“Nada
estabelece limites tão rígidos à liberdade de uma pessoa do que a falta de
dinheiro” - John
Kenneth Galbraith
“O
que não é visto não é cobiçado” - (sabedoria popular)
Mas voltemos aos direitos e deveres. É justo provocar
fechamento de lojas, prejuízos, fugas de famílias, e às vezes depredações? É lógico que não e não há “direitos humanos”
que justifiquem o cerceamento do direito de outros cidadãos. Se de um lado criticaram-se
as decisões judiciais que concederam liminares a alguns shoppings para
proibirem a entrada de jovens e a realização de rolezinhos, que agora, pelo
menos, apoiemos a Justiça na condenação dos organizadores desses atos. Um
shopping da capital os identificou e está processando-os, cobrando os
prejuízos. Seria muito bom que a Justiça e principalmente a OAB, ciosa em
defender “os direitos” dessas manifestações, considerassem o direito do cidadão
de ir e vir nesses locais sem medo e com garantias de sua integridade física.
-
O rolezinho, reunião de jovens e adolescentes em shoppings do centro das
cidades, nasceu na periferia de São Paulo, espalhou-se e tem como objetivo
reivindicar mais espaço e diversão onde eles moram. Entretanto ninguém sabe ao
certo o que eles pensam, mas sabem o que eles deveriam fazer da vida.
- Os rolezinhos não têm faixas nem bandeiras. Não criticam o consumo. Ao
contrário elogiam as marcas (tênis de mil reais, por exemplo). Só querem
diversão, buscar as meninas, curtir muito. - Os jovens do mundo inteiro vão sempre desafiar os pais, os adultos, quem quer que seja. Não há quem não goste de ostentar, mostrar que é superior aos “diferenciados”, seja pelo carrão, tênis caríssimo ou até pela música que ouve. A classe C, cresceu, progrediu, conforme comprovam as estatísticas do IBGE. Nas classes menos favorecidas há milhões de afiliados em programas sociais do governo (bolsas) que garantem um mínimo para a alimentação e habitação. Há quem afirme que quanto mais dependente dos programas de governo maior é a tendência em votar na situação. Por outro lado, muitos dessas classes mais baixas têm verdadeira obsessão pelo diploma de nível superior e preferem economizar dinheiro para investir na faculdade ou na escola particular dos filhos. Acreditam na educação como alavanca para o progresso econômico e social. E é isto é bem verdade, uma ideia que deve ser elogiada e incentivada.
- A “periferia” não é, ainda, inteiramente conhecida. Um jornalista que passou boa parte de sua vida num bairro pobre de São Paulo disse que os jovens da periferia não prosseguiam nos estudos porque só pensavam em conseguir um emprego mais cedo possível. Assim poderiam comprar roupas, tênis, o primeiro carro, telhas para a casa, blocos para o muro alto, geladeira... Tinham duas únicas preocupações: mostrar que tinham melhorado de vida e proteger as casas contra a violência. Mas, aos finais de semana, eles e seus carros com som bem alto, ocupavam o centro da cidade tocando rap no último volume (declaração de um jornalista que viveu na periferia até se matricular numa universidade, no centro da cidade).
Para mim ficou uma lição insofismável. Os
rolezinhos vieram confirmar o apartheid social que vivemos em nosso país. De um lado as classes mais favorecidas
economicamente e de outro os moradores da periferia, de menor poder aquisitivo
e que se ressentem da falta de opções de lazer (e de trabalho, supostamente,
pois eles não disseram isto, mas está implícito) e que agora resolveram invadir
“os bunkers” dos primeiros. Estes estão para lá de assustados. Mas, entendo que
o alvo (shoppings) está equivocado. Melhor seria se fossem dirigidos aos poderes
constituídos como o Congresso
Nacional, Câmara Legislativa, Ministérios, Judiciário e Executivo em todos os
níveis. Garanto que há muita coisa errada para se protestar nesses locais como
a não aprovação de leis mais justas, combate à corrupção, etc,etc. Até mesmo a
reivindicação principal, o objetivo-mor
proclamado pelos rolezinhos, a falta de opção de lazer para a juventude
nas periferias, seria mais acertadamente encaminhada a esses locais. Seria mais
justo! Eu mesmo participei das manifestações estudantis, de junho passado, na
Esplanada dos Ministérios. É justo que os jovens se manifestem. O perigo está
naqueles bagunceiros oportunistas que se infiltram e promovem a baderna.
E o governo, e os políticos? Fingem que a questão não é com eles. Ah..., em ano de
eleição nem vale a pena falar disso. Tomara que aquela minoria radical petista
(26% dos afiliados do PT condenam e alguns até protestam há mais de 70 dias
acampados em frente ao STF, por este ter condenado lideres do partido
envolvidos no mensalão) não se infiltre nos rolezinhos e proponham a estatização
dos shoppings ou crie a bolsa rolé, as duas grandes especialidades de pseudo-socialistas
brasileiros que não trabalham e vivem à
custa do erário. Seria mais um ônus para quem trabalha e produz. Oh, my God!
Vamos participar dos rolezinhos como sugerido no título desse artigo. Porém de
forma diferente: vamos trabalhar, e muito, para que se criem oportunidades de
empregos e salários justos para os nossos jovens ou seus pais. É disso que eles
precisam para quebrar a maldita verdade, nua e cruel sobre o dinheiro, o vil
metal que tudo governa em nossas vidas, segundo a afirmação um papa da economia:
“Nada estabelece limites tão rígidos à liberdade de uma pessoa do que a falta de dinheiro”.
Brasília, 28 de janeiro de 2014
Paulo das Lavras.
Por que não um rolezinho assim?
Rolezinho e repressão
num shopping
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