(Serie quarentena – 8)
O netinho e a foto do vovô ao pé da página da
revista ELLITE: Vovô, você é importante?
Pedro
Henrique, com cinco anos de idade, passou uma tarde após o carnaval na casa dos
avós e uma de suas atividades foi recortar figuras em revistas. Pegou qualquer
uma no porta-revistas da sala de estar e pediu autorização à vovó para
recorta-la. Na verdade era uma revista que continha um artigo que escrevi sobre
a história da educação em Lavras e as razões do porque de seu lema: Terra dos
Ipês e das Escolas. Vovó, matreiramente, disse a ele para perguntar-me.
Adentrou meu escritório e foi logo perguntando: Vovô posso recortar essa revista?
Antes de qualquer resposta pedi a revista e a abri na pagina 18, mostrando-lhe
as fotos da cidade de Lavras, bem antigas e a do próprio autor do artigo, seu
avô. O menino arregalou os olhinhos e surpreso exclamou:
Vovô...,
você é importante?
Sim....!
O vovô já foi importante, olhe aí quanta gente bonita aparece nas fotos da
revista, a começar pela capa e eu estava lá entre todos eles, contando
histórias..... Veja aí a história que contei para eles. Você acredita? Ah...,
então eu não posso cortar sua foto na revista. Escolheu outras figuras e
autorizei os recortes.
Instantes
depois fui à sala verificar o seu “trabalhinho”. Um mosaico de variedades com figuras recortadas, começando por duas
malas de viagem bem vermelhas, moedas,
bolo, tênis, roupas, tablet, telefone celular e outras. Perguntei a que se destinariam
os recortes e ele disse: É para a minha viagem, já tem mala, comida, tênis... e
agora só falta o dinheiro. Você me dá um real? E para onde será a sua viagem? Para
Nova York, vovô, mas é de mentirinha...., respondeu o sorridente garoto.
Criança
é joia. É preciso que as tratemos assim, com muito amor. Uma benção de Deus! São
capazes de nos arrebatar em sentimentos puros. E naquele dia fui refletir sobre
o valor da vida, a começar por “ser importante”, como perguntado pelo garoto de
apenas cinco anos de idade. Afinal o que é ser importante? Fui buscara
explicação e o filósofo Mario Sergio Cortela explica: “O que vale na vida é ser
importante e não necessariamente famoso. Importante é aquela pessoa que é
importada pela outra. Isso é que a pessoa leva para dentro. Isso significa
importar. Tem muita gente na tua vida que é importante, mas não é famosa. A
pessoa importante faz falta”.
Todos
devemos viver de forma a que todos sintam nossa falta. Isto é ser importante. O
ter algo ou muitos bens só tem valor se eles nos levam ao ser. E o ser
significa a alma aberta, o amor ao próximo, especialmente aos pequenos e mais
ainda aos nossos netos. E o netinho, ao perguntar se o vovô é importante, imaginou
apenas com base no que viu na revista ilustrada com fotos de muita gente bonita
e sorridentes em festas e ambientes requintados. Lógico, não pensou na
importância do vovô dentro de si próprio, pois sua capacidade não atingia ainda
esse limiar. Mas, mais do que isso, a importância é recíproca, pois as crianças
alegram nossa alma, são a própria alegria. Outro filósofo, Rubem Alves, compara
os velhos às crianças ao dizer: “As almas dos velhos e das crianças brincam no
mesmo tempo. As crianças ainda sabem aquilo que os velhos esqueceram e têm de
aprender de novo: que a vida é brinquedo que para nada serve, a não ser para a
alegria!
Que
bom, o netinho tem o vovô como alguém importante na sua vida. A recíproca é
verdadeira. Criança é joia!
Brasília,
06 de março de 2014
Paulo
das Lavras
Perguntei a que
se destinariam os recortes. É para a minha viagem a Nova York, vovô.
Tem malas de
viagem bem vermelhas, moedas, bolo, tênis, roupas, tablet,
telefone celular...
Só falta o dinheiro, você me dá um real, vovô?
. Edição nº 25 (outubro 2013) - Revista
ELITTE, com o artigo escrito pelo vovô:
Lavras- 300 Anos de História
Revista ELLITE,
nº 25 – outubro de 2013, pag18
Revista ELLITE
nº 25, outubro de 2013, pag 19 –
Surpreso, o netinho
viu a foto do
autor e logo perguntou: Vovô, você é importante?...
Revista ELLITE
nº 25, outubro de 2013, pag 20 – Além da foto anterior , o garoto
reconheceu a
grande torre da Igreja Matriz que já conhecia de visitas anteriores à cidade.
Revista ELLITE
nº 25, pag 21
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