domingo, 6 de agosto de 2023

O Idoso e as Tecnologias da Informação

 

Eu pensava que a resistência dos idosos em utilizar as Tecnologias da Informação – TI com seus inúmeros e variados recursos de aplicativos, desde as compras on-line ao in banking, se restringiriam apenas aos aspectos físicos, de eventuais deficiências. Dificuldade de visão e ofuscamento com o brilho das telas dos celulares ou computadores, fraca articulação dos dedos para digitar e principalmente as minúsculas telas de celulares e ainda mais com os mais minúsculos teclados, daqueles em que os dedos de idosos, mais grossos e de difícil articulação (as vezes tremem), acabam atingindo duas teclas ao mesmo tempo. Resultado, palavras incompreensíveis digitadas ou até mesmo disparando controles e funções do celular que acabam fechando a página e passando para outras que nada têm a ver com a tarefa em execução. Perde-se tudo e frequentemente a paciência, diante de tanta dificuldade.  É natural que isso ocorra, pois não se pode comparar o vigor de uma criança de cinco, dez ou vinte anos com a agilidade já desgastada de um idoso. Natural? Sim, talvez, e até mesmo compreensível que os idosos tenham tais dificuldades e por isso resistam ao uso dessas tecnologias que aí estão para facilitar nosso dia a dia. Mas..., porém, todavia, entretanto, contudo, não obstante e ainda assim..., não são essas as únicas e quiçá, as principais razões para que eles rejeitem as TIs.  Fiquei muito surpreso e pensativo ao ler a seguinte história que um amigo postou nas redes sociais, veja e vamos ver se coincidimos nas conclusões:

“Passei uma hora no banco com meu pai , pois ele teve que transferir um dinheiro.

Eu não pude resistir a mim mesma e perguntei —

—"Pai, por que não ativamos seu banco pela Internet?" —

— "Por que eu faria isso?" — Ele perguntou.

Bem, assim você não terá que passar uma hora aqui para fazer uma transferência.

Você pode até fazer suas compras online. Tudo será tão fácil!

Eu estava bem animado em iniciá-lo no mundo do Internet banking.

Ele perguntou: — Se eu fizer isso, não terei mais que sair de casa?

—Sim, Sim! — Eu disse.

Eu disse a ele que até os alimentos podem ser entregues na porta de casa, agora com a Amazon!

Sua resposta me deixou sem palavras.

Ele disse: - Desde que entrei neste banco hoje, encontrei quatro dos meus amigos, conversei um pouco com o pessoal que agora me conhece muito bem.

Você sabe que estou sozinho, e esta é a companhia de que preciso. Gosto de me arrumar e vir ao banco. Tenho bastante tempo, é o toque físico que anseio.

Dois anos atrás eu adoeci. O dono da loja de quem compro frutas veio me ver e sentou-se ao lado da minha cama e chorou.

Quando sua mãe caiu alguns dias atrás, durante sua caminhada matinal, nosso dono da mercearia local a viu e imediatamente pegou seu carro para levá-la para casa, pois ele sabe onde eu moro.

Agora me diga: Eu teria aquele toque humano' se tudo ficasse online?

Por que eu iria querer que tudo fosse entregue a mim e me forçar a interagir apenas com meu computador?

Gosto de conhecer a pessoa com quem estou lidando e não apenas o 'vendedor'. Isso cria laços de relacionamentos.

A Amazon oferece tudo isso também?

"Tecnologia não é vida. Passe tempo com as pessoas, Não com dispositivos."

O mundo está morrendo por causa das facilidades que fizeram as pessoas sedentárias...  (https://www.facebook.com/mensagememocionante)

 

E então, você também gosta de ir ao supermercado ou até mesmo ao banco para pagar suas contas? Eu gosto. Às vezes as pago pelo banking net, mas só aquelas de última hora e quase sempre à noite. No mais, pego carro, que vive 90% do tempo na garagem e vou ao banco. Além dos atendentes bancários e do gerente, páro para um dedo de prosa com o vendedor de bugigangas e o outro da banca de frutas ali à porta. Deste eu até já me tornei consultor sem remuneração. Ensinei-o a escolher e abastecer seu negócio com frutas bem granadas e refugar, não receber os restos do CEASA, com bananas magras, cheias de quinas, mangas extremamente verdes e que não amadurecem, pois enrugam e azedam em casa e não se prestam para consumo. Destino final... lixo. Da mesma forma na feirinha dos produtores rurais, às quarta feiras aqui ao lado do condomínio. Um vendedor já grita de longe...,  “doutor, engenheiro agrônomo, venha conferir a qualidade de nossas verduras, fresquinhas, colhidas nesta madrugada e frutas bem granadas”. Para este eu inventei que só compraria aquelas bananas mirradas, cheias de quinas, com uma condição: se ele me desse umas dez lixas de unhas, dessas usadas em salão de beleza, justamente para lixar as quinas das cascas das bananas que “cortariam” minha mão, de tão acentuadas... rsrs.

 

            Nem é preciso que eu continue a contar mais causos dessas andanças. Garanto que os amigos também têm muitos. Por isso assino e endosso integralmente aquele artigo acima e reforço as palavras do autor desconhecido:

“Passe tempo com as pessoas, não com dispositivos. O mundo está morrendo por causa das facilidades que fizeram as pessoas sedentárias...”.

Pura verdade, revistas médicas nos informam que nossos pais e avós, que caminhavam bastante, até mesmo para irem ao trabalho, eram bem mais esbeltos que nós , os sedentários de hoje e que temos dois amigos especiais que nos escravizam..., o computador e o celular. Não nos deixam sair, caminhar e prosear olhando as pessoas, olho no olho, sentindo as emoções conforme se queixou o pai ao filho na história acima.

Amanhã, segunda feira, início de mês, vou ao banco pagar as contas... e encontrar amigos! Ao amigo que postou a linda história eu assim respondi:

Mais que certo. De que adianta você ter centenas de amigos nas redes sociais? Muitos só querem aparecer. Nada curtem, não dão um alô sequer. Enchem sua página de postagens retransmitidas, sem sentido.

Estou com o idoso da história acima. Prefiro o Bom dia do atendente da padaria, do banco $$, do supermercado, frutaria e até dos bichos que encontro (cachorros, passarinhos silvestres como as curicacas e carcarás). Já me conhecem... rsrs e com eles também “converso” e aprecio a natureza, pois aqui temos o privilégio de morar em condomínios que são verdadeiras quadras- parques.

 

 

Brasília, 06 de agosto de 2023

 

Paulo das Lavras


Foto: https://br.freepik.com 



Com licença, curicacas e carcará deixem-me passar..., também quero caminhar....
Foto do autor


 


 
Veja a alegria de quem foi ao Banco do Brasil em Lavras, aproveita e usa o banco da praça. 
Pix? Doc?  Ora, ora, estes aplicativos não me contam casos, não me fazem relaxar... rsrs 
Foto: acervo Renato Libeck







 

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