Spending my time
é o nome de uma bela canção interpretada pela cantora Roxette. Nela está
expressa toda a angústia de alguém que perdeu algo na vida, um amor, uma paixão
e vê os dias passarem, manhã após manhã, tarde após tarde e... nada, a vida
continua igual. E ela passa o tempo todo a contemplar a parede de seu quarto ou
até mesmo a TV ligada, mas é incapaz de ver ou assistir algo na tela, pois só
enxerga a imagem da pessoa, do amor perdido e fica a imaginar... “será que ela
também pensa em mim?”. Agradece a Deus por ele, a paixão de sua vida, não estar
ali e vê-la naquela condição, na fossa, perdendo tempo, sentindo-se tão
pequena, sem forças. Mas, os amigos dizem, a vida continua, acorda o tempo vai
fazer com que você supere isso! Mas, não tem jeito, prossegue a cantora,"vejo as tardes passarem, a
noite chegar, perdendo meu tempo e caio no sono ouvindo a música do Iron Maiden, Tears of a Clown” e então compreendi
que, como na letra dessa música, algo havia morrido por dentro, pois estava
sempre me sentindo para baixo, como se tivesse afogado no meu tormento, cabeça cansada
reclinada para descansar. Essa era a verdade, verdadeira, embora tudo parecesse
bem do lado de fora, tal qual a falsa lágrima de um palhaço de circo, tal qual mencionado nas canções de Roxette e Iron Maiden.
Há
um ditado que diz: “quem canta, seus males espanta”. Em ambas as canções citadas, os autores expressam a dor da alma de alguém que perdeu algo, um amor
uma paixão e luta contra si mesma. Em tudo que vê ou faz nada enxerga, nem na TV ligada à sua frente, a não ser
aquela pessoa que ama e partiu. E mais, espera, ansiosamente, que a pessoa
amada e perdida, esteja também pensando nela. Obsessão, inconformismo? Vai se
saber, pois a alma humana é cheia de mistérios. É impressionante observar que,
quando alguém assim está, perdido, encontra ressonância em situações que se aproximem,
semelhantes. No caso citado, a suposta pessoa, na depressão amorosa, se agarra à
outra história semelhante, retratada na musica que ouve e sob a qual adormece, como se
reconfortada fosse pelas palavras de outrem na mesma situação. Assim é a vida,
não há novidade alguma sobre a face da terra dos humanos. Somos todos iguais,
dizia um amigo americano que, durante um jantar em restaurante no Rio de
Janeiro, observava o comportamento de uma família, na mesa ao lado e disse: "pessoas são iguais, aqui ou nos EUA, mudam-se apenas os endereços".
Pura
verdade e ao ver na TV uma recorrente propaganda, com fundo musical da canção
magnificamente interpretada por Roxette, ouvi atentamente a letra e compreendi
porque, todos os anos, abate-me certa nostalgia, sentimento de solidão, naquele
período entre o natal e o ano novo, não importando a alegria familiar nos dias
que antecedem e perduram por todo o natal. A festa dos preparativos, a compra
dos presentes, a chegada do papai Noel para as crianças, a noite da ceia com os
mais finos cuidados na decoração, das guloseimas e os pratos caprichosamente
preparados, a distribuição dos presentes e a excitação dos pequenos... Ah...,
sim, tudo isso é maravilhoso e damos graças a Deus, começando pela oração em
que elevamos nossos corações ao Alto, irmanados num só objetivo: a vida. Nos dias seguintes seguem-se as
reflexões, um balanço do ano que se passou e os planos para o ano novo.
Desfilam-se, primeiramente, as vitórias, mas depois, como na canção citada,
parece que há algo estranho, pois a vida passa, temos tudo que precisamos e
ainda assim.... O que será? O que foi que perdi na vida? A infância, a
juventude, os colegas de escola, os velhos amigos que ficaram para trás na
distante cidade natal? Ou, quem sabe, talvez, a falta da intensa atividade do
trabalho profissional? Afinal, deixar o terno e gravata depois de 50 anos de
atividade ininterrupta, no frenético mundo dos negócios da educação superior no
país e exterior, pode ser realmente um choque de difícil assimilação, mesmo que
o tempo tenha chegado a meio século no batente, intenso...
Mas,
tudo isso junto e misturado pode mesmo nos levar a pensar como aquela garota
que canta, olha para a parede, olha a TV ligada, mas não a assiste e só pensa
na paixão que perdeu. O tempo passa,
sabemos, mas às vezes nem sempre as lágrimas que caem por essa razão são como
aquelas da canção. São verdadeiras, pois o homem está sempre em busca do tempo
perdido, como bem descreveu o escritor Marcel Proust que, em vez de seguir uma
forma literária contínua e linear da ação e dos personagens, reproduz a
realidade como conteúdo da consciência. Ele busca o passado a partir de
sensações casuais. É por isso, na mesma trilha de Proust, que busquei o passado
na companhia da cantora Roxette, com sua bela canção que, aliás, recomendo. E
nada mais justo que reconhecer em Proust o
verdadeiro sentido da vida: "A verdadeira vida, a vida enfim descoberta e
tornada clara, a única vida, por conseguinte, realmente vivida, é a literatura."
E entendamos aqui, como “literatura” toda a experiência de vida, vivida por alguém,
seja ela expressa em letra, música, arte ou simples exposição oral. Assim, nada
melhor do que se reviver com essas experiências e delas tirar proveito para uma vida feliz.
Aproveite
a vida. O tempo passa....
Feliz
Ano Novo!
Brasília,
30 de dezembro de 2018
Paulo
das Lavras.
O tempo passa..., manhãs e tardes se
vão..., cai a noite,
dilema cantado por Roxette!
Veja o bonito clip da cantora Roxette: https://www.youtube.com/watch?v=eG0IYV6G0I0
Veja o bonito clip da cantora Roxette: https://www.youtube.com/watch?v=eG0IYV6G0I0
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