Neste
24 de agosto, Maria José de Abreu – Mariinha, querida irmã, tia e avó de coração
de toda a família, ou simplesmente nossa segunda matriarca, comemora seus 80
anos. Sim, oitenta anos de vida, em pleno gozo de saúde. Nosso abraço e pedido
de mais bênçãos de Deus para aquela que dedicou e ainda dedica toda a sua vida,
exclusivamente aos cuidados da família. Ainda jovem teve de abandonar os
estudos no Colégio de Lourdes, em Lavras, para ajudar a mãe cuidar dos seis
outros irmãos, dentre os quais me incluo. Éramos crianças, de 8 a 15 anos,
estudantes em colégios da cidade. Nosso pai passava a maior parte do tempo na
fazenda e ficávamos, mãe, filhos e agregados na grande chácara, próxima à
Estação de Costa Pinto.
A
vida naquela década de 1950 não era fácil. Colégios só mesmo os particulares,
pois inexistiam escolas secundárias públicas na pequena cidade de 30.000
habitantes. Estávamos distribuídos em três dos quatro colégios então
existentes: o Lourdes (quatro), Colégio Aparecida (2), sendo que mais tarde uma
das irmãs transferiu-se para o Instituto Gammon e ali se formou em 1961 no
curso técnico de Contabilidade. O Colégio de Lourdes chegou concentrar, além
das quatro irmãs, mais duas tias, às quais as madres e professoras carinhosamente
chamavam de “as seis moças da família Abreu”. O carinho delas era tão grande
que muitas das freiras e professoras frequentavam nossas casas na cidade e na
fazenda. Mas, a mais velha das irmãs, Mariinha, viu-se obrigada a abandonar os
estudos para ajudar a mãe. Pouco tempo depois, aos dezoito anos, recusou a
proposta de noivado, pois, aquele que a propôs em casamento, um bonito rapaz de
origem italiana, seria transferido para a cidade de Volta Redonda, onde
assumiria o posto de gerente de uma grande loja comercial. Foi sua primeira
renuncia em favor da família. E novos pretendentes não faltaram. Relataram-me
que onde ela estivesse presente, nas festas juninas do colégio, ou qualquer
festinha com hora dançante em casas de família ou no clube (assim eram chamadas
os encontros de jovens naqueles idos tempos), não sobrava rapaz bonito para
ninguém, pois ela era cortejada o tempo todo, a mais bonita, clarinha, olhos
azuis e cabelos ondulados bem pretos, fazendo aquele célebre estilo das atrizes
italianas de então.
Pouco
tempo depois, com a perda prematura de nossa mãe, suas responsabilidades
aumentaram diante da família, assumindo o papel de matriarca que cuidava de
todos, inclusive dos primeiros sobrinhos que já haviam chegado e aumentado a
família. Assim permaneceu por mais de uma década, até que todos nós nos
formássemos na faculdade e seguíssemos vida própria. Mas, sua dedicação não
terminou por aí, pois além de cuidar dos irmãos, ajudou a criar os numerosos sobrinhos
desde o nascimento. E muito mais ela fez, mudou-se para a fazenda, em maio de 1970, abdicando de sua vida na cidade, unicamente para, então, cuidar de nosso septuagenário
pai, o qual viveu 101 anos, vindo a falecer em 2007. Ali na fazenda viveu e
cuidou do pai por todo o tempo de sua longevidade.
E
hoje, neste 24 de agosto de 2018, quando completa oitenta anos de vida,
inteiramente dedicada a cuidar da família, presto a ela a minha singela
homenagem, pois, mesmo tendo se abdicado do casamento, ocupou honrosamente, com
muita dedicação e amor, a função de matriarca da família. Somos todos gratos e
reconhecidos por esse gesto de desprendimento e dedicação ao próximo. Assim, hoje
ela colhe e desfruta do carinho de seus “filhos, netos, bisnetos e tetranetos”.
Estes, ainda pequenos, certamente serão também cuidados e amados por essa que
durante toda sua vida só soube cuidar dos filhos do coração. Que Deus lhe dê
muitos anos de vida, felizes, e assim possamos todos ainda retribuir-lhe muito mais.
Um
abraço carinhoso deste filho do coração!
Brasília,
24 de agosto de 2018
Paulo
das Lavras.
A bela jovem de 18 anos, de olhos azuis e cabelos
pretos ondulados, Maria José de Abreu,
mas que abdicou de sua vida pessoal para cuidar dos irmãos e depois de toda a família, 2incluindo o pai que
viveu 101 anos.
Maria José, nos tempos do Colégio de Lourdes
Os seis irmãos,
na verdade a matriarca e cinco “filhos”
Maria José, a
segunda da direita para a esquerda, na festa de casamento de uma “bisneta”
setembro 2017
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