O IBGE publicou em
28/06/2013 um artigo muito interessante sob o título: “Atlas do Censo
Demográfico do IBGE mapeia mudanças na sociedade brasileira” . Nele há uma análise acurada sobre a mobilidade da
população brasileira. A parte inicial do Atlas focaliza a geopolítica
contemporânea e evidencia que até mesmo a projeção econômica do Brasil no
processo de globalização atual tem como fundamento sua extensa base
populacional e territorial: 190.755. 799 habitantes, em 2010 e uma superfície
de 8.515.767,049 km². Ainda segundo informa o artigo, de acordo com a ONU, o
Brasil ocupa a quinta posição no Planeta em termos de extensão territorial e de
número de habitantes.
Essa matéria pode ser vista no link:
Há indicações de outros links do Atlas
propriamente dito, com tabelas e quadros estatísticos: http://censo2010.ibge.gov.br/apps/atlas/.
Nessa última página há outro link para
os dados completos do Censo de 2010: http://censo2010.ibge.gov.br/resultados
É
desse endereço a página abaixo (Sinópse), e de onde se extraem algumas
conclusões. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/sinopse/default_sinopse.shtm
A
cidade de Lavras tinha 92.200 habitantes em 31/12/2010. Cerca de 95% da
população residia na cidade. Apenas 5% na zona rural (4.344 pessoas). A
densidade populacional era de 163 habitantes/Km². A vizinha cidade de
Nepomuceno tinha 25.733 habitantes, sendo 74% na cidade e 26% rural e
baixíssima densidade de 44 hab/km². São João del Rei, outra vizinha, tinha
84.469 habitantes, sendo 90% na cidade e baixa densidade de 57 hab/km².
Um
pouco mais distante, porém com mesmo perfil universitário, a cidade de Viçosa tinha
72.220 habitantes, com 93% na cidade e 241hab/km². Voltando às cidades
vizinhas, Varginha ultrapassa Lavras em número de habitantes. Eram 123.081, com
96% na cidade e densidade acima de 311 hab/km², pois seu município tem extensão
territorial menor (395 km²) do que o de Lavras (564 km²).
Como
é Lavras, hoje, em sua distribuição populacional?
À exceção de Varginha que praticamente empata
(1% acima apenas) com Lavras, nossa cidade tem o mais elevado índice de
população urbana, 95%, em relação à vizinhas Nepomuceno com 74 % e São João Del
Rei com 90%.
Interessante
comparar a evolução e as mudanças no perfil da população de Lavras. Em 1720, há
quase 300 anos, havia menos de 1.000 habitantes no povoado de Sant´Anna das
Lavras do Funil, fundado por Francisco Bueno da Fonseca, revoltado que estava
com os atos da Coroa portuguesa e que aqui aportou depois de 1712, procedente
de São Paulo, em busca de ouro. Nessa época o povoado era simplesmente uma
extensa zona rural com diversas lavras de ouro e nada tinha de serviços
considerados urbanos. Cada um produzia os alimentos para sua própria
subsistência. Comércio só do ouro, ainda assim muito reservadamente por medo
dos confiscos.
Por volta de 1940, mais de duzentos anos
depois de sua fundação, a população beirava os 30.000 habitantes e somente 25%
morava na cidade. A grande maioria, 75%, ainda residia e trabalhava na zona
rural, na produção de alimentos, especialmente leite e laticínios, café, milho
e feijão. Em 1960 a população contava com cerca de 40.000 habitantes sendo que
pouco menos da metade ainda residia na zona rural (40 a 45%). Houve, portanto,
já em 1960, expressivo aumento na taxa
de urbanização da população. A partir
daí, talvez pelo receio que o novo Estatuto da Terra tenha causado e também
pela consciência sobre a necessidade de escolarização, o crescimento da
população urbana passou a ser bastante acelerado.
Em 1970 havia aproximadamente 53.000
habitantes com cerca de 65 a 70% residindo na cidade. Em 1990 eram 65.000 habitantes
e com expressiva taxa de 75% residentes na cidade. No ano de 2000 a população
estava ao redor de 78.000 habitantes e já contava com 82% vivendo na cidade. Em
2010 essa taxa urbana pulou para 95% dos 92.000 habitantes. O crescimento
urbano acelerado nem sempre foi acompanhado de politicas de urbanização
adequadas às demandas, a começar pelo transporte publico e elevada densidade de
veículos particulares que causam constantes engarrafamentos nas principais
ruas. As ruas de modo geral, são estreitas com calçadas de pedestres com pouco
mais de 1,60 metros de largura, não permitindo qualquer intervenção
urbanística.
Não
foram encontrados os registros históricos, dados atualizados e estatísticas
mais acuradas para as informações aqui apresentadas. Seria de bom alvitre que
tais dados fossem coligidos junto às autoridades municipais, como também a
publicação de estudos mais acurados e análises sobre as causas e impactos do
aumento populacional e da migração acelerada do meio rural para o urbano.
Certamente deve haver um planejamento urbano onde se caracterizariam as
principais demandas e ações mitigantes no tocante ao inchaço da população
urbana e o esvaziamento rural.
Brasília, 29 de junho de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário