Neste
06 de Junho de 2019 comemora-se o Dia D da Segunda Guerra Mundial. São passados
75 anos da invasão da Normandia pelas tropas aliadas. Nenhum país do mundo fez tanto
pela liberdade e democracia dos povos quanto a França. Em menos de 150 anos foi
palco de dois eventos marcantes. A Revolução Francesa de 1789, que estabeleceu os
princípios da democracia, com seu slogan, Liberté, Egalité, Fraternité
(Liberdade, Igualdade, Fraternidade), incorporado nas Constituições nacionais
de muitos países. Aqui também serviu de inspiração para nossos idealistas, que
sonhavam com a independência do Brasil, liderados por Tiradentes. O segundo
evento, na França, também marcante para a humanidade, foi a batalha do Dia D,
realizada em 06 de junho de 1944, nas praias da Normandia. Aquela sangrenta
batalha tinha como objetivo resgatar a liberdade, o bem mais precioso da
humanidade, oprimida pelo nazismo de Adolf Hitler.
Visitamos
aquele antigo teatro de guerra, na cidade de Caen e praias da Normandia. Ali
ainda estão as marcas, guardadas como um memorial para conhecimento das
gerações. Foram mortos mais de dez mil soldados das tropas aliadas, metralhados
pela artilharia alemã, posicionada estrategicamente em casamatas
superprotegidas no alto dos penhascos Foram as batalhas mais ferozes daquela 2ª
Grande Guerra. Vinte e quatro mil cidadãos de Caen morreram e a cidade teve 70%
de sua área destruída. Hoje, 75 anos depois, a memória ainda está viva.
As
celebrações desses 75 anos do Dia D iniciaram-se ontem, na Inglaterra e se
prolongam hoje na França. Chefes de Estado de vários países lá estão,
rememorando a vitória e o heroísmo dos soldados combatentes, vivos e mortos,
aos quais se prestam, hoje e sempre, a merecidas honras de toda a humanidade.
Visitar aqueles locais e conhecer os campos de batalha, os museus e, sobretudo,
o Cemitério Americano da Normandia, onde estão sepultados cerca de dez mil
soldados, foi uma experiência extraordinariamente emocionante e de muita
gratidão aos que ali tombaram em defesa da liberdade dos povos.
Naquele
monumental Cemitério observei dois fatos interessantes. Registrei-os em fotos:
O primeiro é a Estrela de David, símbolo dos judeus que não aceitam a cruz,
símbolo dos católicos. Em meio à quase dez mil cruzes brancas destacam-se em
seus lugares, algumas estrelas. O segundo destaque e talvez o principal daquele
monumento, é a enorme escultura em bronze, de 6,70m de altura, intitulada:
“Spirit of American Youth Rising from the Waves” (Espírito da juventude
americana ressurgindo das ondas). A escultura representa um jovem americano
ressurgindo das ondas do mar, com os braços e mãos estendidos, olhando para os
céus a contemplar a Glória da chegada do Senhor. Representa os soldados saindo
das águas do mar, naquele trágico desembarque das tropas, e embora muitos
tivessem sido feridos de morte, ainda conseguiram chegar ao alto daquela colina
onde jazem seus corpos. E assim, gloriosos, emergem das ondas que ficaram
abaixo e veem a Glória da chegada do Senhor que veio arrebatá-los. Belíssima alegoria,
e mais emocionante ainda é saber que a estátua está voltada para o ocidente, mirando
o caminho de volta que eles, os soldados, almejavam..., a sua casa, na distante
América, do outro lado do Atlântico.
O
Dia D foi o dia decisivo, pois a partir dele iniciou-se o fim da 2ª Guerra
Mundial. Logo em seguida, em julho, a França foi libertada e em abril seguinte a
Alemanha se rendeu. Em agosto de 1945, com as bombas sobre Hiroshima e
Nagasaki, caiu a última resistência com a rendição japonesa. Por outro lado, a
participação brasileira teve como palco os campos de batalha na Itália, com
expressivas vitórias, mas também lá deixando mais de 400 soldados tombados em
combate. Dentre eles estavam combatentes de Lavras, minha terra natal. A eles presto
minhas homenagens, em crônica intitulada “A aviação de guerra em Lavras e o
amigo alemão”, a ser publicada em breve.
Hoje,
06 de junho, nada mais justo do que se lembrar e reverenciar a memória daqueles
que lutaram pelos ideais da liberdade de todos nós e muitos deles tombaram nos
campos de batalha.
Brasília,
06 de junho de 2019
Paulo
das Lavras
Visita emocionante – Cemitério Americano da
Normandia
Mais de 10 mil combatentes ali repousam
Foto do autor – dezembro 2013
“Spirit of American Youth
Rising From the Waves”, escultura simbolizando
a partida do soldado tombado em combate. Ressurgindo das ondas do mar,
onde desembarcaram e tombaram.
Braços estendidos e olhar para a Glória
da chegada do Senhor. A estátua está voltada para o ocidente, mirando o
caminho de volta que eles, os
soldados, almejavam... sua casa, na distante
América, do outro lado do Atlântico... Comovente!
Foto do autor- dezembro de 2013
A Estrela de David substitui a cruz dos cristãos
Foto do autor: Cemitério Americano da Normandia – dez
2013
Chegando à praia de Omaha, na Normandia. Alvo fácil
para a artilharia alemã,
posicionada nas casamatas, no alto dos penhascos
Foto: Internet
Conhecendo a casa mata com canhões e metralhadoras no
alto dos
penhascos da praia de Omaha, na Normandia. Em um
único dia os
alemães
dizimaram mais de 2.000 soldados das tropas aliadas
Foto do autor – dezembro 2013
Foto: Arquivos da FEB
Robert Reitzer, primeiro à direita, oficial francês em
missão
em Berlim, onde foi resgatar o acervo de arte
roubado do Museu do Louvre.
Essa foto pertence ao acervo familiar do amigo, Daniel
Reitzer,
filho daquele
oficial, que nos hospedou e acompanhou-nos às
visitas dos campos de batalha e museus, na França e
Alemanha.
Foto: Arquivos de Daniel Reltzer
Nas comemorações dos 70 anos do Dia D . Retornar à
areia da praia,
onde foi recebido à bala pelos alemães e assistiu ao
tombamento de milhares
de
combatentes, merece mesmo um ato de amor e agradecimento por ter se salvado
e ajudado a
libertar-nos da tirania, medo e privação
da liberdade.
Foto: internet 2014
Conhecendo o Museu do Desembarque- Normandia
Foto do autor- dez 2013
Comemorações dos 75 anos do Dia D. Chefes de Estado
de vários países,
em Portsmouth/Reino
Unido, em 05/06/2019, juntamente com 300 veteranos
Foto: AFP
Jovens ouvindo relatos de guerra, ali nas praias da
Normandia
Foto: El País- 06/06/2019
Conversando com
oTenente Vinicius Venus Gomes da Silva, Presidente da
Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira, lutou em
Monte Castelo pelo 1⁰ Grupo de Aviação de Caça, o famoso do Esquadrão Senta Pua, bombardeando as tropas alemãs, tanto nas frentes de combate
como na retaguarda, enfraquecendo-as e facilitando
sobremaneira a ação da infantaria. Ouvir dele a narrativa da vitória daquelas
sangrentas batalhas e ao final, tomar em
definitivo o estratégico Monte Castelo, foi muito emocionante. Afinal, o
destemido e corajoso
piloto de guerra tinha apenas 19 anos.
Foto do autor: desfile
7 de Setembro 2014- Brasília-DF
Monumento aos Pracinhas – Lavras, MG
Foto do autor - 2018
Monumento aos Pracinhas - Lavras MG
Foto do autor - 2018
Três pracinhas lavrense nos campos de combate da
Itália, em 1945. Ao centro, Coriolano Botelho
Foto: arquivos da família Botelho
Lavras tem história nas guerras. Esse avião de
guerra, um Morane Saulnier – 130, prefixo K224,
fez um pouso
forçado na cidade de Lavras, em 06/10/1930.
O piloto, Sargento, Carlos Brunswick França, aparece em primeiro plano, com a
bota sobre a roda do avião,. À esquerda o mecânico
e co-piloto
Dinarco Reis e ao fundo os mecânicos da cidade, que ajudaram a restaurar
a aeronave
que ficara bem danificada. Mas, essa é
outra história....
Foto: arquivos de Renato Libeck
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