quarta-feira, 11 de setembro de 2019

9/11 – Nine eleven – 11 de Setembro e as lembranças do Tio Sam




Maio de 1978, plena primavera em Nova York, na Staten Island,

com as belas  torres gêmeas do World Trade Center ao fundo.

Neste dia de hoje, 11 de Setembro, as redes sociais e a mídia em geral relembram o atentado contra as torres gêmeas de Nova York. As recordações dos lugares onde moramos ou trabalhamos, ainda que por certo tempo, ficam registradas em nossa memória, sobretudo as boas lembranças. As pesquisas mostram que experiências fortes criam os traços da memória positiva, a qual aflora sempre que é estimulada. Assim foi com o Menino, criado nas Lavras do Funil e nas fazendas à beira do Rio Grande, de onde traz doces recordações de seus bucólicos cenários, como a cidade propriamente dita, a belíssima Serra da Bocaina e o próprio rio com lagoas às margens apinhadas de curimbatãs e dourados que proporcionavam fartas pescarias. Sua terra, cantada em prosa e verso domina como tema de crônicas. Também dos ambientes de trabalho desfilam  cidades como BH, Ouro Preto e dezenas de outras, daqueles rincões, incluindo Brumadinho de triste memória de recente desastre com barragem de rejeitos de minérios. Também a cidade São Carlos, onde cursamos pós graduação em engenharia e ainda a capital São Paulo, além de vários outros bonitos lugares paulistas. Não esacapam, ainda, as capitais de todos estados brasileiros, algumas visitadas dezenas de vezes. Nossa missão era instalar, fiscalizar e avaliar cursos superiores e faculdades. Inúmeras foram, também, as cidades visitadas no exterior, em missões oficiais de governo, em todos os paises das Américas do Sul  e do Norte, além de grande parte do Caribe e América Central. Eram semanas a fio de viagens aéreas e terrestres, em visitas a universidades e centros de pesquisas agrícolas, onde estavam nossos professores de ciencias agrárias fazendo treianamento em cursos de mestrado e doutorado em sua maioria.  Na Europa nos concentramos na França e na A|mérica do Norte nos E.U.A.

O jovem executivo, youppie, percorria todos os lugares com extremado interesse, de modo a identificar potencialidades nas instituições visitadas e engajá-las em programas de cooperação com as universidades brasileiras, ou simplesmente para avaliar o desempenho dos professores brasileiros nelas matriculados em cursos de PhD. Também era objetivo das visitas supervisionar os planos e a execução de pesquisas de interesse nacional, ainda que realizadas fora do país.

Mas, esse não é o foco da conversa de hoje e sim o trauma  do atentado que destruiu o World Trade Center de Nova York. Como dito na bertura da crônica, nossa mente armazena as lembraças que nos marcaram e, naquela manhã de terça feira, 11 de setembro de 2001, estávamos em nosso gabinete, no MEC em Brasília, quando a secretária adentrou a sala, ligou a TV e anunciou a tragédia do ataque a uma das torres gêmeas, por um grande avião civil, de passageiros. Poucos minutos depois assistimos, ao vivo o segundo ataque, com outro avião de passageiros, também um Boeing e desta vez contra a segunda torre de concreto, vidro e aço. Veio tudo abaixo, um monte de escombros fumegantes, enegrecendo os céus de Manhattan. Inacreditável! E hoje, com os noticiários do 18º aniversário do atentado que fez milhares de vítimas fatais e incalculáveis prejuizos finaceiros, destravou-se e disparou automaticamente o “drive” do cérebro do menino, relembrando o medo sofrido naquele mesmo prédio a bordo de um grande helicóptero.


Meu primeiro contato com aquelas gigantescas torres foi impressionante.  Trabalhava na Michigan State University, na região dos grande lagos  e numa das viagens de cheagada do Brasil a Nova York, usei o serviço de ponte aérea, de traslado do aeroporto internacional JFK para o  de  La Guardia, de voos domésticos. Dali, embarcaria para Lansing, a capital de Michigan, ao lado da qual ficava  a universidade e o nosso escritório, suportando ainda duas escalas, Cleveland e Detroit. O voo de traslado de aeroporto foi a bordo de um barulhento e grande helicóptero Sykorsky S 69, o qual nos fazia lembrar daquelas aeronaves de guerra, de transporte de tropas, pois levava 20 passageiros. Impressionou-nos o pouso de escala do helicóptero em Manhattan, no heliporto do WTC, onde desceria a maior parte dos executivos internacionais chegados ao aeroporto Kennedy.  Quase entrei em pânico quando olhei para frente e vi aquele monstruoso edifício se aproximando do nosso helicóptero com certa velocidade. Este, em voo horizontal, a uns 200 pés de altura, se aproximava perigosamente das grandes torres, imaginava o menino. Antes que o pânico se instalasse, a aeronave reduziu a quase zero a velocidade e baixou verticalmente até o local de pouso, a apenas 50 metros da entrada do edifício. Impressionante a imagem visualizada subitamente, distraído que estava com o belo cenário ao redor, dando de cara com aquela enorme massa frontal, sem visão de largura e altura do prédio. Simplesmente um paredão, pois o campo visual das pequenas janelas do helicóptero era limitado. Sensação horrível, pois parecia que a trombada, o choque e explosão seriam iminentes. A decolagem, cinco minutos após, foi mais interessante, sobrevoando o Rio Hudson e rapidamente pousando em Newark/N. Jersey e depois em La Guardia, com belíssima vista da cidade e do rio Hudson que, aliás, foi cenário de outro desastre, em 2009, quando um jato de passageiros fez um pouso de emergência. Tempos depois, num final de semana, como que para apagar a péssima lembrança daquele pouso assustador, fui até o topo das torres gêmeas apreciar a magnífica vista da cidade, visitando em seguida, também a estátua da Liberdade.

Assim, as marcas no subconsciente, daqueles belíssimos cenários da cidade de Nova York, ficaram gravadas para sempre, incluindo o susto da suposta colisão a bordo do helicóptero. Por isso, o choque do menino, naquela manhã de 11 de setembro de 2001, foi paralisante. Ver uma das torres já em chamas e de repente, ao vivo, o segundo avião colidindo frontalmente com a outra torre, disparou a pior sensação de pavor que se pode ter. De imediato o subconsciente, provocado pela nova imagem, trouxe à mente a cena apavorante da suposta colisão do helicóptero no qual se encontrava a bordo, 24 anos antes. Agora estavam ali, ambos os enormes prédios, ao vivo e a cores, na TV, sendo consumidos pelas chamas decorrentes da explosão de toneladas de combustível das aeronaves atiradas contra suas estruturas. Cheguei em casa, busquei as fotos daqueles anos dourados em que o menino por lá trabalhava, com o garbo de um verdadeiro Yuppie. Triste, naquele dia, não voltou ao trabalho, tamanho o choque emocional, tanto pelas recordações ali materializadas em fotos pessoais, e mimos de decoração no escritório doméstico, bem como das lembranças do grande susto que ali passara.  Inúmeros foram os mortos naquela tragédia do 11 de setembro de 2001 e os meios de comunicação aí estão a nos exibir, desde ontem, aquelas terríveis cenas.

Sou grato a Deus, pois num espaço de apenas um ano, saí ileso de dois acidentes aéreos nos EUA, um incêndio a bordo e quase num mergulho pousou a tempo em Las Vegas, desviando-se da rota Chicago/S. Francisco. Outro, logo na decolagem de Washington-DC com pane hidráulica nos comandos, despejou o combustível no oceano e conseguiu aterrissar em Dulles, próximo ao QG da CIA, na Virgínia, com sua pista de mais de 4.000 metros, espuma anti-fogo e tela de aço na cabeceira para segurar o grande jato B727-200. Sorte dupla para quem percorreu aquele país de costa a costa e de norte a sul, em visitas a mais de 20 universidades. Um terceiro e mais grave acidente aéreo aconteceu em Belo Horizonte, quando um Boeing despencou ao aterrissar em Confins, partindo-se em pedaços, derramando todo o combustível sem que tivesse havido explosão, tão comum em acidentes com aviões. Também nesse acidente, o menino saiu quase ileso, com apenas um ferimento leve.

 Assim é a vida, com fé, determinação e perseverança conseguimos cumprir nossa missão. Resta-nos, como já dito, agradecer a Deus e pedir conforto aos familiares daqueles que não tiveram a mesma sorte, especialmente daquelas quase três mil vidas que sucumbiram no desastre de 11 de Setembro de 2001.

Brasília, 11 de setembro de 2019

Paulo das Lavras




Chegando a Staten Island- Estátua  da Liberdade


Newark-NJ traslado entre aeroportos -1977                  



14 de Nov 1977 – o Boeing 727-200, U.A, decolando do National Airport Washington DC

Pane hidraulica, retorno para Dulles International Airport/V.A, com espuma na pista e tela de aço no final.



 
S. Francisco / Cal –  Universidades de Berkeley e Davis


                                    Georgia  State University –     Brasileiros em cursos de  PhD -  nov 1977                                                       
 
                                                 



Universidade da Flórida/Gainesville - 1977. À direita Profª
Bete Cheng/ ESAL-UFLA

University of Wisconsin- Madison

                                         Mnifestação de estudante Iranianos contra o Xá Rheza Pahlev
                               em frente  a nosso escritório na MSU - East Lansing - MI   maio 1978                                          
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

Biblioteca do Congresso Nacional - 1977


                                              No prédio do escritório do MSU-MEC/Brazil                                  
                                                           East Lansing-Mi – mai 78      

Chegando à Staten Island- Estátua da Liberdade



WTC em chamas - 11 de Setembro de 2001 

outro jato, minutos após, atingindo a Torre 2 



                                          15 /01/ 2009 – um jato fez pouso de emergência no Rio Hudson
                                                              














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