quarta-feira, 1 de maio de 2019

Felicidade não tem idade


Albert Camus, escritor, filósofo e jornalista francês (1913- 1960) escreveu poemas, peças de teatro, novelas e filmes, desenvolvendo um humanismo baseado na consciência do absurdo da condição humana e na revolta como uma resposta a esse absurdo. A revolta leva à ação e dá sentido ao mundo e à vida, nascendo em nós a estranha alegria que nos ajuda a viver e a morrer, disse o filósofo. Dentre tantos conceitos sobre a vida, deixados por esse grande humanista, que viveu na primeira metade do século passado e enfrentou a onda do existencialismo e do marxismo, destacamos:

“Sempre há um menino em todos os homens. A cada idade lhe cai bem uma conduta diferente. Os jovens andam em grupo, os adultos em pares e os velhos andam sós.
Feliz é quem foi jovem em sua juventude e feliz é quem foi sábio em sua velhice. Paradoxalmente, todos desejamos chegar à velhice e todos negamos que tenhamos chegado”.

            Vê-se, portanto que a felicidade cabe em qualquer fase da vida e, de certo modo, não podemos afirmar que a vida é mais feliz na infância, ou na juventude ou ainda na velhice. Mas, podemos afirmar, com certeza, que é na velhice que descobrimos o quão fomos e somos felizes. E a primeira prova é aquele velho ditado que sempre lançamos mão quando nos referimos à infância ou juventude. “éramos felizes e não sabíamos”. Sim, não sabíamos, pois quando crianças ou jovens, não nos preocupávamos muito com a reflexão sobre os valores da vida. Era tudo “alegria”, valia apenas o presente, o hoje, o agora como convém às crianças e jovens. Hoje, ao contrário, quando o tempo já se foi, encontramo-nos com o passado, voltamos à infância e à juventude e delas podemos extrair, enxergar o quão fôramos felizes. Ora, o simples fato de nos vermos felizes naquele passado já nos torna felizes. E foi por isso que outro filósofo, querido na minha terra, onde passou parte de sua vida como professor, Rubem Alves, disse que:
... quando velhos, nos tornamos crianças e junto com elas reaprendemos que a vida é brinquedo, é alegria. E assim se expressou: As almas dos velhos e das crianças brincam no mesmo tempo. As crianças ainda sabem aquilo que os velhos esqueceram e têm de aprender de novo: que a vida é brinquedo que para nada serve, a não ser para a alegria!  Tem coisa melhor do que ver e acompanhar as descobertas das crianças? Querem descobrir e aprender sobre tudo ao redor, aquilo que nós, naquela idade, também queríamos. Não há nada melhor do que ver e acompanhar as descobertas deles. Juntar-se a eles..., é a glória para os avós... Por isso, confirma-se o dito por Rubem Alves: “Nos tornamos crianças e com elas reaprendemos que a vida é brinquedo, é alegria”.

            Deve ser exatamente por isso que, quando chegamos à chamada terceira idade, buscamos refletir um pouco mais sobre os valores da vida. E tudo nos remete ao passado “feliz”, como a confirmar aquele velho ditado do “éramos felizes e não sabíamos”. E hoje, então, descobrimos, também, que a escrita é das melhores terapias para a alma. O ato de escrever é solitário e por isso permite uma profunda imersão no passado e ali encontramos as melhores reminiscências. Camus está certíssimo, ao afirmar que “Sempre há um menino em todos os homens. A cada idade lhe cai bem uma conduta diferente. Os jovens andam em grupo, os adultos em pares e os velhos andam sós”. Mas, eu acrescento: sim, os velhos andam sós, mas bem acompanhados de livros e suas próprias reminiscências.

Sim, brindemos a alegria de viver. Albert Camus, o humanista e o não menos igual, Rubem Alves nos ensinam que a felicidade mora em nós, em qualquer fase da vida.
Felicidade não tem idade!

Brasília, 01 de maio de 2019

Paulo das Lavras





Montando álbum da Copa Mundial de Futebol de 2014 com os netinhos.
É como se você estivesse “fazendo o seu próprio álbum”, na infância, tal qual afirmado
por Rubem Alves: “ As almas dos velhos e das crianças brincam no mesmo tempo”

Felicidade não tem idade!
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