terça-feira, 23 de junho de 2015

Luto no mundo das artes

Há pessoas que marcam a gente de maneira indelével. Tocam nossa alma, seja no mundo artístico ou esportivo, para ficar apenas no campo do entretenimento.  Quando partem deixam um vazio em nossos corações. Assim foi com Ayrton Sena, Paulo Gracindo, Raul Cortez, José Wilker, Hebe Camargo, Dina Sfat, Nair Bello e tantos outros. Sempre deixam e permanecem as recordações de bons momentos e entretenimento que eles nos proporcionaram.

No que se refere a entretenimento e gosto pelas artes cênicas, uma das razões pelas quais prefiro filmes hollywoodianos a de outros países é justamente a qualidade das trilhas sonoras. Não há igual e nesse cenário, um compositor se destacava. Cito, de sua autoria, a trilha sonora do filme “Titanic”, o épico mais premiado do cinema. Grande parte do sucesso desse filme se deve à sua trilha sonora. Experimente ouvir as principais músicas temáticas da trilha sonora e diga se são, ou não, maravilhosas. Verdadeiro convite à introspecção ao cenário do drama dos sobreviventes que se salvaram do desastre. Aquelas músicas nos levam a uma profunda reflexão sobre a vida e o quão frágil ela é, mesmo diante da “fortaleza gigante, inafundável” como diziam os engenheiros navais que projetaram enorme transatlântico de luxo.

James Horner, assim se chamava o renomado compositor, vencedor de dois Oscar, justamente pela trilha sonora de "Titanic", que também inclui o megassucesso “My Heart Will Go On", com a belíssima interpretação de Celine Dion. Também foi autor das trilhas sonoras de diversos filmes como "Coração Valente", "Avatar", "Apollo 13" e "Uma Mente Brilhante". Todos de grande sucesso de bilheteria e premiações.

James Horner morreu ontem, em um acidente aéreo, aos 61 anos, depois que seu avião, pilotado por ele próprio, caiu em Santa Barbara/Califórnia, nos Estados Unidos. Tinha, segundo os amigos, enorme coração e talento inacreditável. Brilhante compositor, sem dúvida alguma, um grande artista Ele morreu fazendo o que amava, disse uma de suas assistentes na Califórnia. Deixa-nos uma grande lacuna, mas sua obra permanecerá em nossos corações. Experimente:

- Hymn to the Sea  James Horner  Trilha Sonora de Titanic
                                                     https://www.youtube.com/watch?v=pfqDyObazEA
- A Life So Changed  - James Horner -  Trilha sonora de Titanic                                       https://www.youtube.com/watch?v=lFH_wtkt42E
- My Heart Will Go On  -   http://letras.mus.br/titanic/40317/#topsTitanic  


Brasília, 23 de junho de 2015

Paulo das Lavras 


 
           O músico - James Horner – 1954-2015  
                

 
Não há como não se lembrar de suas composições

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Infância feliz... adeus depressão

           Sentir-se feliz é uma situação ocasional ou é uma característica da personalidade das pessoas?  Já faz tempo que a ciência descobriu que a personalidade do adulto está relacionada à atenção que ele teve na infância. O amor dos pais e a atenção que eles e outras pessoas dedicam à criança fazem toda a diferença. Esses relacionamentos, desde a tenra infância até os seis ou sete anos, moldam as caraterísticas de nossa personalidade.

Nada é mais devastador que o sentimento de rejeição, seja pelos pais, em pior escala, ou ainda pelos familiares e pessoas que vivem redor da criança, como as babás, professores, treinadores e tantos outros que, infelizmente, poderiam ser chamados de pais terceirizados. Crianças rejeitadas carregam para sempre a dor na alma. Tanto as crianças como os adultos sentem a dor da rejeição tal qual a dor física. E pior, pois enquanto a dor física passa, alivia, a dor psicológica da rejeição pode ser revivida por todo o tempo. Isto porque as partes do cérebro que armazenam e ativam tais sensações são as mesmas tanto para a dor física como da rejeição. 

E isto está comprovado em mais de meio século de pesquisas internacionais nos campos da psicologia e da neurociência. Estudos com mais de 10.000 participantes, nos EUA, confirmam que as crianças rejeitadas sentem mais ansiedade e insegurança, e são mais propensas a serem hostis e agressivas. Quando adultos, entram em depressão mais facilmente, além de dificultar o relacionamento interpessoal, seja no trabalho, com amigos, ou mesmo com o cônjuge e a família. E a culpa, dizem os estudos, não é só da mãe. Esta é injustamente inculpada, quando na verdade a rejeição por parte do pai é pior. A criança, diz o estudo, sente mais a ausência do pai, a falta do carinho, a aceitação e a valorização por parte dele. Diante disso, o pai, terá que mudar seus conceitos. Aliás, toda a nossa sociedade machista que, diante de uma criança ou adulto mal educado, não poupa os xingamentos à mãe, ou à suposta falta dela, com a mais vil das ofensas à honra. Se nossas penitenciárias e centros de reeducação juvenil estão lotados de condenados não é culpa somente da mãe, conforme já comprovado pela ciência. 

Uma pesquisa publicada neste mês pela Revista Nature comprovou que as experiências relevantes deixam marcas permanentes no tecido nervoso, os chamados “engramas cerebrais”, formados por conjuntos de neurônios que foram estimulados e se transformaram em “traços da memória”.  Ora, traços da memória são as marcas permanentes dos neurônios resultantes de aprendizado, experiência ou treinamento. Quando estudamos e decoramos uma lição, por repetidas vezes,  ela é “gravada” nos  neurônios e depois é só forçar a mente durante a prova e a decoreba vem inteirinha. Esse processo de repetir e repetir sempre, até chegar à decoreba, faz com que os neurônios “se irritem”, engrossem seu micro diâmetro e assim facilitam o circuito neurológico, tornando-os  capazes de transmitir mais rapidamente e intensamente as informações armazenadas. Assim se forma a memória consolidada, para sempre. Agora, transponha isso para o lado afetivo da criança. Quanto mais amor, carinho e atenção com respostas positivas às suas indagações ou erros e respeito à sua condição de criança que aprende com o lúdico, mais e mais os seus neurônios irão “engrossar” e assim favorecer as ligações e recuperação de lembranças positivas. Não se pode esquecer que o cérebro da criança é como um computador novo, virgem, que precisa ser formatado, pois seus “circuitos” estão livres, sem trilhas, ou “programas”. Essas “trilhas”, os neurônios engrossados pelo estímulo, se tornam permanentes, são os “traços da memória positiva” que, obviamente, moldam a personalidade da criança/adulto. 

A mais importante descoberta nessa mesma pesquisa, realizada no Instituto de Tecnologia de Massachussetts (EUA), foi que se estimulado, ativado o local onde estão os traços da memória positiva, o cérebro dispara o efeito antidepressivo. Assim, conclui-se que crianças que tiveram a infância feliz estão mais propensas a ficarem livres da depressão. Ou, em outras palavras, o passado feliz ajuda a combater a depressão, ou ainda..., tornam os adultos felizes! 

              Feliz? O menino setentão? Mesmo com uma pleurite aguda aos dois anos de idade que quase o levou à morte, segundo as palavras do médico e prefeito da cidade, Dr Jacinto Scorza, que o operou naqueles idos de 1947, há mais de sessenta anos? Deve ter sido verdade, pois a família sempre contava que o menino passou quase um ano, após a cirurgia, em convalescência, literalmente no colo E mais..., a série de acidentes graves não parou por aí. Um afogamento com ressuscitação por massagens aos quatro anos e logo depois, aos cinco, outro acidente que lhe cegou o olho direito. Mas, então..., como assim infância feliz?

            Pela descrição acima parece que não daria para se afirmar que tive uma infância feliz. Mas, muito pelo contrário, tais acidentes de percurso tiveram papel fundamental na formação da personalidade do adulto, moldada justamente naquele período crucial dos infantes. Houve ingredientes infalíveis que anularam para sempre todo e qualquer possível efeito danoso à alma daquela criança. E hoje, para comprovar que só restaram boas lembranças gravadas na memória, recorro-me, além da ciência, às palavras de um cronista e jornalista, o mineiro conterrâneo, Caio Márcio Olímpio: 

“Fui uma criança feliz. Criado por pessoas que tinham idade para serem meus avós, usufrui de um aprendizado de muita experiência.... Sinto saudades da infância, mas não gostaria de voltar. O futuro é o que importa. E o menino que existe em mim vem sempre me dar a mão quando preciso. Assim, a saudade morre. Fui adulto desde cedo, numa história diferente, repleta de lacunas até hoje, e que chegou criança para espantar a todos que a conhecem... Feliz Dia das Crianças, aos que ainda permanecem meninos e meninas.”

            A bela crônica, que contém as palavras acima pinçadas, bem espelha o estado de felicidade, em função de algo “diferente” que deve ter acontecido com o autor lá pela primeira infância. Qualquer psicólogo saberia explicar as razões do estado de felicidade do adulto, mas nem precisamos deles. Basta citar o que uma amiga lhe disse sobre aquela crônica nas redes sociais:
 “fui testemunha de sua infância toda, você foi muito amado! Não deixe morrer essa criança dentro de você é ela que te faz forte para enfrentar o futuro nada fácil”.

            Voltando à ciência, pesquisa realizada na Universidade da Pensilvânia- EUA demonstrou que as crianças que foram submetidas a fortes laços afetivos, desenvolveram mais rapidamente as habilidades nos campos da linguagem e da memória. Somando-se, ainda, os estímulos cognitivos na primeira infância, o hipocampo (responsável por guardar lembranças e experiências) se desenvolveu mais, ficou maior naqueles que foram mais amados e estimulados do que as outras que não tiveram tanta atenção e amor. Essa pesquisa comprova os resultados das duas outras citadas no início desta crônica.

            E quer outro exemplo? Este menino que sofreu gravíssima infecção pulmonar teve que ser operado, passou nove meses no colo dos pais. Como só tinha dois anos de idade, passou exatamente aquele tempo, em que os neurônios estão em formação, recebendo atenção especial de todos que o cercavam. Aos quatro anos recebeu mais atenção ainda, quando sofreu um acidente grave e ainda outro aos cinco. Teve tempo demais para receber carinho e atenção. Assim como o outro mineiro, autor da referida crônica, amor e atenção dos pais não lhe faltaram. Ao contrário excederam. Foi tempo suficiente para os neurônios “engrossarem” e formar os traços da memória positiva, conforme comprovado na pesquisa citada inicialmente.

            Ora, o então menino que passou tempos no colo ouvindo histórias carinhosas dos pais e demais familiares e o outro “menino” que foi criado por pais mais velhos e que até fingiam não ver suas traquinices, têm as mesmas características que se enquadram nas pesquisas científicas citadas. Eles tiveram a chamada “janela de oportunidade” que nada mais é do que o período até os cinco ou seis anos, quando as crianças passam pela formação de habilidades cognitivas, como memória, linguagem, raciocínio lógico, percepção e aprendizado. O cérebro tem centenas de trilhões de conexões neurais... e os circuitos que não forem ativados não vão funcionar plenamente depois. Sorte dos meninos que tiveram a “janela da oportunidade” devidamente preenchida, graças aos pais e à família, professores e amigos mais próximos. Neles, os dois meninos, as sinapses (ligações entre neurônios) foram mais que consolidadas e na hora certa. Agora, depois de tanto tempo é só “ligar” o computador cerebral, esperar o download da mente e o drive do subconsciente, do hipocampo cerebral, aflora tudo de bom que está nas trilhas de seus escaninhos. Meninos privilegiados....! Escrevi ao autor daquela crônica e disse-lhe que deveria mudar a frase “
numa história diferente, repleta de lacunas...” para “repleta de amor” e formação adequada naquele período de infância, pois os pais mais velhos são capazes de se dedicarem mais aos filhos, assim como agora me dedico mais aos netos. Amor em dobro!

            Há ainda outra semelhança na vida desses dois meninos: ambos se tornaram “adultos desde cedo, numa história diferente...”. Ambos tiveram, sim, um grande diferencial, uma inestimável turbinada de amor e dedicação. Por isso são o que são..., gostam das letras, tem boa memória, tal qual descrito na pesquisa da universidade norte-americana. O pendor pelas letras começa aí, no que ficou gravado no hipotálamo. E deve ser por isso que sabem e gostam de falar da infância com prazer e amor. E só distribuem o que mais têm... amor e alegria. Amor e alegria? Ah..., mas o título da crônica fala em adeus à depressão... Sim, se ela teimar em aparecer, ou se a saudade e o banzo atacarem..., as pesquisas também indicam que uma maneira de combater essas propensões é: estimular a mente a acessar as memórias positivas. E nesse campo, a terapia da escrita, com as crônicas de reminiscências da infância nas terras das Lavras do Funil..., é o melhor remédio, infalível! E tem mais, os estímulos às reminiscências são maiores quando somos colocados à frente de fotos antigas, de pessoas e do ambiente dos tempos de infância. Isso é o que não falta nas redes sociais desde que surgiu o historiador lavrense, Renato Libeck, com seu vasto estoque de mais de sessenta mil fotos históricas de todo o século passado, principalmente de sua segunda metade. A cada semana são postadas centenas delas, fonte inesgotável para nossas crônicas.

            Somos eternas crianças! E nem é preciso dizer que a razão está justamente na infância feliz, pois ela permanece em nossa alma e “sempre pronta a nos dar as mãos nas horas de dificuldade”, como bem disse o amigo jornalista. Não há tristeza que resista..., deprê, então, não tem vez, nunca. E mais interessante, ainda, foi descobrir isso somente depois dos 40, quando geralmente fazemos uma avalição da vida, os sucessos, fracassos e o futuro nessa virada para a idade madura. Questionamentos infindáveis nessa fase, que alguns chamam-na, pejorativamente, de idade do lobo. Para o menino foi diferente, sem frustrações. Ao contrário, descobriu, e reconheceu o valor da infância feliz e, consequentemente um adulto feliz, bem sucedido na profissão e assim de bem com a vida, a família e amigos. E parece que a partir daí disparou a gargalhar para o mundo. Basta comparar as fotos. Antes, semblante sério do menino e do jovem e depois..., a partir da idade da virada, só gargalhadas... sempre alegre com ela, a vida!

        Sim, a ciência está certa. Infância Feliz, adulto feliz, de bem com a vida... As pesquisas científicas comprovam isso...Mas, nem precisavam realizar tantas pesquisas, pois Aristóteles já havia afirmado, há 2.370 anos, que: “Aquele que vê as coisas crescerem desde o início terá melhor visão delas”. Bem...,  as fotos deste menino-velho também comprovam isso!

Brasília, 20  de junho de 2015


Paulo das Lavras

O pequeno aos 03 anos    
                       

O menino, aos  09 anos


pré-adolescente - 11 anos      


      adolescente – 15 anos                


          jovem acadêmico – 18 anos, calçado com botas, como era o costume                        

 
      aos 22, recém- recém-formado na faculdade          


Aos 40... , idade do lobo que nada, descobrindo a alegria de uma infância feliz.                           


 
alegria no trabalho aos 60                         


mais alegre ainda, aos 70


 
Alegria, alegria..., netos                                    


 
                          Meus pais, Clóvis Pereira e Maria Alves,  com o caçula no colo, Anízio. 18-05-1948                                                                                                          
                                                                          


 
Pai, aos 70 e filho, 40. Gargalhadas com  os causos e causos na fazenda... e isso 
 se estendeu  até os 101 anos de vida                                           
           

Mãe e filho, semelhança notável no formato e traços do rosto,
aos 32 e 25 anos, respectivamente. 
     


Meu pai, Clóvis Pereira, homenageado pela Força Aérea Brasileira no dia que completou 100 anos, juntamente com o centenário da invenção do avião por Santos Dumont. Feliz coincidência, da qual se orgulhava.
Viveu 101 anos, com muita alegria no coração e era excelente contador de causos, tal qual quando embalava o menino convalescente no longíquo ano de 1948. Embora tivesse apenas dois a tres anos de idade ainda me lembro de suas engraçadas histórias do folclore e até a letra e musica de uma cantiga que ele entoava para fazer adormecer o menino. Infância Feliz, adulto feliz, de bem com a vida... As pesquisas científicas comprovam isso... e as fotos anteriores do menino-velho também....kkkkkk



 
Dr Jacinto Scorza, médico e prefeito que operou e salvou o menino de 2 anos e que foi um dos primeiros pacientes a usar a penicilina do pós-guerra. Graças à sua recomendação, de cuidados especiais após a cirurgia, fui o maior beneficiado. Carinho e atenção não faltaram à criança que, ainda hoje, tem gravadas na memória as melhores reminiscências da infância. Sou grato à memória desse médico, humanista














domingo, 14 de junho de 2015

Amor nos tempos do cólera – Escadas, vida e morte. Lição!!!

Junho..., cessaram as chuvas em Brasília. Tempo de se iniciar as podas nos jardins, recuperar e pintar madeiras, telhas e fachadas das construções, sobretudo os metais de cercamentos que ficam mais sujeitos à corrosão. Neste fim de semana decidi recuperar o pórtico de entrada da chácara. Mas, precavido, não me aventurei a subir no telhado.

Lembrei-me de Gabo, o célebre escritor colombiano, Gabriel Garcia Marques, que escreveu o clássico “O amor nos tempos do cólera”. Na história, baseada em fatos reais, Florentino Ariza esperou 50 anos a sua amada da juventude. Ela, Fermina Daza havia se casado com um médico, por imposição de seu pai. Depois que este morreu a viúva, Daza, se encontrou casualmente, a bordo de um navio, com o antigo amor, Ariza. Ele com 72 anos e ela um ou dois a menos, viveram um encontro idílico enquanto o navio ficou de quarentena, distante do porto, por conta de uma epidemia – a peste do cólera. Prometeram se casar e assim o fizeram. Entretanto, na lua de mel, ele, todo empolgado subiu numa escada para apanhar, numa enorme laranjeira, algumas frutas para sua amada. Caiu da escada e morreu. Nem ele e nem ela comeram da cobiçada fruta da lua de mel....

Por conta desse trágico episódio, acontecido com um apaixonado de 72 anos, sempre que me deparo com uma escada para apanhar frutas em altos pés de laranja ou manga, ou ainda alguém escalando paredes de prédios para pinturas e manutenção, me vem à mente a história de Gabo. De um realismo fantástico, a história foca em assuntos do amor, envelhecimento e morte e nos leva a refletir sobre isso. E mais, nos mostra a esperança, a ânsia de se viver mais e mais, para desfrutar o amor da amada que ele esperou cinquenta anos.

E por que me lembrei dessa história do melhor romance de Gabriel Garcia Marques? Na verdade fui despertado pelos perigos de morte que correm, com mais frequência, os “jovens” de 70 anos. Filipe, um médico, amigo, de São Lourenço, postou na rede uma reportagem jornalística dando conta de que, em Brasília, um senhor morreu de parada cardiorrespiratória em um motel, acompanhado da amante. Logo em seguida outra amiga, Maria Lúcia, entra na discussão do mérito e antes que pudessem pensar algo mais, fui logo entrando em cena, avisando que estou vivo e continuo apreciando aviões como aquele caça da FAB estacionado no gramado da Esplanada dos Ministérios... rsrs.

            Pode parecer engraçado, mas o romance de Gabo nos mostra o quanto apreciamos a vida. Enquanto o caseiro subia a alta escada, chegando aos quatro ou cinco metros de altura, fiquei a contemplar aquela cena, a inclinação do telhado, o perigo de um escorregão e aos 70..., adeus vida amada.... Nãaao...! O que é isso? Nem pensar em subir ali.

            Obrigado, Gabo. Sua lição com a viuvez dupla de Fermina Daza nos faz lembrar constantemente desses perigos... E ainda mais que, há apenas dois dias, comemoramos o dia dos namorados com o amor maduro shakespeariano. Não me aventurei a subir aquela escada. Pensei no Gabo, na notícia que o amigo mineiro postou na rede e então... Preferi ficar no rés do chão, apenas controlando a pressão dos compressores de água na lavagem e dos equipamentos pressurizados de pintura daquele telhado...

Brasília, 14 de junho de 2015


Paulo das Lavras 



 
                                        O segredo de ser “sempre” jovem, mesmo com os cabelos encanecidos,
                                        é conviver com estudantes, que têm amplos horizontes,  como esses
                                        que também vieram ver o caça sueco, Gripen-NG, que aparece ao
                                         fundo, à direita da foto. Fred, o primeiro, Lucas e Zenaide, pós-graduandos
 de mestrado e doutorado da UFViçosa e UNB. 

 
                                                O amor não tem idade. Nesse romance, ele tinha 72 anos
                                           e ela talvez um ou dois anos menos. Ele a esperou por 50 anos.
                                             Reflexões sobre amor, vida, envelhecimento e morte nessa
belíssima obra. 

Florentino Ariza subiu na escada para apanhar uma laranja para sua amada.
Caiu e morreu em plena lua de mel, aos 72 anos...., escreveu o Gabo, em seu
Mais bonito e lido romance: O amor nos tempos do cólera.



 
 Notícia “pavorosa”, acontecida em Brasília e mostrada por um amigo
                                                                          das Minas Gerais... rsrs 


 Se escalar em escadas já é perigoso, imagine um rapel como esse
                                                    num prédio residencial... coisa para meninos de 20 anos...

 
                                                    Preferi ficar no rés do chão controlando a pressão da água...


 
                                             ... e muito menos subir no telhado. Florentino Ariza deixou viúva,
                                                pela segunda vez, a amada Fermina Daza, conforme contou
                                                                       Gabriel Garcia Marquez






quinta-feira, 11 de junho de 2015

Aniversário de Lavras, 300 anos de história

Neste mês de outubro celebra-se o aniversário de nossa cidade. O feriado de aniversário de Lavras era comemorado em 20 de julho, dia da elevação da Vila de Sant´Ana das Lavras do Funil à categoria de cidade (20/07/1868), passando a se denominar simplesmente Lavras. Deixou de ser “Villa” há 145 anos.  Um marco muito importante de sua história e todos se lembram quando, em 1968, comemoramos o centenário da cidade que contou até mesmo com a presença de JK, o saudoso Presidente da República. Alguns anos depois, em 1981, foi mudada a data de aniversário para o dia 13 de Outubro. Isto porque se comemoraria naquele ano o sesquicentenário da elevação do Arraial à importante categoria de Vila, conforme Decreto Imperial de 13 de Outubro de 1831. Essa foi sem dúvida uma elevação de status muito importante, pois adquiriu a emancipação política com a criação de uma Câmara Municipal própria.

             Então porque o título acima? Estaria errado afirmar que seriam 300 anos de existência da cidade de Lavras e não os 182 que comemoramos neste ano de 2013? Mas, afinal quando foi o início do povoamento dessa região de exploração do ouro com tantas lavras de seu solo cujos vestígios, ainda hoje, continuam expostos em forma de verdadeiros buracões ou voçorocas como são chamadas pelos técnicos? Nossas voçorocas como aquela situada um pouco à esquerda da sede da Prefeitura, na Avenida Perimetral, são provas da origem do nome de nossa cidade.

E afinal em qual data seria o feriado de aniversário da cidade? Há novidade. Nem 20 de Julho e nem tampouco 13 de Outubro. Oficialmente, e após intensas pesquisas realizadas por uma comissão especial, decidiu-se pela data de 26 de julho de 1720 como a mais representativa da fundação da cidade de Lavras. Assim, baixou-se a Lei Municipal nº 3.845, de 14 de junho de 2012, determinando aquela data como sendo a de fundação. O dia 26 de julho foi em homenagem à Sant ´Ana (dia escolhido em 1584 pelo Papa Gregório XII) padroeira do lugar desde os primeiros dias do povoado. Já o ano de 1720 foi escolhido por causa das referencias mais antigas da chegada do fundador à região do funil do Rio Grande. Por essa data estaríamos comemorando, neste ano, 293 anos do início do povoamento da cidade de Lavras, faltando apenas sete para a celebração do tricentenário.
           
Mas quais foram os fatos históricos determinantes para a escolha de 1720 como ano de fundação da cidade?  Historiadores lavrenses têm se debruçado sobre essa questão. Firmino Costa, Jacy de Souza Lima, Ary Florenzano, Carlos Moreira Santos e Hugo de Oliveira integram o time dos mais antigos. Entre os mais recentes podem ser citados, dentre outros, Marcio Salviano Vilela e Geovani Németh-Torres. As pesquisas continuam, mas as publicações recentes nos mostram conclusões bem realistas sobre a data de 1720 como ano da fundação da cidade de Lavras. Mais que acertada a decisão da municipalidade ao adotar o 26 de Julho de 1720 como data da fundação de nossa progressista cidade. Para melhor compreensão da motivação do início do povoamento de Lavras é preciso recuar um pouco mais no tempo, bem antes de 1720. O fundador de Lavras, Capitão de Cavalaria, Francisco Bueno da Fonseca, participou em 1684/87 da expedição bandeirante à Sabarabuçu, comandada por Garcia Paes, filho do famoso bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Este último, velho conhecido na história de Lavras, emprestou seu nome à rodovia que liga Belo Horizonte a São Paulo. Depois, em 1707/09, o capitão lutou ao lado de Amador Bueno na guerra dos Emboabas (Emboaba quer dizer amor à terra. Foi uma guerra de paulistas contra portugueses pelo direito de explorar as minas). Derrotados, os paulistas migraram suas buscas pelo ouro para Goiás e Mato Grosso. Mas, Francisco Bueno da Fonseca que conhecia muito bem as “minas geraes” tomou outra decisão e que foi determinante para a fundação do arraial das Lavras do Funil.

Embora a guerra dos Emboabas tivesse terminado em 1709 persistiam ainda em 1712 muitas desavenças entre paulistas e portugueses. Foi então que Francisco Bueno da Fonseca uniu-se aos revoltosos contra o desembargador sindicante e ouvidor geral-interino, Antônio da Cunha Souto Maior. Este era responsável pelo cumprimento das leis régias e por isso estava sempre em atrito com os paulistas. Devido a um deslize moral do desembargador Souto Maior, que desvirginara uma moça e com a qual se casara posteriormente, os revoltosos incluindo Francisco Bueno da Fonseca atacaram a residência daquele alto dirigente português, obrigando-o a fugir para o Rio de Janeiro e depois Lisboa.

Logo em seguida, em 1713, El-Rei expediu um mandado de prisão contra todos os revoltosos que atacaram o desembargador. Em 1718 o Conselho Ultramarino comunicou ao Rei que não saberiam informar se Francisco Bueno teria sido preso, degredado ou se fugira para os sertões. Nesse período, de 1712 a 1718/20, ele imigrou para a região do funil do Rio Grande. O ano de 1720 foi marcado também pela separação da Capitania de Minas que até então era vinculada à São Paulo. Segundo os registros históricos mais antigos naquele ano de 1720 o capitão Francisco Bueno já se encontrava por aqui, iniciando o povoamento da região de Lavras. Porém, é importante notar que os anos de 1712, data do ataque à casa do desembargador e 1713, quando foi decretada a prisão dos revoltosos, foram determinantes para a fundação de Lavras. Foi nesses anos que o bandeirante Francisco Bueno da Fonseca se viu obrigado a fugir da Província de São Paulo. Em vez de ir para as terras dos Goyazes e Mato Grosso, preferiu Minas que já conhecia desde 1684 quando participou das expedições a Sabarabuçu e depois na guerra dos Emboabas 1707/09. Portanto, a cidade de Lavras foi concebida naqueles anos decisivos da vida do capitão Francisco Bueno. Certamente no ano de 1718, quando as autoridades paulistas comunicaram a El-Rei que não sabiam de seu paradeiro, já estaria refugiado aqui nos Campos de Sant´Ana das Lavras do Funil.

Na verdade a região entre os rios Grande e Capivari, conhecida por Campos de Sant´Ana das Lavras do Funil, já era explorada antes mesmo de 1720. Havia, por exemplo, em 1714 e 15, um “Registro de passagem”, espécie de alfândega na região do funil do Rio Grande. Ainda hoje existe a Fazenda do Registro, na estrada que liga Lavras à ponte do Funil que, aliás, foi inundada pela usina hidrelétrica ali construída há pouco tempo. O ano de 1720 se caracterizou pela ocupação das Colinas do Funil, iniciada pelo capitão Francisco Bueno da Fonseca. Na época era conhecida como as Lavras de Ouro do Funil do Rio Grande e mais tarde, com a adoção nome da padroeira Senhora de Sant´Ana, passou a se chamar Arraial de Sant´Ana das Lavras do Funil e em 1831 foi elevada à condição de “Villa’, passando depois à categoria administrativa de cidade, em 1868.



Sim, mas falamos apenas das origens de Lavras e hoje? Trezentos anos depois do sonho de Francisco Bueno da Fonseca e 293 da efetiva fundação, como está a nossa cidade? Bem, para falar da pujança que Lavras ostenta hoje, com seus quase 100 mil habitantes, sendo grande parte de estudantes em todos os níveis, do maternal à universidade e dispondo de sofisticado comércio, muitas indústrias, moderno agronegócio e intensa atividade cultural, seria necessário ocupar todo o espaço da revista e ainda assim por várias edições. Não bastaria falar apenas do vertiginoso progresso econômico, mas, sobretudo de sua laboriosa gente que aqui aportou, dos paulistas e portugueses que a povoaram no início com também dos imigrantes italianos e sírios libaneses chegados no final do século XIX e início do século XX. Bem, mas isso é assunto para um próximo encontro com os leitores. Hoje, para celebrar os 182 anos da elevação do Arraial de Sant’Ana das Lavras do Funil à condição de Villa das Lavras do Funil, cujo ato se deu no dia 13 de Outubro de 1831, ficamos apenas nos registros históricos e na reprodução de uma ode escrita por Bi Moreira e um poema de Hugo de Oliveira que são verdadeiras declarações de amor à terra dos Ipês e das Escolas:

“Deixai que pisemos este chão que beijamos quando crianças, e que um dia se abrirá para receber-nos em seu seio”.   (Bi Moreira)

                   Bocaina...         
                                         (Hugo de Oliveira)
 
Há muito tempo afago esta esperança:
dar vida aos sonhos de voltar à terra,
de perder nos alcantis da serra
e revolver meus tempos de criança;
voltar onde se exala um ar que amaina
a flama de tristeza do exilado,
do preterido e eterno namorado
dos alcantis da Serra da Bocaina.

Àquela terra se eu voltar um dia,
mais velho, embora, assim, menos rapaz,
terei corpóreo o sonho que queria:
de Lavras ter o amor de suas manhãs,
viver seus dias e morrer em paz,
sob canções de ipês e flamboyants


            Parabéns Lavras pelos 182 anos de elevação à condição de Vila e 293 de fundação naqueles idos de 1720. Progresso, sempre!



Brasília, 13 de outubro de 2013

Paulo das Lavras


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Um caça sueco, Gripen-NG, “pousou” hoje na Esplanada dos Ministérios


 Na manhã desta quarta-feira, 10 de junho, o Ministro da Defesa inugurou a exposição do novo caça que será incorporado à Força Aérea Brasileira-FAB. Trata-se de uma maquete em tamanhho real. É o SAAB- Gripen-NG, de fabricação sueca. Serão entregues à FAB 36 aeronaves a partir de 2019.

Conversei longamente com o jovem Cap. Gustavo (foto), que acabou de chegar da Suécia, onde passou seis meses em treinamento nesses caças. Em agosto próximo embarcarão para lá 250 engenheiros aeronáuticos brasileiros que participarão do processo de fabricação das aeronaves. O contrato com a SAAB prevê o repasse da tecnologia de sua produção e o país poderá frabricá-los em futuro próximo, com acesso a  todos os níveis tecnológicos. Aliás, essa foi uma das grandes vantagens que pesou consideravelmente na escolha do modelo que concorreu com os Rafale – F 3 br, francês, da Dassault e o norteamericano Boeing F/A 18 br. O Brasil poderá, portanto, vir a ser um exportador de aeronaves de caça de última geração, além de eliminar a  importação e dependência de outros países.

O processo decisório sobre a escolha do modelo foi iniciado em 2006 e durou pelo menos oito anos. Já não foi sem tempo, pois os antigos Mirage 2.000 foram aposentados, sendo que o último se despediu em 31/12/2013. Eu mesmo os conheci logo que chegaram ao Brasil, como mostra a antiga foto na Base Aérea de Anápolis.

Bem vinda a New Generation, NG, da sueca SAAB com seu Gripen. Parabéns, FAB!

Brasília, 10 de junho de 2015

Paulo das Lavras 


 O menino com o jovem capitão Gustavo. Seis meses de treinamento da Suécia.


Bem vindo ao futuro da aviação de caça da FAB 

O Caça Gripen - NG, da sueca SAAB 

 
                                  Armamentos e dispositivos de guerra eletrônica no leme e extremidades das asas
   

 
 Armamentos não faltam....

 
                                                           Míssil CTA- Mectron, de fabricação nacional

O “menino” em primeiro plano, ainda jovem, em foto de 1982 na Base Aérea de Anápolis.
                         Mirage, o caça francês, que serviu à FAB por 30 anos. Agora substituídos pelo Gripen-NG