A noticia do passamento, ontem
18/11/2018, de nosso querido Prof Nelson Werlang deixou-nos, a todos, muito
tristes. É um pedaço de nós que se vai. Ficará em nossa alma a imagem daquele
pai e professor amoroso que amava a todos e cuidava de nossa formação. Eu ainda
era um garoto quando fui escolhido, por ele, para substitui-lo em uma de suas
aulas de matemática para a classe do 2º ano do Curso de Normalistas, no Colégio
de Lourdes. Emoção a mil, nunca esquecida e foi, assim, o primeiro incentivo “oficial” que recebi para
seguir sua trilha, de professor, embora, dias depois, soubesse por uma das
alunas que “a aula até foi boa, mas o professorzinho, não era tão bonito quanto
o titular...” . O professor riu demais quando soube da piada das alunas e eu
lhe agradeci a oportunidade de estrear no magistério.
Quis o destino que, depois de muito
tempo, ele decidiu também ser professor na mesma universidade que eu, na nossa
querida UFLA. Ali, demonstrou, uma vez mais, o seu brilho intelectual a ponto
de provocar nos demais colegas da área de ciências exatas, a concessão, via
Conselho Universitário, de título honoris
causa, de Professor Emérito. Foi considerado o mais inteligente de toda a
sua geração, ou simplesmente “Nelsão, O Mestre”. Poliglota, recebia alunos
estrangeiros e os ensinava nos idiomas de origem, o inglês, francês, alemão (o
preferido) espanhol (aprendi esse idioma com ele, no Manual de Espagnol, de
Idel Becker/USP), e se ainda fosse necessário falava Latim e um pouco de Grego.
Perdi um grande amigo, com o qual sempre me
relacionava, ainda que à distância. “Der Lehrer” – assim, em alemão, eu sempre o chamava,
carinhosamente. Nunca vamos esquecê-lo e tenho certeza que a profunda dor de
hoje se transformará, em breve, em orgulho. Orgulho pelo que ele foi e fez para
a família e milhares de ex-alunos como eu. Orgulho pelo que nós, todos, pudemos
oferecer-lhe, o carinho e o reconhecimento, ainda em vida, por tudo que merecia. E os familiares, especialmente os filhos, Érika e André, podem e devem se sentir duplamente recompensados e orgulhosos, pois o levaram para perto, aí em BH e dele cuidaram
com a maior atenção, carinho e amor.
E eu pude comprovar isso, ao visita-lo
há uma ano, em sua casa, em BH, justamente ao lado do antigo endereço de minha
sogra e, até nisso, minha alma se alegrou por ali estar. Por quase uma hora
pude com ele conversar longamente, relembrar saudosas histórias e fatos
acontecidos em Lavras. Mais do que isso, fiquei imensamente feliz por vê-lo
ali, tranquilo e até se alegrar, descontraidamente, com a minha presença. Contou
casos dos tempos de colégio e seus estudos na Alemanha, em 1962, os quais eu
também os tinha bem presentes na memória, inclusive do primeiro dia de seu
retorno da Europa, quando nós, seus alunos, o cercamos antes da primeira aula
do ano letivo e o fizemos contar as novidades da Deustchland que, um dia,
também sonhávamos conhecer. E seus relatos nos incentivaram ainda mais.
Educador nato!
Realizei o sonho, e de lá, em Carlsrhue, próximo
à Baviera, para onde me dirigia, enviei-lhe um cartão postal (ainda não existia
internet): “Prezado professor, lhe
prometi que um dia conheceria a “sua” Alemanha e aqui estou, ainda que tarde (1988),
25 anos depois. Você foi melhor que eu, pôde aqui estudar e eu somente vi a
mais antiga das universidades, de Heidelberg, fundada em 1386 e hoje tenho 11
anos a mais que você quando aqui esteve...rsrs...”. E assim nossos laços iam se
reforçando, apesar da distância, pois ele residia em Lavras e eu em Brasília. E
nos deleitamos com as histórias mútuas de Brasil e Alemanha, naquela gostosa
visita de setembro de 2017, ali em sua casa, na linda cidade de Belo Horizonte, onde trabalhei por um ano e frequentava o bairro e a mesma rua onde ele estava morando.
Naquele dia que o visitei, tive a certeza de que, tão
especial quanto ele, eram seus filhos que ali cuidavam de seu merecido bem
estar. Não os encontrei, devido ao horário e escassez de tempo. Mas, pude
imaginar o quão especiais vocês eram e certamente o são. Neste ano, liguei e falei com a cuidadora, que conheci antes
e ela informou que ele estava repousando e passava relativamente bem. Postei a
notícia nas redes sociais e muitos amigos curtiram e comentaram a satisfação
pelas boas notícias. É por isso que lhes digo que, em breve, Deus removerá esse
profundo e dolorido sentimento de perda e vocês se sentirão orgulhosos pelo que
receberam e também pelo que retribuíram a esse valoroso e querido pai. Assim
ele permanecerá para sempre em suas e nas nossas mentes.
Requiem aeternam dona
eis, Domine, como recitávamos, acolitando o celebrante nas missas do seminário e também do Colégio
Aparecida, onde estudei e ele, o Prof Nelson Werlang, atuou por toda a vida. Descanso
eterno dê-lhe, Senhor!
Que
Deus nos conforte a todos.
Brasília,
19 de novembro de 2018
Paulo
das Lavras
A Educação
está em Luto, em Lavras e no Brasil. Perdemos, hoje, uma das mentes mais
brilhantes,
dos colégios (desde 1955), das faculdades e por último da Universidade
Federal de Lavras, o
Prof. Nelson Wilibaldo Werlang.
O querido Mestre, Prof. Nelson, quando de minha visita, em setembro de 2017
Prof. Nelson Wilibaldo Werlang.
O querido Mestre, Prof. Nelson, quando de minha visita, em setembro de 2017
Foi um ótimo professor. Gostei muito da sua cronica também. Meus sentimentos.
ResponderExcluirObrigado ammigo. Com certeza ele foi dos melhores professofes que passaram por Lavras.
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