Meu
irmão, Anízio, parece ter gostado de Brasília. E eu mais ainda pela sua
presença. Além de colocar os causos em dia ajudava na lida quando das férias do
caseiro e principalmente cuidar e repassar o cavalo marchador. A distância de
900 km parece não ser problema, pois é facilmente vencida de avião, carro ou
até mesmo em confortáveis ônibus noturnos. Em abril de 2013 aqui esteve para
uma temporada que incluiu adestramento do cavalo, construção de cercas dos
piquetes de pastos e até serviços em trator. Nesse natal passado veio, com a esposa
Neusa, para uma temporada de duas semanas e os resultados para sua saúde e
forma física foram notados pelos amigos, em sua cidade, Lavras. Exercitou-se
bastante e recolocou o corpo em forma. Agora, três semanas depois da estada,
eis que chega ele trazendo uma encomenda.
Embora
tenha ficado apenas três dias, já chegou agitando. Ao desembarcar e de posse de
quatro cabos de enxada, amarrados convenientemente, abordou um rapaz da fila
que encarava a mercadoria, sem entender para que serviriam aqueles quatro paus
que mais pareciam bordunas trazidas de tão longe. Seria um índio do interior do
Mato Grosso que viera a Brasília protestar por demarcações de terras? Mirou a
cara do portador e deve ter concluído que não se tratava de índio, pois estes
não têm olhos azuis. Antes que o rapaz de uns vinte anos, com brinco em uma das
orelhas e headfone ligado em alto
volume, dissesse algo ele foi logo avisando: São cabos de enxada e você não
quer se candidatar ao serviço? Gargalhada geral e um senhor mais idoso não se
conteve e, às gargalhadas, foi logo dizendo que não existia mais quem
trabalhasse na enxada.
O
ilustre visitante não quis desta vez se aventurar a cavalgar o Ciclone,
mangalarga marchador. Descobriu, na cidade, na área de esportes da superquadra
residencial, um centro de lazer com vários equipamentos de ginástica comuns em
academias. Escolheu, de cara, o simulador de cavalgada. A seu lado estava
exercitando um senhor, de 85 anos, carioca de nascença, ex-auditor fiscal, e
logo já eram “amigos de 500 anos”, entrosando causos e causos enquanto
cavalgavam às gargalhadas. Assim, é bom que se diga que se os amigos novamente
notarem diferença na sua performance física, desta vez não foi trabalho forçado
na chácara e sim malhação em aparelhos de ginástica.
Mesmo
com o curto período de visita as conversas se alongavam até depois de meia
noite, regadas a bife ancho e uma única latinha de cerveja. E bota causo na
conversa. Desta vez discutimos o livro de um autor que tem raízes nas Lavras do
Funil, Délcio Amarante Mendonça, primo da amiga comum, Elvina Amarante. Que bom
foi reviver as histórias do livro que mais parecem uma biografia das famílias
Amarante e Reis, vividas intensamente em Lavras, Nepomuceno, Três Corações e
Rio de Janeiro, mas sempre com foco na Fazenda do Cervo. Relembrar aquelas
histórias ambientadas em locais e com pessoas que conhecemos na infância....
ah, é como reviver, viver em dobro. Recomendo a leitura do livro: Mineirices.
Além de elevada dose de realidade o autor acrescenta estórias engraçadíssimas de
tropeiragem. Descreve causos de apertos e as dificuldades que os visitantes
sempre passavam, à noite, naquelas fazendas que ainda não dispunham de instalações
sanitárias..... São daqueles livros que você começa a ler e não consegue parar
antes de terminar. Vale a pena!
Mas,
encerrando a viagem, o desinquieto e espevitado, Anízio, ganhou de Sarah, minha
netinha de sete anos, o apelido de “tio, vítima do Pedro Henrique”, o outro
neto, mais novo. Fez dele um escravo das brincadeiras infantis desde a primeira
visita e sua chegada foi comemorada. Almoçou com as crianças que vieram
recepciona-lo, levando em seguida a Sarah ao colégio. Passou, ainda, pela outra
escola, de Pedro, que fez questão de mostra-la ao tio-vítima... Na noite de
ontem embarcou de volta, deixando saudades nas crianças que já estão
perguntando quando irão à Lavras....
Brasília,
04 de fevereiro de 2015
Paulo
das Lavras
Conhecendo o manga-larga, Ciclone
Fazendo a cerca dos piquetes da pastagem
Gosto de cavalgar o Ciclone, marcha
picada, suave.
murchou a orelha...teria estranhado algo? O
barrigão?
Roçando a área... comandos mecânicos,
mais fáceis que domar cavalos
O visitante desta vez preferiu cavalgar
no simulador... Mais fácil e seguro...
Para o café da manhã o nosso visitante “preparou
a colheita” de maçãs,
mangas, peras e...acreditem, tomates. Tudo num único pé de frutas.
Foi surpresa demais para um engenheiro
agrônomo como eu..rsrs
Os visitantes da chácara, por ocasião desse
Ano Novo
No Palácio Alvorada, nos primeiros dias deste
ano
Recebendo
um aceno da Presidente que saía do Alvorada
Recebendo as honras da Guarda
Presidencial rampa do Palácio do Planalto
Solenidade de Troca da Bandeira e Expo
da PM-DF, no primeiro domingo de janeiro
Êta cavalinho manso... e conte causos
para o companheiro carioca que
acabara de conhecer, ontem mesmo. Vai
gostar de cavalgar, assim... ou prosear?
Levando Sarah ao colégio, na companhia
de Pedro Henrique e a vó.
Livro de leitura imperdível, do
autor de raízes lavrenses.
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