Eu pensava que
a resistência dos idosos em utilizar as Tecnologias da Informação – TI com seus
inúmeros e variados recursos de aplicativos, desde as compras on-line ao in banking,
se restringiriam apenas aos aspectos físicos, de eventuais deficiências. Dificuldade
de visão e ofuscamento com o brilho das telas dos celulares ou computadores, fraca
articulação dos dedos para digitar e principalmente as minúsculas telas de celulares
e ainda mais com os mais minúsculos teclados, daqueles em que os dedos de
idosos, mais grossos e de difícil articulação (as vezes tremem), acabam
atingindo duas teclas ao mesmo tempo. Resultado, palavras incompreensíveis digitadas
ou até mesmo disparando controles e funções do celular que acabam fechando a
página e passando para outras que nada têm a ver com a tarefa em execução.
Perde-se tudo e frequentemente a paciência, diante de tanta dificuldade. É natural que isso ocorra, pois não se pode
comparar o vigor de uma criança de cinco, dez ou vinte anos com a agilidade já
desgastada de um idoso. Natural? Sim, talvez, e até mesmo compreensível que os
idosos tenham tais dificuldades e por isso resistam ao uso dessas tecnologias
que aí estão para facilitar nosso dia a dia. Mas..., porém, todavia, entretanto,
contudo, não obstante e ainda assim..., não são essas as únicas e quiçá, as
principais razões para que eles rejeitem as TIs. Fiquei muito surpreso e pensativo ao ler a seguinte
história que um amigo postou nas redes sociais, veja e vamos ver se coincidimos
nas conclusões:
“Passei uma
hora no banco com meu pai , pois ele teve que transferir um dinheiro.
Eu não pude
resistir a mim mesma e perguntei —
—"Pai,
por que não ativamos seu banco pela Internet?" —
— "Por
que eu faria isso?" — Ele perguntou.
Bem, assim
você não terá que passar uma hora aqui para fazer uma transferência.
Você pode até fazer suas compras online. Tudo
será tão fácil!
Eu estava bem animado em iniciá-lo no mundo do
Internet banking.
Ele perguntou: — Se eu fizer isso, não terei
mais que sair de casa?
—Sim, Sim! — Eu disse.
Eu disse a ele que até os alimentos podem ser
entregues na porta de casa, agora com a Amazon!
Sua resposta me deixou sem palavras.
Ele disse: - Desde que entrei neste banco
hoje, encontrei quatro dos meus amigos, conversei um pouco com o pessoal que
agora me conhece muito bem.
Você sabe que estou sozinho, e esta é a
companhia de que preciso. Gosto de me arrumar e vir ao banco. Tenho bastante
tempo, é o toque físico que anseio.
Dois anos atrás eu adoeci. O dono da loja de
quem compro frutas veio me ver e sentou-se ao lado da minha cama e chorou.
Quando sua mãe caiu alguns dias atrás, durante
sua caminhada matinal, nosso dono da mercearia local a viu e imediatamente
pegou seu carro para levá-la para casa, pois ele sabe onde eu moro.
Agora me diga: Eu teria aquele toque humano'
se tudo ficasse online?
Por que eu iria querer que tudo fosse entregue
a mim e me forçar a interagir apenas com meu computador?
Gosto de conhecer a pessoa com quem estou lidando
e não apenas o 'vendedor'. Isso cria laços de relacionamentos.
A Amazon oferece tudo isso também?
"Tecnologia não é vida. Passe tempo com
as pessoas, Não com dispositivos."
O mundo está morrendo por causa das
facilidades que fizeram as pessoas sedentárias... (https://www.facebook.com/mensagememocionante)
E então, você também gosta de ir ao supermercado ou
até mesmo ao banco para pagar suas contas? Eu gosto. Às vezes as pago pelo banking
net, mas só aquelas de última hora e quase sempre à noite. No mais, pego
carro, que vive 90% do tempo na garagem e vou ao banco. Além dos atendentes
bancários e do gerente, páro para um dedo de prosa com o vendedor de bugigangas
e o outro da banca de frutas ali à porta. Deste eu até já me tornei consultor
sem remuneração. Ensinei-o a escolher e abastecer seu negócio com frutas bem
granadas e refugar, não receber os restos do CEASA, com bananas magras, cheias
de quinas, mangas extremamente verdes e que não amadurecem, pois enrugam e
azedam em casa e não se prestam para consumo. Destino final... lixo. Da mesma forma
na feirinha dos produtores rurais, às quarta feiras aqui ao lado do condomínio.
Um vendedor já grita de longe..., “doutor,
engenheiro agrônomo, venha conferir a qualidade de nossas verduras,
fresquinhas, colhidas nesta madrugada e frutas bem granadas”. Para este eu
inventei que só compraria aquelas bananas mirradas, cheias de quinas, com uma
condição: se ele me desse umas dez lixas de unhas, dessas usadas em salão de beleza,
justamente para lixar as quinas das cascas das bananas que “cortariam” minha mão,
de tão acentuadas... rsrs.
Nem é preciso que eu continue a
contar mais causos dessas andanças. Garanto que os amigos também têm muitos. Por
isso assino e endosso integralmente aquele artigo acima e reforço as palavras
do autor desconhecido:
“Passe tempo com as pessoas, não com dispositivos. O
mundo está morrendo por causa das facilidades que fizeram as pessoas
sedentárias...”.
Pura verdade, revistas médicas nos informam que
nossos pais e avós, que caminhavam bastante, até mesmo para irem ao trabalho,
eram bem mais esbeltos que nós , os sedentários de hoje e que temos dois amigos
especiais que nos escravizam..., o computador e o celular. Não nos deixam sair,
caminhar e prosear olhando as pessoas, olho no olho, sentindo as emoções
conforme se queixou o pai ao filho na história acima.
Amanhã, segunda feira, início de mês, vou ao banco
pagar as contas... e encontrar amigos! Ao amigo que postou a linda história eu
assim respondi:
Mais que
certo. De que adianta você ter centenas de amigos nas redes sociais? Muitos só
querem aparecer. Nada curtem, não dão um alô sequer. Enchem sua página de
postagens retransmitidas, sem sentido.
Estou com o
idoso da história acima. Prefiro o Bom dia do atendente da padaria, do
banco $$, do supermercado, frutaria e até dos bichos que encontro (cachorros,
passarinhos silvestres como as curicacas e carcarás). Já me conhecem... rsrs e
com eles também “converso” e aprecio a natureza, pois aqui temos o privilégio
de morar em condomínios que são verdadeiras quadras- parques.
Brasília, 06 de agosto de 2023
Paulo das Lavras
Nenhum comentário:
Postar um comentário