domingo, 3 de maio de 2020

Bom dia, primeiro domingo de maio


(Série Quarentena – 05)


Que a calmaria dos jardins e as belezas das vincas e celósias, lindas e doces flores, com as borboletas que delas se alimentam, sejam bálsamos para a nossa alma nesses tempos de quarentena do cororonavírus.  
Foto do autor – Chácara/ Brasília 2020


Um vírus colocou o mundo inteiro em pânico. O medo mora conosco, tomou o lugar do abraço. Nossa única certeza é a incerteza e resta-nos esperar que o confinamento físico tenha o dom de abrir nossos espíritos à fraternidade humana, especialmente a aqueles que passam por dificuldades, incluindo a perda de entes queridos.

Um retiro espiritual em meio à natureza faz bem. Que a solidão de nossas almas, nestes momentos de afastamento social e privação dos abraços, possa de fato fazer-nos refletir sobre as belezas da vida e assim nos tornarmos melhores.   Mens sana in corpore sano. A frase de Juvenal, poeta romano, muito bem expressa condensando em poucas palavras toda uma filosofia de vida que, aliada aos dois princípios filosóficos de Horácio, poeta e meio que filósofo, grego, em seus poemas satíricos e epicuristas, sempre ressaltava o carpe diem e o fugere urbem. Incentivava as pessoas procurar evitar a dor e as perturbações, levar uma vida longe das multidões (mas não solitário), dos luxos excessivos, se colocando em harmonia com a natureza e desfrutando da paz e da amizade.  A amizade, segundo os filósofos, traz uma grande felicidade para as pessoas, já que a convivência pode ocasionar uma troca saudável de pensamentos e opiniões enriquecedoras. Daí, o apreciar o dia - carpe diem e o fugir da cidade, da aglomeração -  fugere urbem, não querem dizer que devemos nos isolar e viver solitários no meio do mato. Devemos viver em equilíbrio enfatizando o desejo para encontrar a felicidade, buscando a saúde da alma e um sentido mais alegre à vida, sem neuras, pois não faz sentido vivermos angustiados em relação à morte, a preocupação com o destino e a violência urbana que nos cerca. E agora, muito mais ainda, pelo verdadeiro terror do coronavírus que nos assola, martela, diuturnamente com noticiários mórbidos, tristes, chocantes e apavorantes.

O equilíbrio da alma, especialmente nesses tempos de quarentena, de duração ainda indefinida, pode e deve ser buscado no campo, na contemplação das belezas dos jardins e da natureza plena. Rubem Alves escreveu certa vez que Deus cansou-se da imensidão dos céus e sonhou… Sonhou com um… jardim. “O Paraíso era um jardim de flores e Deus andava pelo meio do jardim…. Um jardim é o seu rosto sorridente”. Plantar flores é colher felicidade. E plantar uma árvore é um anúncio de esperança. Especialmente se for uma árvore de crescimento lento. E isso porque, sendo lento o seu crescimento, plantamos sabendo que nem vamos comer dos seus frutos, nem sentar à sua sombra… Plantamos pensando naqueles que comerão os seus frutos e se sentarão à sua sombra. E isso bastará para nos trazer felicidade! É bem assim mesmo, tenho plantado meus jardins por mais de 40 anos e cada vez que os contemplo sinto-me em harmonia com a Natureza, sentado à sombra de fro8ndosas árvores, que eu mesmo plantei rodeado de flores – essas maravilhas que Deus nos deu. Boa oportunidade para meditar e agradecer a Deus por tudo e renovar nossas forças para vencer essa quarentena que nos subjuga.

As flores são como as crianças, trazem amor e vida, têm o poder de desarmar e emocionar as pessoas. Admirar as beleza dos jardins, flores, frutos e pássaros  e animais reconforta a alma.


Brasília, 03 de maio de 2020

Paulo das Lavras





Orquídea no tronco de ipê roxo
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020




Palma  de Santa Rita ou gladíolos
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020


Onze horas, também conhecida por duas horas, enfeitando a piscina
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020


Uma jovem quaresmeira roxa
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020



Ipê branco de apenas 12 anos de idade
Foto do autor: Chácara, Brasília 2019


Manacá da Serra, com 02 anos de vida
Foto do autor: Chácara, Brasília 2018



Orquídea enfeitando o canil
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020



Congea tomentosa, ao lado piscina
Foto do autor: Chácara, Brasília 2018



E na quietude do campo, onde só se escuta o cantar dos pássaros e da agua em cascata,
 até os “guardas especiais” repousam o sono dos justos. Não me guardam do coronavirus,
mas dão-me descanso, o repouso da alma
Foto do autor – chácara 2020


Nada como a calmaria da natureza. O silêncio da alma nos enleva
Foto do autor – chácara 2020


Sim, o poeta e filósofo, que foi professor em minha cidade natal, Lavras-MG, está certo,
 “As pessoas são aquilo que amam”, pois quem ama as flores, os pássaros e os animais numa natureza em perfeito equilíbrio, também estará em permanente Equilíbrio consigo mesmo, com a natureza, o próximo e com Deus. Amém
Foto: Instituto Rubem Alves










2 comentários:

  1. Maravilhas que nos trazem paz! No entanto, no momento presente, anda difícil saber o que está mais em falta no nosso país, se é o "carpe diem", o "fugere urbem", ou o "Mens sana" ou o "corpore sano"!? Creio que, para garantirmos o "corpore sano" e o "carpe diem", devemos aplicar o "fugere urbem", contrariando o "insanus" mór!

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    1. Gostei do fino humor satírico, "insanus" mór... rsrs. Está difícil viver em Brasília, por isso fugi para a minha Passárgada, pois lá sou amigo, não do rei, mas da Rainha Natureza. Santo remédio para a alma!

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