O
poeta Carlos Ayres Britto, que por sinal marcou época quando presidente do STF,
escreveu:
“Convivem no meu ser a
criança que fui e o adulto que sou. O que eu não sei explicar é se foi o adulto
que não deixou a criança morrer ou se foi a criança que não se deixou matar”.
No meu caso encontrei a explicação. Quando criança sempre
fui elogiado por ser um menino dedicado e classificado entre os primeiros da
escola. Por isso sempre assumi aquela responsabilidade “imposta” pelos adultos.
Não podia falhar, trair aquela confiança no menino “inteligente, com brilhante
futuro”. Nas palavras do poeta Ayres
Britto, eu me antecipei... “matei” a criança muito cedo. Privei-a de horas de
lazer e algumas traquinices em nome da disciplina e do esmero na educação. Por
causa desse respeito e a responsabilidade assumida pela criança super elogiada e
tida como modelo a ser seguido pelos outros, tornei-me adulto muito
prematuramente. Embora tivesse tido infância e adolescência felizes, com ampla
liberdade e meios, faltou aquele “plus” no campo das aventuras próprias da
idade. Assim, plagiando o poeta citado, posso dizer que matei a criança muito
cedo. E hoje o adulto, como a confirmar
as teses freudianas, se ressente daquilo que faltara, ainda que parcialmente.
Aquela criança alegre, brincalhona que não perde oportunidade de aprontar uma,
ressurgiu com força redobrada. Melhor assim, pois a criança entranhada no
adulto de hoje chegou na hora certa. Que bom podermos nos tornar alegres,
descontraídos como crianças, justamente quando ganhamos uma pausa na agitada
vida profissional e dispomos de tempo bastante para cultivar as amizades, a
família e em especial os netos - dádivas de Deus.
O poeta certamente tem a resposta para o
sofisma que ele apontou, mas, no meu caso posso afirmar que a criança de
outrora gritou forte agora, acordou e disse que apenas dormia e portanto não se
deixou matar. E em contrapartida ao “crime”, perpetrado no distante passado
contra ela, agarrei firmemente essa alegre criança que ressuscitou e agora vive
em minha alma. Aliás, sobre as crianças, ninguém melhor que o filósofo Rubem
Alves soube expressar a relação e a alegria delas com os adultos:
“As almas dos velhos e das crianças brincam no mesmo tempo. As crianças ainda sabem aquilo que os velhos esqueceram e têm de aprender de novo: que a vida é brinquedo que para nada serve, a não ser para a alegria!”
Brasília, 08 de julho
de 2014
Paulo das Lavras.
As almas dos velhos e das crianças brincam no
mesmo tempo...
... de rolimã ou a cavalo...
....ou ainda de Neymar, na Copa do Mundo....
... ou então no reino encantado da fantasia ...
ou mesmo nas praças de Paris .... crianças são sempre alegres.
Por isso me alegro de estar entre elas e "ser" como elas!
Por isso me alegro de estar entre elas e "ser" como elas!
Ou
ainda na na França, em 1988, também
estávamos alegres com a filhinha de um amigo
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