(crônica com 2.715 visualizações em 06/09/2022- 20:00h - blogger)
Um jovem foi
se candidatar a um alto cargo em uma grande empresa. Passou na entrevista
inicial e estava indo ao encontro do diretor para a entrevista final. O diretor
viu seu currículo, era excelente. E perguntou-lhe:
- Você recebeu alguma bolsa na
escola? - o jovem respondeu - Não.
- Foi o seu pai que pagou pela
sua educação? Sim - respondeu ele.
- Onde é que seu pai trabalha? Meu
pai faz trabalhos de serralheria.
- O diretor pediu, então, ao jovem para mostrar
suas mãos. O jovem mostrou um par de
mãos suaves e perfeitas.
- Você já ajudou seu pai no seu
trabalho?
- Nunca, meus pais sempre
quiseram que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, ele pode fazer essas
tarefas melhor do que eu.
O Diretor lhe disse: Eu tenho um pedido:
quando você for para casa hoje, vá e lave as mãos de seu pai. E venha me ver
amanhã de manhã. O jovem sentiu que a
sua chance de conseguir o trabalho era alta!
Quando voltou para casa, ele pediu a seu pai
para deixá-lo lavar suas mãos. Seu pai
se sentiu estranho, feliz, mas com uma mistura de sentimentos e mostrou as mãos
para o filho. O rapaz lavou as mãos de seu pai lentamente. Foi a primeira vez
que ele percebeu que as mãos de seu pai estavam enrugadas e tinham muitas
cicatrizes. Algumas contusões eram tão dolorosas que sua pele se arrepiou
quando ele a tocou. Esta foi a primeira
vez que o rapaz se deu conta do significado deste par de mãos trabalhando todos
os dias para pagar seus estudos. As contusões nas mãos eram o preço que seu pai
teve que pagar por sua educação, suas atividades escolares e seu futuro. Depois de limpar as mãos de seu pai, o jovem
ficou em silêncio organizando e limpando a oficina do pai. Naquela noite, pai e
filho conversaram por um longo tempo.
Na manhã seguinte, o jovem foi encontrar-se
com o Diretor. Este percebeu as lágrimas nos olhos do moço quando ele
perguntou:
- Você pode me dizer o que você
fez e aprendeu ontem em sua casa?
O rapaz respondeu: Lavei as mãos de meu pai e
também terminei de limpar e organizar sua oficina. Agora eu sei o que é
valorizar, reconhecer. Sem meus pais, eu não seria quem eu sou hoje... Por
ajudar o meu pai agora eu percebo o quão difícil e duro é para conseguir fazer
algo sozinho. Aprendi a apreciar a importância e o valor de ajudar a família.
O diretor disse: - Isso é o que eu procuro no
meu pessoal. Quero contratar uma pessoa que possa apreciar a ajuda dos outros,
uma pessoa que conhece os sofrimentos dos outros para fazer as coisas, e que
não coloca o dinheiro como seu único objetivo na vida. Você está contratado.
Uma criança que tenha sido protegida e
habitualmente dado a ela o que quer, desenvolve uma mentalidade de "Tenho
direito" e sempre se coloca em primeiro lugar. Ignora os esforços de seus
pais. Se somos esse tipo de pais
protetores, estamos realmente demonstrando amor ou estamos destruindo nossos
filhos? Você pode dar ao seu filho uma casa grande, boa comida, educação de
ponta, uma televisão de tela grande... Mas quando você está lavando o chão ou
pintando uma parede, por favor, o faça experimentar isso também . Depois de
comer, que lave os pratos com seus irmãos e irmãs. Não é porque você não tem
dinheiro para contratar alguém que faça isso; é porque você quer amar do jeito
certo. Não importa o quão rico você é, você quer entender. Um dia, você vai ter
cabelos brancos como a mãe ou o pai deste jovem. O mais importante é que a
criança aprenda a apreciar o esforço e ter a experiência da dificuldade,
aprendendo a capacidade de trabalhar com os outros para fazer as coisas.
O texto acima chegou-me às mãos por meio de amigos e
traz uma bela mensagem que fez-me relembrar uma passagem de minha vida. Também
meu pai tinha as mãos calejadas, grossas, muito grossas e sobretudo fortes. Ao
despedir-me dele, pela última vez, quando partiu aos cento e um anos de idade, sussurrei algumas
palavras, antes de se fechar a urna. Minha palavras se referiam exatamente às
suas grossas e calejadas mãos. Foram
ouvidas por meu irmão mais novo. Este as relembrou, oito anos
depois, quando em minha chácara, em Brasília, quase 1.000 km distante da terra
natal. Rememoramos, então, o árduo trabalho que ele, nosso
pai, enfrentara a vida inteira e com muita alegria. E aquela alegria aflorou-nos com prazer redobrado, pois, ambos, tínhamos construído na chácara, dois anos antes, uma cerca de arame
que dividia os piquetes de pastos do cavalo. Trabalho duro, cavar o buraco com
mais de oitenta centímetros de profundidade, retirar a terra com as mãos,
colocar o pesado moirão, socar e compactar a terra a seu redor, desenrolar o
arame, esticá-lo ao máximo e pregá-lo com o grampo ou afixa-lo na catraca. Ali,
ele e eu, pudemos avaliar o quanto era dura a faina do trabalho que nosso pai
desempenhou com muito amor à terra. E nunca fomos obrigados a fazer isso na
fazenda, pois ele não permitia e eu, efetivamente não o fiz, pois estávamos na
cidade estudando, lendo livros para nos formar em alguma profissão, tal qual
ele desejava para seus filhos. E algum tempo depois após a
partida de nosso pai, pudemos, ali, relembrar aquelas palavras que eu então
dissera, segurando-lhe as mãos num último e dolorido adeus, embora ele tivesse
vivido 101 anos. Sim, cento e um anos e eu então dissera, com lágrimas nos
olhos: “obrigado, meu pai, que com essas grossas e calejadas mãos, trabalhou a vida
inteira, até mesmo há trinta dias atrás, produzindo o próprio alimento para nosso
sustento quando crianças e jovens e nunca deixastes que fossemos lhe ajudar na
lida da roça, pois queria que estudássemos. Que Deus o tenha”.
E hoje, deparo-me com um artigo sobre pesquisas do IBGE, focando justamente a
importância da influência dos pais para o sucesso profissional dos filhos. A
pesquisa realizada com 3.000.000 de pais (sim, três milhões) traz o depoimento
de uma mãe nordestina, orgulhosa:
“Os calos da
minha mão são o orgulho que sinto de ver aonde elas chegaram (suas filhas
diplomadas em curso superior). Para quem
veio da enxada, da seca e da fome, isso já é muito”.
Hoje nossos calos não são mais nas mãos,
como antigamente, mas sim contados pelo tempo e dedicação que dispendemos para
a educação e formação de nossos filhos. Sigamos o exemplo da dedicação de
nossos pais e cuidemos para que nossas crianças tenham a melhor educação
possível E esta não se resume à qualidade da escola, suas instalações físicas,
docentes qualificados, currículos atualizados e tudo mais que a moderna pedagogia
recomenda. É preciso que cuidemos, simultaneamente, de proporcionar-lhes as
melhores condições possíveis no conjunto de nossas relações sociais que, dentre
tantas, incluiriam: cursos extras de redação/português,
inglês (imprescindível- conversação e redação), artes, esportes (competições), rede
de amigos influentes e bem-sucedidos, estágios no exterior (imprescindível) e
em empresas nacionais. Importante também oferecer oportunidades de visitas a feiras
(comerciais, industriais, artísticas, etc), exposições técnicas e científicas,
shows artísticos e viagens nacionais e internacionais. Assim, estaremos
proporcionando a eles uma extensa gama de oportunidades extracurriculares e
ampliação de sua cultura técnica, científica e cultural, com reflexos
indiscutíveis para as oportunidades de sucesso profissional.
Não bastam boas escolas e se
antigamente as mãos de nossos pais foram calejadas para nos proporcionar o
melhor, incluindo o diploma de nível superior, hoje esses “calos” são outros. Incentivar,
acompanhar e empurra-los, se preciso for, sempre, pois estes são os nossos
“calos” neste mundo cada vez mais competitivo e que está a exigir maior
qualificação de quem deseja ser bem sucedido.
Ainda que faltem boas escolas ou até mesmo o
dinheiro, mas....
OS PAIS NÃO PODEM FALHAR.
OS PAIS NÃO PODEM FALHAR.
Calejem-se!
Brasília, 15 de novembro de 2016
Paulo das Lavras
Sr Vico – Clovis Pereira da Silva, meu pai, aos
84 anos, voltando da capina para o almoço das 10:30h. Caminhar firme, braços
fortes, mãos calejadas, grossas, sorriso alegre.... tarefa cumprida! O que se
repetiu, diariamente, até os 101 anos de vida.
Comemorando 100 anos
de vida, juntamente com o 14- BIS, de Santos Dumont.
Vida honrada, como bem
disse aquele diretor de escola, da história acima, repassando-nos valores como:
“pessoa que aprecie a ajuda dos outros, uma pessoa que conhece os sofrimentos
dos outros para fazer as coisas, e que não coloca o dinheiro como seu único
objetivo na vida”.
Aos 75 anos, de bem
com a vida na mesma fazenda onde “calejou” as mãos e criou os filhos
Fincando um moirão de
cerca e relembrando os calos do pai, trabalho duro,
que deixa as mãos
calejadas, ainda que se usem luvas apropriadas
Ciclone, o dono das
pastagens cercadas. Reminiscências das férias na fazenda
O piquete de pastagem
e a cerca, um ano depois. Os calos nas mãos
compensam o prazer de
contemplar o trabalho realizado e reconhecer o seu valor
Nossos “calos” de hoje
são outros: tempo e dedicação aos filhos/netos
Inseri-los no contexto
social, onde a acirrada disputa por um lugar
no mercado de
trabalho, será vencida por aqueles que forem melhor
preparados, técnica,
científica e socialmente, com vasta
cultura e domínio de idiomas,
a começar pela língua pátria e o inglês.
Bateu saudade do Tivico! Bem isso, primo! Hoje os calos não estão nas mãos, até porque nossas atividades profissionais são outras, mas a dedicação na educação dos filhos não são diferentes e de nós, se o desprendimento for completo, eles herdarão o caráter. Parabéns! Lindo causo!
ResponderExcluirÉ bem assim mesmo, primo, lembrando que nossos pais se mudaram para a cidade para que pudéssemos estudar. Com isso se sacrificaram mais ainda, pois tinham que vencer as distâncias até a fazenda, numa época em que nem estradas transitáveis existiam. Nossos "calos" de hoje são bem diferentes, mas a disposição é igual. A sociedade agradece, os filhos também. Um abraço
ResponderExcluirExcelente texto, meu colega. Parabéns por ter separado um tempinho escrevendo sobre um tema e uma realidade sobre a qual me identifiquei, pois venho da roça e minha ajuda na fazenda do pai está planejada para acontecer, pois estou aqui trabalhando nas empresas ainda, aprendendo muito com elas também. Sem a sensibilidade de enxergarmos o valor nas pessoas é muito difícil criar as coisas com algum valor. Fernando M.
ResponderExcluirFernando, que bom que você se identificou com o texto. Aproveite, sempre, a presença de seus pais para dizer a eles o quanto você se orgulha deles e que irá retornar um dia. Valorizar nossos pais é a primeira gratidão que brota em nossa alma quando, paramos para pensar aonde chegamos, profissionalmente e como ser humano. Um abraço e sucesso para você!
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