(Série Quarentena – 05)
Que a calmaria dos jardins e as belezas das vincas e
celósias, lindas e doces flores, com as borboletas que delas se alimentam,
sejam bálsamos para a nossa alma nesses tempos de quarentena do cororonavírus.
Foto do autor – Chácara/ Brasília 2020
Um
vírus colocou o mundo inteiro em pânico. O medo mora conosco, tomou o lugar do
abraço. Nossa única certeza é a incerteza e resta-nos esperar que o
confinamento físico tenha o dom de abrir nossos espíritos à fraternidade humana,
especialmente a aqueles que passam por dificuldades, incluindo a perda de entes
queridos.
Um
retiro espiritual em meio à natureza faz bem. Que a solidão de nossas almas,
nestes momentos de afastamento social e privação dos abraços, possa de fato
fazer-nos refletir sobre as belezas da vida e assim nos tornarmos melhores. Mens sana in corpore sano. A frase de Juvenal,
poeta romano, muito bem expressa condensando em poucas palavras toda uma
filosofia de vida que, aliada aos dois princípios filosóficos de Horácio, poeta
e meio que filósofo, grego, em seus poemas satíricos e epicuristas, sempre
ressaltava o carpe diem e o fugere urbem. Incentivava as pessoas procurar
evitar a dor e as perturbações, levar uma vida longe das multidões (mas não
solitário), dos luxos excessivos, se colocando em harmonia com a natureza e
desfrutando da paz e da amizade. A
amizade, segundo os filósofos, traz uma grande felicidade para as pessoas, já
que a convivência pode ocasionar uma troca saudável de pensamentos e opiniões
enriquecedoras. Daí, o apreciar o dia - carpe
diem e o fugir da cidade, da aglomeração -
fugere urbem, não querem dizer
que devemos nos isolar e viver solitários no meio do mato. Devemos viver em
equilíbrio enfatizando o desejo para encontrar a felicidade, buscando a saúde
da alma e um sentido mais alegre à vida, sem neuras, pois não faz sentido vivermos
angustiados em relação à morte, a preocupação com o destino e a violência
urbana que nos cerca. E agora, muito mais ainda, pelo verdadeiro terror do
coronavírus que nos assola, martela, diuturnamente com noticiários mórbidos,
tristes, chocantes e apavorantes.
O equilíbrio da
alma, especialmente nesses tempos de quarentena, de duração ainda indefinida, pode
e deve ser buscado no campo, na contemplação das belezas dos jardins e da
natureza plena. Rubem Alves escreveu certa vez que Deus cansou-se da imensidão dos céus
e sonhou… Sonhou com um… jardim. “O
Paraíso era um jardim de flores e Deus andava pelo meio do jardim…. Um jardim é o seu rosto sorridente”.
Plantar flores é colher felicidade. E plantar uma árvore é um anúncio de
esperança. Especialmente se for uma árvore de crescimento lento. E isso porque,
sendo lento o seu crescimento, plantamos sabendo que nem vamos comer dos seus
frutos, nem sentar à sua sombra… Plantamos pensando naqueles que comerão os
seus frutos e se sentarão à sua sombra. E isso bastará para nos trazer
felicidade! É bem assim mesmo, tenho plantado meus jardins por mais de 40 anos
e cada vez que os contemplo sinto-me em harmonia com a Natureza, sentado à sombra
de fro8ndosas árvores, que eu mesmo plantei rodeado de flores – essas maravilhas
que Deus nos deu. Boa oportunidade para meditar e agradecer a Deus por tudo e
renovar nossas forças para vencer essa quarentena que nos subjuga.
As
flores são como as crianças, trazem amor e vida, têm o poder de desarmar e
emocionar as pessoas. Admirar as beleza dos jardins,
flores, frutos e pássaros e animais reconforta
a alma.
Brasília, 03 de maio de
2020
Paulo das Lavras
Orquídea no tronco de ipê roxo
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020
Palma de
Santa Rita ou gladíolos
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020
Onze horas, também conhecida por duas horas,
enfeitando a piscina
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020
Uma jovem quaresmeira roxa
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020
Ipê branco de apenas 12 anos de idade
Foto do autor: Chácara, Brasília 2019
Manacá da Serra, com 02 anos de vida
Foto do autor: Chácara, Brasília 2018
Orquídea enfeitando o canil
Foto do autor: Chácara, Brasília 2020
Congea tomentosa, ao lado piscina
Foto do autor: Chácara, Brasília 2018
E na quietude do campo, onde só se escuta o cantar
dos pássaros e da agua em cascata,
até os “guardas
especiais” repousam o sono dos justos. Não me guardam do coronavirus,
mas dão-me descanso, o repouso da alma
Foto do autor – chácara 2020
Nada como a calmaria da natureza. O silêncio da alma
nos enleva
Foto do autor – chácara 2020
Sim, o poeta e filósofo, que foi professor em minha cidade
natal, Lavras-MG, está certo,
“As
pessoas são aquilo que amam”, pois quem ama as flores, os pássaros e
os animais numa natureza em perfeito equilíbrio, também estará em permanente Equilíbrio consigo mesmo, com a
natureza, o próximo e com Deus. Amém
Foto:
Instituto Rubem Alves
Maravilhas que nos trazem paz! No entanto, no momento presente, anda difícil saber o que está mais em falta no nosso país, se é o "carpe diem", o "fugere urbem", ou o "Mens sana" ou o "corpore sano"!? Creio que, para garantirmos o "corpore sano" e o "carpe diem", devemos aplicar o "fugere urbem", contrariando o "insanus" mór!
ResponderExcluirGostei do fino humor satírico, "insanus" mór... rsrs. Está difícil viver em Brasília, por isso fugi para a minha Passárgada, pois lá sou amigo, não do rei, mas da Rainha Natureza. Santo remédio para a alma!
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