Frei Albino Aresi, fazia
enorme sucesso desde os anos de 1960 até a sua morte em 1988. Pertencia à Ordem
dos Franciscanos Menores. Era formado em Filosofia, Teologia e Psicanálise, com
especialização em Psicologia Educacional, Hipnologia, Neurologia e
Parapsicologia e foi a Lavras para um show de hipnose. Recentemente um amigo
dos tempos de colégio enviou-me pelas redes sociais um link do Youtube, que se
encontra ao final desta crônica, com a famosíssima musica de rock´n´roll que
foi cantada à exaustão nos anos de 1960. Perguntava-me, o amigo, se me lembrava
do show de Frei Albino Aresi e de minha tosca performance cantando aquela
música em inglês. Pronto..., ao ouvi-la depois de mais de sessenta anos
destravou o gatilho do subconsciente e a memória cintilante despejou as imagens
da época. O Salão Paroquial, anexo à
igreja matriz, ficou lotado. Eu estava lá e fui escolhido, juntamente com outros meninos das
primeiras fileiras, como cobaias para a sessão demonstrativa de hipnose do frei
Aresi. Subimos ao palco e o hipnotizador fez miséria com os meninos. Mandou-nos
tirar a camisa e tomar banho simulado de chuveiro, escovar dentes e pentear o
cabelo diante de um espelho ilusório (naqueles tempos as mães não deixavam os
meninos saírem de casa sem lenço e pente no bolso de trás da calça). Em determinado momento encarou-me a uns dois
palmos de distância. Seus olhos azuis brilhavam e embaralhavam a minha mente.
Fez um gesto com as mãos como se me puxasse apenas pelo vácuo. Tombei para
frente caindo duro como um poste e ele amparou-me antes que fosse ao chão.
"Ressuscitou-me” e em seguida fez-nos, a todos os meninos que estavam no
palco, ver N.S. Aparecida iluminada à porta de entrada do salão. Pura ilusão
que, aliás, não vi.
Frei Aresi percebeu minha
resistência em confirmar a suposta visão da santa e então dirigiu-se a mim,
fixou-me com seu forte olhar e com gestos fez-me flutuar para cima e para
baixo. Senti, estonteado, o subir e descer com a leve pressão de suas mãos
sobre minha cabeça. Ainda que fosse pequena a elevação, de fato a senti e
fiquei desestabilizado por instantes. Convencido que tinha vencido a
resistência do menino, transformou-me no cantor mais pop da ocasião, o
norte-americano Neil Sedaka e ordenou que eu cantasse seu sucesso do momento:
“Oh Carol”. Esta música era o maior hit da história do rock em todo o mundo.
Ocupava os primeiros
lugares na Radio Cultura de Lavras e do país. TV era
ainda muito rara e por isso nem sabíamos como era o tal cantor Neil Sedaka.
Éramos todos louquinhos pelo rock´n´roll, especialmente os de Elvis Presley,
Paul Anka, The Platters e outros. Fui aplaudido pela "performance",
cantando a musica inteira, em inglês e no dia seguinte, no colégio, todo mundo
queria saber como era ser hipnotizado pelo famoso Frei Albino Aresi. Até mesmo o
padre Elói Dorvalino Kock, professor de português, se interessou e deixou o
assunto correr em sala de aula. E lá se vão 62 anos.
Pura nostalgia, e como era
difícil entender o inglês naqueles tempos sem internet, youtube e tantas
facilidades de hoje. Devido a essas dificuldades, havia uma frase que nunca
entendi corretamente na letra da música, até que um dia, 15 anos depois,
hospedado num hotel no Rio de Janeiro, o sistema de som ambiente do restaurante
tocou a famosa Oh Carol, no original. Cutuquei o gringo, de Wooster/Ohio, que
me acompanhava e disse-lhe em inglês: preste atenção neste trecho e soletre a frase
para mim. E ele repetiu o trecho da
letra: “ no matter what to do... “. Quero
ver você escutar a musica pelo link abaixo e tentar entender a pronuncia
daquele trecho... Difícil mesmo!
“… I will always want you for my
sweet heart
No matter what you do
Oh! Carol
I'm so in love with you
Brasília, 24 de maio de
2022
Paulo
das Lavras
https://www.letras.mus.br/neil-sedaka/75790/#radio:neil-sedaka
Foto do autor: 1975,
na Universidade Federal do Mato Grosso
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