sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Um amigo chamado Possato

 

Com o amigo Possato no aeroporto de Brasília. Para amenizar a diferença
 de altura de 1,70 x 1,90m, fiquei na ponta dos pés, mas, ainda
assim..., só nos igualamos na alegria do reencontro, ali mesmo na
confusão e pressa da sala de embarque do aeroporto de Brasília.
Foto: do autor - 16/03/2015


A maior glória para um professor é receber um elogio de ex-aluno. Neste Dia do Professor, já aposentado há uns dez anos, quero comemorá-lo lembrando-me dos queridos ex-alunos. Quanto maior for o tempo decorrido entre a formatura do ex-aluno e o encontro casual, maior será a alegria, o prazer, o orgulho do professor ao receber os cumprimentos ou um simples “obrigado, mestre”. Possato era assim, sempre nos chamava de mestre e com um largo sorriso, demonstrando todo seu carinho e atenção. Mesmo que ele não tenha ocupado uma cátedra, pode, sem duvida, ser chamado de Mestre. Mestre da atenção, do carinho pelas pessoas, empatia, respeito, probidade no trato da política e sobretudo mestre na dedicação e amor à terra em que nasceu e a toda sua gente. Foi, sem dúvida, um mestre nessa arte.  

 

Raramente via o ex-aluno da Esal/Ufla, Antônio Marcos Possato, em minhas idas anuais a Lavras, mas quando nos encontrávamos ele tinha o mesmo sorriso e empatia que sempre o caracterizavam como na foto que abre esta crônica, tomada na sala de embarque do Aeroporto de Brasília, em encontro casual, quando ele desembarcava de um voo procedente de Manaus e eu partia rumo a Salvador/BA. Era mesmo, um reencontro de amigos, como sempre! Ele era assim indistintamente com todos. Em qualquer lugar ele se apresentava e gritava de longe..., “Mestre!” e nos abraçava efusivamente. 

 

Lembro-me, particularmente de dois encontros casuais com o amigo Possato e um último contato pelas redes sociais. Outro encontro foi em agosto de 2013, quando promovemos em Lavras um evento social. De Brasília, conseguimos levar à Lavras, o escritor Carlos Murilo Felício dos Santos, velho amigo da cidade desde os tempos em que era secretário particular de JK, Govenador de Minas Gerais e depois Presidente da Republica. Sempre acompanhou JK nas visitas a Lavras, inclusive na festa do Centenário da Cidade. O evento social que promovemos foi o lançamento do livro de Carlos Murilo, intitulado “JK- Momentos decisivos contra o golpismo no Brasil”. Realizado na Casa Rosada, com o patrocínio da Secretaria de Cultura de Lavras, contou, para nossa grata surpresa, com a presença do Vereador Marcos Possato, então Presidente da Câmara Municipal, que lá compareceu representando a edilidade.

 Foto histórica, na Casa Rosada. Lançamento do livro “JK- Momentos decisivos contra o golpismo no Brasil”. Da esquerda para a direita: Nilson Salvador, Pró-reitor de Cultura/Ufla; Vereador Marcos Possato, Presidente da Câmara Municipal; José Scolforo, Reitor da Ufla; Carlos Murilo Felício dos Santos, Paulo Roberto da Silva e o Vice-Prefeito, Aristides Silva Filho
Foto: do autor -  Casa Rosada- Lavras 30/08/2013 

Recentemente, em 20 de abril deste ano, o Vereador Possato enviou-me uma mensagem, via whatsapp, informando que havia apresentado um projeto à Câmara Municipal de Lavras, que foi aprovado, concedendo o título de Cidadão Honorário de Lavras ao prof. Alysson Paolinelli e que eu seria um dos convidados especiais, como um dos oradores oficiais da solenidade, com pronunciamento de saudação ao homenageado cidadão honorário. A solenidade deveria se realizar tão logo decrescesse a pandemia do Covid-19. Falamos muito sobre o homenageado, Alysson Paolinelli, especialmente sobre sua atuação aqui no Ministério da Educação-MEC, conforme artigo que publicamos na Revista Patrimônio Histórico de Lavras, editada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Lavras- IHGL. Poucos lavrenses sabem dessa brilhante atuação de Paolinelli no MEC, durante a década de 1960. Ele foi o principal responsável pela grande mudança no conceito da formação na Agronomia, introduzindo o conceito dos Land Grant College, com a trilogia Ensino, Pesquisa e Extensão que o MEC se recusava a adotar, por ser muito dispendioso e preferia continuar com o academicismo de origem francesa então vigente. Paolinelli batalhou durante toda aquela década, até que o MEC cedeu e adotou o método dos Land Grant College para o ensino agrícola superior. Possato passou, então, a conhecer mais esse trabalho do antigo diretor da Esal/Ufla e passou a divulgar mais esse grande feito de Paolinelli. De nossa parte ficamos honrados com o convite e desde aquele 20 de abril, esperávamos a atenuação da pandemia para a realização da sessão solene na Câmara Municipal. Infelizmente, a terrível pandemia foi cruel e não o poupou. Passados pouco mais de quatro meses de nossa conversa e seu honroso convite, com a esperança de que a pandemia logo se arrefecesse, esta foi mais rápida e traiçoeira, ceifando prematuramente a vida de nosso querido amigo Marcos Possato, com 67 anos de vida, em pleno gozo de saúde, com seu físico atlético de praticante de esportes, vindo a falecer apenas cinco dias após seu internamento hospitalar, acometido pelo implacável vírus Covid-19.

 

Grande perda para a comunidade, pois foi um homem publico sério, honesto, honrado e competente, além de ter sido um dos políticos mais atuantes em prol do município e sua gente. Ele fez muito por Lavras e merece todo o nosso reconhecimento. Perda maior foi para a sua família que ainda estava de luto pelo seu irmão mais velho, que faleceu havia pouco mais de 30 dias, também de Covid. Luto em dobro.

 

Neste meu Dia do Professor, homenageio um ilustre ex-aluno da universidade onde fui professor, o querido amigo e Vereador Antônio Marcos Possato. Triste, muito triste, pois um professor, tal qual um pai, nunca pensa em perder um ex-aluno, ou filho. Sempre esperamos que eles vivam muito tempo, para que tenhamos, sempre, a alegria de acompanhar seu sucesso e deles ouvir, como sempre ouvi do inesquecível Possato, aquele grito..., “Mestre”, num misto de alegria e respeito mútuo. Nosso abraço de profundo pesar a toda a família e que Deus nos conforte a todos.

 

Brasília, 15 de outubro de 2021 - Dia do Professor

 Paulo das Lavras


Cidadão atuante em todos os sentidos. Aqui, fotografei Marcos Possato no 
Desfile Cívico do Dia da Pátria, representando os Atiradores Veteranos. 
Foto do autor: Lavras, 07/09/2012

 




  

9 comentários:

  1. Muito feliz por você ter registrado (compartilhado) aqui momentos especiais como o meu tio, Mestre! A família agradece a homenagem. Ele vive em nossas memórias e coração.

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    1. Com certeza, O Marcos Possato deixou marcas em todos nós e acho que consegui expressar um pouco disso na crônica acima. Sua memória ficará, sim, em nossos corações.

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  2. Lindo texto!! Também agradeço imensamente as carinhosas palavras, em nome da Familia Possato! O que nos consola é saber o quanto ele foi amado e estimado! Onde estiver, esta feliz, como sempre foi.🙏🙌❤

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    1. Verdade, o amigo Marcos Possato sempre foi muito amado e estimado por todos que o conheceram. Ele nunca se esquecia de ninguém. Por isso será semore lembrado.

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    1. Obrigado. A beleza está na alma daquele que foi retratado, Marcos Possato, que ficará na lembrança de todos nós.

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  4. Prezado Sr. Paulo, bom dia! Desviando do assunto, mas lendo um outro artigo seu, "Preciosidades de Minas: o Algodão, ovelhas, fruticultura e o papel da mulher na lida do campo...", encontrei algumas referências aos Ribeirão Maranhão e Ribeirão d'Água Limpa. alvez possa me dar informações sobre uma fazenda que ficava justamente pelos lados do Ribeirão Maranhão, e do Ribeirão d'Água Limpa, se trata da fazenda do Ribeirão, que no começo do século passado foi propriedade do casal João Alves Batista (+1914) e de sua esposa D. Lina Augusta Viana. Após a morte de João Alves em 1914, a fazenda foi dividida entre seus vários herdeiros, como João Alves Batista Júnior, Nestor Pereira de Oliveira e Isolina Alves Batista, Joaquim Antonino Guimarães e Maria da Conceição Guimarães, Amélia Alves do Nascimento e Juvenal Alves Batista. Cumprimentos!

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    1. Vinicius, somente hoje acessei seu comentário. Conheci dois dos citados herdeiros: Nestor Pereira de Oliveira e Joaquim Antonino Guimarães. Este último era conhecido por Sô Quinca Guimarães e morava numa casa onde hoje se situa o predio do Condominio Serra da Bocaina, na Rua Francisco Sales, um pouco acima da esquina com Chagas Dória. Era vizinho de meu avô, Amisio Gaspar.
      Sr Quincas era o proprietário da Fazenda Ribeirãozinho, a mesma citada por você. Estive lá uma única vez e não fica muito distante da fazenda de minha família, da qual falei na citada crônica da criação de ovelhas. Tenho o nome de duas pessoas que poderão lhe ajudar a localizar nomes de herdeiros atuais, ou mesmo ir até a fazenda: meu irmão Anizio Pereira da Silva e a prima Elvina Amarante. Tenho certeza que meu irmão se disporá a lhe levar até a Fazenda Ribeirãozinho. Repassarei os contatos pelo whatsapp. Um abraço

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    2. Prezado Paulo, agradeço o retorno! A fazenda então ainda existe? Eu sou pesquisador, e faço pesquisas genealógicas, gostaria muito de encontrar descendentes dessas pessoas atrás de fotos, documentos e histórias! Segue meu e-mail para contato: vinicius.genea@gmail.com

      Agradecido!

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