sábado, 27 de julho de 2013

Mobilidade rural-urbano em Lavras: 300 anos de história


                O IBGE publicou em 28/06/2013 um artigo muito interessante sob o título: “Atlas do Censo Demográfico do IBGE mapeia mudanças na sociedade brasileira” . Nele há  uma análise acurada sobre a mobilidade da população brasileira. A parte inicial do Atlas focaliza a geopolítica contemporânea e evidencia que até mesmo a projeção econômica do Brasil no processo de globalização atual tem como fundamento sua extensa base populacional e territorial: 190.755. 799 habitantes, em 2010 e uma superfície de 8.515.767,049 km². Ainda segundo informa o artigo, de acordo com a ONU, o Brasil ocupa a quinta posição no Planeta em termos de extensão territorial e de número de habitantes.

 Essa matéria pode ser vista no link:


 Há indicações de outros links do Atlas propriamente dito, com tabelas e quadros estatísticos: http://censo2010.ibge.gov.br/apps/atlas/.  Nessa última página há outro link para os dados completos do Censo de 2010: http://censo2010.ibge.gov.br/resultados

É desse endereço a página abaixo (Sinópse), e de onde se extraem algumas conclusões. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/sinopse/default_sinopse.shtm

A cidade de Lavras tinha 92.200 habitantes em 31/12/2010. Cerca de 95% da população residia na cidade. Apenas 5% na zona rural (4.344 pessoas). A densidade populacional era de 163 habitantes/Km². A vizinha cidade de Nepomuceno tinha 25.733 habitantes, sendo 74% na cidade e 26% rural e baixíssima densidade de 44 hab/km². São João del Rei, outra vizinha, tinha 84.469 habitantes, sendo 90% na cidade e baixa densidade de 57 hab/km².

Um pouco mais distante, porém com mesmo perfil universitário, a cidade de Viçosa tinha 72.220 habitantes, com 93% na cidade e 241hab/km². Voltando às cidades vizinhas, Varginha ultrapassa Lavras em número de habitantes. Eram 123.081, com 96% na cidade e densidade acima de 311 hab/km², pois seu município tem extensão territorial menor (395 km²) do que o de Lavras (564 km²).

Como é Lavras, hoje, em sua distribuição populacional?

 À exceção de Varginha que praticamente empata (1% acima apenas) com Lavras, nossa cidade tem o mais elevado índice de população urbana, 95%, em relação à vizinhas Nepomuceno com 74 % e São João Del Rei com 90%.

Interessante comparar a evolução e as mudanças no perfil da população de Lavras. Em 1720, há quase 300 anos, havia menos de 1.000 habitantes no povoado de Sant´Anna das Lavras do Funil, fundado por Francisco Bueno da Fonseca, revoltado que estava com os atos da Coroa portuguesa e que aqui aportou depois de 1712, procedente de São Paulo, em busca de ouro. Nessa época o povoado era simplesmente uma extensa zona rural com diversas lavras de ouro e nada tinha de serviços considerados urbanos. Cada um produzia os alimentos para sua própria subsistência. Comércio só do ouro, ainda assim muito reservadamente por medo dos confiscos.

 Por volta de 1940, mais de duzentos anos depois de sua fundação, a população beirava os 30.000 habitantes e somente 25% morava na cidade. A grande maioria, 75%, ainda residia e trabalhava na zona rural, na produção de alimentos, especialmente leite e laticínios, café, milho e feijão. Em 1960 a população contava com cerca de 40.000 habitantes sendo que pouco menos da metade ainda residia na zona rural (40 a 45%). Houve, portanto, já em 1960,  expressivo aumento na taxa de urbanização da população.  A partir daí, talvez pelo receio que o novo Estatuto da Terra tenha causado e também pela consciência sobre a necessidade de escolarização, o crescimento da população urbana passou a ser bastante acelerado.

 Em 1970 havia aproximadamente 53.000 habitantes com cerca de 65 a 70% residindo na cidade. Em 1990 eram 65.000 habitantes e com expressiva taxa de 75% residentes na cidade. No ano de 2000 a população estava ao redor de 78.000 habitantes e já contava com 82% vivendo na cidade. Em 2010 essa taxa urbana pulou para 95% dos 92.000 habitantes. O crescimento urbano acelerado nem sempre foi acompanhado de politicas de urbanização adequadas às demandas, a começar pelo transporte publico e elevada densidade de veículos particulares que causam constantes engarrafamentos nas principais ruas. As ruas de modo geral, são estreitas com calçadas de pedestres com pouco mais de 1,60 metros de largura, não permitindo qualquer intervenção urbanística.

            Não foram encontrados os registros históricos, dados atualizados e estatísticas mais acuradas para as informações aqui apresentadas. Seria de bom alvitre que tais dados fossem coligidos junto às autoridades municipais, como também a publicação de estudos mais acurados e análises sobre as causas e impactos do aumento populacional e da migração acelerada do meio rural para o urbano. Certamente deve haver um planejamento urbano onde se caracterizariam as principais demandas e ações mitigantes no tocante ao inchaço da população urbana e o esvaziamento rural.

 Brasília, 29 de junho de 2013

 Paulo das Lavras

 

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