A maneira como você encara a vida faz toda a diferença! E é bem assim
que penso hoje em dia e isso nada tem de original. Olho para o porteiro do
prédio e penso que ele é importante para mim. Está ali para informar, abrir e
fechar a porta para todos e cuidando de nossa segurança. Da mesma forma a
faxineira que limpa meu local de trabalho, a mesa, o computador, tudo. O
copeiro que leva o cafezinho e a água geladinha em um copo limpinho a cada vez.
O jardineiro que enfeita e o gari que varre a quadra residencial e recolhe o
lixo. A doméstica que chega cedinho com
o pão ainda quentinho prepara as frutas e o café da manhã e ainda pergunta se
está de acordo com meu gosto. Se o recado de telefone está mal escrito, eivado
de erros de redação, eu o leio com os olhos do coração, com pena da empregada
que não teve a chance que eu tive de frequentar escola e ainda reconheço o
esforço dela para transmitir a mensagem. Por isso, eu os olho com amor e
respeito pelo que fazem e nunca demonstrando superioridade.
Certa vez li
um livro de um professor de sociologia da USP que, em seu projeto de pesquisa,
se vestiu de gari e trabalhou com eles nas mesmas tarefas durante um ano
inteiro. No livro, resultado da pesquisa, ele conta como a sociedade vê e trata
as pessoas humildes que trajam o uniforme de gari. Simplesmente os ignoram. Não
os enxergam, não sentem a sua presença como humanos e sim como máquinas que ali
estão para executar uma tarefa, a mais baixa na escala social. Viu e sentiu na
pele a discriminação de todos e de seus colegas professores. Relatou, ainda, a
alegria de um gari quando recebia um “bom dia” de qualquer que fosse o
transeunte. É por isso que às vezes paro o carro, cumprimento e elogio o
trabalho dos garis da quadra, dos jardineiros e com estes até peço receitas de
adubação e tratos culturais das plantas, só mesmo para puxar conversa, pois
conheço bem as técnicas, por profissão.
Isto, como afirmou o professor
pesquisador da USP, muda o dia daquele trabalhador que relata aquilo a todos,
colegas, amigos e familiares, como se fosse a maior honraria recebida. Mas, não
é só isso, pois também fico com a certeza de que fiz um bem, reconheci o valor
de um trabalhador honrado e que certamente trabalhará melhor naquele dia. Por
causa daquela pesquisa da USP, criei um modo de valorizar as faxineiras do
local de trabalho. Conto para os outros, na presença delas, que elas não me
deixam “apanhar” em casa e tampouco ser obrigado a lavar as camisas, pois os
punhos brancos nunca se sujam quando os apoio sobre a mesa de trabalho. Além de
fazer piada e todos acharem graça, elas esmeram muito mais na limpeza e sempre
estão bem humoradas, perguntando se não tem havido reclamações em casa quanto aos punhos das
camisas. Só alegria, todos os dias, além do asseio e da água fresquinha de hora
em hora, como um espelho refletindo, retribuindo desinteressadamente a sua ação de puro
amor, consideração e respeito humano.
A simplicidade na abordagem e o respeito às ideias dos outros ou apenas
o ser, o ente, é um princípio mais que salutar e nos engrandece. Lembro-me do
ex-Ministro da Cultura, Aluísio Pimenta, que gostava de andar pelo interior das
Minas Gerais, comer broas e experimentar a cachacinha artesanal que lhe eram
oferecidas. Por isso decidiu lançar um programa de cultura popular valorizando
a broa, quitandas e os produtos artesanais, especialmente a cachaça de Minas (e
esse programa vingou... tenho amigos na França e EUA que sempre me pedem para
levar a cachacinha quando os visito). A imprensa elitista e preconceituosa o
ironizou duramente, condenando seu projeto e ele, então, saiu-se com essa:
“vivi, convivi e frequentei por muito tempo os salões de festas mais requintados
de Paris, Roma e Nova York, mas não troco a simplicidade do mineiro com a suas
broinhas, cachacinhas e cultura peculiar por aqueles requintes estrangeiros”.
Ninguém mais o criticou.
Também sou fruto dessa terra mineira e plagiando as palavras daquele sábio Ministro da Cultura e ex-reitor da UFMG, também posso dizer o mesmo: vivi e convivi com os salões de festas mais exuberantes da república em meio às autoridades, artistas e a nata da sociedade. Frequentei e convivi, por força de ofício, com o luxo e requinte tecnológico nos EUA, França e outros países onde desempenhei missões de longa duração do Ministério da Educação, mas, porém, todavia, entretanto, contudo, não obstante e ainda assim... , não troco por nada mesmo, de forma alguma, a simplicidade, a sinceridade, o carinho e o amor da gente simples, mineira ou de qualquer outra região que cultive esses valores puros. Se por um lado me realizo, sinto-me feliz e orgulhoso pelos aplausos dos alunos ou das plateias lotadas de PhDs e top of minds em São Paulo, Paris ou no Departamento de Estado Norte-Americano, em Washington, onde já ministrei palestras, tenho, por outro lado, igual ou maior prazer e alegria no contato com os mais humildes. No anonimato, sozinho, no silêncio reconfortante da alma nos sentimos mais humanos, participativos, integrados no amor comum.
Também sou fruto dessa terra mineira e plagiando as palavras daquele sábio Ministro da Cultura e ex-reitor da UFMG, também posso dizer o mesmo: vivi e convivi com os salões de festas mais exuberantes da república em meio às autoridades, artistas e a nata da sociedade. Frequentei e convivi, por força de ofício, com o luxo e requinte tecnológico nos EUA, França e outros países onde desempenhei missões de longa duração do Ministério da Educação, mas, porém, todavia, entretanto, contudo, não obstante e ainda assim... , não troco por nada mesmo, de forma alguma, a simplicidade, a sinceridade, o carinho e o amor da gente simples, mineira ou de qualquer outra região que cultive esses valores puros. Se por um lado me realizo, sinto-me feliz e orgulhoso pelos aplausos dos alunos ou das plateias lotadas de PhDs e top of minds em São Paulo, Paris ou no Departamento de Estado Norte-Americano, em Washington, onde já ministrei palestras, tenho, por outro lado, igual ou maior prazer e alegria no contato com os mais humildes. No anonimato, sozinho, no silêncio reconfortante da alma nos sentimos mais humanos, participativos, integrados no amor comum.
Bem, mas essas são
as pessoas “normais” que, como nós, estão ali trabalhando, servindo, cumprindo
uma missão e de bem com a vida. Mas, tive um vizinho muito complicado,
insatisfeito com a vida e toda a vez que me encontrava, logo pela manhãzinha ou
a qualquer hora do dia, sua primeira palavra era uma reclamação mal humorada,
nem se lembrando de dar um “bom dia”. Mas, não me deixava contaminar, não
permitia que ele pautasse o meu dia com seus assuntos reclamando sobre o
trabalho do síndico, do porteiro, dos faxineiros, de supostos vizinhos
inconvenientes... enfim... um rosário de reclamações. Esse é o verdadeiro
chato! Infelizmente esse comportamento se repetia com todos que ele encontrava
pelo caminho. Respondia apenas algumas palavras evasivas e descartava a
continuidade da conversa, pois não deixo que pessoas assim decidam o que e como
devo agir. Por que teria que aceitar o seu mau humor e falta de consideração e
respeito para com os outros que, inclusive, estavam lhe servindo no prédio? Por
que se deixar contaminar por esse estado de insatisfação? Não, não podemos dar
lugar a maus pensamentos e ainda mais logo na primeira hora da manhã. Essa é a
hora de olharmos a bela manhã e conversar com ela, dar um bom dia ao sol, ao
gramado às flores, às crianças que passam a caminho da escola, enfim alegrar-se
com mais um dia que se inicia e dar graças a Deus por isso. Há uma sabedoria
milenar e que até consta da bíblia: “Há poder nas suas palavras”. Por isso não
se deixe contaminar pelos pessimistas. Estes ao verem a chuva reclamam...
estragou meu fim de semana, minhas férias, seja lá o que for. Já os otimistas
agradecem e anteveem farta colheita de alimentos, jardins bonitos e floridos,
abundância de água para beber e para a geração de energia elétrica, evitando-se
os apagões elétricos e cortes no abastecimento de água que ocasionam
sacrifícios para todos.
“O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença”, escreveu o poeta Luís Fernando Veríssimo. Portanto, aprendi, depois de muito tempo, que encarar a vida com amor faz a diferença! E ter amigos para compartilhar, melhor ainda! Portanto procure vive-la bem, cercado de pessoas queridas, pois ela, a vida, é mesmo como o espelho, reflete tudo aquilo que você faz...
Brasília, 29 de maio de 2010
Não
custa nada dar um alô e tratar com respeito uma simples
catadora
de lixo. Isso faz diferença em seu dia de trabalho
Cuidar com amor da formação dos netinhos, faz diferença
Cuidar com amor da formação dos netinhos, faz diferença
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