Ordenações e Leis do Reino de Portugal, de 1603, que descreve o rigor e a severidade no tratamento legal que as mulheres sofriam no século XVII. Verdadeiro horror, inimaginável o que se praticava contra a mulher naquela época. Outra pérola desconhecida e que causou muita surpresa ao menino foi o jornal “O sexo feminino” editado na cidade de Campanha-MG, no ano de 1873, que defendia mudanças em favor da igualdade de gênero. Quem diria isso, há mais de 140 anos as mulheres brasileiras já vinham publicando suas reivindicações no campo da igualdade de direitos, justo naqueles tempos de extremo machismo.

Foi gratificante visitar a mostra Brasil Feminino. Verdadeira imersão numa história fascinante. O menino saiu com a sensação de que o nosso país tem progredido muito na questão da igualdade e equidade do gênero, tornando-nos mais justos hoje em dia. As mulheres merecem mais que isso, pois afinal elas são mães e educadoras que nos conduziram à vida. Amor puro... e superiores aos homens em tudo, menos na força bruta, o que nada importa, pois isso pode até ser substituído por máquinas. Deveriam ser consideradas superiores aos homens, pois é comum cumprirem três jornadas diárias, duas na empresa e outra em casa. Para essas tenho uma sugestão: que se aprove lei concedendo-lhes o direito de trabalharem um único turno, corrido, de seis horas nas empresas. Restariam algumas horas a mais para a família. E mais, com salário igual ao dos homens que cumprem oito horas em dois turnos. Nada mais justo e lucrativo para a sociedade, pois filhos requerem atenção redobrada nos dias de hoje. 


       O amor à mulher é completo, ou assim deveria ser para os homens. Mulher é para ser amada, admirada pelos seus dotes morais e grandeza interior, não importa a condição. Elas são especiais, choram, sorriem se aprontam a todo instante, se perfumam, dão vida, alegria e estimulam os homens a tudo. Pobre daquele que não tem (ou teve) o amor da mulher mãe, irmã, esposa, companheira, filhas, netas e amigas. São elas que nos movem e hoje, mais ainda, pois estão inseridas no mercado de trabalho já em escala considerável. Têm a delicadeza das flores e só elas sabem humanizar o ambiente de trabalho onde passamos a maior parte do tempo. Mulher é tudo na vida, são cheias de mistérios e encantos. São únicas e especiais. Vencedoras!  Devemos respeita-las e amá-las, cada uma a seu modo próprio, pois como afirmamos antes nós somos aquilo que elas, as mulheres, nos fizeram, do nascimento à paternidade. Simples assim! Uma benção dos ceus! Assim pensa o menino, de feliz infância passada nas terras de Sant´Anna das Lavras do Funil e que, literalmente, sempre viveu cercado por elas.

Nada mais é preciso dizer. Um abraço especial para aquela que é a mais especial, você, Mulher: Mãe - irmã - esposa – companheira- filha – colega de trabalho - amiga!


Brasília, maio de 2014


                              As mães e as mulheres em geral se igualam às flores.Exalam perfume, o perfume do amor 



O amor de mãe é completo, inspira confiança, alegria e amor recíproco



Pobre daquele que não tem (ou teve) o amor da mulher mãe, irmã, esposa, filhas, netas e amigas




Biblioteca Nacional, no belíssimo Centro Cultural do Rio de Janeiro - foto do autor, julho 2007


.   Museu Nacional de Belas Artes – Rio, foto do autor, julho 2007





Belíssimo Teatro Municipal- Rio,  foto do autor, julho 2007





Hall principal Museu Nacional de Belas Artes







 


                                                      

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