Como
parte das celebrações dos 70 anos do Dia D, que foi a invasão da Normandia
pelas tropas aliadas e que marcou o início do final da Segunda Guerra Mundial,
as visitas ao Cemitério Americano da Normandia, na praia de Omaha/França, foram
o ponto alto das comemorações. Também lá estive recentemente e pude prestar
minha singela homenagem de respeito aqueles quase dez mil soldados que ali
jazem. Embora já tenha falado antes sobre a visita, não poderia deixar de
destacar dois fatos que ali observei. Fiz os registros em fotos que ilustram
este texto: O primeiro é a Estrela de David, símbolo dos judeus que não aceitam
a cruz, símbolo dos católicos. Em meio à quase dez mil cruzes brancas
destacam-se em seus lugares, algumas estrelas. O segundo destaque e talvez o
principal daquele monumento, é a enorme escultura em bronze, de 6,70m de altura,
intitulada: “Spirit of American Youth Rising from the Waves” (Espírito da
juventude americana ressurgindo das ondas).
Essa
escultura representa um jovem americano ressurgindo das ondas do mar, com os
braços e mãos estendidos, olhando para os céus a contemplar a Glória da chegada
do Senhor. Representa os soldados saindo das águas do mar, naquele trágico
desembarque das tropas, e embora muitos tivessem sido feridos de morte chegaram
ao alto daquela colina onde jazem seus corpos. E assim, gloriosos, emergem das
ondas que ficaram abaixo e veem a Glória da chegada do Senhor que veio arrebatá-los. Ao
ler o histórico da criação daquela bela e significativa escultura, veio-me à
memória a linda e emocionante letra do hino nacional norte-americano, que
tantas vezes lá cantei em solenidades na universidade. O hino relembra as
guerras e o soldado em meio à artilharia, nos clarões dos fogos dos canhões, vislumbrando
e vendo que a sua bandeira nacional ainda estava tremulando no alto do mastro,
o símbolo nacional do amor à pátria, servindo de estímulo e dando-lhe forças
para continuar na batalha. In literis:
And the rocket's red glare
The bombs bursting in air
Gave
proof through the night
That our flag was still there
Oh say does that star
Spangled banner yet wave
O'er the land of the free
And the home of the brave
Tive a certeza de que o autor que
projetou aquele monumento, do jovem americano ressurgindo (sua alma) das ondas
do mar, com os braços e mãos estendidos, olhando para os céus a contemplar a
Glória da chegada do Senhor que viria arrebata-lo, se inspirou na mesma visão
que o soldado americano tivera durante a guerra, no clarão dos fogos do canhão
iluminando a bandeira estrelada no alto do mastro no topo do morro. Assim como
a bandeira estrelada era o símbolo da pátria e esperança de dias melhores,
servindo de incentivo para vencer a batalha, também ali, nas praias da
Normandia, aquela escultura representava os anseios dos jovens soldados ali
tombados, ainda no mar ao desembarcarem, de onde suas almas emergiam para alcançar a Glória do Senhor. E mais, a
colocação da escultura foi cuidadosamente planejada de modo que estivesse
voltada para o ocidente..., a América, berço do soldado saudoso de sua pátria e
seus entes queridos.
Linda
alegoria, e mais uma vez não pudemos conter as lágrimas de emoção quando, ao final
da descrição do monumento, conhecemos o verdadeiro sentido daquelas mãos
elevadas ao alto e o desejo de retornar à pátria, para onde estava voltada,
olhando para o outro lado do Atlântico. A emoção aumentou ainda mais, quando nos
lembramos do hino nacional dos americanos que tantas vezes ouvimos, cantamos e
apreciávamos seu inteiro teor de puro amor à pátria. Sempre o comparávamos, em
conteúdo e emoção, ao nosso Hino Nacional do famoso grito do Ipiranga e quem,
honestamente, estando no exterior nunca chorou ao ouvi-lo ou presenciar o hasteamento
do nosso pavilhão nacional?
O escultor Donald Harcourt De Lue, não poderia
ter sido mais feliz ao idealizar tão belo e significativo monumento em honra à
memória dos soldados ali tombados em defesa da liberdade dos povos.
Brasília, 7 de junho de 2014
Paulo das
Lavras
Estrela
de David, simbolizando a crença judaica, entre as milhares de cruzes cristãs
“Spirit of American Youth Rising From the Waves”, escultura simbolizando
a partida do soldados tombado em combate.
Ressurgindo das ondas do mar
onde desembarcaram e tombaram heroicamente. Braços estendidos e olhar
para a Glória da chegada do Senhor.Comovente!
Vista
do Cemitério Americano da Normandia com o Memorial ao fundo e as
bandeiras da França e Estados Unidos
tremulando
70 anos depois, uma reverência aos soldados
tombados em combate na Normandia
Uma
reflexão respeitosa diante do túmulo do soldado nº 125, Ray A. Lemmon, da 29ª
Infantaria,
Colorado. Tombou em 15 de junho de 1944 uma das batalhas que se sucederam
ao
desembarque nas praia da Normandia. Não há como não se emocionar diante do túmulo
de
um soldado que lutou e morreu para garantir a nossa liberdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário