quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Por que não uma Ministra da Educação?


Uma amiga postou nas redes sociais um convite para “Mudar o Brasil”. Propõe que as mudanças sejam praticadas e implantadas por você próprio, o cidadão: “Não fure fila; não jogue lixo no chão; recolha seu lixo; siga as leis de trânsito; confira o troco e seja honesto; não pegue nada que não seja seu; respeite a todos; respeite as vagas dos deficientes e idosos; não ultrapasse na faixa dupla das vias; respeite quem estiver na faixa de pedestres; trabalhe fazendo o melhor e seja a mudança que você quer ver. Tais recomendações vieram a propósito da crise politica, social e econômica que atravessamos em nosso país. Também se insere nesse contexto o recente escândalo da prova anual do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. Envergonhou a Nação, escreveu o jornalista Claudio Humberto, in verbis:
“O aparelhamento da prova do Enem causou mal-estar no Palácio do Planalto e irritação no Ministério da Educação, em razão das questões nitidamente “contaminadas” pelo clima eleitoral... Além de endossar conceitos da ideologia de gênero, a prova do Enem até fez propaganda de um dicionário gay sobre expressões “secretas”... A avaliação é que o tema da redação estimulou os alunos a atribuírem a derrota do PT a suposta manipulação de mensagens do WhatsApp... Aparelhadas” por grupos anti-Bolsonaro, as provas foram avaliadas como uma “provocação desnecessária”, na definição de um ministro, informou o jornalista”.


                Outro jornalista, Marco Antonio Villa, publicou no jornal Correio Braziliense, de 07/11/2018, um artigo intitulado: “Enem: o livro vermelho do PT”. Afirma que o panfletarismo petista continuou dominante. A cientificidade desapareceu. O conjunto do exame foi edificado para impor a visão do mundo petista e sem qualquer preocupação de uma avaliação do conhecimento obtido no ensino médio, completou o jornalista. E prossegue indagando por que dois textos de Eduardo Galeano? Um deles, inclusive em espanhol, mas, o importante era a crítica de Galeano ao capitalismo. A questão 31: Acuenda o Pajubá, sobre o dialeto secreto dos gays e travestis é ridícula ao afirmar que o dialeto é patrimônio linguístico. Ainda na esfera da ideologia de gênero, a questão 38 pede a interpretação de uma passagem do livro “Vó, a senhora é lésbica?”. Parece que a literatura brasileira está na prova do Enem apenas para legitimar uma determinada leitura das relações pessoais, disse o autor do artigo. Prossegue, com a questão 34 sobre a negritude e em seguida, cita a de número 45 que desqualifica Gilberto Freyre, disse Villa.

               Em sua extensa e competente análise sobre a malfadada prova do Enem-2018, o autor enumera outras questões sofríveis em relação à cientificidade e aferição de conhecimentos do ensino médio.  A de número 23, por exemplo, com conteúdo – O presentismo -, com negação do passado, publicado pela revista Carta Capital, órgão a serviço do projeto criminoso de poder (segundo classificação do STF, no processo do mensalão).  Também as questões 57 e 59 deturpam o conceito da Geografia e do papel do Estado, classificando-o de burguês. No campo da politica nacional, as questões 62 e 84 enaltecem o governo Goulart e atacam o regime militar sem mencionar a anistia, assinada poucos meses depois do artigo de Henfil, citado como base para as perguntas.  Como formar o aluno, com parcialidade e viés político?

            Vê-se, portanto, pelas análise dos dois jornalistas que o exame do Enem não buscou avaliar os conhecimentos do dos alunos adquiridos em três anos do ensino médio. Causou mal-estar no Palácio do Planalto e irritação no Ministério da Educação, com suas questões nitidamente “contaminadas” pelo clima eleitoral, além de endossar conceitos da ideologia de gênero, propagandear um dicionário gay sobre expressões “secretas” e induzir os alunos a acreditar que a derrota do PT se deveu à fake-news nas redes sociais. Finalizaram dizendo que as provas foram avaliadas como uma “provocação desnecessária”.
Mas, e agora? Bem, antigamente os professores do curso primário, que hoje corresponde às cinco séries iniciais do Ensino Fundamental (6 a 10 anos) eram quase todos do sexo feminino. Hoje representam 81,5%. No antigo curso ginasial, que corresponde às quatro séries finais do fundamental (6ª à 9ª série), dos 11 aos 14 anos, já aparecem em bom número os professores do sexo masculino, embora, ainda, a quantidade de professoras seja considerável. No ensino superior a relação de professoras/professores é mais equilibrada, quase meio a meio. A diminuição de mulheres no ensino médio e superior, em relação ao ensino primário, fica notória quando a educação vai se afastando do conceito de “cuidar” e as funções passam a ter características mais de ciência e tecnologias. Culturalmente, as mulheres sempre desempenharam o papel de educadora sensível e infinitamente melhor que o homem na educação das crianças e formação dos jovens. Mas, hoje, com a crescente emancipação, as mulheres já são maioria nas universidades e detém 52% dos títulos de qualificação superior. Ultrapassaram os homens nesse quesito.
 Assim, diante dessa nova realidade e considerando ainda suas qualificações, especialmente no magistério, a indicação de uma mulher para ocupar as elevadas funções de Ministra da Educação seria altamente desejável na atual conjuntura nacional. São talhadas para a formação humanística e como ninguém, sabem repassar os mais elevados princípios de respeito e moral para as gerações.
O Brasil precisa de um choque na Educação! Mais formação e menos politicagem nas escolas. Ninguém melhor que uma mulher para isso, sensível, vocacionada para a educação e formação de consciências humanitárias para a não-violência. Costumo dizer que, se antes, há mais de 50 anos a educação, os princípios morais e as regras de convivência social eram ensinadas em casa e tinham plena ressonância nas escolas, hoje está mudada a situação. As crianças são confiadas à escola desde os primeiros meses de vida, na creche e em seguida no jardim de infância, a pré-escola e por isso, é preciso que cuidemos mais da Educação e não simplesmente confia-las às cuidadoras, nem sempre instruídas ou qualificadas para tal. Talvez assim não vejamos tanto desrespeito aos professores, alvos frequentes de violências físicas e morais por parte de alunos.

Uma Mulher para Ministra da Educação, professora, educadora por vocação e sem filiação partidária, seria o melhor presente de Natal para este ano de 2018.

Brasília, 07 de novembro de 2018

Paulo das Lavras

 Esther de Figueiredo Ferraz – Ministra da Educação 1982/85

Foto: Internet



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