Nossos colegas de escola marcaram
nossas vidas. Afinal, passamos longo tempo juntos, alguns desde os primeiros
dias de escola primária. Não poderíamos esquecê-los nunca, tal o grau de
proximidade e interesses comuns que nos uniram ao longo da vida e justamente no
período em que estávamos buscando nossa própria identidade. Talvez isto, a consolidação
da amizade, do vínculo fraterno, fosse mais importante que as horas em sala de
aula ou juntos em horas e horas de estudos e elaboração de tarefas escolares. Por
isso, alguns deles tanto nos marcaram, quer pela gentileza, simpatia,
humildade, dedicação, inteligência e tantas outras qualidades e às vezes até
mesmo as dificuldades naturais da vida de estudante, às voltas com matéria
“chatas” ou de difícil assimilação e que estávamos sempre a nos ajudar
mutuamente. Mas, chega-se à última formatura, na faculdade e nos separamos em
definitivo, cada qual em seu novo rumo..., profissão, família , mergulhando em
seus próprios sonhos, tornando-se independentes, em outro mundo social. Outro
mundo social? Sim, outro ambiente, longe daqueles colegas que sempre o
acompanhavam e ali estavam para o bem ou... para as eternas gozações próprias
de amigos que têm camaradagem, companheirismo. Ah..., tempos bons, nos
lembramos hoje, com muita saudade, 50 anos depois. Que saudade matadeira que
faz derreter nossos corações. Quanta ternura na alma, relembrar os doces tempos
e as figuras do colegas, sempre a sorrir e prontos para lhe “pegar” em algum
escorregão, falha, que serviria de piada a semana inteira.
Tempus
fugit, diz o clássico ditado... o
tempo voa, e de repente nos damos
conta..., caramba, já são passados 57 anos de nossa formatura na faculdade! E
onde estão os colegas? Nem éramos tantos..., apenas 30 formandos na turma de
Agronomia/1967 da velha e hoje centenária ESAL/UFLA. A cada cinco anos nos
reunimos e revivemos aqueles bons tempos. Famílias crescidas, com netos e
bisnetos, alegrias e bençãos que Deus
nos envia para prolongar nossos dias de
glória na Terra. Encontro de irmãos que exala, transpira alegria, contentamento
e gratidão por termos sido tão gratificados ao longo de nossa existência e em
especial durante aquele tempo de convivência sadia com os colegas de escola,
ali reunidos, a apresentar-nos suas famílias com a maior alegria e orgulho do
mundo e ainda nos contando sobre seus sucessos profissionais. Que benção!
Mas,
infelizmente, ao longo desse quase sessenta anos que separam a nossa formatura
e despedida escolar, temos também recebido duros golpes com o passamento de
queridos colegas, aos quais sequer pudemos dar um último adeus. A distância,
quase sempre, nos impede de chegar a tempo e temos que nos contentar com a
solitária reflexão e dor do luto. Foi
assim, justo no dia de meu aniversário, sem nenhum aviso prévio,
apareceu na tela do celular uma mensagem com o obituário e convite para o
velório do nosso doce, o mais gentil e prestativo colega de faculdade, aliás
desde os tempos de colégio em Lavras: João Júlio dos Santos. Duro golpe, dor
lancinante no coração... Lá se foi o mais doce dos colegas, aquele que estava
sempre a sorrir e a nos levar a passear em sua linda, charmosa e histórica
perua Chevrolet ano 1929, conhecida por
Tereza. Ah, meu caro João Júlio... , seu lago sorriso, como naqueles passeios,
desfilando alegremente pelas ruas de Lavras na “nossa” Tereza , patrimônio
carinhoso e zelado por todos nós, ficará eternamente em nossas memórias..., a
sua alegria contagiante, finesse no trato e amor fraterno.
Que Deus nos conforte a todos,
especialmente à sua querida família, ali
na cidade dos Perdões, vizinha a minha cidade natal.
Brasília, 06 de abril de 2024
Paulo das Lavras
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