domingo, 17 de maio de 2020

Covardia, sim..., e daí?

(Série quarentena - 7)





Suspender o afastamento social e abrir geral o comercio, liberando as pessoas para saírem às ruas, não é razoável. Vai na contramão da ciência e da experiência de outros países que passaram ou ainda passam pela pandemia do coronavírus.  Desde quando as academias, salões de manicures, depilações e barbearias são consideradas atividades essenciais em meio a uma pandemia?

         Por outro lado, o recomendado isolamento vertical a que se destina? Liberar os jovens para irem às ruas, adquirirem o vírus e trazê-lo para dentro de casa, matando seus pais, avós e outros idosos? Ah..., senhores, autoridades do momento, façam-me o favor..., respeitem a vida. A falência de empresa até é possível se recuperar, recria-la, mas a vida não, não tem volta! Aliás, vida não tem preço e calem-se os pseudos-economistas defensores cegos da “deusa” Economia.

        Com o coronavírus estamos enterrando os idosos que sustentavam suas famílias e jovens que teriam todo o futuro pela frente. Neste caso, dos jovens, a força produtiva, como gostam de se referir os coveiros da vida que adoram citada deusa Economia.
Pura covardia para com a vida e especialmente às famílias e seus idosos. Duvido que meus filhos e netos sairão às ruas para trabalhar ou ir à escola. Não querem servir de vetores desse terrível Covid-19 e, por consequência, matarem os avós ou todos os demais sob o mesmo teto.

        Debochar de centenas de milhares de cidadãos já infectados (233.142) e mais de 15.000 mortos (15.633) é, sim, COVARDIA insana! E daí...? Se os jovens têm a vida produtiva $$$ inteira pela frente, conforme  defendido pelos pseudo-economistas, eu contra-argumento e respondo na mesma moeda e diapasão: Com mais de 50 anos de vida profissional ativa, já contribui com tudo que me foi imposto e até mesmo por gratidão, na construção do nosso país, incluindo escolas, quarteis e até faculdades de Medicina por onde passaram, estudaram ou trabalharam à custas do imposto que paguei, esses mesmos que hoje desprezam os idosos. E daí? Devolvo a pergunta. Querem que concordemos com essa atitude indecorosa? Ah..., respeito é bom, especialmente para com os idosos. Quem teve educação de berço sabe disso. Quem não respeita idoso, acredita que não terá futuro! Ademais, o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) dispõe em seu artigo 9.º, que é obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde.

 Para que servem as leis? Pena que a deusa Economia valha mais que a vida para pavimentar caminhos rumo a 2022. 

Paulo das Lavras

Brasília, 17 de maio de 2020



O desrespeito de governantes para com quem já contribuiu para a construção da Nação, por longos períodos, alguns por mais de 50 anos..., é um desrespeito total.
Foto: internet


Um comentário:

  1. Parabéns, Paulo Roberto! Uma visão clara, consciente, honesta! Ao ver os carrões nas passeatas a favor da reabertura geral do comércio, fico pensando: quem irá para o trabalho no busão, no metrô, no trem... Quem irá enfrentar as filas de espera para pegar a condução? Enquanto os patrões estarão em seus escritórios confortáveis, ou em seus carros, até mesmo helicópteros! E voltarão para suas mansões, onde a possibilidade de um certo isolamento da família é possível, até fácil. Enquanto os trabalhadores comuns voltarão, muitos, para suas casas minúsculas... isto sem contar a diferença de cultura, esclarecimento... Melhor nem pensar muito! Economia é possível recuperar, bens materiais vão e vêm... Vidas não têm retorno.

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