Desde 2012 a
Bienal Internacional do Livro vem se realizando em Brasília. Foram quatro
edições, de muito sucesso. Porém, com a pandemia não foi possível realizá-la em
2020. Agora, em sua 5ª edição, ressurge com toda força, despertando enorme
interesse nos leitores. Até mesmo as árvores floresceram para dar boas-vindas
aos livros e seus leitores, conforme pode-se ver pelos maravilhosos flamboyants
amarelo e vermelhos localizados bem próximo ao local da Feira de Livros. Neste ano tive motivos maiores para
frequentá-la, até porque já sentíamos sua falta há quatro anos, pois a última,
aconteceu em 2018. Mas, a alegria maior
foi participar do lançamento do livro de dois amigos, Lucília Neves Delgado e
Chico do Vale.
Ambos os
autores têm vínculos com Lavras. Lucília é neta de Lourenço Menicucci, cidadão
que emigrou da Itália para Lavras e ali constitui família que sempre se
destacou na cidade e ainda hoje tem como prefeita uma representante dessa
ilustre família. Natural de São João del Rey , nunca perdeu os vínculos com a
família de Lavras. Professora aposentada da UFMG e da PUC, tem vários livros
publicados. Para a produção do livro “Minas Gerais, Memórias Afetivas”,
associou-se a outro ilustre professor, da UFV, Francisco Xavier Ribeiro do
Vale, natural de Itumirim, graduado em Agronomia pela UFLA, onde tive o
privilégio de ter sido seu professor e mais tarde também produzimos, em conjunto,
o livro “Trajetória e Estado da Arte da Formação em Engenharia, Arquitetura e Agronomia”,
Volume XI- Engenharia Agronômica – Confea, 2010.
Melhor título não haveria para o
livro, pois é puro afeto em poesia, ilustrado com fotos pertinentes a cada
evocação poética. Foi assim que, pelas suas 159 páginas passeei por toda Minas
Gerais, saudosa, gravada para sempre no coração do saudoso menino que ali
passou a infância e juventude, e lá se vão 50 anos longe do torrão natal. Ver e
admirar o poema e a foto do belíssimo caramanchão da Praça Augusto Silva, de
Lavras, a enorme árvore Tipuana e ainda a tricentenária Igreja do Rosário, foi
um bálsamo para alma do menino que, com afeto, relembrou seus tempos de
juventude. Mas, o enlevo da alma continuou nas visitas à Praça da Liberdade, Mercado
Municipal de BH, cidade onde trabalhei cuidando dos jardins e do gramado do
Mineirão. O passeio afetivo, regado pelos poemas e fotos, continuou pelas
ladeiras de Ouro Preto e Tiradentes com seus lindos casarões antigos e lógico,
também pelas praças e igrejas da não menos histórica São João del Rei, também
com sua grande estação ferroviária, de onde ainda parte o trem turístico maria-fumaça.
Mas, chamou-me
atenção, mais que tudo, a foto de capa. Um coador de pano com o café
escaldando, fumegante, exalando aroma ainda presente na minha memória olfativa
(para quem não sabe, os especialistas colocam a memória olfativa como das
primeiras mais presentes e vivas na memória afetiva. Como naquele adágio “tem cheiro
de mãe”, somos capazes de nos lembrar não somente do cheiro das pessoas amadas,
como também de outros perfumes que nos marcaram). Conheço o coador de pano.
Não, não me refiro a qualquer um, genericamente e sim aquele que aparece na
foto. Não somente ele, mas também o fogão de lenha que ilustra outro poema do
livro. Aqueles, o fogão e o coador de café pertencem à dona Edna, também
ilustra, com sua foto, o poema “Costurar Vidas”. Dona Edna, a sensibilidade em pessoa, é a genitora
do autor, Chico do Vale. Ali, em sua casa, no Casarão da Ponte, pernoitei na
companhia de seus filhos e agregados. Ficamos até altas horas da madrugada, no
cafezinho com pão de queijo com pernil assado, especialidade dela e da saudosa
cozinheira Maria do Carmo, cuja foto ilustra o poema “Alimentos”.
Sou suspeito para elogiar o livro, pois vivenciei
tudo aquilo que está retratado e cantado em versos, provocando-me profundos
sentimentos de alegria na alma. Mas, ainda assim, suspeito que sou, posso dizer
sem qualquer margem de dúvida: Lucília e Chico exageram na dose de afetividade!
Pura emoção!
Meu
abraço, reiterado ao velho amigo e ex-aluno, Chico do Vale e à nova amiga que
me cativou e ontem pude abraçá-la aqui na Feira Internacional do Livro e
transmitir-lhe a minha satisfação pelo livro e lembranças de seus familiares de
Lavras, tão caros à comunidade e em especial à minha família.
Parabéns!
Brasília, 22 de outubro de 2022
Paulo das Lavras
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