As
pessoas só fazem o que querem, quando querem e pelos motivos que lhes convém.
Só enxergam o que lhes interessam e pior, só entendem o que lhes convém. O
filósofo Rubem Alves muito bem expressou essa questão quando escreveu sobre a
arte de escutar. Em seu artigo, “Escutatória”, ele afirma que não sabemos
ouvir. Quando alguém fala a gente comete o pecado de interrompê-lo para mostrar
que já sabemos ou sabemos mais. Isso é muito desrespeitoso. Mostra que não
paramos para refletir sobre o que o outro disse e isto é uma
manifestação sutil de nossa arrogância, de vaidade, querendo sempre ser o
melhor.
Não
adianta, é da natureza humana agir assim, ou seja, ver, escutar, entender e
agir apenas quando interessa ou é conveniente. Por isso é mais fácil afirmar
que o tempo passa e não muda. Ou melhor, as pessoas, em sua grande maioria, não
mudam seus costumes, hábitos e (pre)conceitos. O passar dos anos apenas as tornam mais velhas.
O
certo é que, depois de muitos embates na vida, a gente acaba aprendendo a ser
mais humilde, a escutar mais e dar mais valor à vida, à família e aos amigos,
compreender os encantos ocultos que nos cercam, escondidos que estão pela nossa
arrogância e vaidade. Mais uma vez recorro ao filósofo Rubem Alves para dizer:
“Deus é isto, a beleza que se ouve no silêncio”. Daí a importância de saber
ouvir os outros. Devemos escutar com a intenção de compreender e não apenas com
a intenção de responder. A beleza também mora no silêncio, na escuta e a comunhão é quando a beleza do outro e a
beleza da gente se juntam num contraponto. Repito: Comunhão é quando a
beleza do outro e a beleza da gente se juntam. Esse é o verdadeiro amor, que
brota da arte de saber escutar, do silêncio da alma.
Brasília,
01 de janeiro de 2014
Paulo
das Lavras
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