ARTIGO (*) PAULO ROBERTO DA SILVA
(*) artigo publicado na Revista Ellite - Lavras-MG, ed. maio 2014
“O amor à mulher é completo, ou assim
deveria ser para os homens. Mulher é para ser amada, admirada pelos seus dotes
morais e grandeza interior, não importa a condição. Pobre daquele que não tem
(ou teve) o amor da mulher mãe, irmã, esposa, filhas, netas e amigas”.
Paulo Roberto da Silva
O dia 8 de
março foi escolhido para se celebrar o Dia Internacional da Mulher e o segundo
domingo de maio o Dia das Mães. Mas a Mulher, e mais ainda a Mãe, não deveria
ser lembrada e celebrada todos os dias? Sim, mas diante de tantos esquecimentos
e injustiças para com o gênero é mesmo conveniente haver essas duas datas
especiais para comemorações. O que seria de nós, os homens, sem ela, a Mulher?
Para início de conversa basta dizer que nem gerado teríamos sido. Além disso,
ela é a fortaleza do lar, ao contrário do que normalmente se pensa. Ela é
agregadora, mantem a família unida, cuida de todos, administra a casa, cuida de
todos, incluindo-se o homem. Este se vangloria de ser o provedor (e apenas
isso), mas, hoje nem isso ele está conseguindo, pois as mulheres estão marcando
presença no mercado de trabalho igualando-se a eles. Nas universidades já são
45% dos professores e 55% dos alunos. No mercado de trabalho já representam
49,2%, em Brasília. Só no Ministério da Educação representam mais de 70% dos
funcionários. No trabalho, além de fazer igual ou melhor que os homens, seja em
empresas ou em órgãos públicos, ela ainda administra a casa, o lar, fazendo o
papel de mãe, conselheira e conciliadora de conflitos. Além disso, desempenha
quase que exclusivamente a árdua tarefa de educar os filhos e deles cuidar nos
momentos difíceis. Aprendi isso no meu local de trabalho onde predominam as
mulheres e são sempre elas que vão ao telefone para monitorar as atividades da
casa, dos filhos e tudo mais que se relacione à família. Os homens "nem se
ligam" nessa tarefa de procurar saber a “quantas” andam as coisas do dia a
dia da casa. Tomara que isso mude e além de me penitenciar pela inexperiência
passada, sempre estimulo os colegas – pais - a ligarem mais para os filhos,
ainda que seja um simples telefonema no meio da tarde. Isto faz diferença, mas,
infelizmente, ainda, somente as mulheres têm sensibilidade para perceber isso.
Os
homens precisam mesmo aprender muito sobre as qualidades da mulher. Eu mesmo
levei algum tempo para perceber isso e valorizá-la por tudo que ela representa
como mãe, irmã, esposa, companheira, colega de trabalho ou simples amiga.
Aprendi a amar todas, cada uma a seu modo próprio e pelo que representam para nós
mesmos e para a sociedade como um todo. Nós somos aquilo que elas, as mulheres,
nos fizeram, do nascimento à paternidade. Simples assim! Bem fez o poeta que
canta as belezas e a sensibilidade da mulher e cunhou a frase:
“Cuida-te
quando fazes chorar uma mulher, pois Deus conta as suas lágrimas”.
E a Mãe, o que falar dessa criatura
de Deus? Nós, todos nós, somos aquilo que elas, as mães, produziram. Da
geração, passando pelo nascimento, até a vida adulta. Nossos valores éticos e
morais, que constituem a base do caráter, são aprendidos e assimilados na
família, ou simplesmente “no berço”, como se costuma dizer. Temos orgulho
disso. As lembranças mais doces
que temos de nossas mães são, sem dúvida, o amor, afeto, dedicação, o exemplo
de dignidade, honestidade e trabalho em prol da família. Estes são motivos
bastantes para nos orgulharmos dessa insubstituível figura, mesmo para aqueles
que não mais desfrutam de sua presença. Nossos pais e em especial as mães,
foram os instrumentos que Deus concedeu para nos guiar por esses caminhos. Cabe
a nós, os filhos, sermos eternamente gratos às mães e continuarmos na bela e
amorosa missão de cultivar a família, agora rodeados pelos filhos e netos que
são as maiores bênçãos recebidas. As mães são as guardiãs da família e esta é
para sempre! Ela é a célula mater da nossa formação, do amor, da alegria, da
harmonia e da paz em nossa alma. É por meio dela que Deus nos dá força e nos
alenta para vencer os desafios da vida. E com seu espírito amoroso são elas, as
mães, as responsáveis pela agregação de seus membros. São elas que,
historicamente, mantém a família unida, cuidando de todos. E nós, os homens,
sabemos, reconhecemos e admiramos essa qualidade inata das mães.
O poeta e cronista Rubem Alves ensina
que: “Todo jardim começa com uma história de amor,
antes que qualquer árvore seja plantada ou canteiro construído é preciso que
eles tenham nascido dentro da alma.... Quem não planta jardim por dentro, não
planta jardins por fora e nem passeia por eles.” Deve ser por isso que oferecemos flores a elas em
qualquer ocasião e especialmente nesse dia. Ninguém melhor que elas para
entender esse nosso singelo gesto, pois são as mestras desse cultivo e se
igualam a elas, as flores, e com muito amor.
Mas,
falemos ainda sobre os valores da Mulher. Para isso nada melhor do que uma
visita a uma exposição documental sobre o papel da mulher ao longo de nossa
história. Foi assim, há uns dois anos, que o menino das Lavras se extasiou ao
visitar a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, num bonito prédio em estilo
neoclássico inaugurado em 1910. O prédio integra, ao lado do Museu Nacional de
Belas Artes e do Teatro Municipal, um maravilhoso conjunto arquitetônico no
centro da velha capital. Por sua beleza plástica o conjunto de prédios já se constitui
em atrativo para a visitação. Desta vez uma mostra sobre o papel da mulher na
sociedade, intitulada “Exposição Brasil Feminino - A Mulher na Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro” despertou sobremaneira o interesse do menino em
meio a tantas apologias em contrário.
Foi muito emocionante ver, naquela
exposição, a trajetória da mulher brasileira ao longo de nossa história, desde
os tempos coloniais até o presente. Foram expostos 150 documentos raros, fotos,
jornais, revistas e pinturas diversas incluindo as famosas telas de Debret onde
as mulheres só aparecem como escravas, mercadorias à venda ou aluguel. Sim,
alugavam-se escravas no Brasil colonial. Afinal, ali estavam representados mais
de 200 anos de lutas da mulher brasileira para ocupar seu merecido espaço na
sociedade. Lutas retratadas desde a condição de mulher escrava até à da mais
alta patente, de governante máxima da nação brasileira. Essa luta se confunde
com a própria história nacional contra os preconceitos e a opressão machista
reinante há pouco tempo.
Foi
interessante observar, por meio dos documentos expostos, a sequência
cronológica do duro caminho de libertação da mulher brasileira, saindo da
condição de escrava ou, se não, do único espaço que lhe era permitido, ou seja,
a cozinha, o doméstico, até chegar ao espaço público, ocupado tradicionalmente
pelos homens. A mostra foi dividida em cinco diferentes temas: a condição
subalterna da mulher; a consciência política e luta dos direitos civis; a ação
social e educação; o comportamento e, ainda, a atuação científica e cultural.
Nesses cenários desfilavam figuras marcantes como Carlota Joaquina, Maria
Leopoldina, Chiquinha Gonzaga, Carmen Miranda, Zuzu Angel, Zilda Arns, Maria da
Penha (cuja lei de mesmo nome é o terror dos homens violentos contra a mulher),
Benedita da Silva, Lygia Fagundes Telles, Fernanda Montenegro, Maria Esther
Bueno, Marta jogadora de futebol feminino, as jogadoras da Seleção Feminina de
Vôlei, as atrizes Bibi Ferreira, Tônia Carrero, Norma Bengel, a bela Marta
Rocha, a roqueira Rita Lee, as ousadas Mães de Acari, terminando com a
presidente da República, Dilma Rousseff. Uma bela sequência de duras lutas, vitórias
e destaques das mulheres brasileiras, guerreiras, vencedoras. Já na seção de
comportamento da mulher quase não havia referencias às conquistas no campo da
liberação sexual. A ênfase foi a da mulher escrava de aluguel e do recato em
relação a essa questão no seio da sociedade. Nesse campo, o século XIX foi
duríssimo com a mulher brasileira e sequer havia referencias a exemplo do
ocorrido na França e retratado por Gustavo Flaubert em seu romance realista “Mmme
Bovary” que fala da libertação da mulher pelo adultério, naquele século e de
forma mais atenuada em “Helena”, de Machado de Assis.
Além das figuras marcantes a Exposição exibiu
o livro Ordenações e Leis do Reino de Portugal, de 1603, que descreve o rigor e
a severidade no tratamento legal que as mulheres sofriam no século XVII.
Verdadeiro horror, inimaginável o que se praticava contra a mulher naquela
época. Outra pérola desconhecida e que causou muita surpresa ao menino foi o
jornal “O sexo feminino” editado na cidade de Campanha-MG, no ano de 1873, que
defendia mudanças em favor da igualdade de gênero. Quem diria isso, há mais de
140 anos as mulheres brasileiras já vinham publicando suas reivindicações no
campo da igualdade de direitos, justo naqueles tempos de extremo machismo.
Foi
gratificante visitar a mostra Brasil Feminino. Verdadeira imersão numa história
fascinante. O menino saiu com a sensação de que o nosso país tem progredido
muito na questão da igualdade e equidade do gênero, tornando-nos mais justos
hoje em dia. As mulheres merecem mais que isso, pois afinal elas são mães e
educadoras que nos conduziram à vida. Amor puro... e superiores aos homens em
tudo, menos na força bruta, o que nada importa, pois isso pode até ser
substituído por máquinas. Deveriam ser consideradas superiores aos homens, pois é
comum cumprirem três jornadas diárias, duas na empresa e outra em casa. Para
essas tenho uma sugestão: que se aprove lei concedendo-lhes o direito de
trabalharem um único turno, corrido, de seis horas nas empresas. Restariam
algumas horas a mais para a família. E mais, com salário igual ao dos homens
que cumprem oito horas em dois turnos. Nada mais justo e lucrativo para a
sociedade, pois filhos requerem atenção redobrada nos dias de hoje.
O amor à mulher é completo, ou assim deveria
ser para os homens. Mulher é para ser amada, admirada pelos seus dotes morais e
grandeza interior, não importa a condição. Elas são especiais, choram, sorriem
se aprontam a todo instante, se perfumam, dão vida, alegria e estimulam os
homens a tudo. Pobre daquele que não tem (ou teve) o amor da mulher mãe, irmã, esposa, companheira,
filhas, netas e amigas. São elas que nos movem e hoje, mais ainda, pois estão
inseridas no mercado de trabalho já em escala considerável. Têm a delicadeza
das flores e só elas sabem humanizar o ambiente de trabalho onde passamos a
maior parte do tempo. Mulher é tudo na vida, são cheias de
mistérios e encantos. São únicas e especiais. Vencedoras! Devemos respeita-las e amá-las, cada
uma a seu modo próprio, pois como afirmamos antes nós somos aquilo que elas, as
mulheres, nos fizeram, do nascimento à paternidade. Simples assim! Uma benção dos
ceus! Assim pensa o menino, de feliz infância passada nas terras de Sant´Anna
das Lavras do Funil e que, literalmente, sempre viveu cercado por elas.
Nada
mais é preciso dizer. Um abraço especial para aquela que é a mais especial,
você, Mulher: Mãe - irmã - esposa – companheira- filha – colega de trabalho - amiga!
Brasília, maio
de 2014
As mães e as mulheres em geral se igualam às flores.Exalam perfume, o perfume do amor
O amor de mãe é completo, inspira confiança, alegria e amor recíproco
Pobre daquele que não tem (ou teve) o amor da
mulher mãe, irmã, esposa, filhas, netas e amigas
Biblioteca Nacional, no belíssimo Centro Cultural do Rio de Janeiro - foto do autor, julho 2007
. Museu Nacional de Belas
Artes – Rio, foto do autor, julho 2007
Belíssimo Teatro Municipal- Rio, foto do autor, julho 2007
Hall principal Museu Nacional de Belas Artes
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