Comemora-se
hoje, 27 de Agosto, o Dia Mundial da Limpeza Urbana. Faz-me lembrar dos tempos
de estudante de mestrado de Engenharia Sanitária, na Escola de Engenharia de
São Carlos/USP. Fazíamos frequentes visitas às estações de tratamento de lixo e
também de água e esgoto da grande metrópole de São Paulo. Chamava atenção, já
naqueles idos de 1971/72 o volume de lixo sólido recolhido diariamente e que
necessitava de tratamento adequado. Um grande desafio, ontem e hoje. Aliás,
mais agravante nos dias atuais. Fala-se muito em lixões, aterros sanitários e
outras soluções para os resíduos sólidos, eletrônicos e outros mais sensíveis e
prejudiciais à saúde.
Mas, enquanto as autoridades sanitárias
cuidam dessas questões técnicas que tal nos preocupar com a nossa própria educação
ambiental, a começar pelo lixo nas ruas? Hoje é um dia especialmente dedicado a
isto, ou seja, conscientizar o cidadão para o valor de sua ação no meio
ambiente. Levá-lo a refletir sobre a conservação da limpeza das cidades. Nesse
dia é comum a reunião de vários cidadãos para executarem a limpeza de locais
públicos, retirando o lixo de praças, monumentos e praias, como medida
educativa. Em Brasília foi organizada uma demonstração prática em local
bastante movimentado, a Rodoviária do Plano Piloto, onde transitam centenas de
milhares de pessoas. Assim, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental- ABES-DF, em parceria com o Serviço de Limpeza Urbana- SLU e a UNB,
organizou uma manifestação diferente. A atitude muito comum de se atirar lixo
na rua ou em ambientes públicos precisa ser combatida. Sujar as ruas é um
delito? Sim e merece multa o cidadão que assim proceder, pois atrás do lixo vêm
os bichos, o mau cheiro, a poluição de cursos d´água e as doenças. Mas, melhor que
a multa é educar a população. Para tanto nada melhor do que uma demonstração com
os próprios protagonistas. A limpeza urbana é essencial à saúde!
A
ação demonstrativa de hoje, denominada Flash Mob, usada pela primeira vez no Canadá, consistiu em
deixar uma garrafa pet no chão, próximo a uma lixeira e aguardar até que alguma
pessoa recolhesse esse resíduo e o descartasse adequadamente. Feito isto tocava-se
o apito e uma centena de voluntários aplaudia o cidadão que assim procedeu.
Nesse momento todos sacavam sua viseira estilizada até então escondida e
cercavam o cidadão que era cumprimentado e entrevistado pela imprensa. Na
primeira experiência, por volta das 09:00h de hoje, passaram 32 pessoas e um
carrinho de carga manual, sem que ninguém se movesse para catar a garrafa
semivazia. Alguns até chutaram-na, até que o cidadão João Carlos, cozinheiro de
um restaurante, abaixou-se e rapidamente a colocou no cesto de lixo logo à frente.
Na segunda vez foi mais rápido, não mais que 18 pessoas passaram quase que por
cima do lixo e em seguida o cidadão, Rodrigo, técnico em informática apanhou o
lixo e o depositou na lixeira. Da mesma forma foi aplaudido e entrevistado.
Considero
muito positiva a experiência e vejam que apenas 3 a 5% dos transeuntes se
preocuparam, ou tiveram a iniciativa de remover o lixo e coloca-lo no lugar
certo. Está aí uma boa causa para as escolas, o poder público e sobretudo para
as famílias. Educação ambiental e cuidados com o bem estar começam em casa.
Ah...,
parabéns ABES-DF, SLU e UNB por essa importante iniciativa educacional, da
qual participei com grande prazer. Ao conversar com alunas do curso da área de saúde
pública, senti-me orgulhoso de um dia, há 45 anos, ter sido aluno nesse campo
do saber e ter repassado conhecimentos de construções e ambiência para muitos
alunos de engenharia na Universidade Federal de Lavras e faculdades Integradas UPIS-DF.
Brasília,
27 de agosto de 2015
Paulo das
Lavras
Com
as alunas da UNB, curso de Saúde Publica. O menino também foi, um dia,
estudante
da área de Engenharia Sanitária
O menino
estudante, ao centro. O primeiro da esquerda, Eugenio Foresti,
tornou-se
mais tarde diretor da Escola de Engenharia de São Carlos/USP,
onde cursamos mestrado em Engenharia Sanitária
– 1971
Organizando a ação- Limpeza Urbana
Banner do SLU – Dia Mundial da Limpeza Urbana
Garrafa pet colocada no chão e lixeira bem próxima.
Poucos se importaram
O carrinho de carga desviou-se do lixo. Passaram 32
pessoas sem se incomodar...
Até que
João Carlos, um cozinheiro de restaurante, o 33º passante, abaixou-se e apanhou
o lixo,
colocando-o na lixeira logo à frente. Aplausos e entrevistas para as redes de
TV.
Medalha
no peito, concedida pela ABES-DF e o meu abraço a João Carlos, cidadão
consciente dos valores de uma cidade limpa.
A
surpresa dos aplausos. Rodrigo Kami, técnico em informática, o 19º passante na
segunda ação.
Cidadão
muito conscientizado sobre os problemas ambientais. Excelente entrevista ele
concedeu.
Medalha
no peito, meu abraço a Rodrigo Kami e entrevista para uma emissora de rádio
Alguns
dos participantes da Ação - Brasília Limpa
É muito bom continuar a acreditar el utar pelas mudanças, não nos deixar abater pelo conformismo. Podemos mudar sempre e batalhar por um mundo melhor. Parabén Professor pelo seu empenho e emoção.
ResponderExcluirObrigado, Andrea. Quem foi professor e se acostumou a lidar com os jovens universitários, nunca perde a esperança. Quando vi os alunos da UNB naquela manifestação pensei logo nos meus alunos, cheios de esperança, tal qual, também, fui um dia. Os jovens nos renovam a alma e nós, os professores, temos que incentiva-los com o exemplo. Foi uma bela ação comunitária, de todos! Abraços
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