As notícias sobre
acidentes aéreos provocam calafrios naqueles que têm o avião como meio de
transporte e dele fazem uso constante. Mas, na noite de 20 de julho de 1989,
assistindo ao noticiário de TV, não pude evitar o calafrio e grande estupefação
ao ver as cenas do grave desastre com um DC-10/10 da United Airlines, em
Sioux/Iowa, pois havia se passado apenas dois anos que eu sofrera o terceiro
acidente aéreo, ocorrido no aeroporto de Confins em Belo Horizonte, no qual
poderiam ter morrido todos os passageiros, caso tivesse havido explosão ao cair
no solo. Os dois acidentes anteriores com o jovem executivo internacional
aconteceram ali mesmo nos EUA. Nesse desastre de Sioux, que acabara de
assistir, havia 296 pessoas a bordo, sendo 285 passageiros e 11 tripulantes.
Destes, 111 morreram, 285 sobreviveram, dos quais 172 tiveram ferimentos e 113
saíram ilesas entre os escombros em chamas. Problemas hidráulicos causaram o
desastre, tornando o avião incontrolável, sem flaps ailerons, profundores, leme
de direção e freios auxiliares do trem de pouso. Diante da TV, com aquelas
cenas chocantes, um filme tenebroso passou pela minha mente, relembrando os
desastres aéreos pelos quais passei, especialmente um deles com as mesmas panes
hidráulicas na aeronave, assim que decolou de Washington-DC. O outro acidente, que
sofri nos EUA, foi em Las Vegas/Nevada. Neste, em voo de Chicago para São Francisco
e quando já estávamos na metade da rota, de quatro horas de voo, houve incêndio
a bordo, com pânico total entre tripulantes e passageiros das primeiras poltronas.
Curvou à esquerda e em voo de quase ponta cabeça alternou para o aeroporto mais
próximo, Las Vegas, onde uma tripulante ficou internada, com
ferimento nos olhos e intoxicada por inalação de fumaça. Durante esse acidente
ainda estava um pouco traumatizado com o anterior, de Washington, ocorrido
apenas 10 dias antes, no voo para Cleveland/Ohio. Partimos do aeroporto Nacional
de Washington-DC, com escala programada para Cleveland e destino a Lansing, a
capital de Michigan, onde tínhamos o escritório central de nosso projeto nos
EUA, na Michigan State University. O
voo, num Boeing 727-200, com bem mais de 100 passageiros, prometia ser
tranquilo, tempo bom, num final de tarde do dia 14 de novembro de 1977, uma
segunda feira. Logo após a decolagem de
Washington-DC, cerca de 15 minutos de
voo, a viagem foi abortada e alijou-se o combustível sobre o mar. Foi desviada a
rota para o Dulles International Airport, no estado da Virgínia, terra de
Samuel Rhea Gammon o fundador da Universidade Federal de Lavras, minha terra
natal e onde eu ainda era professor. A aeronave perdeu totalmente o sistema
hidráulico, ficando sem nenhum controle de direção horizontal e vertical, tal
qual aquele DC-10 de Sioux. Mas conseguiu pousar numa pista maior, com espuma
anti-fogo e redes de aço no final da pista, já com dezenas de carros de
bombeiros e ambulâncias a postos. Felizmente ninguém se feriu. A tragédia de
Sioux foi evidentemente maior e traumatizante, com inúmeras perdas de vidas. Ao
contrário, e felizmente, nosso avião conseguiu pousar no eixo da pista e parou com
o bico na rede metálica que havia sido montada no final da pista, no aeroporto
de Dulles/Virgínia. Em vez de ambulâncias, usamos ônibus para chegar à estação
de passageiros, sãos e salvos e em seguida conduzidos a um hotel, em Reston-VA, onde passamos a noite nos
recuperando do susto.
Avião novinho em folha, estofamento impecável com cores
neutras, som estereofônico disponível em cada poltrona, um luxo e tinha apenas 300
horas de voo, informou-me o comandante a quem visitei na cabine, antes da
decolagem. Uma hora de voo e a aproximação e descida foram feitas com bastante
turbulência ao romper algumas nuvens cúmulos-nimbus, os temíveis CB, nuvens
negras, espessas, pura água condensada, quase uma rocha de gelo. Uma forte
tempestade assolava o aeroporto de Confins. Ainda assim, ao contrário do voo da
Varig, que decolara cinco minutos antes do nosso e que desistira do pouso,
arremetendo a proa para o Rio de Janeiro, o nosso garboso e novíssimo 737-300
de prefixo PT-TEA, comandado por um destemido piloto, aventurou-se a pousar em
meio à forte tempestade de chuva e ventos. Desalinhou do eixo da pista e simplesmente
caiu sob forte rajada de chuva e vento. Despencou de uma altura de uns dez
metros, atirado que foi pela violência da tempestade. Partiu a asa esquerda, que
bateu primeiramente no solo. Também o trem de pouso e a turbina ficaram para
trás, aos pedaços e a aeronave adernou para esquerda.
Um
barulhão aterrorizante, tanto pela queda brusca ao solo como pelos impactos da
asa esquerda e turbina arrancada ainda na pista, aumentando assustadoramente o
barulho da lataria e metais arrastados pelo asfalto afora, gramado e lama, numa
velocidade inicial de 400 km/h. Nada resistiu ao impacto e tudo foi se arrastando
pelo chão, parte atolando no gramado e outra pelo asfalto soltando fagulhas. Pedaços
do avião, fuselagem, turbinas se desprenderam e, no interior da aeronave,
além do pânico e gritaria, objetos “voavam” sobre nossas cabeças, as
maletas, mochilas, tudo, tudo mesmo que estava no bagageiro superior veio
abaixo, ferindo levemente alguns passageiros. E o pior foi que assim que bateu
no chão, apagaram-se as luzes da cabina. Escuridão total. Verdadeiro terror,
portas e janelas de emergência que não se abriam, gritaria geral e pânico total
entre os mais de cem passageiros. Diante da iminência de desfecho fatal, o subconsciente em pânico logo
disparou a imagem das filhas pequenas e da esposa que ficariam sem o arrimo
e... a exclamação em surdo brado “Oh meu Deus”, apelando a Ele pela vida. Havia muitas crianças, pois era período de
férias e a gritaria ficou maior ainda com o choro dos pequenos e das mães ou
acompanhantes. Passou-se uma “eternidade”, sob pânico total e nada das portas se abrirem. As aeromoças
pareciam estar em desespero, para não dizer pânico, diante do emperramento da
porta dianteira esquerda da aeronave retorcida. Depois de alguns segundos no
escuro, que pareceram uma eternidade, as luzes da cabine se acenderam. Respirei
aliviado, imaginei que haveria tempo suficiente para a fuga dos escombros. A
presença de luzes era sinal que não havia incêndio e o piloto religou a A.P.U. (APU,
Auxiliary Power Unit, pequena turbina
embutida na cauda do avião e que fornece energia para os sistemas de
comunicação/iluminação e refrigeração). Ainda não..., pensei eu, não há fogo,
mas a explosão do combustível derramado dos tanques situados nas asas, que
estavam despedaçadas.... “Perna para que te quero”. Mas, como sair daquele
charuto, fechado, que poderia explodir? Para piorar, havia fumaça na asa
direita, justamente do meu lado e embora a janela de emergência situada sobre a
asa já tivesse sido aberta pelos passageiros, ninguém se aventurou a sair por ali,
até porque a fumaça começou a invadir o interior da aeronave, causando tremendo
pavor nos passageiros ainda abalados com o choque brusco do avião no solo.
Felizmente, vimos depois, que não se tratava de fumaça de incêndio, mas apenas
vapor d’água de chuva sobre os restos das turbinas fumegantes. Mesmo assim, a
única coisa que vinha à mente de todos era o iminente e temido incêndio,
precedido de explosão, tal qual se vê nos filmes. Crescia o pânico entre as mais
de 100 pessoas que ali estavam confinadas. Da sexta fileira de assentos (6C),
no corredor já apinhado de gente apavorada, e sem condição de me mover, gritei
para dois homens, jovens e fortes, para ajudarem as aeromoças a forçar a porta
dianteira, que estava emperrada. Por sorte, uns três homens conseguiram abri-la,
mesmo depois de tentarem forçá-la para fora, quando o certo seria puxá-las para
o interior da cabina. Aberta a porta, as comissárias, então, acionaram
imediatamente a rampa inflável, o tobogã, para alívio do sufoco coletivo.
Por
incrível que pareça, após a abertura daquela porta da salvação, aumentou-se a
confusão. Uma mulher, jovem ainda, entrou em pânico, com descontrole total.
Estava nas últimas poltronas e ao ouvir a gritaria quando da abertura da porta dianteira,
e sem ter como se locomover pelo apinhado corredor, simplesmente subiu nos
espaldares das poltronas e em desabalada carreira passou por cima da cabeça de
todos, e com olhos arregalados e grande estupor, gritava: “meu noivo é piloto e sei que o avião vai explodir“. Vazou pela
porta de saída, aos gritos e atropelando a todos que se abaixavam para proteger
a cabeça de sua tresloucada caminhada por cima de todos. Iniciada a fuga, de
nada adiantaram os apelos das aeromoças para que todos se livrassem de pequenas
bagagens de mão, sapatos, objetos cortantes, pontiagudos ou simples metais e
plásticos rígidos que porventura estivessem portando nas roupas. Atropelo geral
e no “salve-se quem puder”, nem as crianças tiveram prioridade, embora
chorassem muito e as mães aos gritos para alcançar em primeiro lugar a porta com
a rampa inflada. Logo chegou minha vez, pois a massa de passageiros comprimidos
era tal que não foi possível dar prioridade a ninguém. Só mesmo em situações
com cheiro de morte para as pessoas se sentirem possuídas do verdadeiro
instinto animal de sobrevivência a qualquer custo, incontrolável. Passar por
cima dos outros, empurrar e gritar eram atitudes perfeitamente “normal” para
todos em pânico. Antes dessa confusão
infernal eu havia tirado os sapatos, caneta e chaves do bolso do paletó,
retirando também a gravata, tal qual mandam os manuais de segurança aeronáutica.
E lá fui rampa abaixo, empurrado pela multidão apressada. A descida foi rápida
pelo improvisado tobogã, mas..., a
surpresa maior foi cair sentado sobre uma verdadeira piscina de mais de 10
mil litros de querosene, o combustível de aviação altamente inflamável e que ainda
escorria dos tanques sob as asas quebradas. Mal senti o terrível e temível
cheiro do combustível, que prenunciava incêndio iminente, tive o ímpeto de me
levantar rapidamente e correr para longe. Correr?... Ah..., antes mesmo de levantar-me, levei
uma estocada lancinante nas costas, de quebrar as costelas. Uma mulher, de
físico avantajado, não retirou os sapatos de salto alto. Este, muito comprido e
de ponta bem fina e, como um petardo, de peso multiplicado por 10, em razão da
velocidade e força G, causou-me um impacto de quase uma tonelada nas costas. Fui
atirado novamente ao chão, quase afogado no alagado de água e querosene e,
pior, com o salto do sapato cravado nas costas, me lambuzei ainda mais e quase
me afoguei de vez. Ah..., não! Pensei, o que é isso? Já me afoguei aos três
anos num grande reservatório de água e agora em meio à lama de água e querosene
e ainda com risco de ser incendiado como um homem tocha?
Encerrava-se
assim a primeira fase da pavorosa fuga. Mergulhado, pisoteado e quase afogado
no mar de querosene sufocante sob o peso de vários passageiros que caiam
velozmente da rampa, enquanto alguns até nos ajudaram a sair daquela perigosa
situação. Perigosa e engraçada, pois havia uma mulher presa, pelo pé, nas
minhas costas. Éramos todos candidatos a virar uma tocha sem salvação caso
eclodisse um incêndio. Ainda assim,
lembro-me que achei graça naquela inusitada cena, uma mulher com as pernas para cima, em “V”,
mostrando toda a sua anatomia, dentro da poça de lama, gritando e
esperneando, iluminada pelas lanternas
dos comissários. Mas, não havia tempo nem clima para apreciar a inusitada cena
daquela senhora, com pernas para o ar, pois o combustível da aeronave, com a
asa estraçalhada e barriga enterrada, continuava jorrando ali sobre todos nós. Em
outra circunstância até daria para ficar ali a contemplar o esquisito e
intrigante cenário de uma mulher deitada de costas na lama e o pé agarrado nas minhas costelas
perfuradas. Mais aterrorizante foi passar ao lado dos escombros da turbina, com
superfície em brasa, fervilhante, fumegando, fazendo barulho de fritura e
soltando fumaça sob a chuva que caía. Parecia espargir fagulhas, porém
debeladas pela própria chuva torrencial. Paradoxalmente, descobri depois, que a
própria chuva evitou a explosão do avião que deslizava de barriga e arrancava
fagulhas no asfalto que eram apagadas pela enxurrada de mais de um palmo de
altura. Não fosse isso, as fagulhas entrariam em contato com o combustível
derramado (que flutua sobre a água) e
nem estaríamos aqui para contar a história. Mas, na hora ninguém se
lembra disso e prevalece o pânico e, na iminência do pior, quando você sabe que
não há mais jeito, eis que os pensamentos adquirem força e afloram, de novo, as
imagens da família, das filhas pequenas e da esposa que ficariam desamparadas.
“Oh, my God”, o que será delas? Cuide para que eu não falte. E graças a Esse
bom Deus... o avião (os restos) não explodiu e todos se salvaram.
Alguns, no entanto,
tiveram ferimentos leves, provocados por objetos que “voaram” dos
bagageiros superiores ou quando pularam direto para o chão, sem a rampa
inflável. Uma mulher grávida, quase no fim da gestação, foi empurrada pela
porta traseira, que finalmente conseguiram abrir, porém desprovida de rampa
inflável. A gestante caiu na lama e rompeu a bolsa amniótica. Foi a primeira a
ser socorrida pelos bombeiros que chegaram cinco minutos após a queda da
aeronave. Novamente, pernas em ação e agora em pânico incontrolado. Mesmo atolado num mar de querosene, descalço, saí
em desabalada carreira, em meio à escuridão da noite, iluminada apenas pelo
lusco-fusco das luzes do distante terminal de passageiros e os faróis e
roto-lights das ambulâncias e bombeiros que se aproximavam em velocidade e ao
mesmo tempo evitavam atropelar os passageiros em desabalada fuga para longe dos
destroços. Em segundos ganhei a pista de pouso lateral, ainda que com dores
lancinantes da estocada nas costas. Corri até atingir local supostamente seguro.
Ao longe pude visualizar as luzes do terminal de passageiros, que me pareceram
situar-se a quilômetros de distância, tal o desespero da fuga diante de
iminente explosão da aeronave em pedaços. Muitos carros e ambulâncias do Corpo
de Bombeiros chegaram em socorro, com seus faróis iluminando a escuridão
daquela trágica noite de tempestade. Recolhido, resgatado e levado em
ambulância para o terminal de passageiros, onde fui medicado e, ainda na sala de atendimento
médico, pedi para fazer uma ligação interurbana, pois ainda não existia o
aparelho celular e se existisse estaria perdido, danificado pois estávamos mergulhados
e encharcados de querosene e lama.
Agora, quando descrevo esses fatos,
muitos anos depois, minha esposa lembrou-me que estranhou as minhas palavras
naquele telefonema. “Você verá pelo
noticiário da TV que o avião em que eu viajava caiu, aqui em Confins, mas eu
estou bem, só levei uma estocada nas costas, de sapato de salto alto, de uma
mulherona...rsrs”. Nada mais comentei, despedi-me, dizendo que iria para o
hotel tomar um bom banho e antes pedir à companhia aérea que fornecesse roupas
ou recuperasse minha bagagem deixada na cabine do avião.
Dois dias
depois cheguei em casa, de roupa nova, completa, terno, gravata e sapatos,
comprados na loja Delano, esquina de Afonso Pena com Espírito Santo, ali mesmo
em BH, pois cheguei ao hotel enlameado, sem os sapatos que havia perdido na
louca correria, , roupa danificada, cheiro terrível de querosene, pronta para
descarte. Coincidência, no voo de volta a aeronave também era um Boeing
737-300, novo, de prefixo PT-TEB, irmão gêmeo do acidentado, cujo prefixo,
matrícula, se diferenciava por uma única letra sequenciada. Fiz boa parte da
rota na cabine de comando, pois naqueles tempos ainda eram permitidas visitas, e
ali conversei com o comandante sobre o acidente anterior e normas de segurança
de voo. Depois, no silêncio de minha poltrona, contemplando o infinito céu
azul, a dez mil metros de altitude e na tranquilidade da alma relaxada em
comunhão com Deus, agradeci pela Vida, por mais aquele livramento e cheguei à
conclusão que nenhum trauma ficaria, ou seria capaz de fazer-me abandonar a
paixão de voar. É verdade que, em acontecendo, o desastre desestabiliza o
emocional, mas tudo tem seu valor, por pior que seja o acontecimento. Na viagem
de volta, o silêncio da alma falou mais alto. Na descrição sobre
o silêncio da alma, tão bem colocada por Rubem Alves, encontrei a explicação do
porquê quando estou nas alturas, voando a quase mil por hora, encontro
inspiração para meditar e colocar a alma no lugar certo, mesmo com as
apavorantes lembranças dos dois acidentes aéreos sofridos anteriormente nos
Estados Unidos e este, de Confins, mais grave ainda.
Pode
parecer paradoxal, mas como continuar apaixonado por aviões depois desse
acidente? Outros já haviam acontecido nos EUA e como, então, depois de tantos
apuros ainda conservar o fascínio pelos voos? Simples..., acalento o "Sonho
de Ícaro", o sonho e a paixão por
voar, voar... subir, subir... asas de ilusão... sonho audaz de balão ... como
expressou o cantor e compositor Biafra. Ali, nas alturas, no silêncio da aeronave
e a contemplar as nuvens e a imensidão do espaço, é praticamente o único lugar
onde consigo relaxar e soltar completamente a alma. Ali, literalmente nas
nuvens, não tem o stress urbano, com noticiário escabroso da TV mostrando tragédias,
assaltos e tudo quanto é desgraça humana e ambiental. Somente as nuvens, o infinito
e a terra lá embaixo, distante e com diminutas formas visíveis. Em minhas
reflexões cheguei à conclusão que já derrotei a Dona Morte várias vezes. Cinco
ao todo, três acidentes aéreos, dos quais não carrego traumas. Ao contrário
disso, os traumas que tenho são com os outros dois acidentes/incidentes
acontecidos na infância. O primeiro, uma grave cirurgia aos dois anos de idade
e o segundo, um afogamento aos quatro anos. Desses dois, ainda hoje, carrego
sequelas físicas e psicológicas. Mas, também tenho de um deles a gostosa
lembrança de passar inteiramente outros nove meses, 24 horas ao dia, no colo
dos pais, irmãs e amigos da família, com
suas doces canções de ninar e causos de bichos na floresta, que ainda tenho
registrados na memória. Relembro-os com carinho e doçura na alma. Nunca os
esqueci, como também a cena de choro de todos ao redor do menino, ainda com três
anos apenas, reanimado do afogamento, enrolado
em toalhas e expelindo golfadas de água com as massagens e respiração boca a
boca feitas pela mãe que desesperada clamava a Deus pela vida do filho. Assim, diante de tamanhas e reiteradas sortes,
estou vencendo aquela Velha de capa preta e foice na mão, por 5 x 0. Mas,
sabemos também que se ela, a dona Morte, vencer uma única partida neste jogo da
vida, de nada adiantará o novo placar de 5 x1, pois prevalecerá a única vitória
dela.
Não penso
nisso! Melhor é ter, sempre, um projeto de vida, qualquer que seja a sua faixa
etária. Ter um projeto de
vida é encontrar coisas que se goste de fazer, aprender a dizer ‘não’, dar
muita risada, enfrentar o medo e buscar felicidade, o sucesso junto à família e
amigos, que são as dádivas que Deus colocou no
mundo para tomar conta de nós. Amém!
Brasília,
12 de janeiro de 2016
Paulo
das Lavras
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