Não!
Definitivamente não é uma mania de agrônomos como se poderia imaginar e nem são
as poinsétias vermelhas tão comuns na época de Natal... Seria mais adequado
dizer que é um costume bem antigo e que nossas mães sempre cultuaram e dela
herdamos esse saudável hábito de gostar das flores em casa. Talvez pela origem rural, quando as cidades
eram ainda pequenas vilas, ao redor das quais ficavam as propriedades rurais
com todas as suas atividades agrícolas de plantio de cereais e o gado pastando
nos verdes campos. É sabido que o verde, com grandes espaços livres e a beleza
das cores das flores, tem efeito terapêutico sobre nossas mentes. O homem não foi criado para viver confinado e
nossa ancestralidade está ligada à lida no campo, a agricultura, caça e
pesca..., a Natureza no seu mais puro conceito. A mudança desse saudável hábito
para o meio urbano de hoje, concentrado em arranha-céus com minúsculos
apartamentos, como gaiolas suspensas de onde não se pode dar um passo além da
porta da sala, tem causado elevado nível de estresse mental nas pessoas.
Ninguém gosta de viver enclausurado entre quatro paredes e ainda mais nas
alturas, literalmente. Nesse sentido, a saudade da Natureza, dos espaços verdes,
fez com que as pessoas trouxessem para dentro de suas casas as plantas e até
mesmo pequenos animais de estimação.
O efeito
terapêutico das plantas em casa é notório e tem despertado os especialistas
para estudos e pesquisas nessa área. A ciência já demonstrou que elas promovem
o bem-estar mental, baixando o estresse, reduzindo a depressão, recupera o foco
da vida, melhora o desempenho cognitivo e o humor das pessoas, além de aumentar
a autoestima e a sociabilidade. Não é pouco, e tudo isso, como dito, comprovado
por pesquisas científicas. Os estudos realizados em todo o mundo demonstram
esses efeitos das plantas em ambientes domésticos e até mesmo em quartos de
hospitais. Os hormônios do estresse (cortisóis) se reduzem sensivelmente,
diminuindo a fadiga, irritabilidade e pressão arterial, pois a presença das
plantas aumenta os níveis da serotonina, o hormônio da alegria, do humor.
Concluíram os cientistas que cuidar das plantas aumenta a concentração da mente
naquele momento, trazendo sentimento de realização em vez de ficarmos remoendo
as preocupações cotidianas. É assim
quando, por exemplo, regamos a planta ou colocamos algumas gotinhas de adubo,
ou ainda a removemos uma folha seca ou simplesmente assistimos o despontar de
um novo broto e por último, sentir o cheiro das plantinhas aromáticas e talvez
o mais emocionante, o desabrochar das flores. Aprendemos até mesmo quantos dias
dura uma determinada flor, de tanto que dela cuidamos. Isto sem contar a
presença de pássaros como o beija-flor que vem enfeitar as janelas, onde
costumamos colocar nossas plantas ornamentais. Há, é verdade, os pássaros
predadores como os periquitos, maritacas e papagaios que tudo destroem por onde
passam. Mas ainda assim nos alegramos e até recordamos da passagem bíblica que
diz: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em
celeiros; e vosso Pai celestial as alimentam”. Tudo é alegria, bálsamo para a
alma.
Dizem os
especialistas que uma única plantinha já faz grande diferença e é suficiente
para “mexer” com a nossa mente, pois desperta-nos o interesse de dela cuidar. E
então começa o ciclo virtuoso..., os cuidados geram desenvolvimento da
plantinha, vemos e sentimos esse desenvolvimento, o cheiro, as cores das
maravilhosas das flores, a presença de insetos e pássaros e tudo isso cria uma sensação positiva do
humor a cada interação e a cada lembrança que nos aflora, geralmente da
infância alegre, feliz. Alguém me presenteou com um vasinho de alecrim
perfumado. Está em destaque na jardineira de meu quarto. A cada manhã que abro
a janela contemplo o seu esplendor, retiro uma pequena folha filamentosa,
macero-a entre os dedo e sinto o seu aroma inebriante. Dispara o gatilho das
sinapse neurológicas e as imagens da infância afloram, com as reminiscências de
minha mãe na fazenda, com seu enorme forno à lenha, varrendo com vassoura de
alecrim as brasas, amontoando-as no canto circular do forno e o cheiro que
exalava do alecrim queimado pelas brasas se espalhava por todo o ambiente. Ao final,
os biscoitos de polvilho e as pamonhas de milho, enroladas em folhas de
bananeira, ficavam também impregnadas pelo aroma do alecrim. Ah... que saudade!
A mente entra em doces recordações de puro amor e como dizem e comprovaram os
cientistas, a serotonina se derrama generosamente e o dia começa com alegria e de
início a retribuição à plantinha com a rega matinal para enfrentar o sol forte
do planalto central. Deus é sábio. Criou o Homem para viver no paraíso... a
Natureza!
Cuide de uma
plantinha em sua casa, apartamento, escritório ou onde quer que seja. Leve uma
também, de presente, quando for visitar um amigo, até mesmo num quarto de
hospital, pois ali, seu efeito terapêutico sobre o paciente será maior do que o
causado em você, pois ele a contemplará
24 horas e notará mais facilmente sua beleza e a grandiosidade da
Natureza.
Ah..., em
tempo, sou agrônomo, paisagista, mas não tenho produção e nem comercializo
flores, apenas gosto de compartilhar com os amigos essas maravilhas da
Natureza... e sempre recomendo: Sejamos gratos à Natureza, pois o Solo nos
alimenta na vida e nos acolhe na morte e as flores enfeitam e alegram nossa
alma. E literalmente as flores enfeitaram a minha vida inteira, por isso as
cultivo com amor.
Brasília, 24
de dezembro de 2023
Dá para acreditar que, com esse
histórico floreado e florado desde o nascimento, passando por toda a vida,
literalmente, o menino não seria apaixonado pelas flores e deixaria de comprar
a tradicional poinsétia vermelha, de Natal?
Um feliz 2024 para você meu amigo! O seu gosto pelo cultivo de plantas está bem edificado em pilares fortes: a origem rural, o exemplo da mãe, a formação profissional e também o espaço apropriado e o tempo disponível! E, através das histórias, você semeia ideias, distribui emoções e vai cultivando amigos... Palavras também frutificam, embelezam o viver e alimentam a alma!
ResponderExcluirMaria Lúcia, prezada amiga dos tempos de colégio, suas gentis e carinhosas palavras revelam a grandeza de sua alma.
ExcluirFeliz Ano Novo