sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Mulher

                         
 ... e assim elas nos criaram e nos fazem felizes. É  preciso amar a mulher com o amor devido,  seja ela mãe, irmã, esposa, companheira ou amiga... e sempre! 
Pintura - Ralph Duncan- Utah


                                         
O dia 8 de março foi escolhido para se celebrar o Dia Internacional da Mulher. Entendo que o dia da mulher deveria ser comemorado todos os dias. Mas, diante de tantos esquecimentos e injustiças para com o gênero, até que é conveniente haver uma data especial para essa comemoração, embora deva ser diariamente. O que seria de nós, os homens, sem ela? Para início de conversa basta dizer que nem gerado teríamos sido. Além disso, ela é a fortaleza do lar, ao contrário do que normalmente se pensa. Ela é agregadora, mantendo a família unida, cuidando de todos, gerindo a casa, a família enfim, nela se incluindo o homem. Este se vangloria de ser o provedor (e apenas isso), mas, hoje nem isso ele está conseguindo, pois as mulheres estão marcando presença no mercado de trabalho igualando-se a eles. Nas universidades já são 45% dos professores e 55% dos alunos. No mercado de trabalho já representam 49,2%, em Brasília. Só no Ministério da Educação representam mais de 70% dos funcionários. No trabalho, além de fazer igual ou melhor que os homens, seja em empresas ou em órgãos públicos, ela ainda dá conta ao mesmo tempo de administrar a casa, o lar, fazendo o papel de mãe, conselheira e conciliadora de conflitos. Além disso, desempenha quase que exclusivamente a árdua tarefa de educar os filhos e deles cuidar nos momentos difíceis. Aprendi isso no meu local de trabalho onde predominam as mulheres e são sempre elas que vão ao telefone para monitorar as atividades da casa, dos filhos e tudo mais que se relacione à família. Os homens "nem se ligam" nessa tarefa de procurar saber a “quantas” andam as coisas do dia a dia da casa. Tomara que isso mude e além de me penitenciar pela inexperiência passada, sempre estimulo os colegas- pais- a ligarem mais para os filhos, ainda que seja um simples telefonema no meio da tarde. Isto faz diferença, mas, infelizmente, ainda, somente as mulheres têm sensibilidade para perceber isso. São qualidades inatas que elas carregam. Instintivamente se dedicam mais aos outros e passam um bom tempo cuidando da família, dos amigos, dos desamparados. São capazes de enxergar o mundo e os relacionamentos de uma maneira muito distinta da dos homens. Até mesmo no campo das relações sexuais, diz-se que o homem faz sexo, a mulher faz amor.

Os homens precisam mesmo aprender muito sobre as qualidades da mulher. Eu mesmo levei algum tempo para perceber isso e valorizá-la por tudo que ela representa como mãe, irmã, esposa, companheira, filha, colega de trabalho ou simples amiga. Aprendi a amar todas, cada uma a seu modo próprio e pelo que representam para nós mesmos e para a sociedade como um todo. Nós somos aquilo que elas, as mulheres, nos fizeram, do nascimento à paternidade. Simples assim!

 Bem fez o poeta que canta as belezas e a sensibilidade da mulher e cunhou a frase:

“Cuida-te quando fazes chorar uma mulher, pois Deus conta as suas lágrimas”.

Nada mais preciso dizer. Um abraço especial para aquela que é a mais especial para nós... você, Mulher!

 Brasília, 8 de março de 2007.

Paulo das Lavras

P.S.  (08/02/2013) Passando pelo Rio de Janeiro, no dia 29 de julho de 2011, o menino das Lavras resolveu visitar a Biblioteca Nacional, onde havia uma exposição dedicada à mulher. Aproveitando o espírito de amor e respeito às mulheres, guerreiras, no lar e no trabalho fora de casa, o menino sentiu o quão grande tem sido a luta das mulheres e assim decidiu anexar o relato a seguir, que complementa de forma magistral e se estende a todas as mulheres:


Exposição Brasil Feminino- A Mulher na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro

 Aproveitando o horário de almoço de um dia de trabalho no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, o menino engenheiro visitou a Biblioteca Nacional num bonito prédio em estilo neoclássico inaugurado em 1910. O prédio compõe juntamente com o Museu Nacional de Belas Artes e o Teatro Municipal um maravilhoso conjunto arquitetônico no centro da velha capital. Por sua beleza plástica o conjunto de prédios já se constitui em atrativo para a visitação. Desta vez uma mostra sobre o papel da mulher na sociedade, intitulada “Exposição Brasil Feminino - A Mulher na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro” despertou sobremaneira o interesse do menino em meio a tantas apologias em contrário.

             Foi muito emocionante ver, naquela exposição, a trajetória da mulher brasileira ao longo de nossa história, desde os tempos coloniais até o presente. Foram expostos 150 documentos raros, fotos, jornais, revistas e pinturas diversas incluindo as famosas telas de Debret onde as mulheres só aparecem como escravas, mercadorias à venda ou aluguel. Afinal ali estavam representados mais de 200 anos de lutas da mulher brasileira para ocupar seu merecido espaço na sociedade. Lutas retratadas desde a condição de mulher escrava até à da mais alta patente, de governante máxima da nação brasileira. Essa luta se confunde com a própria história nacional contra os preconceitos e a opressão machista reinante até há pouco tempo.

Mais interessante ainda, foi observar por meio dos documentos expostos a sequência cronológica do duro caminho de libertação da mulher brasileira, saindo da condição de escrava ou, se não, do único espaço que lhe era permitido, ou seja, a cozinha, o doméstico, até chegar ao espaço público, ocupado tradicionalmente pelos homens. A mostra foi dividida em cinco diferentes temas: a condição subalterna da mulher; a consciência política e luta dos direitos civis; a ação social e educação; o comportamento e, ainda, a atuação científica e cultural. Nesses cenários desfilavam figuras marcantes como Carlota Joaquina, Maria Leopoldina, Chiquinha Gonzaga, Carmen Miranda, Zuzu Angel, Zilda Arns, Maria da Penha (cuja lei de mesmo nome é o terror dos homens violentos contra a mulher), Benedita da Silva, Lygia Fagundes Telles, Fernanda Montenegro, Maria Esther Bueno, Marta jogadora de futebol feminino, as jogadoras da Seleção Feminina de Vôlei, as atrizes Bibi Ferreira, Tônia Carrero, Norma Bengel, a bela Marta Rocha, a roqueira Rita Lee, as ousadas Mães de Acari, terminando com a presidente da República, Dilma Rousseff. Uma bela sequência das duras lutas, vitórias e destaques da mulher brasileira. Foi preciso que o menino das Lavras do Funil adentrasse um espaço cultural como esse para, embasbacado, se lembrar de quão pequenas foram as palavras de sua crônica escrita quatro anos antes. Daí concluiu ser necessário complementá-las com esse relato.

  Além das figuras marcantes a Exposição exibiu o livro Ordenações e Leis do Reino de Portugal, de 1603, que descreve o rigor e a severidade no trato legal que as mulheres sofriam no século XVII. Verdadeiro horror, inimaginável o que se praticava contra a mulher naquela época. Outra pérola desconhecida e que causou muita surpresa ao menino foi o jornal “O sexo feminino” editado na cidade de Campanha-MG, no ano de 1873, que defendia mudanças em favor da igualdade de gênero. Quem diria isso, há mais de 140 anos as mulheres brasileiras já vinham publicando suas reivindicações no campo da igualdade de direitos, justo naqueles tempos de extremo machismo.

Foi gratificante visitar a mostra Brasil Feminino. Verdadeira imersão numa história fascinante. O menino saiu com a sensação de que o nosso país tem progredido muito na questão da igualdade e equidade do gênero, tornando-nos mais justos hoje em dia. As mulheres merecem mais que isso, pois afinal elas são mães e educadoras que nos conduziram à vida. Amor puro... e superiores aos homens em tudo, menos na força bruta, o que nada importa, pois isso pode até ser substituído por máquinas.

       O amor à mulher é completo, ou assim deveria ser para os homens. Mulher é para ser amada, admirada pelos seus dotes morais e grandeza interior, não importa a condição.  Pobre daquele que não tem (ou não teve) o amor da mulher mãe, irmã, esposa, filhas, netas e amigas. São elas que nos movem e hoje, mais ainda, inseridas no mercado de trabalho, já em escala considerável, temos mais essa categoria de mulheres, as colegas de trabalho. Têm a delicadeza das flores e só elas sabem humanizar esse ambiente onde passamos a maior parte do tempo de nossas vidas. Mulher é tudo na vida, as respeito e as venero. Uma benção dos ceus! Assim pensa o menino, de feliz infância passada nas Lavras do Funil e que, literalmente, sempre viveu cercado por elas.


 Brasília, 8 de fevereiro de 2013.

Paulo das Lavras



O Centro Cultural do Rio de Janeiro. Fotos de Paulo Roberto da Silva, em 21/07/2011
Museu Nacional de Belas Artes - Rio
Foto do autor - nov 2011

Teatro Municipal- Rio
Foto do autor - nov 2011


Hall principal do Museu Nacional de Belas Artes
Foto: Arquivos do Museu de Belas Artes


Biblioteca Nacional - Rio
Foto do autor - nov 2011



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