Dan Gammon
e Paulo Roberto, palestrando com Samuel Rhea Gammon,
no Campus Histórico da Escola Superior de Agricultura de Lavras, fundada por ele em 1908,
seguindo-se o modelo Land Grant College
adotado pelas Escolas de Agricultura dos EUA.
Foto: Diego
Nascimento
Foi em 1869
que os missionários norte-americanos Eduardo Lane e George Nash Morton fundaram
o Colégio Internacional, em Campinas-SP. Em 1893 o Colégio foi transferido para
Lavras-MG, devido à febre amarela que estava dizimando quase a metade da
população da cidade de Campinas. Três anos antes daquela histórica
transferência para Lavras um jovem missionário, Samuel Rhea Gammon, de apenas
24 anos de idade, decidiu aceitar o convite do Reverendo Eduardo Lane para vir
para o Brasil. No dia 19 de novembro de 1889, seu pai reuniu a família e em
oração recitou versículos da Bíblia, o Salmo 91:1, “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo à sombra do Onipotente
descansará”. Em seguida todos se ajoelharam e o filho missionário foi
entregue aos cuidados do Senhor, ao qual ia servir em terras distantes,
invocando ainda o Salmo 90:17, “Seja
sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; e confirma sobre nós a obra das nossas
mãos”, conforme descreveu Clara Gammon, em Assim Brilha a Luz. Chegou ao Rio de Janeiro no natal de
1889, depois de trinta e três dias de viagem no pequeno navio Advance.
De Campinas Sam Gammon partiu para Lavras, em
março de 1892, numa primeira viagem para escolher o local de transferência do
Colégio. Voltou uma segunda vez, acompanhado pelo Secretário-Executivo da
Missão, Dr Houston e também pelo Dr Boyle, outro missionário que já se
encontrava algum tempo no Brasil. Embora o Dr Houston tivesse aparentemente concordado
com a escolha de Lavras, tentou mais tarde dissuadir o Dr Gammon de continuar
com o colégio, sugerindo o encerramento das atividades educacionais para ficar
apenas com a missão religiosa. Desnecessário dizer que o Dr Gammon saiu-se
vitorioso com a sua missão e a mudança definitiva do colégio se deu em novembro
de 1892. Aa escola foi inaugurada em Lavras, com nove alunos, em 1º de
fevereiro de 1893.
A foto que
abre esse texto tem um significado especial. O busto de Samuel Rhea Gammon,
inaugurado em 1965, por ocasião do centenário de seu nascimento, tem ao lado
seu neto, Dan Gammon, que fazia ali diante da memória seu avô, uma ligeira
explanação a este autor sobre a genealogia daquele missionário, sua cidade
natal, a vida na zona rural ao sul da Virgínia, seus estudos no Seminário
Teológico de Farmville e sua corajosa decisão de vir para um lugar distante, terra
totalmente estranha, desconhecida. A alegria de ambos os visitantes foi imensa,
ao lerem a data de nascimento daquele grande benfeitor – 30/03/1865, e
considerar as enormes dificuldades que enfrentou ao chegar à Lavras, aos 27
anos de idade e aqui realizar a grande obra que um dia sonhara na juventude
passada aos pés das montanhas Alleghenies, na Virgínia. Venceu a peste da febre
amarela, a resistência de alguns colegas missionários e confiante na promessa
de seu saudoso pai naquele dia de seu embarque para o distante Brasil. As
profecias bíblicas dos salmos 90 e 91, lidas por seu pai, se cumpriram: “Não terás medo do terror de noite nem da
seta que voa de dia. Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que
assola ao meio-dia. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua
casa”... “Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; e confirma sobre nós a
obra das nossas mãos”. E assim pôde aqui realizar uma grande obra para o
Senhor. Amém!
Alegramo-nos
com aquele encontro comemorativo dos 148 anos de fundação do Colégio, dos quais
124 anos foram passados ali em Lavras... a Terra Prometida a Samuel Rhea
Gammon, onde ele pôde frutificar o seu trabalho e mais que isto: propagar a fé
em Deus. Suas obras, seu grande legado em Lavras e região, incluem igrejas,
colégios e uma escola superior de agricultura (faculdade) que revolucionou a
produção agrícola e pecuária do estado de Minas Gerais e hoje transformada em
Universidade Federal de Lavras, que tem o grau de Excelente, conforme
classificação do Ministério da Educação.
Esse nosso
encontro com o passado foi muito gratificante, pois contou com a presença do
neto que veio de Knoxville- TN, rever o local de suas raízes. Seu pai, Joseph
Moore Gammon (1918-2007), o filho mais novo de Samuel R. Gammon e Clare Moore
Gammon, nasceu e viveu em Lavras até o ano de 1938. Seus avós e alguns tios
estão sepultados em Lavras. Portanto, passar dois dias com Dan Gammon e sua
esposa Sandy Thomas Gammon, foi muito prazeroso, gratificante, pois realmente
foi um encontro com o passado. Um passado glorioso dessa família que aqui mantêm
os restos mortais de entes queridos, seus ancestrais. Aqui deixaram, também, o
maior legado que alguém pode proporcionar: o amor à terra prometida de Lavras,
nela plantando a semente que glorifica a Deus e promove o progresso humano. Sou
particularmente grato a eles, pois minha profissão foi moldada ali, naquele
Campus Histórico da ESAL/UFLA, onde está o busto de bronze mostrado na foto.
Aliás, é necessário que se diga que toda comunidade de Lavras e região é grata à
família Gammon.
Obrigado, Dan
Gammon e Sandy Gammon por terem nos proporcionado a alegria de suas presenças,
vindos de tão distante, do mesmo lugar de onde um dia o jovem Sam Gammon partiu,
gastando 33 dias para chegar ao Brasil, a bordo de um pequeno navio. Embora
hoje tenham gastado apenas 10 horas de voo, em confortável avião a jato, foi
também uma viagem de amor, de carinho, revendo a terra que um dia acolheu seus
ancestrais. Foi muito bom tê-los aqui e compartilhar o amor, o respeito e o
reconhecimento à grande obra de Samuel Rhea Gammon. Parabéns pela homenagem
recebida das mãos do Diretor Geral do Instituto Presbiteriano Gammnon, Prof.
Alysson Massote Carvalho, também merecedor dos agradecimentos e reconhecimento
pelo dinamismo que vem imprimindo à sua gestão frente aos destinos dessa
importante, histórica e quase sesquicentenária casa de Ensino dedicada à Glória
de Deus e ao Progresso Humano.
Que Deus
continue abençoando a todos da família Gammon.
Brasília-DF/Lavras-MG,
30 de agosto de 2017
Paulo das
Lavras.
Dan e Sandy Gammon, com Paulo Roberto na cerimônia de
homenagens
pelos 148 anos do Instituto Presbiteriano Gammon-
Lavras-MG
Foto: Diego Nascimento
O Diretor Geral do IPG, Prof. Alysson Massote Carvalho
(2º da direita para
a esquerda), com
dois homenageados, Dan Gammon (1º à direita)
e João Oscar de Pádua (4º da direita para esquerda).
Foto: arquivos do IPG
... e o passado, está bem aqui, ainda presente... o
primeiro trator agrícola
de Minas Gerais, um Fordson 1923, importado por Samuel Gammon
Foto: Diego Nascimento
O mesmo trator Fordson em demonstração de preparo de
milho para silo
Exposição Agrícola de 1923, na Escola Agrícola de
Lavras. O lema “Ensino, Pesquisa e
Extensão Rural”,
próprio dos sistema Land Grant College, foi fielmente aplicado na Esal
de Samuel Rhea Gammon,
que revolucionou a agricultura na região.
Foto: Arquivos da Esal/Ufla
Difícil fazer o motor funcionar...
Foto: Diego Nascimento
Este é um típico Land Grant College... Fiquei surpreso,
quando
trabalhando em
Michigan (MSU), descobri o logo de Iowa.
Agora veja esta logomarca na foto abaixo...
Foto: Arquivos da Esal/Ufla
John Wheelock, bacharel em agronomia pelo College de
Agricultura de Iowa,
foi diretor da Escola de Lavras, a convite do Dr Samuel
Gammon. Nascido e graduado em Iowa,
procurou adaptar aquela logomarca para a sua escola
agrícola de Lavras.
Apenas trocou os
ramos de trigo, de Iowa, pelos ramos de café de Minas Gerais.
Fiquei feliz em
descobrir isto e imediatamente solicitei ao diretor da ESAL
que se desse publicidade, pois o fato nunca fora noticiado
antes, nem mesmo na ISU.
Foto: autor, 2012
John Wheelock, o 5º, sentado, da esquerda para a
direita, então diretor da Esal, em foto de 1958, ano do cinquentenário da
Escola. Ao fundo a logomarca da ESAL que ele criou, 20 anos antes,
à semelhança da
Escola de Agricultura de Iowa, onde se graduou. À sua direita, Bernard Barthels
e à esquerda o Reitor do Instituto Presbiteriano Gammon- IPG, Lawrence Gibson Calhoun.
Até o ano de 1963 a ESAL era um departamento do IPG,
transformando-se depois
em Universidade
Federal de Lavras.
Foto: Arquivos
da ESAL/UFLA
Ao lado do Campus Histórico, fundado pelo Dr Samuel
Gammon, foi construído
a partir de 1967 esse novo campus, inaugurado em 1970.
Tive o privilégio de participar dessa obra desde as
demarcações e construção das vias de
acesso e os primeiros
prédios desse belíssimo Campus da Escola Superior de Agricultura,
mais tarde transformada em Universidade Federal de
Lavras.
Ao entrar naquele
planalto, em meio à densa vegetação, abrindo clareiras e usando aparelhagem
de topografia, lembrei-me
com muito respeito e admiração da saga do Dr Gammon,
quando em 1908
planejou e construiu a Escola Agrícola de Lavras e hoje, ampliada com esse
magnífico campus. que abriga a universidade
magnífico campus. que abriga a universidade
Foto: DuAlto Imagens Aéreas
Imagino que Samuel Rhea Gammon ao atravessar o Rio
Grande e avistar essa bela montanha, a Serra da Bocaina, que emoldura a cidade de
Lavras, certamente teve a visão do cenário semelhante das montanhas Alleghenies
e do Rio Holston no grande Vale Apalachia, que ele via todas as manhãs quando
ia à pequena vila de Montgomery, entre Bristol e Abingdon, na Virgínia, levando
leite e frutas para vender. Clara Gammon escreveu que ele murmurava mansamente “Os céus proclamam a Glória de Deus”. E eu tenho quase certeza que ele ao ver a
Serra da Bocaina e o Rio Grande pela primeira vez, proclamou: É aqui que Deus
reservou para o meu trabalho... a terra prometida que sonhei
todos os dias da
minha juventude, na Virgínia e para isso me preparei....
Deus estava com
ele e tudo haveria de dar certo. E as
palavras de seu pai, proferidas no dia de sua partida, se cumpriram. Amém!
Foto: Arquivos de Renato Libeck
E o que vemos ao fundo da foto? A Serra da Bocaina, em
bela moldura na
parede do escritório/secretaria do Auditório
Lane-Morton no IPG.
Foto: Diego Nascimento
O prédio principal do IPG. Marca registrada do Dr
Gammon,
com seu traço arquitetônico das colunas em estilo
virginiano.
Foto: Arquivos do IPG
O automóvel que pertenceu ao Dr Gammon, um Chevrolet
1926, ao lado do Dodge Wagon
Foto: Renato Libeck
Dan Gammon consultando as anotações na escrivaninha que
pertenceu ao Dr Samuel Gammon, seu avô
Foto: Sandy Gammon
Uma reverência no túmulo dos avós Samuel Rhea Gammon e
Clare Moore Gammon
e outros
familiares - em Lavras-MG
Foto: Sandy Gammon
A cidade de Lavras, “Terra dos Ipês e das Escolas”, se
revestiu, neste 25 de agosto de 2017, com as flores dos belíssimos ipês branco
e amarelos para a celebração dos 148 anos do IPG. Que os familiares de Samuel Gammon, que vieram de tão longe, levem de volta para a casa a alegria da beleza dessa flores de ipê.
Foto: Danuza Santos
Os ipês amarelos da praça central da cidade, saudando as comemorações
do Dia do Instituto Presbiteriano Gammon - Lavras-MG
Foto: Renato Libeck
Foto: Renato Libeck
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