Pela
primeira vez em 75 anos deste menino o Sete de Setembro será diferente. Não
haverá desfile cívico-militar pelas ruas das cidades. Desde criança, de três ou
quatro anos de idade, sempre ouvia os distantes acordes do corneteiro
anunciando a chegada do comandante militar e os ensaios de bandas e das
fanfarras colegiais para os desfiles do Sete de Setembro. Esses ensaios eram
frequentes a partir de uns quinze dias antes da data nacional. Nos tempos de
colégio, a partir dos 12 anos, os desfiles do Dia da Pátria eram bastante
esperados, a começar pelos ensaios dos desfiles. Eram realizados vários dias
antes e representavam até mesmo a gostosa sensação de matar as aulas do último
horário, chatas, todos os dias daquele período que antecedia a semana da Pátria.
Mas essa não era a maior sensação. O gostoso mesmo era entrar no ritmo da
bateria do tarol, surdos, bumbo, prato, lira, cornetas, tubas, bombardins e
todos os demais instrumentos que compõem a banda marcial ou simplesmente
fanfara, como dizíamos à época.
Ah..., os tarois, esses sim eram o ponto alto das fanfarras dos colégios em Lavras. Havia disputa entre os melhores instrumentistas dos dois principais colégios da cidade, o Aparecida (católico, de padres alemães) e o Gammon (presbiteriano, de missionários norte-americanos). Nunca se soube quem ganhava, pois cada qual a seu modo se declarava vencedor como a “melhor fanfarra” da cidade e o melhores tarolistas, aqueles dos estridentes e chamativos para a ação: tarará... tarará... tarará, seguindo-se o tan, tan-tan-tan... dos tambores que se posicionavam ao seu lado, em perfeita harmonia e cadências. Para os meninos, os seus acordes de percussão, estridentes e vibrantes, eram um convite ao desfile com garbo no Dia da Pátria, especialmente diante do palanque das autoridades. Além do brilho das fanfarras, disputavam-se também os shows de lindas balizas que seus reluzentes e multicoloridos uniformes de cetim e lantejoulas, em perfeitas performances acrobáticas para delírio do público em geral e principalmente dos meninos que acompanhavam todo o desfile.
Com
o passar do tempo e já com filhos grandinhos, passamos a frequentar os desfiles
militares da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, sempre com eles a tiracolo
e com direito a ver as tropas e equipamentos bélicos das três Forças e de
quebra o Presidente da República em seu Rolls Royce doado pela rainha da
Inglaterra. Para as crianças, no entanto, era mais empolgante empoleirar nos
gigantes tanques de guerra ou adentrar as cabines de aviões e helicópteros ali
expostos justamente para atraí-los.
Salve
o 7 de Setembro!
Brasília,
07 de Setembro de 2020
Paulo
das Lavras
Foto: Secomsaer
Um ipê amarelo saudando o 7 se Setembro
de 2014. Não me contive, estacionei o carro e fui procurar o melhor ângulo para
uma foto. Se o 7 de Setembro não tivesse acontecido, como hoje, devido à
quarentena do coronavirus, teria valido apenas pelo belíssimoa cenário. Neste
ano a florada se antecipou em uma semana.
Foto do autor – edifício
da PGR- Brasília DF
e aplaudiu o rufar dos tarois e tambores da Guarda Presidencial. .. tarará, tarará.. tan, tan tan, tan Foto do autor
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