O clima e a cultura dos brasileiros
Recentemente, com a morte do escritor Ivan
Lessa, que passou boa parte de sua vida em Londres, publicaram uma frase sua
que dizia: ”O frio civiliza”. Poucos entenderam o recado desse escritor que
ficara famoso por suas tiradas contra a ditadura militar no famoso jornal O Pasquim.
Ao contrário, eu a entendi perfeitamente, pois, quando ouvi algo semelhante do
executivo e professor americano eu o inquiri por que razão ele dizia aquilo.
Simples, retrucou ele, os brasileiros não tinham tempo para se recolherem em
casa, ler e estudar muito, viver literalmente confinado junto a outras pessoas
e com isso refinar o intelecto e as boas maneiras. Caramba! Foi um tiro de misericórdia na
situação de grosseria que acabávamos de enfrentar, no restaurante de um hotel
de luxo no Rio de Janeiro, justamente a cidade mais turística do país naqueles
idos de 1977.
Hoje, 35 anos
depois, foi reproduzida pelos jornais aquela frase atribuída ao escritor Ivan
Lessa. Pensando bem e com a alma mais destravada, longe do constrangimento e a
estupefação diante dos acontecimentos em que me vi envolvido na ocasião, estou
convencido que ambos, o professor americano e o escritor Lessa, estão mais que
corretos. Eles nada mais ressaltaram nossa falha cultural em face das condições
de clima e temperatura. As baixíssimas temperaturas do hemisfério norte não são
nada convidativas para se colocar a cara fora de casa... por isso leem e
estudam mais. Por aqui, no país tropical, qual brasileiro sacrificaria sua ida
à praia ou outro passeio qualquer nos finais de semana ensolarados, o ano
inteiro? E as baladas nas noites quentes de verão? Ah... seria esperar demais
que eles passassem três meses confinados em casa, lendo e estudando com afinco,
sobretudo naquelas priscas eras anteriores à internet.
Brasília, 17
de junho de 2012
Paulo das
Lavras
O prof Hunter, em plena primavera em Michigan/EUA, fez-me lembrar do rigoroso inverno
dos meses de dezembro a fevereiro, quando a neve se acumula à porta de sua casa
Foto do autor- MSU , junho de 1977
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