terça-feira, 26 de janeiro de 2021

O Homem Translúcido

 

Leitura concluída.

Autora - Deo Saraiva


 
O livro de Deo Saraiva. Vale a pena ler. O enredo passa-se no ano de 2035, bem ali, apenas 15 anos à frente. Ficção bem realista, até mesmo para engenheiro que há 50 anos está acostumado a lidar com as máquinas de inteligência artificial.
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Surpreendente a peça ficcional de Deo Saraiva, até mesmo para um engenheiro, de pensamento cartesiano, acostumado desde o ano de 1971, há exatos 50 anos, no começo da era computacional, com um dos primeiros “cérebros eletrônicos” (assim eram chamados os computadores), o UNIVAC, gigantesco, do tamanho de uma sala de aula, ali na USP/EESC, porém minúsculos na memória de apenas 400K (um simples smartphone de hoje tem dezenas de gigabytes). Aquele gigante de pequena memória usava válvulas, pois não existiam ainda os chips e elas esquentavam demasiadamente o ambiente que precisava ser refrigerado com vários aparelhos de ar condicionado. O Univac, computador recém-inventado, tinha que ser alimentado com montanhas de cartões recheados e picotados com as programações em linguagem Cobol ou Fortran que, nós mesmos, os mestrandos em engenharia, éramos obrigados a programar (não existiam os tais softwares para se comprar nas famosas lojas de App... rsrs). Pois bem, agora, ler um romance de ficção tendo a inteligência artificial como pano de fundo, foi indubitavelmente uma experiência diferente, inusitada e posso dizer muito aprazível, interessante mesmo se comparado com os avanços atuais depois de 50 anos de uso dessas máquinas inteligentes. Muito provavelmente será mesmo possível criar-se um homem translúcido, com a inteligência artificial e que se apresentará sob a forma de um holograma que, à vista em 4D, se transforma em realidade virtual que ama seu criador, aquele que detém seus comandos cibernéticos.

 

            Foi bem assim mesmo que me senti com a leitura do romance futurista, escrito por Deo Saraiva e que nos leva ao mundo da Inteligência Artificial – IA de forma suave, conduzindo-nos para as facilidades que os robôs nos proporcionam em todos os segmentos da vida. Começa pelo mundo da moda, com a perfeição ímpar nas criações, modelagens virtuais ao vivo, ao gosto da cliente e sem sair de casa. A madame recebe a encomenda, via drone aéreo, com seu vestido já provado, testado virtualmente em manequim à sua imagem e semelhança, conforme escaneado por robô. Paga com criptomoeda e depois vai com seu acompanhante, em taxi-drone-aéreo para a festa de gala ou restaurante de luxo. Também passa pela produção agrícola high-tec com drones autônomos controlando a irrigação, aplicação de defensivos e fertilizantes numa fazenda da família de Norah, a principal personagem do romance. E aqui podemos dar o testemunho do realismo, pois como diretor do Ensino Agrícola Superior, do Ministério da Educação-MEC, introduzimos a informática na Agricultura, já em 1983, quando realizamos em Fortaleza (UFC), em parceria com o Ministério da Agricultura e a Secretaria Especial de Informática (hoje MCTI), o I Seminário Nacional de Informática na Agropecuária – INFOAGRO, Desde então criamos com pioneirismo na América Latina a matéria/disciplina de Informática na Agricultura, nos cursos de ciências agrárias – a agronomia, engenharia agrícola e florestal.

 

Em seu romance bem estruturado, a autora usa e abusa dos drones sob a forma de taxi aéreo, carros autônomos, entregadores e auxiliares em tudo e em todas as atividades humanas. Sim, a autora faz isso com muita habilidade a ponto de deixar até engenheiros com vontade de viver naquele mundo futurista, bem ali no ano de 2035, apenas 15 anos à frente. Depois de nos induzir a viver e maravilhar-nos com as tecnologias decorrentes da IA, introduz o fator humano no enredo e daí a história de Norah, especialista em IA e principal protagonista, se desenvolve com as mais diversas e surpreendentes situações com seu “ente”, criado por ela, de nome Ali e que a acompanha em forma de holograma. Criou-o em realidade aumentada (4D), à imagem de um homem para suprir a sua solidão, numa relação virtual incrível. Mas..., porém, todavia, entretanto, contudo, não obstante e ainda assim (... ufa!), sempre há um óbice em qualquer história por mais maravilhosa que seja. A criatura virtual deu sinais de querer controlar sua criadora e então começam os problemas. Norah teve que arquitetar um plano secreto, pois até os seus chips de controle de saúde serviam de fonte para o robô Ali, pois ele tudo via e ouvia o que ela dissesse e... pensasse (sim, no futuro teremos chips no corpo, conectados a sistemas de saúde /médicos e que monitorarão nosso corpo e darão diagnósticos precisos em qualquer caso de anomalias).

 

Não vamos contar aqui o desenrolar e tampouco o desfecho dessa bela ficção que até mesmo aos olhos de um engenheiro pareceu por demais realista. O certo é que a autora nos conduz, na figura de Norah, ao mundo das relações virtuais e a solidão do ser humano na era da IA que, mesmo hoje, nos prende por horas e horas nas redes sociais. Mas, mais surpreendente, ainda, é o final que a autora reservou para Norah, a criadora do robô, depois que executou seu plano para se livrar do jugo de Ali, sua criatura de IA quase autônoma.

Gostei e recomendo a leitura!

 

Brasília, 26 de janeiro de 2021

Paulo das Lavras

 

 

O Ministério da Educação, por meio da UFC, organizou o primeiro Seminário Nacional de Informática na Agricultura, intorduzindo essa matéria nos currículos dos cursos de Ciências Agrárias. Hoje, quase 50 anos depois os drones, dotados de computadores, aí estão a auxiliar no que agora chamamos de Agricultura de Precisão. De seu escritório ou de qualquer parte do mundo, onde quer que se encontre, o produtor rural comanda a sua lavoura, a um simples toque em seu smartphone.

No romance “O Homem Translúcido”, a autora, Deo Saraiva, menciona esse e outros avanços da Inteligência Artificial, numa peça ficcional, mas muito próxima da realidade, sobretudo se projetarmos tais avanços para o ano de 2035, quando ela, a autora, ambientou sua história, cheia de realismos.

Foto do autor – Folder do evento- arquivos pessoais e do Centro de Documentação do MEC






2 comentários:

  1. Sua crítica inflou meu ego de escritora, Paulo. Quando um livro é lido com prazer, e recebe uma avaliação como a sua, incentiva quem escreve a ir em frente. Estou exatamente em um momento de crise criativa, achando que não continuaria a escrever. Aí, vem você e me impulsiona à frente. Muito, muito grata por sua força. Um grande abraço. Deo Saraiva

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    1. E ainda nem falei do outro livro de sua autoria, "A casa das 365 janelas". Outra joia.

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