Alguém
disse certa vez sobre a cidade de Lavras, possivelmente Assis Chateaubriand, e
a imprensa repercutiu: “Aqui se respira um ar de cultura”. Não sei precisar a
data da citação, mas, certamente foi na primeira metade do século 20. Mas,
falemos a partir da década de 1950 quando, então, o menino já usufruía da arte,
da educação e cultura na cidade. Os colégios eram os melhores e mais afamados,
para onde afluíam estudantes das regiões vizinhas e até de estados do nordeste
e centro-oeste do país. Desde 1908 havia a Escola Superior de Agricultura,
criada nos moldes dos Land Grant Colleges americanos. No âmbito das atividades
culturais destacavam-se associações como a SOLCA- Sociedade Lavrense de Cultura
e Arte, Academias de Balet, Escolas de Música, especialmente de piano,
Orquestras e Corais, Clubes Literários de recitais e a Academia Lavrense de
Letras, além de inúmeros clubes esportivos. Uma das joias da cultura em Lavras
foi o Teatro Municipal, inaugurado em 1862 e reconstruído em 1917 em réplica do
Scalla de Milão. Foi reinaugurado com a ópera " AÍDA" encenada pela
Companhia Lírica " ROTOLLI - BILLORO", a primeira a se apresentar em
Minas Gerais, naquele 17 de fevereiro de 1917, segundo informa o historiador
Geovani Nemeth-Torres (http://historiadelavras.blogspot.com.br/)
que batizou o teatro como “a joia da cidade” e ainda completou: “No Teatro
Municipal se apresentaram grandes nomes como: Procópio Ferreira, Bibi Ferreira
e Nelson Freire. Foi ali que Wanderléia se apresentou ao público, pela primeira
vez, aos 5 anos de idade”. Nos anos de 1950 ali funcionou o Cine Municipal,
frequentado pelo menino nas sessões de matinês dominicais. Não há, pois, dúvida
alguma, ali na cidade de Lavras respirava-se um ar de cultura, conforme
palavras de ilustre visitante. Até mesmo o jornal “O Estado De Minas” chegou a
publicar que a ópera começou em Minas na cidade de Lavras, com seu belo Teatro
Municipal em 1917, encenando a peça Aída, de Verdi, com uma companhia
italiana.
A Arte nasce do coração, da
inspiração que dá o início ao seu processo criativo. Mas, ninguém até hoje
soube explicar essa tal inspiração, o que é e de onde vem. Deve ser por isso
que os gregos criaram, de forma mítica, as
suas musas, as deusas da Arte. E em Lavras elas, essas deusas, musas da arte,
estavam esculpidas no alto da fachada do suntuoso prédio do Theatro Municipal.
Ali estavam as três musas, com seus rostos esculpidos em concreto, bem alvos,
sorridentes a nos saudar dali do alto do edifício de linda fachada sobre a
principal rua da cidade, a Rua Santana: a deusa da poesia lírica –Erató, cujo nome estava escrito em grego, ɛrətoʊ, a da música, Euterpe - e τέρπ-εω e a
última, a musa da dança, Terpsícore - τέρπομαι. Seus nomes estavam também
reproduzidos no alto do pórtico do palco do teatro. Curioso, intrigado, o menino
lia e relia aquelas letras grafadas no alfabeto grego e nunca entendia, nada, as
letras e tampouco o significado de cada palavra em grego. Para ele, eram
simplesmente aportuguesados OAVEIA, EITEPITI e ESQUION, até que um dia, lá
pelos anos 70, o museólogo e cronista lavrense Bi-Moreira, que emprestou seu
nome ao Museu de Lavras, publicou um artigo no suplemento “Acrópole”, do jornal
Tribuna de Lavras. Ali, em seu artigo, lamentava a demolição do belíssimo
teatro da cidade e citou as três esculturas do alto da fachada do prédio. Só
então, o menino, já adulto pôde encontrar a explicação que o intrigou por tanto
tempo e que ninguém soubera lhe explicar. Estava revelado o mistério. As
esculturas eram das três deusas da mitologia grega e melhor, agora, com seus nomes
em português, pôde deduzir a tradução daquelas esquisitas grafias, em grego e que
ficaram gravadas para sempre em sua memória. Também pudera, por anos a fio, ia
ao teatro semanalmente, pois ali funcionava o mais famoso cinema da cidade.
Desde os oito anos de idade, tão logo aprendeu a leitura, começou a frequentar aquele belíssimo prédio
do Teatro Municipal, que acolhia também o Cine Municipal e em cujo salão de
entrada funcionava o chiquíssimo Bar Municipal (nos lembrava a Confeitaria
Colombo, no Rio de Janeiro), bem ao lado da entrada do cinema. Programa
imperdível, nas matinês de domingo com filmes de far-west e seriados como o Capitão Marvel, Zorro, Sombra e o
indefectível filme de Sexta Feira Santa, a Paixão de Cristo, quando as crianças
saíam chorando ao final da sessão, por conta das torturas e morte de Cristo.
Lembranças indeléveis!
A cidade de Lavras sempre se interessou pela cultura, desde a construção de seu teatro em 1862 e depois reformado e
reinaugurado em 1917 pelo mecenas Francisco Pizzolanti. Nos anos 50/70 esteve
magnificamente representada pelos discípulos de Erató, a musa dos versos líricos,
poesias amorosas, interpretadas pela professora Carol Brasileiro, cujos
recitais no Auditório Martha Roberts empolgavam o menino de 15 anos e tantos
outros que apreciavam as letras e a arte da declamação. Havia, ainda, em
Lavras, inúmeros discípulos de Eitepiti, a Euterpe, musa da música, o
som melodioso que dá prazer à alma, destacando-se entre outros o maestro
Irio Inácio de Jesus com sua Orquestra e Coro, a Orquestra Sinfônica do 8º
B.I., os professores de piano Edgar Novais, Cecília Azevedo, Inah Penido, Maria Eunice Figueiredo, Martha Frasson, Azená de Oliveira, Jovita Campos, Cecilia Veiga e Leda Modesto.
Na área da dança, protegida pela musa– Terpsícore,
ninguém melhor para representa-la que a professora Inah Penido com sua escola
de ballet. Lavras foi, portanto, digna daquela frase “aqui se respira um ar de
cultura, pois seus cidadãos amavam de fato a Educação, a Arte e a Cultura em
todos seus ambientes, além de cuidar da formação atlética de seus meninos e
meninas que tantos títulos nacionais e mundiais conquistaram. Ninguém saía de
Lavras, crescido e pronto para a vida, sem ter sido contaminado por tudo aquilo
que se passava na cidade, numa comunidade que de fato prezava os valores da
Educação e Cultura.
E mais tarde, ah..., que alegria para o menino descobrir o enigma
das efigies, seus nomes traduzidos do grego para o português e ainda receber
uma aula de mitologia, ministrada pelo museólogo e cronista Bi-Moreira. Mas,
alegria maior foi descobrir, mais recentemente e depois de mais de 60 anos,
pelo site do Instituto Histórico e Geográfico de Lavras, em artigos de Geovani
Nemeth-Torres e outro estudioso da História de Lavras, Bertolucci
Junior, que duas dessas esculturas alegóricas às artes estão em poder do Museu
Bi-Moreira. Também o blog http://historiadelavras.blogspot.com.br/, do historiador Nemeth-Torres, tem
abordado vários assuntos do patrimônio cultural lavrense, incluindo o famoso
teatro.
Mas, e o show no deserto do Arizona, estampado no
título da crônica? Pois bem, passar a infância e a juventude em ambiente rico
com as mais diversas manifestações artísticas e culturais, trouxe inquestionável
influência sobre o menino, moldando-lhe o gosto pela leitura, línguas, musica,
cinema (frequentou cursos de extensão sobre cinema, no colégio). Naquele
contexto, a frequência semanal ao Teatro Municipal, com seu cinema, era a
principal atração da criançada. Nas matinês de domingo podiam ser assistidos filmes
de guerra, muito comuns naquela década de 1950, ainda com as lembranças e
traumas da Segunda Grande Guerra Mundial, terminada havia menos de dez anos.
Era ali, no Cine Municipal, que nos divertíamos não somente com os filmes e os
preferidos eram os de bang-bang, assim chamados os far-west americanos,
até mesmo com seriados de Zorro, O Sombra, Roy Roger e tantos outros que
inspiravam os meninos de 8 ou 10 anos a ganharem seus Colts ou Smith &
Wesson municiados com espoletas, barulhentas a ponto de assustar o “inimigo”.
Eram comuns também os rifles, réplicas daquelas Winchesters douradas,
municiadas com balas de rolha. Ah..., e a influência se estendia ao idioma
inglês e suas expressões usadas pelos cowboys: Coming on, boy..., up your
hands (falávamos: camaniboy, apiu- rends ou simplesmente camon boy). Era o
máximo para os meninos, portando seus enormes Colts pretos ou Wessons prateados
de cabo de madrepérola, tais quais os de Roy Rogers ou outro mocinho e tomem
tiros com espoletas barulhentas.
Houve, portanto, um passado, desde o início dos anos de 1950, totalmente influenciado pelo cinema norte-americano, que dominava o Brasil no pós guerra, pois os americanos se tornaram os donos do mundo depois da grande guerra mundial. Eliminou-se, no ginásio e no colegial, por exemplo, o ensino de francês até então predominante e assim a cultura afrancesada foi desaparecendo em nosso país. Com todo esse background cheguei aos Estados Unidos em 1977 para trabalhar em projeto educacional do governo brasileiro. Não foi difícil para os gringos da terra do Tio Sam descobrirem a influencia da cultura e das artes do cinema americano e seus filmes de far-west, na formação do menino. Além disso, havia na cidade natal, de Lavras, o Instituto Presbiteriano Gammon, colégio de missionários norte-americanos que também muito influenciou na formação cultural do menino que ali, além das apresentações artísticas no Lane-Morton e no auditório Martha Roberts com lindos shows de Carol Brasileiro, Inah Penido, Azenah de Oliveira e tantos outros artistas, aprendera facilmente o idioma inglês e o exercitava fluentemente com o missionário do Peace Corps, Bob, nos anos de 1961 e 62.
Assim, em minha primeira visita de serviço ao Arizona (State University of Arizona), prepararam duas surpresas para o visitante brasileiro amante de churrascos e apreciador de filmes far-west. A primeira foi um jantar especial..., numa churrascaria, coisa rara lá pelos estados do norte, como Michigan, onde eu tinha escritório fixo, mas bastante comum nos estados sulinos mais próximos do México (até mesmo feijoada era possível se fazer em casa, naqueles estados do sul, pois todos os ingredientes podiam ser adquiridos na fronteira com o México). Ah..., mas havia uma condição para se ir à tal churrascaria.... Deveria estar trajado com terno e gravata. Desconfiei, pois jantar em churrascaria trajando terno e gravata, às 20 horas, fora do horário de expediente e sem nenhum compromisso formal? Eram, sim, comuns compromissos formais para jantares, em que apresentávamos palestras aos gringos sobre a educação agrícola superior em nosso país. Mas ali, na região desértica, um simples jantar de cortesia, incluindo todos os brasileiros que estudavam naquela universidade, em Tucson, capital do estado...? Ah, havia algo de diferente, que não se coadunava... Decidi contrariar todas as recomendações, que mais pareciam apelos e então não coloquei a gravata, porém me apresentei com paletó. De cara o Dean da Faculdade de Agronomia “estranhou”, logo à saída do hotel em direção ao restaurante, perguntando... “no necktie, Mr, Da Silva?”. Respondi, não, quero relaxar, tivemos um dia pesado e afinal é um jantar de confraternização entre brasileiros e americanos. Ao chegar, encontrei um verdadeiro corredor polonês à espera bem no enorme hall do restaurante. Semblantes decepcionados, pois quebrei a tradição. Era um restaurante-churrascaria onde era proibido, sim proibido, entrar de gravata. Qualquer um que ali chegasse usando gravata era imediatamente parado à segunda porta, no hall da chapelaria e tinha sua gravata cortada à tesoura, sem exceção. Era uma festa, todos caíam na gargalhada e tao mais intensa e estridente seria quanto maior fosse o grau da autoridade que ali estivesse. E o ato litúrgico seguia, retirando-se do pescoço da vítima o que restou da gravata, dependurando, em seguida, aquele “escalpo nos varais a um metro acima da cabeça, e que ocupavam todo o hall de entrada. Aliviado, rimos bastante e me desculpei por não ter contribuído para a decoração do ambiente com o restos de uma gravata brasileira... O gerente, muito atencioso fez me prometer lá voltar com uma gravata brasileira, ao tempo em que mostrava algumas etiquetas com nomes personalidade que ali deixaram os cotós de suas gravatas... Nunca mais voltei lá, nem mesmo na capital do estado do Arizona, a aprazível cidade de Tucson, embora eu ande diariamente num veículo com esse nome, o que me traz boas recordações como essa da churrascaria, onde ao final do jantar, ainda fui presenteado com uma gravata, nova. Uma gravata nova, sim, era o presente da casa, mesmo não tendo deixado a minha por lá, como era o costume. Aliás, um ótimo marketing. Mas, ainda havia outra surpresa para o dia seguinte.
A outra surpresa foi a visita, dia seguinte, à cidade cenário de OldTucson, a uns 20 km do centro da capital e a caminho do aeroporto. Ali, a indústria cinematográfica construiu, em meio ao inóspito deserto cheio de cactos, um dos maiores e mais lindos cenários para filmagens de produções de far-west. Incrível a perfeição dos detalhes, a começar pela estação da ferrovia, com um pachorrento índio Navajo sentado no banco da estação, à espera de alguém para fotografar. Os índios daquela tribo ocupavam a maior parte do território do Arizona, desde o estado do Novo México até os Grand Canyons. Não faltaram, naquela bela cidade-cenário, o trem maria-fumaça, o curral de embarque de gado, as ruas poeirentas, o banco, a igrejinha em estilo mexicano (espanhol), os bares, saloons e a indefectível cadeia para os bandidos. Havia também, carroções de carga puxados por cavalos e uma belíssima diligência que era facultada a passeios e dirigida por cowboys à caráter. O ponto alto da vista era o espetáculo, encenado ao vivo, com hora marcada, o show de cenas de far-west com assalto à agência bancária, os bandidos chegando, atirando, invadindo a agencia, e tentando fugir com o dinheiro e o ouro ali depositados. Tentando fugir...? Sim, tentando, pois o Xerife chega à galope, acompanhado do delegado federal, o temido Marshal, com dois ou três homens e inicia-se o tiroteio, Rifles e enormes revolveres Colt e Smith & Wesson cupiam fogo sem parar. Realismo fantástico, sobretudo quando um bandido, em cima do telhado no segundo andar, leva um tiro e cai sobre o telhado da varanda, rola telha abaixo até cair de uma altura de uns três metros, estatelando-se no chão poeirento e ainda leva outro tiro de misericórdia. Nunca tinha visto cena, ao vivo, com tanta realidade, só mesmo nos filmes de OK Corral, Yuma ou O Velho Oeste, com atores famosos do naipe de John Wayne.
A realidade do espetáculo foi tanta que, logo a seguir, fui conversar com o jovem ator-bandido, se não havia se machucado no tombo de quase três metros de altura. Foi então que um “mocinho” do show que acabara de ser encenado, aproximou-se, sacou um enorme Smith & Wesson de seu coldre e gritou: up your hands, brazilian boy, and giv´me all you´ve. Só restou-me gargalhar, levantar as mãos e posar para a foto apressada de minha assistente americana que nos acompanhava, enquanto o “bandido” metia a mão no bolso interno de meu paletó e tomou-me, sorridente, o passaporte. Certamente fora ela quem encomendou o susto ao visitante. Soube depois que esse espetáculo e o episódio do restaurante com/sem gravata, foi uma homengaem do diretor da escola de agronomia da Universidade do Arizona, juntamente com os brasleiros, bolsistas, que ali estudavam. Pena que na pressa, a foto ficou prejudicada com cortes de parte do cenário, mas ainda assim guardo aquela foto como lembrança da reminiscências dos tempos do Cine Teatro Municipal com seus encantadores filmes de far-west a fazerem a cabeça e a cultura dos lavrenses.
Pois bem, o
menino só havia representado em palco uma única vez, no Salão Paroquial, sob
comando do Frei Albino Arezzi, que hipnotizando-me, fez-me cantar o sucesso de
então: Oh, Carol, de Neil Sedaka...Emocionante? Sim, dia seguinte fui a estrela
no colégio, mas, a mais emocionante representação foi mesmo aquela de vítima do
bandido de bang-bang do far west americano, ali na cidade-cenário de Old
Tucson. Nada demais, se tomado apenas como um show corriqueiro, destinado a
turistas que apreciam a sétima arte. Além de ter recebido o presente como homenagem, a emoção que ali aflorou, foi mesmo
aquela da alma do menino de oito a dez anos, dos idos de 1953/55, no cinema-teatro de sua cidade natal. Não pude, naquele dia, já à bordo do
voo que me levaria de volta à Michigan, conter emoção de contentamento, pois
nunca imaginara que um dia presenciaria um show daqueles, ao vivo, no local dos
set de produção dos filmes vistos na infância. Daí a razão do título, um misto de arte,
cultura e gratidão à terra onde nasci e fui educado. Conforme disse antes, ninguém saía de Lavras, crescido e pronto para a
vida, sem ter sido contaminado por tudo aquilo que ali passou e nos impregnou
com a arte e a cultura. A visita ao set de filmagens de Old Tucson Studios,
tinha mesmo que ser classificada como o mais emocionante show artístico no
deserto do Arizona. Tempos depois, criei uma história fantasiosa para o filho
de sete anos. Mostrei-lhe a enorme cicatriz nas costas, sequela de cirurgia
torácica aos dois anos de idade, e disse-lhe que aquilo foi o resultado do assalto
de bandidos dos filmes de far-west, já com a foto do assalto em mãos. Acreditou
piamente e ainda contou no colégio. Dia seguinte queria a tal foto para mostrar
aos incrédulos coleguinhas... rsrs.
O poeta tem razão e os filósofos mais ainda, pois o caminho da felicidade e da alegria do viver deve ser buscado trabalhando a “separação” e a “saudade” a seu favor. Sempre procurei e abusei das boas companhias, aprendidas e assimiladas na infância e juventude, ou sejam, as leituras selecionadas, shows artísticos e a leveza das músicas clássicas que enlevam a alma em perfeita comunhão e harmonia (às vezes o menino se assentava no banco do praça-jardim, em frente ao sobrado do Capitão Evaristo, apenas para ouvir os acordes do piano Pleyel da professora Cecília Azevedo, ensinando suas alunas). E a comunhão e a harmonia da alma não acontecem em reuniões, festas regadas a bebidas e muito riso, mas, paradoxalmente, na ausência do outro, como dizia Nietzsche, que tinha a solidão como sua companheira. Assim devemos tratar a “separação”, a saudade, como bem expressou o poeta:
"Eu carrego comigo uma caixa mágica onde eu guardo meus tesouros
mais bonitos. Tudo aquilo que eu aprendi com a vida, tudo aquilo que eu ganhei
com o tempo e que vento nenhum leva. Guardo as memórias que me trazem riso, as
pessoas que tocaram a minha alma e que, de alguma forma, me mudaram para
melhor. Guardo também a infância toda tingida de giz. Tinha jeito de arco-íris
a minha. O pouco é muito
para mim. O simples é tudo que cabe nos meus dias. Eu vivo de muitas saudades.
E quem se arrebenta de tanto existir, vive para esbanjar sorrisos e flashes de
eternidade – ( Caio Fernando de Abreu)
A saudade, a solidão, são apenas companheiras de viagem. Obrigado Lavras, a Terra dos Ipês e das Escolas, onde se respira um ar de Educação e Cultura. Respirei muito ali e por isso resisto e existo com alma nutrida, agradecida a tudo e a todos. O Saber e a Cultura nos alimentam eternamente!
Brasília, 31 de dezembro de 2020
Paulo das Lavras
Foto:
do autor -1982
Parece
mesmo que as artes em Lavras, incluindo cursos de cinema, influenciaram
gerações e gerações. Roteiros e criatividade não faltaram ao menino dos anos 50
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