quinta-feira, 27 de junho de 2013

Passou um Meteoro em Brasília.... e deixou rastro


Passou um meteoro em Brasília ... e deixou rastro

 

Embora Bruno Giorgio tenha esculpido e pousado seu meteoro no espelho d´água que emoldura o Palácio Itamaraty, outro de maior peso e volume passou por aqui e sua velocidade contagiou os Três Poderes com rastro incontestável... a Manifestação popular, histórica, de quinta feira, 20 de junho de 2013. A velocidade espantosa com que o Executivo, Legislativo e Judiciário responderam às queixas da classe média em passeata pela Esplanada dos Ministérios deixa-nos, a todos, surpresos. Um milhão e meio de estudantes, senhores, senhoras e até crianças, descontentes com os rumos da política, foram às ruas de 12 capitais de estados deste imenso país.

A massa aterrorizou os políticos acostumados às mordomias e pouca ação. Acuados, com medo dos protestos e reações pela má qualidade dos serviços públicos e a falta de muitas outras ações políticas importantes, até fizeram serão no trabalho e falam em cancelar férias tanto no legislativo como no judiciário (60 dias de férias/ano), risível até. O Congresso já aprovou projetos engavetados há tempo, como o que classifica a corrupção como crime hediondo. Também derrotou a famigerada PEC 37 (semana passada a maioria dos políticos a aprovavam..., agora o milagre das ruas... risível, de novo.). O Judiciário acaba de mandar um político corrupto para a cadeia (agora sim, transitou em julgado e só resta a cadeia). Os mensaleiros condenados aguardam em pânico. Ótimo, pois a paciência se esgotou. O Executivo, rapidamente entendeu o recado e propôs um pacto em cinco frentes, priorizando o diálogo até então inexistente com os demais poderes da nação. Melhor ainda!

O mote inicial das manifestações, que se estendeu a quase tudo de errado na política e administração pública, foi a elevação da tarifa de transporte urbano. Para ficar apenas neste tema é bom lembrar que o mísero orçamento para Mobilidade Urbana, de apenas 1,5 bi de reais (menos do que se está gastando na construção de um único estádio de futebol, o Mané Garrincha, de Brasília... uma vergonha...) está contingenciado. Basta acessar o Portal da Transparência e ver: foram empenhados apenas 17,10% e...pasmem..., efetivamente gasto 1,9% (um vírgula nove). Melhorar o transporte público em todo o país, como assim? Dessa forma? Piada de políticos que decidem tudo, sozinhos, nos gabinetes, em cúpula, alheios às agruras do cidadão, como bem disse o presidente do STF. Essa cúpula econômica precisa parar de nos enganar. Retém (contingenciam, dizem eles eufemisticamente) os gastos/investimentos para criar superávits fictícios, artificiais para garantir “caixa” e assim penalizam a população. Por que não cortam gastos com custeios de excessos de pessoal em órgãos dispensáveis e viagens? Por que não ampliam esses investimentos em transportes públicos ou, no mínimo apliquem logo essa miséria de orçamento, menor que do que se investiu na construção superfaturada de um único estádio. Vergonha.... vergonha que os humildes nem conhecem. Chega de orçamentos fictícios. Seriedade, é o que pedimos na execução dos 710 bilhões arrecadados em impostos até o dia 15 de junho corrente.

              Tudo isso acontece em velocidade vertiginosa, embora de olho nas eleições vindouras, mas, empurrados pela velocidade inercial desse grande e temido meteoro, o povo nas ruas. Bruno Giorgio sequer pensou que um dia o seu belo meteoro, esculpido em mármore de Carrara e pousado bem ali em frente aos políticos, serviria de pedestal para manifestantes mais afoitos e inspiração para esta crônica de um cidadão esperançoso e crente num futuro melhor para essa geração de jovens manifestantes.

Brasília, 27 de junho de 2013

Paulo das Lavras

                                          Meteoro - escultura em mármore de Carrara, de Bruno Giorggio. Palácio Itamaraty

Banco Central- 710 bi arrecadados/entesourados, de janeiro a 15 de junho de 2013

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