Época de Copa do Mundo
há uma profusão de hinos nacionais, cantados com muito entusiasmo, simbolizando
o amor e o desejo de vitória. Interessante observar o ritmo, a cadência e o
entusiasmo com que os jogadores cantam e expressam suas emoções naquele
momento. O hino americano é mais cadenciado, puxando a alma para a reflexão, enaltecendo
os valores da vitória com a bandeira estrelada brilhando sobre a terra da
liberdade e dos bravos. O hino nacional francês, a famosa Marselhesa, têm ritmo
mais acelerado como um verdadeiro grito de guerra impulsionando seus soldados
para o front da batalha. E o nosso hino nacional? Bem esse dispensa qualquer
classificação. Mexe com a alma no mais
puro sentimento de nacionalismo evocando um sonho intenso com o sol da
liberdade, amor e esperança em lindos campos floridos com a mãe gentil que, nos
seus seios, acolhe os filhos com mais amores. É a nossa terra adorada, Pátria
amada, Brasil! E nada mais é preciso dizer, pois está na alma.
A
imprensa tem dispensado bastante atenção na execução do hino nacional. Tem
mostrado nossos atletas cantando a plenos pulmões e alguns chorosos como Thiago
Silva, Júlio Cesar e depois Neymar. E o mais bonito que temos notado é que o brasileiro
parece que se desinibiu e aprendeu a cantar o hino nacional por inteiro. Nas
partidas de futebol permite-se apenas a primeira estrofe de cada hino, mas
agora a moda é prosseguir cantando à capela. Ou seja, continuam a cantar sem
que haja qualquer acompanhamento instrumental. Essa moda começou em 2011, num
jogo entre Brasil e Argentina, em Belém do Pará e a imprensa logo a batizou
como “à capela”, uma expressão de origem italiana. De qualquer forma muitos dos
jogadores não conseguem segurar as lágrimas, cantando ali perfilados, pouco
antes do chute inicial. É fácil compreender o choro de Thiago Silva, jogador do
Paris Saint Germain, vive no exterior a curtir o eterno banzo da pátria querida
e a gora ali, em casa, em frente a milhares de brasileiros, cantando o hino
nacional..., é emoção demais. Das seleções estrangeiras chamou a atenção o
volante Serey, da Costa do Marfim, que desabou em pranto enquanto cantava seu
hino nacional, antes de enfrentar a Colômbia, aqui em Brasília. Sensibilizados
os torcedores se levantaram em todo o estádio e aplaudiram o jogador
marfinense. Ao fim do hino, Serey baixou a cabeça e continuou em prantos, sendo
então abraçado por seus colegas. Linda e comovente demonstração de amor à
pátria distante e mais bonito ainda o sentimento de respeito por parte dos
setenta mil torcedores presentes.
Parece
mesmo que quando estamos distantes da pátria o amor aflora com mais intensidade.
E é precisamente na ausência que a proximidade é maior. Lembro-me que, em meados da década de 1970, estava
no exterior onde desempenhava missão de governo, em estadas de quatro a seis
semanas, sozinho e a saudade parecia que apertava mais. A saudade não é produto da solidão e da distancia. Ela vem das fantasias
que surgem na solidão. E como era duro suportá-la naquela época, pois as
comunicações não eram tão avançadas como hoje. Existiam apenas o telex e o
telefone fixo, cuja qualidade das ligações deixava a desejar, além de excessivamente
cara. Num domingo, flanando pela cidade, passando pelo porto de Nova York, eis
que vi um navio ancorado com a bandeira brasileira tremulando ao vento... Ah,
não houve como segurar as lágrimas ao simples olhar daquele auriverde pendão da
esperança. Saudades da pátria, dos tempos de menino nas paradas de 7de Setembro
ou em fila no pátio da escola para o hasteamento da bandeira e em seguida
cantar o hino nacional, a chamada Hora Cívica. Da mesma
forma, chegar à embaixada do Brasil na Avenida Massachusetts, na capital
americana e logo à entrada contemplar o pavilhão nacional tremulando, mexia com os sentimentos aflorados, ali distante da
pátria. A distância, a falta dos amigos e principalmente do doce som do nosso
idioma... ah, não tem quem não resista diante do símbolo augusto da paz, com
sua presença nos trazendo à lembrança a grandeza da Pátria. E tal qual escrito
no Hino da Bandeira, o afeto que se encerra em nosso peito se converte em
profundo respeito e contemplando seu vulto sagrado compreendemos o nosso dever.
Mais interessante ainda é que esse sentimento, de afeto e amor, é mais intenso quando
ali estamos, longe, a serviço da Pátria e não em simples viagem de lazer quando
tudo é festa e alegria.
Os
símbolos nacionais, especialmente o hino e a bandeira, fazem parte do nosso
sentimento. Estão entranhados em nossa alma, por tudo que representam para nós
em termos de nação e patriotismo. Tomara que essa onda de cantar o nosso hino
se espalhe e mais, que usemos mais vezes a bandeira nacional, em casa e nas
ruas. Aliás, nunca vi um país que mais cultue a sua bandeira que os Estados
Unidos. Em qualquer foto elas aparecem em destaque. Na Avenida Wall Street, são
dezenas delas em quase todos os edifícios privados. Aqui no Brasil ainda não
temos esse saudável hábito. Basta andar pela Avenida Paulista, coração
financeiro e raramente as vemos nas marquises e fachadas de casas comerciais e
bancárias. Só há profusão de bandeiras em dia de jogo da Seleção Brasileira.
Tomara que se mude, pois em relação ao hino nacional já progredimos.
Brasília,
20 de junho de 2014
Paulo
das Lavras
Thiago Silva ”desabou” ao
cantar i Hino Nacional
O mesmo com Serey, da Costa do
Marfim
Tua nobre presença à lembrança da grandeza da Pátria nos traz
.
Verde e amarelo em profusão, mas só na Copa
Av.
Paulista, quase não se vê bandeiras hasteadas em destaque
Nem mesmo no imponente edifício da FIESP...
... Só mesmo em ocasiões especiais
...
ao contrário de Wall Street
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